Principais consequências do peso das mochilas nas crianças

Janeiro 18, 2023 às 8:00 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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Texto do SNS 24 de 27 de dezembro de 2022.

O peso das mochilas das crianças é um assunto importante para pais, educadores e profissionais de saúde. O transporte de mochilas com peso excessivo (superior a 10% do seu peso corporal) pode ter implicações negativas na saúde.

Existem estudos sobre esta matéria?
Diferentes estudos indicam que mais de metade das crianças em idade escolar transportam mochilas com peso excessivo.

Quais as recomendações para o peso das mochilas?
A Organização Mundial da Saúde recomenda que as crianças e jovens em idade escolar (6 aos 18 anos) carreguem mochilas apenas com menos de 10% do peso do seu corpo.

Ou seja, se uma criança pesar 30 quilos, a sua mochila não deve ultrapassar os 3 quilos.

Porque se transportam mochilas tão pesadas?
As mochilas são pesadas porque transportam livros, cadernos, material escolar, vestuário e calçado para educação física, entre outros.

O problema está só no peso das mochilas?
Não. Está também relacionado com:

  • o formato da mochila
  • não usar a mochila corretamente (usar a mochila apenas num ombro)

Quais são as consequências do peso das mochilas?
As crianças em idade escolar estão numa fase de crescimento e é nesta fase que a muitos dos problemas posturais aparecem. Usar, repetidamente, uma mochila demasiado pesada numa idade precoce pode contribuir para o aparecimento de dores, particularmente ao nível dos ombros, do pescoço e da região lombar.

As principais consequências são:

  • curto prazo: dores de costas e de pescoço
  • médio prazo: alteração da marcha e postura
  • longo prazo: lesões degenerativas da coluna que alteram o crescimento do corpo

Quais são as possíveis soluções?
Os pais e encarregados de educação desempenham um papel primordial na questão da redução do peso das mochilas. Sugere-se que orientem as crianças no sentido de escolher materiais mais leves, bem como supervisionar a preparação da mochila de acordo com o horário escolar.

Deve-se:

  • optar por mochilas de rodinhas
  • usar a mochila carregada à altura do dorso (parte média das costas)
  • usar a mochila nas costas o mínimo de tempo possível
  • distribuir adequadamente o material escolar dentro da mochila, colocando o conteúdo mais pesado junto às costas
  • colocar na mochila apenas o material necessário para o dia em causa
  • não levar para casa manuais que não são necessários, deixando-os, por exemplo, em cacifos nas escolas
  • usar dossiês em substituição de cadernos, para poder escrever em folhas que vão sendo arquivadas
  • usar as duas alças da mochila

É ainda aconselhado aos profissionais de saúde abordar a temática do excesso de peso das mochilas durante as consultas de vigilância de saúde.

Perante o problema, foram adotadas medidas pelo Governo?
Sim. No final de outubro de 2017, o Parlamento aprovou um projeto de resolução que inclui 11 medidas para diminuir o peso das mochilas escolares.

Entre as 11 medidas aprovadas estava:

  • a ponderação de um mecanismo de certificação das mochilas
  • ações formativas para esclarecer os alunos da forma mais adequada para organizar e transportar a mochila
  • a implementação de salas fixas para cada turma de modo a evitar que as crianças tenham de carregar as mochilas durante os intervalos letivos
  • a disponibilização de cacifos
  • a possibilidade de os livros serem produzidos com um papel com uma gramagem mais leve
  • a utilização gradual de recursos digitais

Também a Direção-Geral da Saúde identificou no Programa Nacional de Saúde Escolar de 2015 o peso excessivo das mochilas como um fator determinante para as doenças musculoesqueléticas, que representam uma elevada carga de doença nas crianças em idade escolar.

Fonte: Biblioteca de Literacia em Saúde

 

UE regista 1007 casos de miocardites e pericardite entre crianças vacinadas contra a covid-19

Dezembro 27, 2022 às 6:00 am | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia do Diário de Notícias 17 de dezembro de 2022. 

A União Europeia dá nota que foram vacinadas 16,1 milhões de crianças com vacinas da marca Comirnaty, da Pfizer, e 34,1 milhões da marca Spikevax, da Moderna.

União Europeia registou 901 casos de miocardites e pericardites em crianças entre os 5 e os 11 anos vacinadas contra a covid-19 com a vacina da Pfizer e 106 nos inoculados com a da Moderna, foi divulgado este sábado.

Num comunicado conjunto, a Direção-Geral de Saúde (DGS), o Ministério da Saúde e o Infarmed salientam que aquelas doenças inflamatórias “são complicações conhecidas da covid-19 e ocorrem com maior frequência após a infeção covid-19 em comparação com a ocorrência observada após a vacinação”.

Segundo o texto, na União Europeia (UE) foram vacinadas 16,1 milhões de crianças com vacinas da marca Comirnaty [da Pfizer] e 34,1 milhões da marca Spikevax [da Moderna], sendo que “não foram identificados casos de miocardite em crianças entre os 6 meses a 4/5 anos de idade”.

A miocardite e a pericardite são doenças inflamatórias do coração que se manifestam geralmente por falta de ar, dor no peito e batimento cardíaco intenso que pode ser irregular (palpitações).

“Os casos referidos pelo Comité de Avaliação do Risco em Farmacovigilância [da Agência Europeia de Medicamentos] foram observados maioritariamente nos 14 dias subsequentes à vacinação, mais frequentemente após a segunda dose e em jovens adultos do sexo masculino”, lê-se na mesma nota informativa.

No comunicado, as três entidades referem que “de acordo com os dados disponíveis, o desenvolvimento de miocardite e pericardite após vacinação segue um perfil clínico típico, geralmente com melhoria após descanso ou tratamento”.

O texto explica que “os grupos elegíveis para reforço sazonal na Campanha de Vacinação contra a covid-19 do outono-inverno 2022-2023, entre os quais as crianças com pelo menos uma das patologias de risco definidas” pela DGS, “são definidos em função do risco para doença grave, hospitalização e morte por covid-19 de acordo com uma estratégia de vacinação de proteção de vulneráveis”.

Na quinta-feira, a DGS, através de uma norma publicada no seu ‘site’, recomendou aos profissionais de saúde atenção aos sinais e sintomas de miocardite e pericardite nas crianças nos primeiros 14 dias após terem recebido a nova vacina contra a covid-19 da Pfizer.

 

Crianças usam o smartphone cada vez mais cedo. O que os pais devem saber antes de lhes dar um

Novembro 14, 2022 às 8:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia da CNN de 7 de novembro de 2022.

Há crianças que começam a usar smartphone nos primeiros anos de vida, mas isto pode ter consequências no desenvolvimento cerebral e social. Com que idade as crianças devem ter o primeiro smartphone? Qual o limite de horas que devem passar junto ao ecrã? Que regras os pais devem implementar? Os especialistas respondem

Um estudo do ano passado mostra que 95% das crianças portuguesas com 10 ou mais anos já têm o seu próprio smartphone e que, abaixo dessa idade, 34% dos menores também já receberam este dispositivo. Os dados foram obtidos pela empresa de estudos de mercado Boutique Research para a cadeia de lojas de artigos tecnológicos Hubside.Store e confirmam aquilo que já se suspeitava: seja para acederem a redes sociais, para jogarem ou simplesmente para verem vídeos no Youtube, há cada vez mais crianças e de mais tenra idade a usarem o smartphone com regularidade.

Uma realidade que é preocupante: “Há crianças de cinco e seis anos a quem lhes é atribuído um smartphone próprio”, nota o psicólogo João Nuno Faria, em declarações à CNN Portugal. O especialista é perentório: “Antes dos 10 anos não existe necessidade de ter um smartphone”. Mesmo que a criança possa jogar ou visualizar vídeos através das plataformas digitais, o psicólogo lembra que antes dos 10 anos isto deve acontecer através dos dispositivos dos pais. “A criança pode aceder habitualmente ao dispositivo de uma figura parental, com mediação”

Para a psicóloga Catarina Lucas, os 10 anos são uma boa idade para receber o primeiro telemóvel porque “coincide com a entrada das crianças no segundo ciclo” e, por vezes, há necessidade de “contacto com os pais”. Além disso, destaca, já há uma “capacidade cognitiva” para se “perceber os perigos no uso do telemóvel”. “Uma criança de cinco ou seis anos tem dificuldade em compreender os perigos”, alerta a psicóloga.

“Os telemóveis são usados em fases muito precoces. E quando vamos a restaurantes, por exemplo, vemos isso. Quando a criança não está com o telemóvel é claro que ela precisa de atenção, mas isso é normal”, frisa Catarina Lucas.

Neste sentido, a especialista explica à CNN Portugal que os telemóveis são muitas vezes usados pelos pais “como uma ferramenta para entreter os filhos”. “Os pais chegam ao fim do dia cansados e têm uma necessidade de desligar, de parar um bocadinho”, acrescenta a psicóloga, para de imediato ressalvar que, com isto, não quer culpabilizar os pais, mas chamar a atenção para as dinâmicas da sociedade e do trabalho que acabam por gerar estes comportamentos.

As consequências do smartphone nos primeiros anos de vida

Sendo certo que há cada vez mais crianças a utilizarem o smartphone com poucos anos de vida, a questão impõe-se: que consequências este uso precoce pode gerar no desenvolvimento das crianças?

“Se for utilizado numa idade precoce, ainda existem muitas dúvidas sobre qual o impacto no desenvolvimento da própria arquitetura cerebral”, começa por dizer João Nuno Faria.

Por isso é que a Organização Mundial da Saúde (OMS) define limites “muito claros para a utilização do telemóvel” e recomenda “a não aproximação das crianças de um ecrã portátil antes de um ano, um ano e meio de vida”, completa o especialista, sublinhando que, aqui, “o maior receio é naturalmente o impacto negativo”.

Há já, no entanto, “um impacto sobejamente conhecido”, afirma o especialista: “está relacionado com a luz azul de um dispositivo móvel”. Ora, a luz azul é emitida pelos dispositivos eletrónicos como ecrãs de televisão, computadores, tablets e smartphones e sabe-se que ela “interfere com o processo de sono porque adia a libertação da melatonina” – a melatonina, recorde-se, é uma hormona e a principal responsável pela indução do sono.

Por outro lado, o facto de estar demasiado tempo ao telemóvel pode significar para a criança “não interagir com os colegas, não sair para a rua, estar fechada dentro de casa”, começa por dizer Catarina Lucas. E quando “começa a existir este isolamento”, acrescenta, “o desenvolvimento de competências sociais é afetado”. 

“A criança está completamente focada no telemóvel, que é um dispositivo pequeno, e fica alheada de tudo. Passa a conhecer o mundo através de um telemóvel e não porque o explora”, frisa.

A psicóloga vai mais longe do que as recomendações oficiais da OMS e defende que a utilização do smartphone nem deve existir nos três primeiros anos de vida. A partir desta idade, o uso deve ser supervisionado: os pais devem saber “que aplicações estão instaladas”, devem “estar atentos aos horários das refeições” e “quando a criança vai para a cama não a deixar levar o dispositivo”.

João Nuno Faria defende que, no que diz respeito à atribuição de um smartphone e à sua utilização, os pais devem adotar uma “trajetória gradual, que vá de encontro ao desenvolvimento das crianças”. Mas que trajetória seria essa? Tendo em conta as recomendações dos especialistas e da própria OMS, seria mais ou menos assim:

  • Até um ano / um ano e meio de vida

Por causa do desconhecimento que ainda existe sobre o impacto no desenvolvimento cerebral, os bebés até um ano e meio de vida não devem ter qualquer contacto com ecrãs. Os bebés devem ser entretidos com brinquedos específicos para a sua idade ou até com música.

  • Um ano e meio / 2 anos –  até aos 5

A partir desta fase e até aos cinco anos, as crianças podem ter contacto com ecrãs, sejam smartphones ou tablets, mas sempre mediados por adultos. O tempo passado com estes dispositivos não deve ser superior a uma hora, mas o ideal é mesmo que seja inferior. Os especialistas sublinham que a partir dos três anos já é importante ter algumas horas de atividade física – pelo menos três – que podem ser geridas conforme os interesses da criança: um desporto que goste, aprender a andar de bicicleta ou de patins ou um simples passeio em em família.

  • Dos 5 aos 10 anos

Nesta fase, as crianças já podem mexer em ecrãs com mais regularidade, embora a recomendação continue a ser para que não se exceda uma hora de utilização – sempre supervisionada. Por outro lado, a OMS recomenda que os conteúdos não sejam sempre iguais, ou seja, que a criança não jogue sempre o mesmo jogo ou veja sempre os vídeos do mesmo canal. A atividade física é fundamental para o desenvolvimento das capacidades motoras e a interação com outras crianças fundamental para as competências sociais. 

  • Dos 10 aos 12 anos

Aos 10 anos, a maioria das crianças portuguesas recebe um smartphone próprio. Apesar de, com esta idade, terem maior autonomia e uma capacidade cognitiva que lhes permite estarem mais atentas aos perigos da Internet, os controlos parentais continuam a ser preponderantes: “Não numa forma de policiamento, mas do ponto de vista da utilização: que apps são utilizadas, que redes sociais são mais frequentes”, vinca João Nuno Faria. O psicólogo explica que é necessário estabelecer “um contrato de confiança” entre pais e filhos que, por vezes, é difícil de negociar. O especialista ressalva que, dependendo das características da própria criança, também poderá haver uma “maior ou menor cedência”.

Por outro lado, nesta fase em que o telemóvel começa a ser usado com maior autonomia, é importante estabelecer regras como a não utilização do dispositivo às refeições. E aqui, a psicóloga Catarina Lucas tem um recado para os pais: “É difícil implementar regras como a não utilização dos telemóveis à refeição se os pais ficam com o telemóvel. Uma criança retém muito mais o que vê do que o que lhe é dito”.

O telemóvel também deve ser desligado pouco antes de a criança se ir deitar, uma vez que a luz azul pode prejudicar a qualidade de sono e os estudos mostram que, na adolescência, os jovens têm uma necessidade de horas de sono superior à dos adultos. Uma má qualidade de sono pode afetar diretamente o desempenho das crianças na escola.

Youtube só o “Kids”, TikTok nunca antes dos 16

Os pais devem supervisionar a utilização do smartphone e garantir algumas medidas de segurança. O especialista em cibersegurança Nuno Mateus-Coelho explica à CNN Portugal que há “aplicações que já permitem essa moderação, que aplicam limites aos conteúdos que as crianças veem, como é o caso do Youtube”.

Ainda assim, o especialista refere que esta moderação tem as suas limitações porque a identificação “para maiores de 18” é apenas isso, “uma identificação”, e neste momento o Youtube é um negócio, com conteúdos “totalmente desenvolvidos por adultos, que têm fins lucrativos”.

“Enquanto que há dez anos o conteúdo ainda era tímido, nos dias de hoje a plataforma é feita para ganhar dinheiro. Os pais ainda não perceberam que o Youtube que há agora é diferente do que havia há dez anos, as pessoas que estão lá são mais excêntricas para terem visualizações. E muitas vezes usam uma linguagem de adultos com palavrões e expressões de adultos”, salienta.

Nuno Mateu-Coelho frisa que os criadores estão cada vez mais a “dramatizar os seus conteúdos”, falando mesmo numa espécie de “circo”, que tem como objetivo ganhar visualizações, seguidores e subscrições. O facto de os autores serem adultos que muitas vezes utilizam uma linguagem de adultos cria sérios problemas noutros contextos: “Quando depois um adulto fala desta forma, a criança já não vai estranhar o tom de voz e este tipo de expressões e facilmente cria uma ligação”, vinca.

Por isso, mesmo com essa moderação ativada, o especialista em cibersegurança não tem dúvidas: é preciso garantir sempre uma supervisão. “Os pais têm de estar sempre atentos quando a criança usa [o dispositivo], as crianças não podem estar isoladas e com auscultadores”, acrescenta.

Nuno Mateus-Coelho nota que há uma diferença entre conteúdos “que são aptos para crianças e conteúdos que são especificamente desenhados para crianças”. E no caso concreto do Youtube, o especialista aconselha os pais a recorrerem desde cedo ao Youtube Kids, a versão para crianças, que deve ser usada até aos 10 anos e que disponibiliza apenas “conteúdos desenhados para crianças e por autores fidedignos”.

Mas se o Youtube capta as atenções na faixa abaixo dos 10 anos, a partir daí e na adolescência são as redes sociais que se começam a tornar mais relevantes, com o TikTok desde logo à cabeça. E Nuno Mateus-Coelho é perentório: “O TikTok é a rede social mais perigosa do momento”. O especialista alerta para os perigos dos desafios que se tornam virais nesta rede social, marcada por “conteúdo extremamente sexualizado”, “polarizado”, com mensagens violentas e “xenófobas”. Nuno Mateus-Coelho considera que o TikTok “é um barril de pólvora” e não deve ser permitido antes dos 16 anos.

Nomofobia e FOMO, dois problemas que os pais podem ajudar a evitar

Apesar das possibilidades de supervisão e controlo parental, a verdade é que as novas gerações já nasceram num mundo altamente tecnológico e os especialistas alertam que é muito difícil dissociar o desenvolvimento dos menores desse ambiente digital. “A tecnologia está entre nós e pode ser muito positiva. O importante é o equilíbrio que é preciso ir fazendo”, nota Catarina Lucas.

Na mesma linha, João Nuno Faria refere que a tecnologia também produz benefícios: “Existem linhas que nos mostram que a interação eletrónica até pode promover as competências sociais”. “Para indivíduos com espectro de autismo, por exemplo, é muito mais fácil a comunicação escrita do que a comunicação cara a cara”, explica.

No entanto, é preciso que a “introdução da tecnologia” seja feita “de uma forma consciente” e “se a interação eletrónica for uma entre múltiplas atividades” evitam-se problemas de dependência e adição no futuro. João Nuno Faria esclarece que a dependência do smartphone “enquanto categoria clínica, ainda não está identificada”, como “existe a dependência do jogo, do videojogo e das redes sociais”. No entanto, vinca, o smartphone é um meio para os conteúdos que podem causar esses comportamentos aditivos.

E nos últimos tempos, muito se tem ouvido falar de nomofobia, a incapacidade de estar longe dos aparelhos eletrónicos, e de FOMO (Fear Of Missing Out, que significa “medo de perder alguma coisa”),“uma experiência que impede o indivíduo de se afastar das redes sociais”, nota o psicólogo. Se o contacto com a tecnologia for estruturado num “modelo em que há uma posição muito regrada e consciente do ponto de vista parental”, dificilmente se tornará num problema.

 

ONU revela retrocessos na saúde de mulheres, crianças e adolescentes

Outubro 28, 2022 às 8:00 pm | Publicado em Relatório | Deixe um comentário
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Notícia da ONU News de 18 de outubro de 2022.

Novos dados lançados na Cúpula Mundial da Saúde, em Berlim, mostram que Covid-19, conflito e crises climáticas pioram as perspectivas da infância e adolescência e nos direitos das mulheres; 10,5 milhões de crianças perderam um pai, mãe ou cuidador para a pandemia.

Um novo relatório da ONU mostra que, globalmente, a saúde de mulheres e crianças sofreu com os impactos do conflito, da pandemia de Covid-19 e das mudanças climáticas.

Os dados apresentados em “Protect the Promise”, ou “Proteja a Promessa” mostram uma regressão crítica em praticamente todas as principais medidas de bem-estar infantil e muitos indicadores-chave dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS.

Crianças sem vacina e fora da escola

Desde o último relatório publicado em 2020, insegurança alimentar, fome, casamento infantil, riscos de violência por parceiros íntimos, depressão e ansiedade na adolescência aumentaram.

No ano passado, cerca de 25 milhões de crianças não receberam vacinas, 6 milhões a mais do que em 2019, aumentando o risco de contrair doenças mortais e debilitantes.

Milhões de alunos perderam aulas durante a pandemia, muitos por mais de um ano. Cerca de 80% das crianças em 104 países e territórios tiveram perda de aprendizado devido ao fechamento das escolas. Desde o início da pandemia, 10,5 milhões de crianças perderam um pai, mãe ou cuidador para a Covid-19.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres disse, que no centro da “promessa não cumprida está o fracasso em abordar as enormes desigualdades na raiz das crises globais, da pandemia de Covid-19 aos conflitos e à emergência climática”.

Diferença de expectativa de vida por regiões

O estudo mostra que crianças e adolescentes enfrentam chances variadas de levar uma vida saudável simplesmente por causa de onde nasceram, a exposição a conflitos e a situação financeira de suas famílias.

Uma criança em um país de baixa renda, por exemplo, tem uma expectativa média de vida de cerca de 63 anos, já em um país de alta renda esse número sobe para 80. Essa grande lacuna de sobrevida de 17 anos mudou pouco nos últimos anos.

Em 2020, 5 milhões de crianças morreram antes de completar 5 anos, principalmente por causas evitáveis ​​ou tratáveis. Enquanto isso, a maioria das mortes maternas, infantis e de adolescentes e natimortos está concentrada em apenas duas regiões, África Subsaariana e Sul da Ásia.

Crianças de países de renda baixa são as que mais sofrem

Mais de 45 milhões de menores passaram por desnutrição aguda em 2020, que inclui risco de morte, atrasos no desenvolvimento e doenças. Quase três quartos dessas crianças vivem em países de renda média-baixa.

Um número impressionante de 149 milhões de crianças tiveram problemas de crescimento no ano da pandemia.  A África é a única região onde o número de crianças afetadas pelo atraso no crescimento aumentou nos últimos 20 anos, de 54,4 milhões em 2000 para 61,4 milhões em 2020.

Os seis países com o maior número de pessoas deslocadas internamente, Afeganistão, República Democrática do Congo, Etiópia, Sudão, Síria e Iêmen também estão entre os 10 principais países com insegurança alimentar.

Saúde materna e conflitos

Uma mulher na África Subsaariana tem hoje cerca de 130 vezes mais risco de morrer durante a gravidez ou parto do que uma grávida na Europa ou na América do Norte.

A cobertura de cuidados pré-natais, assistência qualificada ao parto e cuidados pós-natais está longe de alcançar todas as mulheres em países de baixa e média rendas, deixando-as em alto risco de morte e invalidez.

Milhões de crianças e suas famílias estão passando por problemas de saúde física e mental devido aos recentes desastres humanitários no Afeganistão, Etiópia, Paquistão, Somália, Ucrânia e Iêmen.

Em 2021, um recorde de 89,3 milhões de pessoas em todo o mundo foram expulsas de suas casas por guerra, violência, perseguição e abuso de direitos humanos.

O relatório defende que os países continuem investindo em serviços de saúde para enfrentar todas as crises e insegurança alimentar e capacitar mulheres e jovens em todo o mundo.

O documento é publicado por parceiros globais, incluindo OMS, Unicef, Unfpa, Aliança para Saúde Materna do Recém-nascido e da Criança e a iniciativa Contagem Regressiva para 2030, como um resumo semestral do progresso em resposta à ONU Estratégia Global Cada Mulher Cada Criança do secretário-geral para a Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente.

 

Sabia que as mochilas não devem ter mais do que 10% do peso do corpo?

Outubro 21, 2022 às 8:00 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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Serviço Nacional de Saúde

No regresso à escola é importante relembrar que as mochilas com peso excessivo podem ter implicações na saúde das crianças. Siga as recomendações e saiba mais em: https://bit.ly/3DixTX1

Crianças que dormem pouco podem sofrer danos permanentes nas funções cognitivas

Agosto 11, 2022 às 8:00 pm | Publicado em Estudos sobre a Criança | Deixe um comentário
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Notícia da Mãe me Quer de 3 de agosto de 2022.

POR   JÚLIA ROCHA

Esta investigação examinou dados recolhidos de mais de 8300 crianças entre os 9 e 10 anos de idade.

Uma recente investigação da faculdade de Medicina da Universidade do Maryland, nos Estados Unidos da América, concluiu que crianças até aos 12 anos que dormem pouco, menos de nove horas por noite, podem desenvolver dificuldades cognitivas e problemas mentais.

O estudo destaca que as crianças que registam menos de nove horas de sono por dia, ou seja, que dormem pouco, apresenta diferenças significativas em determinadas zonas do cérebro, relacionadas com a memória, inteligência e bem-estar, quando comparadas com as que dormem o periodo de tempo recomendado (entre 9 a 12 horas).

Estas diferenças estão relacionadas com problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade. A falta das horas de sono recomendadas aparece relacionada a dificuldades cognitivas de memória, na capacidade de tomar decisões e resolver problemas.

American Academy of Sleep Medicine (entidade que estuda efeitos do sono na saúde), recomenda que as crianças entre os 6 e os 12 anos devem dormir entre 9 a 12 horas por noite, de forma regular e consistente.

Esta investigação examinou dados recolhidos de mais de 8300 crianças entre os 9 e 10 anos de idade. Foram examinadas imagens de ressonâncias magnéticas, registos médicos e inquéritos preenchidos pelos participantes (e pais), no momento da inscrição no estudo, e numa segunda visita, dois anos depois, aos 11 e 12 anos de idade.

O estudo foi publicado recentemente na revista científica Lancet Child & Adolescent Health. Até hoje, nenhum estudo examinou o impacto duradouro do sono insuficiente no desenvolvimento neurocognitivo dos pré-adolescentes.

Esta é uma das primeiras investigações a demonstrar o potencial impacto a longo prazo da falta de sono, no desenvolvimento neurocognitivo das crianças. Também proporciona um apoio substancial às atuais recomendações para o sono nas crianças. A American Academy of Pediatrics recomenda fazer do sono suficiente uma prioridade familiar, manter uma rotina de sono regular, encorajar a actividade física durante o dia, limitar o tempo do ecrã e eliminar completamente os ecrãs uma hora antes de dormir.

Mais informações:

Effects of sleep duration on neurocognitive development in early adolescents in the USA: a propensity score matched, longitudinal, observational study

 

Os efeitos negligenciados de beber álcool durante a gravidez

Julho 27, 2022 às 6:00 am | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia da National Geographic de 20 de julho de 2022

As estimativas sugerem que até 5% das pessoas nos EUA têm distúrbios do espectro alcoólico fetal. Descubra como cientistas e ativistas estão a trabalhar para melhorar diagnósticos e tratamentos.

POR EMMA YASINSKI

Joel Sheagren já sabia quando adotou o seu filho que a mãe biológica tinha consumido álcool durante a gravidez. Mas o menino, Sam, não nasceu com quaisquer sinais óbvios de problemas no desenvolvimento, pelo que Joel não estava preocupado. Dois anos depois, Joel e a sua esposa adotaram uma filha da mesma mãe.

Ambas as crianças estiveram expostas ao álcool no útero, mas à medida que foram crescendo, só Sam é que parecia ter problemas de aprendizagem ou em seguir instruções. Agora adolescente, Sam tem dificuldade em recordar o que lhe disseram no dia anterior e em compreender sequências de eventos. Sam é um jogador de futebol muito talentoso, explica Joel, mas precisa de estar constantemente a ser lembrado sobre o que pode acontecer entre o momento em que passa a bola e o momento em que a sua equipa marca um golo.

Quando Sam era adolescente, Joel levou-o a uma clínica de diagnóstico de transtorno do espectro alcoólico fetal no Minnesota. “Só aos 14 anos de vida do nosso filho é que realmente começámos a ligar os pontos”, a perceber que a exposição pré-natal ao álcool estava a afetar o seu desenvolvimento e comportamento, diz Joel Sheagren, cineasta que vive no Minnesota. Foi uma surpresa. “Esta é uma questão tão prevalente, como é que eu não sabia?”

Os estudos estimam que os Distúrbios do Espectro Alcoólico Fetal, ou DEAF, afetam entre 1 e 5 por cento da população, embora os especialistas suspeitem que a sua prevalência seja ainda maior. Para além dos desafios enfrentados diariamente, muitos destes indivíduos correm o risco de cair nas teias da justiça criminal tanto como vítimas e criminosos. Jerrod Brown, investigador especializado em saúde comportamental e justiça criminal na Universidade Concordia em St. Paul, no Minnesota, diz que as dificuldades na comunicação, a propensão para prestar falsas declarações e os problemas em respeitar os horários estabelecidos pelos agentes de liberdade condicional são histórias que se ouvem “uma e outra vez”.

Não se sabe ao certo quantas pessoas com estes distúrbios acabam detidas, mas vários estudos mais pequenos estimam que entre 10 a 36 por cento das pessoas em ambientes correcionais podem sofrer de DEAF.

Parte do desafio passa pela dificuldade em diagnosticar estes casos. As pessoas com suspeitas de distúrbios devem visitar uma clínica especializada – o que pode exigir horas de viagem – e passar um dia inteiro a fazer testes que incluem avaliações aprofundadas sobre aprendizagem e cognitivas, que são cruciais para adaptar os tratamentos e apoiar os doentes individualmente. Em muitos casos, a clínica só tem capacidade para avaliar os indivíduos cujas famílias conseguem confirmar que estes estiveram expostos ao álcool no útero.

É por esta razão que Susan Shepard Carlson, ex-juíza do tribunal distrital e primeira-dama do Minnesota, está a defender um projeto de lei chamado Lei de Respeito FASD, que visa fornecer recursos ao nível nacional para fazer triagem, pesquisa e outros serviços de apoio. Em 1997, Susan Carlson percebeu que muitas das crianças que passavam pelos tribunais “tinham o mesmo tipo de perfil, o [de] alguém com DEAF – problemas de aprendizagem e comportamentais – mas não estávamos realmente a olhar para a causa subjacente”. Naquela época, só as lesões cerebrais traumáticas externas é que eram levadas em consideração na tomada de decisões sobre estes casos. Susan Carlson convocou uma equipa de especialistas e organizou audiências públicas, algo que levou o estado a financiar a investigação e o tratamento de DEAF. O tribunal conseguiu rastrear crianças suspeitas de casos não diagnosticados, e Susan diz que cerca de 25% das crianças que escolheram para rastrear tinham um distúrbio não diagnosticado.

Porém, colocar a atenção nacional sobre esta questão vai para além da justiça criminal. O apoio adicional para opções de investigação e tratamento pode mudar os destinos de famílias como a de Joel Sheagren. Desde que fez a ligação entre o distúrbio do espectro alcoólico fetal e o comportamento de Sam, Joel já participou em formações especializadas com Jerrod Brown sobre como deve comunicar e apoiar o seu filho, e diz que este processo tem feito uma diferença enorme.

“É muito importante saber que continuamos a poder fazer diferenças dramáticas no desenvolvimento destas crianças, se as reconhecermos e prestarmos serviços o mais depressa possível”, diz Julie Kable, investigadora de neurodesenvolvimento da Universidade Emory, no estado da Geórgia.

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Um repensar recente sobre o álcool

Há várias décadas, acreditava-se que era seguro consumir álcool durante a gravidez. Contudo, no início da década de 1970, os investigadores encontraram um padrão: os bebés nascidos de mães com distúrbios graves de uso de álcool geralmente desenvolviam características faciais marcantes, como um lábio superior fininho, uma cabeça pequena e uma ponte nasal plana. Estas características geralmente eram acompanhadas por uma variedade de desafios mentais e físicos ao longo da vida, como dificuldades de aprendizagem, dificuldade em raciocinar, problemas de crescimento, problemas cardíacos e renais.

Desde então, os cientistas descobriram que a exposição pré-natal ao álcool pode afetar o desenvolvimento do cérebro e do corpo, mesmo sem afetar o rosto. O diagnóstico requer exames e tratamentos complexos que, devido a recursos e conhecimento limitados, muitos pacientes nunca conseguem obter.

Atualmente, o termo distúrbios do espectro alcoólico fetal descreve uma série de condições, desde desregulação imunitária a distúrbios do déficit de atenção ligados à exposição pré-natal ao álcool. Mas os sintomas exatos são muitas vezes inconsistentes de um doente para o outro. Por exemplo, apesar de ambos os filhos adotivos de Joel terem sido expostos ao álcool no útero, a sua filha não sente os mesmos problemas de desenvolvimento que o filho.

“O álcool afeta o cérebro de maneiras diferentes, dependendo de quando é que o cérebro é exposto durante gravidez e a quantidade à qual está exposto, para além de tudo o resto que está a acontecer, quer sejam fatores nutricionais, genéticos e outras coisas relacionadas com a mãe e o feto”, diz Jeffrey Wozniak, investigador de desenvolvimento neurocomportamental da Universidade do Minnesota. “Portanto, há muita variedade em termos de efeitos cerebrais.”

Efeitos cerebrais da exposição ao álcool no útero

Embora os impactos no rosto, no sistema imunitário, na sinalização hormonal e na cognição variarem, existem algumas características anatómicas que os cientistas tendem a encontrar com mais frequência nos cérebros de pessoas que foram expostas ao álcool no período pré-natal.

Jeffrey Wozniak explica que os cérebros destas pessoas tendem a ser mais pequenos no geral. “Observamos isto de forma consistente em quase todos os estudos que fazemos.”

Outra característica comum está relacionada com o corpo caloso, uma faixa espessa de neurónios que vai desde a parte frontal do cérebro até à parte posterior, ligando os hemisférios direito e esquerdo. “Isto coordena tudo entre as duas metades do cérebro”, diz Jeffrey Wozniak. Nos casos de pessoas que foram expostas ao álcool no período pré-natal, esta faixa tende a estar subdesenvolvida. De acordo com Julie Kable, isto pode ter impactos numa variedade de aptidões.

Muitas das crianças e adultos com DEAF precisam de mais tempo do que a maioria das pessoas para processar informações. Por exemplo, Joel explica que se pedir ao filho para lavar a louça, e se Sam esperar cinco minutos para começar, Joel sabe que o filho não lhe está a faltar ao respeito. O cérebro de Sam está apenas a processar o que o pai lhe pediu, e só depois é que deixa de se concentrar na sua tarefa atual (como por exemplo jogar na consola) para ir lavar a louça.

Em 2011, Jeffrey Wozniak e a sua equipa publicaram um estudo baseado em scans cerebrais que examinavam a atividade neural entre os dois hemisférios. Os investigadores demonstraram que a atividade dos dois hemisférios é menos coordenada nos pacientes com DEAF, levando a problemas de coordenação motora, no desenvolvimento verbal e em funções executivas.

A memória também é afetada. Os professores geralmente conseguem identificar os problemas de memória dos alunos, mesmo que não identifiquem o problema como estando relacionado a uma exposição pré-natal ao álcool. “Sam consegue absorver conhecimento”, diz Joel. “Mas no dia seguinte já não se lembra do que [a professora] disse, e não sabe como aplicar esse conhecimento.”

Nas profundezas da região central do cérebro fica uma pequena zona em forma de cavalo-marinho que é responsável pela consolidação de memórias, o hipocampo. Os efeitos da exposição pré-natal ao álcool nesta área são “bastante profundos”, diz Jeffrey Wozniak, com o hipocampo a apresentar células mais pequenas e desorganizadas.

Outra região do cérebro, chamada lobo pré-frontal, também pode mostrar anormalidades nos pacientes com DEAF. “Esta é uma área do cérebro que está envolvida no planeamento, na organização, no raciocínio e julgamento”, explica Julie Kable. A equipa de Julie descobriu que nos modelos animais expostos ao álcool no útero, o sistema de vasos sanguíneos e veias que transportam o sangue oxigenado em torno desta área do cérebro pode ficar desorganizado.

Isto sugere que as pessoas com DEAF têm “mais bifurcações na estrada, ou seja, em vez de um padrão regular capaz de fornecer oxigénio às áreas, esse oxigénio é distribuído de forma desorganizada”, acrescenta Julie Kable. Isto pode resultar, por exemplo, na dificuldade em reabastecer oxigénio em áreas do cérebro que ajudam as pessoas a lidar com a frustração.

Diagnóstico difícil

Apesar de já terem identificado estas e muitas outras características cerebrais comuns a estes distúrbios, os médicos dizem que atualmente os scans cerebrais não conseguem diagnosticar a exposição pré-natal ao álcool, porque cada caso é muito diferente. Na maioria das vezes, este distúrbio não é reconhecido.

No início dos anos 2000, Jerrod Brown, da Universidade Concordia, trabalhava num centro de aconselhamento para adultos em St. Paul, no Minnesota. Os pacientes continuavam a chegar com o que pareciam ser listas inacreditavelmente longas de diagnósticos. “Parecia que sempre que iam a um médico diferente, tinham um novo diagnóstico.” Eventualmente, Jerrod reparou numa tendência: muitos dos pacientes acreditavam que as suas mães biológicas podiam ter consumido álcool ou drogas durante a gravidez.

Durante muitos anos, os médicos não perguntaram às grávidas ou às famílias sobre os seus hábitos de consumo. “Creio que os médicos por vezes têm medo de perguntar, porque não se sentem confiantes sobre o que fazer se a resposta for afirmativa”, diz Christie Petrenko, especialista em DEAF do Centro Familiar de Mt. Hope em Rochester, Nova Iorque.

No início dos anos 2000, porém, os estudos começaram a mostrar que as terapias direcionadas podiam ajudar as pessoas expostas ao álcool no período pré-natal. Por exemplo, Jukie Kable diz que, ao cooperar com os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, a sua equipa descobriu que se disponibilizassem um suporte adaptativo podiam ajudar as pessoas com DEAF a aprender e a compreender melhor a matemática, uma disciplina que requer uma memória de trabalho forte e que geralmente é complicada para as pessoas com DEAF. Uma opção muito simples é apresentar as linhas numéricas verticalmente em vez de horizontalmente.

“Parece uma coisa simples, mas uma linha numérica vertical é quase uma coisa automática. Se quisermos adicionar números, subimos, e se quisermos subtrair, descemos”, diz Julie Kable. A equipa também forneceu ferramentas que ajudam os indivíduos a contar e a ter noção dos números para mitigar as falhas de memória a curto prazo.

Os investigadores também desenvolveram programas semelhantes para ajudar nas funções executivas e na tomada de decisões. “Já não podemos permitir que os pediatras digam coisas como: Porque é que o devo diagnosticar se não podemos fazer nada sobre isso?” diz Julie Kable.

Ainda assim, atualmente existem poucos centros de diagnóstico nos EUA e alguns estados nem sequer têm um centro de diagnóstico para estes distúrbios. Como o diagnóstico requer avaliações abrangentes, os centros disponíveis têm uma capacidade limitada para as realizar. Muitas instituições só observam os pacientes que sabem que provavelmente foram expostos ao álcool no útero, o que representa uma fração dos que se acredita serem afetados na realidade.

As avaliações também são muito caras e “demoram quase um dia inteiro, por isso tentamos priorizar este recurso limitado para as pessoas que temos a certeza de que conseguimos diagnosticar”, diz Christie Petrenko, cuja clínica é a única na zona de Nova Iorque. Christie enfatiza que, para as crianças que podem precisar de uma avaliação menos intensiva, a clínica tem consultas nas quais as crianças podem obter uma avaliação mais breve sobre os seus pontos fortes e fracos, e encaminhadas para uma avaliação mais aprofundada se for necessário.

Embora a maioria dos especialistas concorde sobre as características básicas destes distúrbios, também existem pequenas diferenças nos critérios de diagnóstico entre estados, países e clínicas. Uma criança que apresente um desvio de um e meio abaixo da norma padrão num determinado teste de aprendizagem pode ser diagnosticada numa clínica, enquanto que outra clínica exige que a mesma criança esteja dois desvios abaixo da norma. Isto significa que cada especialista pode “detetar coisas um pouco diferentes, dependendo do quão rigorosos ou descontraídos são determinados critérios”, diz Christie Petrenko.

Isto pode criar desafios para os investigadores que se esforçam para construir enormes conjuntos de dados, mas também tem impactos mais imediatos. Por exemplo, Christie Petrenko diz que os indivíduos com DEAF em alguns estados norte-americanos, como é caso de Nova Iorque, não se qualificam para os serviços de deficiência porque o estado refere que os CDC só têm critérios de diagnóstico consistentes para a síndrome alcoólica fetal, não para todo o espectro de distúrbios.

A informação e a sensibilização também têm sofrido, embora Susan Carlson espere que isso mude com a Lei de Respeito FASD, que atualmente tem quase 50 apoiantes na Câmara dos Representantes. Joel Sheagren diz que ficou chocado com o quão pouco sabia sobre as formas pelas quais o álcool pode afetar o desenvolvimento fetal. Joel está agora a trabalhar num documentário sobre os efeitos da exposição pré-natal ao álcool. “Esta é uma questão extremamente prevalente que não tem o apoio ou a sensibilização [suficientes]”, diz Joel. “É simplesmente uma situação bizarra.”

Este artigo foi publicado originalmente em inglês no site nationalgeographic.com

Covid-19. Pandemia contribui para maior declínio na vacinação infantil em 30 anos

Julho 21, 2022 às 8:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia do Observador de 15 de julho de 2022.

Unicef fala em “alerta vermelho para a saúde infantil”. Um total de 25 milhões de crianças ficou por vacinar com uma ou mais doses contra a difteria, tétano e tosse.

A pandemia da Covid-19 contribuiu para a maior quebra na vacinação infantil em cerca de 30 anos, tendo 25 milhões de crianças ficado desprotegidas contra difteria, tétano e tosse convulsa em 2021, segundo estimativas da ONU esta quinta-feira divulgadas.

As estimativas foram divulgadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) – agências da ONU – e baseiam-se em dados facultados por 177 países.

As duas agências advertem, em comunicado, que o “retrocesso histórico nas taxas de imunização” acontece em simultâneo com o crescimento das taxas de desnutrição aguda ou severa.

“A convergência de uma crise de fome com uma crescente lacuna de imunização ameaça criar as condições para uma crise de sobrevivência infantil”, alertam, salientando que “uma criança desnutrida já tem imunidade enfraquecida” e as vacinas que não são administradas “podem significar que doenças comuns da infância rapidamente se tornem letais”

De acordo com a OMS e a Unicef, a percentagem de crianças que recebeu três doses da vacina tríplice contra difteriatétano e tosse convulsa – “um marcador para a cobertura vacinal nos países” – caiu cinco pontos percentuais, para 81%, entre 2019 e 2021.

Um total de 25 milhões de crianças ficou por vacinar com uma ou mais doses contra estas três doenças em 2021, o equivalente a mais dois milhões face a 2020 e a mais seis milhões comparativamente a 2019.

Moçambique e Myanmar (antiga Birmânia) estão entre os países que registaram os maiores aumentos relativos no número de crianças sem uma única vacina contra difteria, tétano e tosse convulsa entre 2019 e 2021.

Anualmente, a OMS e a Unicef divulgam, com base em dados reportados pelos países, as estimativas de cobertura vacinal. Para 2021 foram fornecidos dados de 177 países.

Segundo as duas organizações, as estimativas “fornecem o maior e o mais abrangente conjunto de dados do mundo sobre tendências de imunização para vacinas contra 13 doenças administradas por sistemas regulares de saúde”.

A pandemia da Covid-19, que levou à “suspensão de serviços” e do fornecimento de vacinas, “ao desvio de recursos e a medidas de contenção“, é, a par dos conflitos e da desinformação, um dos fatores apontados que conduziram ao declínio da cobertura vacinal infantil no mundo entre 2019 e 2021.

A Covid-19 foi declarada uma pandemia em 11 de março de 2020, tendo o vírus que causa a doença respiratória (SARS-CoV-2) sido detetado em finais de 2019 na China.

De acordo com a OMS e a Unicef, dos 25 milhões de crianças que ficaram por imunizar em 2021 com uma ou mais doses contra difteria, tétano e tosse convulsa, 18 milhões não receberam uma única dose, a maioria oriunda de países de baixos e médios rendimentos, surgindo Índia, Nigéria, Indonésia, Etiópia e Filipinas no topo da lista.

A vacinação contra difteria, tétano e tosse convulsa caiu em todas as regiões do mundo, mas o Leste Asiático e o Pacífico registaram as maiores quebras em dois anos, na ordem dos nove pontos percentuais.

Os dados da OMS e da Unicef revelam também que a imunização de crianças com a primeira dose da vacina do sarampo caiu para 81% no ano passado.

Tal significou que 24,7 milhões de crianças não receberam a primeira dose contra o sarampo em 2021, mais 5,3 milhões face a 2019. Outros 14,7 milhões de menores ficaram sem a segunda dose.

Comparando igualmente com 2019, mais 6,7 milhões de crianças não foram imunizadas em 2021 com a terceira dose da vacina contra a poliomielite e 3,5 milhões de meninas falharam a primeira dose da vacina do papilomavírus humano, que causa o cancro do colo do útero.

A OMS e a Unicef advertem que a cobertura à escala mundial com a primeira dose da vacina contra o papilomavírus humano situa-se nos 15% apesar de as vacinas terem sido licenciadas há mais de 15 anos.

Este é um alerta vermelho para a saúde infantil. Estamos a testemunhar a maior queda sustentada na imunização infantil numa geração. As consequências serão medidas em vidas”, avisou, citada no comunicado, a diretora-executiva da Unicef, Catherine Russell, assinalando que a covid-19 “não é desculpa” para o “declínio contínuo” da vacinação de crianças.

Segundo Catherine Russell, será necessário “recuperar a imunização” de milhões de menores, caso contrário haverá “mais surtos, mais crianças doentes e maior pressão sobre os sistemas de saúde já sobrecarregados”.

Níveis de cobertura vacinal desadequados resultaram em “surtos evitáveis” de sarampo e poliomielite no último ano, realçam a OMS e a Unicef.

A estratégia de vacinação global promovida pelas duas organizações e outros parceiros, a Agenda de Imunização 2030, definiu como meta alcançar 90% de cobertura para as “principais vacinas que salvam vidas” e reduzir para metade o número de crianças sem as vacinas essenciais.

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Encontro “Estilos de vida sustentáveis: ação para um futuro melhor”, 28 de junho em Sintra

Junho 24, 2022 às 6:00 am | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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Ressonâncias em crianças: Incentivar perguntas pode evitar anestesia

Junho 15, 2022 às 6:00 am | Publicado em Estudos sobre a Criança | Deixe um comentário
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Notícia Universidade do Porto de 1 de junho de 2022

Por Daniel Dias / FMUP

Estudo da Faculdade de Medicina (FMUP) utilizou uma “mini-ressonância” de brincar que deixou as crianças mais calmas e com menos receio do exame.

Incentivar a fazer perguntas, dar explicações personalizadas e envolver a criança na tomada de decisões. Um estudo desenvolvido na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) comprovou a eficácia destas estratégias de comunicação na realização de ressonâncias magnéticas, contribuindo para diminuir o número de anestesias necessárias e os níveis de ansiedade e stress das crianças.

O ruído do equipamento e a sua forma estreita, a necessidade de ficar completamente imóvel e a separação dos pais durante aquele período de tempo são fatores que levam muitas crianças a passarem pelo exame com sentimentos de ansiedade elevados.

“Existe um número considerável de crianças que só conseguem realizar o exame de ressonância magnética recorrendo a sedação, o que comporta alguns riscos para a saúde dos mais pequenos”, constata Maria da Conceição Castro, uma das autoras do estudo.

De acordo com a investigadora, “a marcação das anestesias pode resultar em atrasos no diagnóstico, no início do tratamento ou até mesmo no agravamento da doença”, além de tornar a realização do exame “num processo muito mais lento e dispendioso para a instituição de saúde”.

Para esta experiência desenvolvida na FMUP, em colaboração com o Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), foi construída uma “mini-ressonância” de brincar que simulou a aparência e o som de uma ressonância magnética real.

Mais calmas e com vontade de repetir

Os resultados mostraram que a necessidade de sedação reduziu, relativamente ao grupo de controlo que recebeu o procedimento habitual do exame, de 70% para 7% no caso das crianças que simularam previamente a ressonância através do brinquedo e que, ao mesmo tempo, receberam uma comunicação personalizada por parte dos profissionais de saúde.

No final do procedimento médico, as crianças do segundo grupo revelaram também sentir-se mais calmas, com menos medo e até com vontade de repetir a experiência no futuro.

“Quando uma criança se desloca ao hospital, o ambiente e as pessoas desconhecidas podem causar ansiedade e stress”, explica Irene Carvalho, professora da FMUP.

O estudo em questão envolveu 90 crianças, com idades compreendidas entre os 4 e os 10 anos, que tinham um pedido médico para realizar uma ressonância magnética no CHUSJ.

Intitulado “A influência da comunicação na adesão das crianças à ressonância magnética sem anestesia”, o trabalho da autoria de Maria da Conceição Castro teve como orientadora Irene Carvalho e como coorientadora Isabel Ramos, ambas professoras da FMUP.

Estudo aqui

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