Videojogos ajudam a melhorar a vista

Fevereiro 28, 2014 às 8:00 pm | Publicado em Estudos sobre a Criança | Deixe um comentário
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Notícia do i de 18 de Fevereiro de 2014.

O resumo e o PowerPoint da comunicação de Daphne Bavelier podem ser consultados:

Resumo

Your Brain on Video Games: Myth and Reality

PowerPoint

http://www.bcs.rochester.edu/games4good/talks/01%20Bavelier%20WH2012_082112.pdf

i

A neurocientista Daphne Bavelier defende esta teoria há mais de 10 anos

Ao contrário do que se pensava, os videojogos podem ser benéficos para a vista. A conclusão é de uma neurocientista das Universidades de Rochester, nos Estados Unidos e Genebra, na Suíça.

No encontro nacional da Associação Americana para o Avanço da Ciência, Daphne Bavelier defendeu esta teoria, dizendo ainda que os jogos “violentos” são os melhores para a visão.

Isto explica-se pelo facto de o jogador ter de atingir alvos que se movem, o que desenvolve a sua capacidade visual.

Há mais de 10 anos que Daphne Bavelier publica estudos que defendem que a acuidade visual aumenta nos jovens jogadores.

 

 

“As crianças roubadas e as infâncias roubadas” – artigo de opinião de Dulce Rocha na Revista Visão

Fevereiro 28, 2014 às 12:32 pm | Publicado em A criança na comunicação social, O IAC na comunicação social | Deixe um comentário
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Dulce Rocha, vice -presidente do Instituto de Apoio à Criança, escreveu mais um dos seus artigos de opinião de caráter mensal para a Revista Visão:

As crianças roubadas e as infâncias roubadas

O nosso País tem uma elevadíssima taxa de institucionalização. São mais de oito mil as crianças que crescem sem direito ao calor de uma família. Mas não tem de ser assim.

Nas ditaduras houve sempre a tentação de os poderosos decidirem aspetos importantes da vida privada e, em nome do interesse público, proibir ou impor comportamentos ou estilos de vida.

Foi assim na Espanha de Franco, que soubemos há uns anos se arrogara o direito de retirar milhares de filhos recém-nascidos às mães republicanas para que não fossem contaminados pelas suas ideias subversivas. A Associação Anadir – Associação para Apoio aos Afetados por Adoções Irregulares – estima que tenham sido centenas de milhar os bebés roubados pelo Franquismo com esse pretexto.

Foi assim em Portugal, onde foi proibida a adoção durante quase cem anos. Os filhos eram retirados às mães pobres, colocados em asilos, e não podiam, portanto, ter esperança de viver numa família. Quando cresciam, muitos eram encaminhados para casas senhoriais, onde eles viriam a ser moços de estrebaria e elas “criadas de servir”.

Foi assim na Rússia Soviética. Sabíamos da tragédia das crianças russas dos Gulags, a viverem em extensos orfanatos, na gélida Sibéria, mas ultimamente há documentários que mostram os depoimentos pungentes dos velhos que foram “crianças de ninguém”.  Afirmam ter vivido horrores e ainda hoje, com cerca de oitenta anos, sofrem por nunca terem conhecido os seus pais.

Soubemos também das instituições totais, tipo asilar da Roménia, onde crianças de olhar vazio se balançavam e esperavam pela vida.

Mas ficámos a saber mais recentemente que não apenas nas ditaduras houve esses procedimentos tão censuráveis.

Há dias, soubemos que o parlamento francês ia aprovar uma declaração sobre as cerca de 1500 crianças que vieram da ilha de Reunião. E lembrámo-nos, que, já no século XX, em pleno consulado Gaulista, ao longo de vinte anos, foram sendo trazidas crianças para os campos de França que estavam a ficar despovoados. Pensavam que iam ver a Torre Eiffel e o Arco do Triunfo, mas como contaram mais tarde, já adultas, muitas foram colocadas em orfanatos e daí foram levadas para casas de campo francesas, onde algumas tiveram de trabalhar contra a sua vontade. A grande maioria nunca se adaptou, e mesmo as que chegaram a ser adotadas, sentiam-se estrangeiras e só pensavam em regressar.

Soubemos também do flagelo das crianças aborígenes da Austrália, que depois de anos separadas de suas mães, faziam quilómetros sempre a correr, em busca de uma infância que nunca aceitaram ficar perdida no meio de pessoas que entendiam ter esse poder quase divino de decidir o destino de filhos que não geraram.

Têm sido produzidos documentários sobre esta triste realidade e não podemos deixar de indignar-nos, não apenas pelos depoimentos dolorosos, que são comuns a todos os casos, mas sobretudo porque se faziam estes abusos em nome do povo, em nome de Deus, em nome de uma pseudo-moral que não reconhecemos e que nos envergonha.

Mas o recente filme “Filomena”, que ganhou o prémio da British Academy para o melhor argumento e que é baseado numa história real, ao conseguir comover os mais frios espectadores, interpela-nos mais uma vez para esta tragédia tão difundida quanto injusta.

Por isso, vem a propósito falar mais uma vez dos Direitos da Criança, neste ano em que a Convenção faz 25 anos e gostaríamos que fosse assinalado por uma campanha especial de divulgação dos direitos. Um dos mais importantes é o direito de a criança crescer num ambiente de felicidade, amor e compreensão, desde logo, no seio de uma família, biológica ou de adoção.

O desejável será sempre que a criança permaneça na sua família de origem, que deve ser ajudada, caso tenha dificuldade para dela cuidar.

Todavia, há situações, excecionais, é certo, mas que não podem ser ignoradas, em que a própria família não pretende ficar com a criança, ou em que houve uma rutura dos laços afetivos próprios da filiação.

As situações mais frequentes são, pois, as entregas com consentimento e as ruturas provocadas por maus-tratos graves, designadamente por abusos sexuais ou por abandonos em instituições.

Nestes casos, mostra-se aconselhável encontrar uma família alternativa, que se responsabilize e cuide da criança.

A adoção, o tal instituto que a nossa Lei não reconhecia durante a ditadura, que integra a criança no seio de uma família, tornando-se parte dela é a forma privilegiada de encontro, que vai permitir a plena partilha de um lugar especial de afeto e que dará à criança confiança e sentimentos de pertença, indispensáveis a um desenvolvimento integral.

Claro que temos de ser rigorosos e termos consciência de que há situações em que não é viável a adoção, mas não consigo entender como é que alguém, perante as maiores atrocidades cometidas contra as crianças, pode continuar a pugnar por procedimentos que dificultam a concretização da adoção, por um lado, e, por outro, mantém a ideia de que a criança pode permanecer institucionalizada anos a fio.

O nosso País tem uma elevadíssima taxa de institucionalização. São mais de oito mil as crianças que crescem sem direito ao calor de uma família. Mas não tem de ser assim. No Reino Unido, na vizinha Espanha, o acolhimento familiar tem muito mais peso do que entre nós.

Em 2001, participei num Congresso em Londres e de lá saiu um apelo no sentido da desinstitucionalização. Pretendia-se desenvolver a família de acolhimento, mas de forma a que as crianças não sofressem constantemente ruturas afetivas, como era costume dizerem-nos que era apanágio da medida de acolhimento familiar. “A Family for Life” era o ideal para as crianças a desinstitucionalizar. Cheguei cheia de ideias e foi com muita esperança que, passado pouco tempo, a Drª Manuela Eanes me convidou para uma reunião no IAC com vista a debater o Acolhimento familiar. Estiveram presentes também o Cons. Armando Leandro e a Prof. Maria do Rosário Carneiro. Porém, as terríveis notícias do caso Casa Pia, que pouco tempo depois monopolizaram as nossas atenções, terão atrasado o necessário debate sobre este assunto tão importante.

Fiz parte do grupo de trabalho que foi encarregado de fazer um relatório que repensasse o acolhimento institucional em Portugal. Algumas ideias ficaram, mas a verdadeira desinstitucionalização ficou por fazer.

O Prof. José Ornelas tem vindo a recorrentemente falar nesse assunto, mas até agora as vozes não se têm feito ouvir de forma adequada e os resultados não têm sido visíveis.

A Associação Mundos de Vida tem vindo a chamar a atenção para estas crianças que precisam de encontrar uma família que as acolha e que seja para elas uma referência de afetos e decidiu lançar uma campanha neste 25º Aniversário da Convenção sobre os Direitos da Criança.

O IAC associa-se a esta campanha e apela às famílias portuguesas para que se considerem convocadas.

Se deixarmos as crianças nas instituições, podemos não ter crianças roubadas, mas teremos infâncias roubadas!

Se conseguirmos retirar muitas crianças dos internatos, decerto faremos felizes muitas crianças!

Que excelente forma de comemorar os Direitos!”

Edição de 28 de Fevereiro de 2014.

Crianças da República Centro-Africana enfrentam crueldade e violência

Fevereiro 28, 2014 às 12:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia da Rádio ONU de 14 de fevereiro de 2014.

Ouvir a reportagem aqui

unicef

Segundo Unicef, mais de 130 menores foram mortos ou mutilados nos últimos dois meses; crianças testemunham violência sem precedentes e viram alvo de ataques devido a sua religião.

Crianças da República Centro-Africana. Foto: Unicef

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.

O Unicef afirmou esta sexta-feira estar “horrorizado” com a crueldade enfrentada pelas crianças da República Centro-Africana, que estão sendo assassinadas ou mutiladas.

Segundo a agência da ONU, o nível de violência contra os menores é sem precedentes. As crianças são vítimas de ataques sectários por parte das milícias anti-Balaka, de maioria cristã, e de combatentes muçulmanos ex-Séléka.

Brutalidade

Em Genebra, a porta-voz do Unicef, Marixie Mercado, explicou que 37 crianças foram mortas e 97 mutiladas nos últimos dois meses. Ela ressaltou que os atos foram cometidos com uma brutalidade difícil de entender.

A agência da ONU destaca que os menores se tornaram alvo de ataques devido a sua religião ou pela comunidade a qual pertencem. A violência sectária aumentou na capital do país, Bangui e também no oeste e no centro.

Amputação

O escritório do Unicef na República Centro-Africana constatou casos de crianças feridas em fogo cruzado e de menores que tiveram partes do corpo amputadas porque não chegaram a tempo no hospital para tratamento.

Apesar das ações serem cometidas por dois grupos, o Unicef diz que ataques contra a população muçulmana levaram à fuga de comunidades e com isso, muitos menores foram separados de suas famílias.

A agência pede investigação dos casos de violência e punição para quem comete os crimes. Além disso, o Unicef apela ao desarmamento dos grupos e das milícias na República Centro-Africana.

Campanha de Solidariedade: Clientes PT ajudam Instituto de Apoio à Criança

Fevereiro 28, 2014 às 11:23 am | Publicado em Campanhas em Defesa dos Direitos da Criança, Uncategorized | Deixe um comentário
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Consciente de que a responsabilidade social, enquanto base central da atividade empresarial, constitui um papel incontornável na promoção do bem-estar e do desenvolvimento socioeconómico, o MEO entrega a 15 Instituições Sociais mais de 200 mil euros, resultantes dos pontos trocados ou licitados em 2013 por clientes MEO membros do programa Pontos Telemóvel e da iniciativa Leilões de Solidariedade.

AMI, APPT21, Associação de Mulheres Contra a Violência, Associação Portuguesa Contra a Leucemia, Associação Salvador, Centro Comunitário São Cirilo, Dê Mais Coração – Movimento Daniela, Instituto de Apoio à Criança, Federação das Associações Portuguesas de Paralisia Cerebral, Fundação Portuguesa ‘A Comunidade Contra a Sida’, Liga Portuguesa Contra o Cancro, Make a Wish, Novo Futuro, Refúgio Aboim Ascensão e Unicef são as 15 instituições a favor das quais os clientes MEO puderam trocar pontos e contribuir para aumentar a qualidade de vida de quem se encontra em situações de especial vulnerabilidade.

Aceda ao comunicado de imprensa.

III Congresso Internacional de Intervenção Psicológica

Fevereiro 28, 2014 às 6:00 am | Publicado em Uncategorized | Deixe um comentário
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iii

O Instituto de Psicologia e Ciências da Educação (IPCE) da Universidade Lusíada do Porto tem a honra de apresentar o III Congresso Internacional de Intervenção Psicológica, que se irá realizar nos dias 20 e 21 de Março de 2014. Na linha de continuidade dos I e II Congressos realizados nos anos de 2012 e 2013, esta iniciativa pretende criar um espaço de debate entre psicólogos/as, professores, educadores, investigadores/as, e estudantes, contando com oradores/as nacionais e estrangeiros de mérito reconhecido. Procura-se a diversidade de modalidades de intervenção psicológica, enquanto instrumento de promoção de indivíduos, grupos e de uma sociedade mais saudáveis, através de um diálogo alargado sobre os principais desafios que hoje se colocam de forma particular aos diversos agentes que direta ou indiretamente lidam com a Escola.

mais informações aqui

DATAS LIMITE DE PAGAMENTO
NO CONGRESSO COM OPÇÃO POR WORKSHOP: 10 DE MARÇO
NO CONGRESSO: 18 DE MARÇO

Workshop Intervenção com crianças com autismo : uso de comunicação aumentativa e alternativa

Fevereiro 27, 2014 às 8:00 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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autismo

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As mentiras na infância

Fevereiro 27, 2014 às 12:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Artigo de opinião de Elsa Fernandes no Diário de Aveiro de 17 de fevereiro de 2014.

clicar na imagem

menti

Brinquedos e brincadeiras para crianças cegas

Fevereiro 27, 2014 às 6:00 am | Publicado em Site ou blogue recomendado | Deixe um comentário
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Texto do site REAB de 27 de Setembro de 2013.

por Ana Leite

O objetivo desse post é listar alguns tipos de brinquedos que podem ser inseridos no brincar da criança cega ou com baixa visão auxiliando seu desenvolvimento.

Vamos começar falando da estimulação vestibular que é importante para o desenvolvimento saudável do cérebro das crianças, especialmente das cegas ou com baixa visão. Estas pessoas não recebem a estimulação vestibular adequada, pelo menos na maioria das vezes.

Uma criança vidente (que é como chamamos quem enxerga) obtém esse tipo de estimulação através dos movimentos da cabeça durante as brincadeiras e outras atividades cotidianas que requerem o movimento da cabeça para olhar para as coisas e realizar as atividades. Se você parar para pensar 2 minutinhos, vai ver quanto movimento da cabeça realizamos para nossas atividades, até mesmo as que executamos em pé, como o banho. Crianças que não conseguem enxergar só possuem uma fração dessas experiências de movimento.

Pensando nesse tipo de estímulo, o balanço proporcionado por alguns brinquedos é uma boa maneira para crianças cegas receberem o estímulo que o cérebro precisa para se organizar e se desenvolver de forma otimizada. A ausência do estímulo vestibular pode levar a problemas no processamento das informações sensoriais e, a partir daí, surgirem diferentes sintomas, um deles pode ser inquietude, que os pais podem entender como ansiedade ou problemas comportamentais. Assim, o estímulo vestibular proporcionado pelo balanço pode ajudar. Conclusão: crianças cegas podem se beneficiar de ter oportunidades diárias ou regulares de se balançarem.

Nada melhor para se balançar que um balanço, não é? Sendo assim, nossa lista começa com:

– balanços

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 Jogos e brincadeiras que envolvam movimentos também podem facilitar as relações sociais, dando às crianças atividades que podem fazer com outras pessoas (outras pessoas ou adultos). Estimule pais a pensarem quais as brincadeiras com movimento que os filhos gostam e introduzí-las com mais frequência na rotina da criança.

Quando o assunto é brinquedos, é recomendável que crianças cegas tenham brinquedos como:

instrumentos musicais (bateria, pianinho, instrumentos de corda…). O legal de instrumentos é não só desenvolver outro sentido como também aguçar o interesse por música enquanto estimula ritmo e outras habilidades importantíssimas que só a música fornece.

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massa de modelar ou argila. Esses recursos podem ser trabalhados de várias formas. O importante nesse caso é o contato da criança com esse recurso tátil tão rico em possibilidades de uso.

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Ler o resto do texto aqui

 

Querido ecrã, precisamos de dar um tempo

Fevereiro 26, 2014 às 8:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social, Estudos sobre a Criança | Deixe um comentário
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Notícia do Life & Style / Público de 12 de Fevereiro de 2014.

michael kooren  reuters

Por Hugo Pereira, fisiologista do exercício

Quanto menor e mais tardia for a exposição de crianças aos estímulos de computadores, tablets e smartphones, maiores os ganhos de saúde.

Um pouco por todo o mundo tem-se assistido a um enorme aumento do tempo que as crianças passam em frente a um ecrã – computador, televisão, consolas ou smartphones e tablets. Este é, para eles, o seu passatempo favorito. Contudo, é possível que este novo padrão esteja relacionado com o aumento do peso, pela sua relação com outros comportamentos menos saudáveis, como a alimentação desregulada, padrão irregular de sono e a diminuição da actividade física.

De acordo com uma revisão de estudos, existe uma relação directa entre o “tempo de ecrã” e o risco de desenvolver diabetes de tipo 2, doença cardiovascular e com o risco de morte por qualquer causa em adultos. A associação entre o “tempo de ecrã” e os factores de risco aponta para valores superiores a duas horas por dia como sendo problemáticos. Nas crianças, o “tempo de ecrã” parece estar associado à gordura abdominal, ao índice de massa corporal e a outros factores de risco, independentemente da actividade física, apresentando relação directa com problemas de atenção. Segundo esta fonte, as entidades europeias devem considerar o “tempo de ecrã” como um comportamento separado do restante tempo sedentário.

Quanto menos e mais tarde a criança for exposta a estes estímulos, maiores os ganhos de saúde. Há alguma evidência de que o “tempo de ecrã” possa ser reduzido através de medidas simples e sistemáticas de ruptura com os padrões estabelecidos e, sobretudo, através da consciência parental.

De acordo com uma alargada revisão da literatura publicada já este ano, é relativamente difícil alterar uma actividade habitual pela imposição. Porém, é possível reduzir o “tempo de ecrã” se forem utilizadas estratégias que possibilitem o envolvimento da família como modelo de actuação que atrai a criança para longe do ecrã ou simplesmente lhe proporciona a oportunidade de escolher conscientemente como quer gastar o seu tempo livre.

Nesta linha, o Departamento de Saúde Norte-Americano estabeleceu a redução da exposição aos ecrãs como uma das prioridades do seu plano de saúde a dez anos. Advogam que crianças até aos dois anos de idade não devem ter contacto com ecrãs e que os adolescentes permaneçam até ao máximo de duas horas por dia neste tipo de actividade.

Pensando numa alternativa positiva, podemos considerar os jogos de vídeo activos como opção à actividade puramente sedentária, já que representam ligeiros aumentos da actividade física. Porém, a estratégia global pode e deve estender-se a outras actividades sem ecrã e que idealmente envolvam toda a família. Talvez as brincadeiras de trepar às árvores e corridas de apanhada de outros tempos possam ser recuperadas ou, simplesmente, tenha chegado a altura dos pais aprenderem a andar de skate com os seus filhos.

Fisiologista do exercício e Personal Trainer
Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa
hpereira@fmh.utl.pt

 

Sistema de ensino português não consegue reduzir assimetrias sociais

Fevereiro 26, 2014 às 12:00 pm | Publicado em Uncategorized | Deixe um comentário
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Notícia do Público de 19 de Fevereiro de 2014.

Daniel Rocha

Samuel Silva

Filhos de profissionais mais qualificados têm melhores resultados, revela análise da OCDE aos resultados do PISA 2012, publicada nesta terça-feira. Ao contrário de outros países, Portugal não consegue esbater diferenças.

Os estudantes portugueses têm conseguido melhorar o seu desempenho nos testes PISA, um exercício repetido a cada três em três anos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). Mas são sobretudo os filhos das famílias com empregos mais qualificados e por isso com mais recursos económicos que conseguem melhores resultados. A conclusão é de um novo estudo daquele organismo internacional, que compara os resultados dos alunos com as profissões dos pais. Portugal está longe de conseguir mitigar os efeitos das diferenças familiares nos percursos escolares, ao contrário do que fazem outros países.

O estudo publicado na terça-feira usa uma classificação que agrupa empregos e tarefas semelhantes. A OCDE considera os gestores como os profissionais mais classificados, seguidos da categoria “profissionais” – que agrupa trabalhadores qualificados em áreas como a saúde, educação, ciência e gestão. Os filhos de trabalhadores destes dois grupos lideram os resultados na generalidade dos países e Portugal não é excepção. Independentemente da disciplina em análise – leitura, matemática ou ciência, os três testes feitos pelo PISA – os filhos dos “profissionais” têm sempre os melhores resultados, seguidos dos filhos dos gestores. Os estudantes cujos pais têm profissões técnicas qualificadas aparecem logo a seguir.

No extremo oposto, aparecem os resultados dos alunos cujos pais têm profissões “elementares” na classificação usada pela OCDE, bem como os trabalhadores manuais e os profissionais dos sectores agrícola, florestal e das pescas. Quando se compara os resultados de Portugal com países que têm melhores resultados que os seus, como a Polónia ou a Alemanha, percebe-se que se mantém alguma regularidade, mantendo as mesmas posições relativas entre grupos profissionais e a dispersão dos resultados.

No entanto, quando a análise se centra em países com piores resultados do que Portugal no último PISA, conseguem perceber-se resultados mais semelhantes entre os estudantes. É o que acontece com a Suécia, onde há notas mais próximas entre os filhos dos profissionais das várias áreas, Neste país e na Eslovénia, os trabalhadores do sector agrícola, florestal e das pescas, conseguem estar na média dos resultados dos seus países, ao passo que em Portugal ocupam as últimas posições.

Este estudo aponta o facto de existiram países onde essas diferenças conseguem ser ainda mais mitigadas. A Finlândia e o Japão são apontados pela OCDE como exemplos de sistemas escolares que conseguem fornecer educação de qualidade para todos os alunos, independentemente daquilo que os seus pais fazem para ganhar a vida. A organização internacional relaciona, de resto, os níveis de desempenho elevados alcançados por estes dois países com o facto de serem garantidas a mesma educação e estímulo a todas as crianças.

A OCDE sublinha no relatório que apesar de haver “uma forte relação” entre as ocupações dos pais e desempenho dos alunos no PISA, o facto de os alunos de em alguns sistemas de ensino, conseguirem superar os resultados de filhos de profissionais, independentemente do que seus pais fazem para ganhar a vida, “mostra que é possível que crianças de operários, se lhes forneceram as mesmas oportunidades de educação de alta qualidade que filhos de advogados e médicos desfrutam, tenham bons resultados”.

Em Portugal, parece persistir um “vector de desigualdade e de assimetria muito forte”, sublinha a investigadora do Instituto de Educação da Universidade do Minho Fátima Araújo. As escolas têm dificuldades em trabalhar com crianças que provêm de famílias com níveis escolares muito baixos ou situações sociais e económicas desfavorecidas, explica. Isto acentua as consequências de uma “fractura geracional” evidente para as cerca de 1,5 milhões de pessoas que não têm mais do que o primeiro ciclo.

Fátima Araújo recorda também uma regularidade já realçada por outros investigadores portugueses que mostram que os resultados nacionais neste tipo de estudos estariam em linha com a média da OCDE e, em alguns casos, mesmo acima, desde que fosse mitigado o efeito das reprovações, que têm um peso muito forte no sistema educativo nacional. Os “chumbos” têm “uma incidência muito elevada em estudantes de famílias que têm níveis escolares muito baixos”.

A OCDE baseia-se nos resultados do PISA 2012, que tinham sido divulgado em Dezembro, e que têm por base testes realizado por cerca de 510 mil estudantes de 15 anos, dos quais 5700 em Portugal. Nessa ocasião foi perguntado aos alunos qual a ocupação profissional dos seus pais e o estudo agora apresentado cruza as duas variáveis, tentando perceber a sua relação.

Apesar de continuarem abaixo da média das OCDE nos três testes realizados os resultados dos alunos portugueses foram sublinhados por aquele organismo internacional, uma vez que fora os que registaram uma melhoria de performance mais evidente na última década. A Matemática continua a ser a disciplina em que os estudantes nacionais têm piores resultados –obtiveram 487 pontos, sendo a média geral de 494. Na leitura, os portugueses tiveram 488 (a média geral foi de 496) e a ciências mais um ponto (a média é também a mais alta, 501).

Os resultados desta nova análise agora tornados públicos podem ser consultados através de um dispositivo interactivo – disponível em http://beta.icm.edu.pl/PISAoccupations2012/ – onde é possível conhecer o diagnóstico de cada um dos países que participou nos PISA 2012 e estabelecer comparações entre países, tendo em conta os resultados dos estudantes participantes nos testes de leitura, matemática e ciência e as ocupações dos seus pais.

Essa ferramenta permite, por exemplo, perceber a existência de diferenças geográficas nos resultados. Olhando para os resultados em matemática, por exemplo, os filhos de pessoas que trabalham em limpezas em Xangai ou Singapura conseguem ter resultados superiores aos dos norte-americanos que são filhos de “profissionais” – uma categoria que agrupa trabalhadores qualificados em áreas como a saúde, educação, ciência e gestão. O PISA revela ainda que os Estados Unidos e o Reino Unido, países onde estes profissionais estão entre os mais bem pagos do mundo, não têm tão bons resultados a matemática como os trabalhadores destas áreas profissionais noutros países do mundo.

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