Jovens usam bastante os media, mas faltam-lhes competências mediáticas
Novembro 30, 2016 às 8:00 pm | Publicado em Estudos sobre a Criança | Deixe um comentárioEtiquetas: Adolescentes, Artigo, Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho, Estudo, Jovens, Literacia Digital, Literacia mediática, Manuel Pinto, Media, O uso dos smartphones, Pedro Moura, Sara Pereira, Uso da Internet, uso dos tablets
Notícia do http://www.educare.pt/ de 14 de novembro de 2016.
Mais informações no estudo:
Níveis de literacia mediática: Estudo exploratório com jovens do 12º ano
Andreia Lobo
Os jovens estão cada vez mais “conectados” aos media. Têm acesso à televisão, ao computador com Internet, ao telemóvel ou smartphone e estão “sempre” ou “muitas vezes” online. Mas são pouco críticos quanto à informação que lhes chega através dos media.
O mais recente estudo sobre literacia mediática, organizado pela Universidade do Minho, o Gabinete para os Meios de Comunicação Social e a Rede de Bibliotecas Escolares, pode preocupar pais e professores. “Há um conjunto de competências que os jovens precisam para o seu dia a dia que não estão desenvolvidas”, explica ao EDUCARE Sara Pereira, investigadora do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade e uma das autoras do estudo. Chama-se “Competências de Literacia Mediática”, e vem ao encontro de uma diretiva da Comissão Europeia de 2012 que alerta os Estados-membros para a necessidade de avaliar os níveis de conhecimento dos media dos cidadãos.
Em Portugal, a avaliação foi feita entre jovens do 12.º ano, com idades entre os 17 e os 18 anos, a frequentarem o ensino público no ano letivo de 2013/2014. Participaram 679 estudantes, de 46 escolas em todo o território nacional. Os dados foram recolhidos através de um questionário aplicado online com perguntas sob a forma de exercícios destinados a simular a tomada de decisões, bem como a aplicação de saberes. O objetivo: identificar o acesso e os usos dos media pelos jovens, os seus conhecimentos sobre este campo, mas também as capacidades de análise, interpretação e produção mediática.
“Sempre” conectados Seria de esperar, “os jovens inquiridos demostram ser um grupo conectado aos media”, lê-se no estudo, já que 99% têm acesso a televisão, 98% têm acesso a um computador com Internet, a telemóveis e a smartphones. Outras percentagens relativamente elevadas surgem no acesso a rádio (73%) e a consola de jogos (63%). Os números mostram uma geração que raramente está “offline”. Apenas 6% dizem usar o computador de secretária ou portátil, sem ligação à Internet. Ou seja, a esmagadora maioria acede com frequência e facilidade ao mundo virtual. E também usa bastante as redes sociais, sobretudo para se manter em contacto: 93% dos inquiridos dizem usar “sempre” ou “muitas vezes” a Internet, 75% dizem que usam as redes sociais para conversar com o amigos e família “sempre” ou “muitas vezes”.
Em casa abundam os equipamentos eletrónicos. Cada estudante tem em média acesso a três televisores e a dois aparelhos de rádio, a dois telemóveis, dois smartphones e dois portáteis com Internet. Relativamente aos serviços de televisão contratualizados pelas famílias, 83% dos inquiridos têm em casa canais pagos. Quanto à Internet, 92% tem acesso sem fios em casa.
Questionados sobre a frequência com que utilizam os media, recebem mais as respostas “sempre” ou “muitas vezes” o computador (90%), a Internet (83%), a televisão (77%) e o smartphone (63%). No extremo do uso, “raramente” ou “nunca” estão essencialmente os media tradicionais, como é o caso dos jornais (57%), das revistas (49%), da rádio (46%) e do cinema (41%). As consolas estão também em desuso, 56% dos inquiridos usam-nas raramente, ou simplesmente não usam.
Estes números trazem boas notícias. “Atendendo aos índices de acesso e de uso dos media, à agilidade e ao à-vontade com que parecem usar as tecnologias disponíveis e os softwares adjacentes, podemos inferir bons níveis de literacia funcional”, escrevem Sara Pereira, Manuel Pinto e Pedro Moura, autores do estudo.
No entanto, ter mais acesso às tecnologias ou fazer mais uso delas não é sinónimo de ter mais competências nesta matéria. Por essa razão, os jovens estão a falhar naquilo que os investigadores designam por “literacia crítica”. Dito de outro modo, os inquiridos não são capazes de fazer uma análise ou uma compreensão crítica do que veem e leem na Internet.
Mas vamos por partes. No inquérito online, os investigadores perguntaram aos alunos se estavam familiarizados com o conceito de “publirreportagem”, um texto publicitário, portanto pago por uma marca ou entidade, publicado em forma de uma reportagem nos órgãos de comunicação. A resposta foi das mais erradas entre os estudantes com melhores pontuações no questionário.
Muito difícil foi também conseguir identificar a fonte de uma notícia. Pelo contrário, os jovens conseguiram facilmente sugerir quais os meios a usar, por exemplo, para divulgar uma campanha para a associação de estudantes.
Menos conhecedores das práticas do jornalismo, mais atentos à publicidade. Haverá alguma explicação? “A familiaridade pode ser uma boa pista para ler estes resultados”, argumentam os investigadores, pois “no segundo caso há um contacto próximo com a situação apresentada”.
Reconhecer um artigo de opinião ou um motor de busca não foi problema. Pior foi o momento em que os estudantes tiveram de expor as razões para a escolha de determinadas fontes bibliográficas, em detrimento de outras: 85% dos jovens não apresentam nenhuma justificação válida.
“O envolvimento dos alunos na produção e participação através dos meios não revelou grande sofisticação ou recorrência”, lê-se no estudo. O que andam os inquiridos a fazer na Internet? Coisas simples. Por exemplo, 43% disseram aos investigadores terem partilhado ou recomendado uma marca numa rede social ou comentado uma notícia, no último ano.
Nas “lojas” virtuais surgem cada vez mais ferramentas para criar podcast e vídeos, mas apenas 8% e 19% dos jovens se dedicam a este tipo de produção. No entanto, relativamente à criação de vídeos, “a complexidade técnica da produção apurada não foi particularmente elevada”, escrevem os investigadores. Apenas 37 alunos conseguiram detalhar quatro ou mais momentos da produção.
“A Internet é sobretudo usada como meio de comunicação e de interação com os outros”, constatam os investigadores. Ouvir música, conversar com os amigos e ver videoclipes, são as atividades que 86% e 85% dos jovens realizam na Internet “sempre” ou “muitas vezes”. Com a mesma frequência, 83% dos inquiridos fazem pesquisas, 64% downloads, 52% enviam emails, 31% jogam online.
Centremo-nos agora na televisão e nos programas preferidos dos jovens. Os filmes e as séries são os géneros mais vistos, por 78% e 77% dos inquiridos. Em segundo lugar aparece a informação: 61% dos jovens referem assistir “sempre” ou “muitas vezes” a programas deste género. Do outro lado da escala, na categoria vejo “raramente” ou “nunca” surgem os programas de entretenimento, como os talk shows (54%) e os reality shows (51%). Os programas de sociedade ocupam o terceiro lugar entre os menos vistos (47%). As telenovelas são vistas com pouca frequência por 48% dos inquiridos, ainda assim, 33% dizem ver “sempre” ou “muitas vezes”. O consumo deste género de programas está muito ligado ao “hábito familiar”, nota Sara Pereira, admitindo que o abandono “talvez esteja relacionado com um maior desenvolvimento crítico de gostar deste tipo de programas”.
De modo geral, as raparigas veem mais séries e filmes, telenovelas, concursos, reality shows, programas de música, de sociedade e de moda e de culinária do que os rapazes. Já os rapazes veem mais programas de desporto, de História e ciência do que as raparigas. Quanto aos canais que veem com mais frequência, a FOX, um canal por cabo de séries, e a TVI, um canal generalista de sinal aberto, ocupam as duas primeiras posições, com 41% e 37% das audiências entre os inquiridos.
Os canais públicos RTP1 e RTP2 são opção para apenas 11% e 5% dos inquiridos. No que concerne à imprensa, nomeadamente à leitura de jornais, “sobressai de imediato o pouco interesse que este meio suscita nos jovens”, escrevem os autores do estudo. Os jornais desportivos são os mais lidos, com 19% dos inquiridos a responderem que os leem “sempre” ou “muitas vezes”. Apenas 4% dizem ler “sempre” e 10% “muitas vezes” jornais diários.
O panorama da leitura de revistas é ligeiramente melhor, embora não muito diferente: 23% dos inquiridos leem “sempre” ou “muitas vezes” revistas femininas, 22% preferem as de moda e 22% leem as de informação ou atualidade. …
mas pouco literados
Há muitas definições para o conceito de “literacia mediática”, mas é precisamente o que o estudo pretende medir. A Comissão Europeia (CE), atenta ao modo como os cidadãos utilizam os ambientes digitais, define-a como “a capacidade de aceder aos media, de compreender e avaliar de modo crítico os diferentes aspetos dos media e dos seus conteúdos e de criar comunicação em diversos contextos.” O objetivo da literacia mediática “é aumentar os conhecimentos das pessoas acerca das muitas formas de mensagens dos media que encontram no seu dia a dia”, lê-se na “Recomendação sobre Literacia Mediática” publicada pela CE em 2009.
Para traçar a radiografia das competências mediáticas, os investigadores construíram uma escala de 0 a 100 pontos, em que se avaliavam a preparação e o conhecimento dos jovens ao nível do acesso, análise, compreensão, avaliação e produção de meios e conteúdos mediáticos. Assumindo a classificação de 49,50% como o patamar mínimo para a positiva, os investigadores dividiram os estudantes em três grupos: nível 1, os que ficaram abaixo da média; nível 2, os que pontuaram entre a média e a positiva; e nível 3, os que alcançaram valores positivos. Segundo a escala elaborada para avaliar os níveis de literacia mediática, 52% dos inquiridos situam-se no nível 1 (baixo), 43% no nível 2 (intermédio), e 5% no nível 3 (bom).
As conclusões foram pouco animadoras. A média de literacia mediática de todos os inquiridos não foi além dos 29,01 valores. “É um resultado que não é de todo satisfatório. Tivemos pouquíssimos alunos com média positiva”, lamenta Sara Pereira, investigadora do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho. Dos 32 alunos com níveis positivos de literacia mediática, seis estudavam na Escola Secundária do Marco de Canaveses. Dado curioso que a equipa de investigadores gostaria de compreender melhor: “Perceber se na escola existe algum projeto ou algum tipo de clube que esteja a fazer a diferença…”
Voltando aos fracos resultados gerais, Sara Pereira esclarece que “têm a ver com a questão muito discutida de que não basta o acesso”. Entenda-se: “Os jovens usam, no seu quotidiano, de uma forma regular e frequente vários meios, mas tal não significa que tenham competências de uso, análise, compreensão e produção, que são as dimensões da literacia mediática.” Na Internet, os alunos portugueses mostram-se também mais consumidores do que produtores. O cenário inverte-se, garante a investigadora, “mas é preciso passar do acesso, para o desenvolvimento das competências que a grande maioria demonstra não ter.”
Seminário “Crianças, jovens e adultos em reclusão: criminalização, institucionalização e direitos” 5 dezembro em Coimbra
Novembro 30, 2016 às 3:48 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentárioEtiquetas: Criminalidade Juvenil, Criminalização, Delinquência Juvenil, Institucionalização de crianças e jovens, Jovens reclusos, Seminário
mais informações:
Sessão de cinema dinamizada pelo IAC- Fórum Construir Juntos, 6 de dezembro em Coimbra
Novembro 30, 2016 às 12:00 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentárioEtiquetas: Benny Safdie, Cinema, Filme, IAC - Fórum Construir Juntos, Instituto de Apoio à Criança, Josh Safdie, Paula Duarte
O IAC- Fórum Construir Juntos, em Coimbra, em parceria com a Associação Fila K, vai dinamizar, no dia 6 de dezembro próximo uma sessão de cinema que terá lugar no Conservatório de Música de Coimbra, pelas 21h40.
O Filme que vai ser apresentado tem por título “Vão-me buscar Alecrim”.
Sinopse: Lenny (Ronald Bronstein) é um nova-iorquino divorciado e pai de dois rapazes. Durante apenas duas semanas por ano, tem a guarda dos filhos Frey, de sete anos, e Sage, de nove. Apesar de todo o amor que lhes dedica, Lenny tem uma vida desregrada, não conseguindo assumir a responsabilidade que duas crianças exigem. Dessa forma, e apesar do seu esforço genuíno, essas semanas acabam por ser uma aventura no limiar da irresponsabilidade, entre o riso e a inquietação.
O Outro Lado dos Sons – espetáculo para Bebés de 3 a 18 de dezembro em Cascais
Novembro 30, 2016 às 6:00 am | Publicado em Divulgação | Deixe um comentárioEtiquetas: Bebés, Espetáculo, Música para Bebés, Palco13
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Pneumonia e diarreia matam 1.4 milhões de crianças por ano – mais do que todas as outras doenças infantis juntas
Novembro 28, 2016 às 8:00 pm | Publicado em Relatório | Deixe um comentárioEtiquetas: Comunicado de Imprensa, Diarreia, Mortalidade Infantil, Mundo, Pneumonia Infantil, Poluição, Relatório, UNICEF, Unicef Portugal
Comunicado de imprensa da https://www.unicef.pt/ de 11 de novembro de 2016.
Pneumonia e diarreia matam 1.4 milhões de crianças por ano – mais do que todas as outras doenças infantis juntas
Os líderes mundiais reunidos na COP22 têm a oportunidade de assumir compromissos
que ajudarão a salvar a vida de 12.7 milhões de crianças até 2030
MARRAQUEXE, Marrocos, 11 de Novembro de 2016 – A pneumonia e a diarreia juntas matam 1.4 milhões de crianças por ano. A esmagadora maioria destas crianças vivem em países de baixo e médio rendimento. Estas mortes infantis continuam a ocorrer apesar de ambas as doenças serem amplamente preveníveis através de soluções simples e de baixo custo, tais como amamentação exclusiva, vacinação, cuidados de saúde primários de qualidade e redução da poluição do ar no interior das habitações.
Estas conclusões fazem parte de um novo relatório da UNICEF lançado hoje – ‘One is Too Many: Ending Child Deaths from Pneumonia and Diarrhoea’ (Uma é demasiado: Pôr fim à morte de crianças devidas à pneumonia e diarreia).
A pneumonia continua a ser a principal causa de morte de crianças menores de cinco anos, tendo ceifado a vida de perto de um milhão de crianças em 2015 – aproximadamente uma criança a cada 35 segundos – e mais do que a malária, a tuberculose, o sarampo e a SIDA juntos. Aproximadamente metade de todas as mortes de crianças por pneumonia estão ligadas à poluição do ar, um facto que os líderes mundiais devem ter bem presente durante o debate em curso na conferência COP 22, sublinha a UNICEF.
“Temos provas claras de que a poluição do ar ligada às alterações climáticas está a prejudicar a saúde e o desenvolvimento das crianças, provocando pneumonias e outras infecções respiratórias,” afirmou Fatoumata Ndiaye, Directora Executiva Adjunta da UNICEF.
“Dois mil milhões de crianças vivem em zonas onde a poluição do ar excede os padrões internacionais, e muitas delas adoecem e morrem como resultado. Os líderes mundiais que participam na COP22 podem ajudar a salvar a vida de crianças comprometendo-se a tomar medidas para reduzir a poluição do ar associada às alterações climáticas e acordando em investir na prevenção e nos cuidados de saúde,” disse Fatoumata Ndiaye.
Como a pneumonia, os casos de diarreia entre crianças podem, frequentemente, estar associados a níveis de precipitação mais baixos decorrentes das alteações climáticas. A disponibilidade reduzida de água potável deixa as crianças em risco acrescido de doenças diarreicas e de sequelas ao nível físico e do desenvolvimento cognitivo.
Cerca de 34 milhões de crianças morreram de pneumonia e diarreia desde 2000. Sem maior investimento em medidas-chave de prevenção e tratamento, a UNICEF estima que mais 24 milhões de crianças venham a morrer de pneumonia e diarreia até 2030.
“Estas doenças têm um enorme impacto na mortalidade infantil e o seu tratamento tem um custo relativamente baixo,” afirmou a Directora Executiva Adjunta da UNICEF. “Contudo, continuam a receber apenas uma pequena parcela do investimento global em saúde, o que não faz nenhum sentido. Esta é a razão pela qual apelamos a um maior investimento global para intervenções de protecção, prevenção e tratamento que sabemos que são eficazes para salvar vida de muitas crianças.”
A UNICEF recomenda também um maior financiamento nos cuidados de saúde infantis em geral e que uma particular atenção a grupos de crianças especialmente vulneráveis à pneumonia e à diarreia – as mais pequenas e as que vivem em países de baixo e médio rendimento.
O relatório mostra que:
- Cerca de 80 por cento das mortes de crianças ligadas à pneumonia e 70 por cento das que estão associadas à diarreia ocorrem durante os dois primeiros anos de vida:
- Ao nível global, 62 por cento das crianças menores de cinco anos vivem em países de baixo e médio rendimento, mas representam mais de 90 por cento dos casos de morte devido a pneumonia e diarreia no mundo.
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