Webinar “O impacto das novas tecnologias no desenvolvimento da criança” 28 novembro com Carlos Neto

Outubro 25, 2022 às 6:00 am | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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A youtuberculose escolar

Fevereiro 1, 2022 às 6:00 am | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Artigo de opinião de Rui Correia publicado na SIC Notícias de 21 de janeiro de 2022.

Rui Correia, Professor

“As máquinas vão substituir os professores. Dêem-lhes tempo e vão ver. Aliás, as novas tecnologias estão a transformar os nossos miúdos em pacóvios digitais. Nas escolas vê-se isto tudo muito bem.”

Os miúdos já não sabem brincar. Nos intervalos já ninguém conversa. O espírito crítico e a criatividade secaram nas mãos destes pigmeus digitais que saltitam de ecrã em ecrã. Indígenas que passam a vida a ver vídeos ou a fazer vídeos, onde gastam todo o seu tempo a repetir e imitar tudo o que vêem.

Se a electricidade vai abaixo ou lhes acabou a bateria, ficam perdidos como galinhas sem cabeça. Todos querem ser gamers ou, o Santo Graal, youtubers famosos.

Há uma youtuberculose escolar. Fazem pouquíssimo. Se formos ver o que cada cachopo está a fazer no seu telemóvel, vemos que não faz mais do que quatro ou cinco coisas. Sempre as mesmas. Repetidamente. Acriticamente. Sucessivamente. Inconsequentemente. Em vinte anos a capacidade de concentração da miudagem diminuiu a olhos vistos. Não há escola que saiba competir com os sistemas de recompensa imediata que a semiótica computacional inculcou nos nossos miúdos.

Nenhum deles resiste ou aguenta a menor adversidade. Ao mais pequeno obstáculo, tudo se abandona. Parece que só restam duas possibilidades aos nossos miúdos: a estultícia ou a deserção. Temos os garotos em processo de mutação biogenética para acéfalos torsos humanos.

“Os rapazes não sabem o que dizer a uma miúda. Olhem para eles ali. Sete miúdos encostados à parede cada um de volta do seu telemóvel. Se calhar até estão a falar uns com os outros. Tudo calado, com um sorriso meio parvo. Toda a comunicação entre eles está mediada por computadores e algoritmos sobre os quais nada sabem, nem querem saber. Tudo o que está para lá da sua cultura youtuber é indecifrável.”

As escolas converteram-se em academias de analfabetismo social e motor. São ateneus de paspalhos. Colmeias de basbaques. Já não sabemos mais o que fazer com eles. Só nos resta agonizar e genuflectir perante o Armagedão socio-electrónico. Vamos todos morrer.”

E pronto. Estamos conversados. Já desabafámos. Estão esconjurados os medos invocados e distribuídas as indispensáveis culpas e injúrias.

Não há como negá-lo. Testemunhamos uma realidade nova entre a juventude que se percebe nas grandes e nas pequenas coisas. Um exemplo: cada vez se vendem menos brinquedos tradicionais. A quantidade de prendas digitais aumenta de Natal para Natal, de aniversário em aniversário. Quando é que imaginámos que o mais desejado presente de um adolescente pudesse ser uma cadeira. Gamer. Nunca se venderam tantas como agora. Estar sentado é um êxito comercial. O fim do mundo tal qual o conhecemos?

Nada disso. É falso que estejamos a criar uma geração de imbecis digitais. Assistimos é ao dealbar de uma geração que confronta uma outra, essa sim amedrontada por não saber acompanhar o que vai acontecendo bem à sua frente. Literalmente, à frente do seu nariz.

A obsolescência do património cultural que consideramos canónico luta de braço dado com o advento de uma cultura com códigos, linguagens, semióticas, costumes diferentes, inatingíveis para muitos. Nenhum saber tradicional consegue competir com a sistemática simplificação de processos complexos e a obtenção instantânea de resultados de elevada sofisticação e alcance.

Almeida Garrett escreveu o que escreveu, mas as suas folhas não páram de cair. Um grande sucesso musical dos anos trinta do século XX chamava-se “Anything goes” e diz a letra que, nesse tempo, os novos poetas já só sabem escrever palavras de quatro letras. Que o mundo está perdido. As arrelias mortais entre Antero de Quental e Feliciano de Castilho, Dantas e Negreiros falam do mesmo. Rimbaud, esse traficante de verdade e de fuzis que quis sempre “ser absolutamente moderno”, e cuja entrada no Panteão de França Emmanuel Macron se conformou em recusar, conheceu inimigos figadais que ainda hoje o vilipendiam.

“Não é a mesma coisa”, diz-se logo, inevitável, Sempre a mesma sentença, sob a qual se abrigou a rejeição da autoridade canónica.  Quereis comparar um Wilde com um Cruzeiro Seixas? Dizei de vossa mercê.

“E é a isto que assisto constantemente como professor. Estamos tão ocupados com a nossa intransigente surdez que, por mera preguiça, a mesma de que acusamos os outros, terraplenamos tudo o que cheira a indecifrável. E misturamos alhos com bugalhos. Se deixarmos de espreitar de longe o que fazem os miúdos e estudarmos o que realmente estão a fazer com os seus telemóveis, tablets e PCs impressiona-nos que não estejamos nós também em mutação digital.”

A não ser que também nós já estejamos a fazer o mesmo. Porventura, se deixamos os telemóveis em casa, voltamos para os buscar. Deixámos de comprar jornais e lemo-los nos grupos piratas de “partilha”. Se calhar já nem ligamos a TV a não ser para ver séries em “plataformas streaming” que subscrevemos porque “não há nada para ver”. Se calhar já não dispensamos o gps para ir a Amarante ou Castro Verde . Ou então é mentira que se veja constantemente casais de 20, 30, 40 e 50 anos nos restaurantes que, simplesmente, passam uma refeição inteira sem se dirigirem uma palavra. Se calhar, não há dia nenhum que não se vá à rede social de eleição publicar frases requentadas de autores que nunca lemos antes. Se calhar, o único riso que conseguimos provocar na mulher da nossa vida vem num tweet que “tens de ler”. Se calhar, a obsessão adulta e viciada com raspadinhas, televendas, reality shows e jogos de apostas online atinge níveis mais sinistros de imbecilização e desprendimento da realidade do que nos garotos toxicodigitais.

Neste afã insultuoso para com os jovens estamos disponíveis para esquecer que andamos por todo o lado a apregoar que existe uma enorme iliteracia digital e que estamos muito atrás dos restantes países europeus. Que estamos a preparar os nossos jovens para profissões do século XIX que vão desaparecer e que não devia ser nada assim. E, depois de todo o vilipêndio, somos os primeiros a ir atrás do adolescente lá de casa para que nos explique como se justificam as faltas no site da escola, ou como se marcam refeições, onde raio se clica na app do SNS24, ou do efacturas, ou do IRS, a diferença entre png e gif, ou como recuperar um ficheiro apagado, sem querer. E que ele produz em minutos o que o pai dele demora dias a completar. Já agora, em matéria de imaginação e irreverência, não me parece haver falta de ambas.  

“As tecnologias são como as pessoas. Nascem, crescem e antes de morrer, envelhecem. E morrem cedo. Morrem sempre demasiado cedo. As “novas tecnologias” estão permanentemente a ficar velhas. É como na vida. A escola é um lugar perfeito para observar este fenómeno. À medida que as tecnologias digitais vão entrando no universo escolar, vai entrando também a velocidade de obsolescência que as define. Uma não entra sem a outra. A tecnologia supera-se a uma tal velocidade que, se a quiser acompanhar – e quer – a escola terá de habituar-se à sua constante desactualização.”

Deixemo-nos de pânicos, de lérias e de injúrias.

É completamente possível substituir muito professor por máquinas, com enorme vantagem para quem aprende e para quem ensina. Dito isto, custa assim tanto entender que ninguém defende que se substituam professores por máquinas? Trata-se de mudar a forma de aprender. Uma rede digital pública, livre, acessível, sem latência, que aprende com quem aprende, construindo ambientes de realidade aumentada, disponível em todos os cantos do mundo, congraçando informação nos mais litorais e interiores lugares; sair à rua e olhar para um edifício, um quadro, um astro, uma foto, tendo disponível uma ficha de detalhe configurável, com curadoria científica, profissional, pedagógica, adequada à idade e custodiada ao modo de aprendizagem do aprendiz, explicando tudo de forma apelativa e direitinha não me parece evitável, ou sequer indesejável. Isso está a acontecer. Isso tem de acontecer. E vai acontecer com todas as previdências e salvaguardas constitucionais, porque nem todos somos parvos.

Conjugar esta visão com uma perspectiva de autonomia pedagógica partilhando com quem aprende a autoridade de determinar o que quer aprender, a que ritmo e por que forma? Por que havíamos nós de interromper este curso? Luddismo oitocentista?

É claro que é possível substituir um professor por uma máquina. E depois? Também a escova de dentes substituiu o indicador. Aleksandar Mandic: “Para quem só tem um martelo todos os problemas são pregos”. Julgar ao longe o que não se conhece ao perto é sempre a receita do disparate.

“Nenhum professor teme ou deve temer a presença da máquina. Bem pelo contrário. Deve explorá-la e conhecê-la a fundo. A tecnologia faz parte da sua natureza evolutiva, como profissional que quer aprender. Achar que o papel de um professor se resume a ensinar, ofende tudo e todos. É recusar-lhe o prestígio da curiosidade.”

Nestes combates postiços de vida e morte entre miúdos, professores e máquinas desfila um chorrilho barulhento de patranhas, sopra um bacilo contagioso, asmático de hipérboles pávidas e pouco mais do que isso.

 

Concurso “Conta-nos uma história!” 2020 – 2021

Março 31, 2021 às 8:00 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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A iniciativa “Conta-nos uma história!”, tal como nas edições anteriores, tem como objetivo principal fomentar a utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), nomeadamente tecnologias de gravação digital de áudio e vídeo, através da criação de projetos desenvolvidos pelas escolas de Educação Pré-Escolar e 1.º Ciclo do Ensino Básico. Pretende-se, igualmente, contribuir para a definição de ações estratégicas de ensino, promotoras de situações de aprendizagem significativas.

Inscrições até 30 de abril

Mais informações no link:

https://www.pnl2027.gov.pt/np4/contanosumahistoria2020.html

IV Congresso Internacional CADIn “Tecnologia e Inclusão: e-moção, e-ducação, e-volução” 19-21 março em Lisboa

Fevereiro 1, 2020 às 1:00 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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Mais informações no link:

https://www.congressointernacional2020.cadin.net/pt

Fórum Educação e Mudança – 1 de fevereiro em Lisboa

Dezembro 11, 2019 às 6:00 am | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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Mais informações no link:

https://www.fem2020.pt/

Lançamento do jogo pedagógico de tabuleiro «Missão 2050 — Promoção do Uso Saudável das Tecnologias» 2 junho na Feira do Livro de Lisboa

Maio 29, 2019 às 12:00 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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Mais informações no link:

https://www.facebook.com/events/707164393036660/

Como educar uma geração digital com tanta dificuldade para se concentrar?

Abril 20, 2019 às 1:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia da G1globo de 3 de abril de 2019.

Se os celulares e novas mídias estão prejudicando a capacidade dos estudantes de prestar atenção, como os professores podem mudar seus métodos de ensino para ensinar as habilidades de que eles precisam?

Os estudantes de hoje têm de lidar com um problema – e ele não está escrito no quadro negro. Eles estão tão acostumados a constantes estímulos de aplicativos de smartphone e plataformas de streaming que não conseguem se concentrar na aula.

As gerações Z (idades entre 10 e 24 anos) e alpha (até 9 anos de idade) nasceram em um mundo onde os algoritmos os mantêm clicando e navegando em um ritmo frenético.

Agora, os professores também têm um problema. Como você adapta o currículo escolar para estudantes criados em meio à tecnologia? E isso pode comprometer a educação tradicional?

O desenvolvimento inicial do cérebro é um assunto complexo, mas, nos últimos anos, pesquisadores em todo o mundo manifestaram preocupações sobre o impacto que smartphones e o hábito de consumir diferentes mídias simultaneamente podem ter sobre a capacidade de concentração.

Os professores também já notaram isso. “É um problema. Para começar, o adolescente médio só consegue prestar atenção por cerca de 28 segundos”, diz Laura Schad, que dá aulas para alunos de 12 a 14 anos na Filadélfia, nos Estados Unidos.

Ela diz que, embora os smartphones tenham afetado claramente os cérebros em pleno desenvolvimento de seus alunos, falta treinamento para lidar com a questão: como a educação deve evoluir para atender alunos que são nativos digitais não foi algo tratado em sua formação profissional, por exemplo.

Os efeitos da tecnologia ficam mais claros em uma das atividades escolares mais tradicionais, a leitura, especialmente quando as crianças migram das mídias digitais baseadas em texto para aplicativos repletos de imagens como Instagram e Snapchat.

“Hoje, os alunos parecem achar especialmente exaustivo ler textos complexos ou longos sem fazer pausas constantes. No passado, os alunos pareciam estar acostumados a se dedicar a um texto por um longo período de tempo”, diz Erica Swift, professora do 6º ano de uma escola de Sacramento, nos Estados Unidos. “Você percebe a falta de resistência deles, ao pedir intervalos de descanso ou ao conversar com os colegas em vez de estudar. Alguns até mesmo desistem por completo de leituras mais longas.”

Simplesmente transferir o texto para um aparelho eletrônico não ajuda, o que indica que o problema é mais complexo do que uma simples preferência pelas telas em detrimento de algo impresso em papel.

Taylor explica que o ato de prestar atenção não só tem um valor inerente, mas funciona como porta de entrada para formas mais profundas de aprendizado – especialmente em termos de memória.

A sala de aula do futuro

Se os alunos não parecem prestar atenção por longos períodos, muitos professores simplesmente dividem as lições em partes menores. Gail Desler, especialista em integração tecnológica do distrito escolar de Elk Grove, onde fica a escola de Swift, diz: “Uma ideia comum entre os professores é que algo mais curto é melhor”.

Desler também dá como exemplo professores que iniciam as aulas com exercícios de atenção plena ou de meditação quando os alunos precisam se concentrar.

Uma professora do ensino médio em Salinas, nos Estados Unidos, usa o aplicativo Calm para ajudar os alunos a meditar, mas um estudo de 2013 indicou que qualquer tipo de “intervalo de descanso da tecnologia” pode combater a ansiedade por realizar múltiplas coisas ao mesmo tempo.

Alguns professores também escolhem “ir ao encontro dos alunos” em plataformas como o YouTube e o Instagram. Asha Choksi, vice-presidente de pesquisa global da editora educacional Pearson, dá o exemplo de um professor que filma a si mesmo realizando um experimento científico, publica no YouTube e usa o vídeo na aula para ilustrar o material no livro didático, que pode ser visto como algo chato para os alunos.

Da mesma forma, Schad busca manter os alunos dedicados às tarefas por meio de lembretes no Instagram sobre o dever de casa e as próximas atividades.

Estes recursos podem manter os alunos atentos quando refletem seus interesses. Desler elogia professores que fazem coisas como relacionar a história da propaganda nazista ao cyberbullying.

“Trata-se de introduzir informações relevantes em um currículo obrigatório, de maneira que os alunos se vejam refletidos no que é ensinado”, diz ela. “Ao fazer conexões com coisas que estão acontecendo aqui e agora, você entra no mundo deles e os envolve.”

Adaptação à nova realidade

Enquanto isso, plataformas especializadas de aprendizado como o Flipgrid, que permite aos alunos compartilhar vídeos de si mesmos fazendo apresentações, ajudam os professores a envolver os alunos usando as mídias que eles estão acostumados a usar.

Um estudo de 2018 da Pearson descobriu que os alunos da geração Z evitam livros e apontam vídeos como sua fonte preferida de informações, atrás apenas dos próprios professores. Ao se inserir nos meios dos quais as crianças já participam e com os quais criam, os professores podem captar melhor sua atenção.

Alguns distritos escolares já migraram digitalmente para plataformas como o Google Classroom, que permite que alunos e pais monitorem notas e tarefas futuras e acompanhem o desempenho dos estudantes para entender melhor no que eles estão deixando a desejar.

A tecnologia pode até mesmo ajudar a reparar danos causados ​​à habilidade de leitura. Schad diz que, em sua escola na Filadélfia, os professores usam computadores lidar com as dificuldades apresentadas pelos estudantes. A plataforma de leitura da escola, a Lexia, adota elementos de videogames para estimular a participação.

O programa também separa automaticamente os alunos com base no seu desempenho, oferecendo aos alunos mais bem sucedidos tarefas mais avançadas no mundo real e exercícios digitais extras para aqueles com mais dificuldades, até que aprendam totalmente a lição. Essa abordagem personalizada ajuda a lidar com as diferentes formas como estudantes são afetados pela tecnologia.

Os Estados Unidos são líderes globais em tecnologia educacional, com empresas de tecnologia de ponta recebendo US$ 1,45 bilhão (R$ 5,7 bilhões) em investimentos em 2018.

Mas empresas como a Flipgrid e a Lexia terão cada vez mais concorrência vinda do exterior. A indústria de tecnologias para educação no leste da Ásia está crescendo, conforme plataformas americanas como a Knewton se expandem internacionalmente e geram um crescente interesse global em adaptar as salas de aula para estudantes que são nativos digitais.

Uma forma de ‘aprendizado misto’

Ainda assim, enquanto alguns educadores estão adotando a tecnologia em sala de aula, vários estudos mostraram que salas de aula tradicionais podem ter mais sucesso.

Um estudo de 2015 da London School of Economics mostrou que os resultados do teste GCSE, que avalia estudantes do ensino médio no Reino Unido, melhoraram quando escolas de Birmingham, Londres, Leicester e Manchester proibiram os celulares em sala de aula.

O professor de neurociência William Klemm, autor de The Learning Skills Cycle (O Ciclo de Habilidades de Aprendizado, em tradução livre), destaca um estudo de 2014 que apontou que anotações à mão ajudam alunos a reter mais informações em comparação com o uso de um computador.

Klemm também aponta que dividir lições em partes menores pode ser prejudicial, porque isso pode impedir que os alunos tenham uma compreensão mais ampla do que é ensinado. Ele diz que os estudantes precisam de tempo para se envolver com um tema.

Até mesmo educadores que veem com bons olhos o uso da tecnologia acreditam que os métodos tradicionais têm seu valor e sugerem uma abordagem de “aprendizagem mista”.

“Tenho visto muita discussão entre acadêmicos nos últimos anos sobre se o formato de palestra é algo do passado e que deve ser extinto”, diz Katie Davis, professora da Escola de Informação da Universidade de Washington, nos Estados Unidos.

“Acho que isso se resume a se você acredita que existem habilidades valiosas envolvidas no processo de acompanhar um argumento complexo que é apresentado linearmente em tempo real.”

Enquanto Davis admite que as novas mídias poderiam ajudar a desenvolver habilidades importantes, ela ainda acredita que as palestras têm o seu valor.

Educadores com diferentes opiniões sobre o uso da tecnologia concordam que a autoridade do professor continua sendo de máxima importância.

Elizabeth Hoover, diretora de tecnologia para escolas públicas de Alexandria City, nos Estados Unidos, busca melhorar a educação em seu distrito por meio da tecnologia, mas diz que isso nunca substituirá o aprendizado diretamente com um professor.

“A interação pessoal ainda é o componente mais importante em uma sala de aula”, diz ela, para quem a tecnologia deve ser empregada apenas quando aprimora uma lição de maneiras que seriam impossíveis de outra forma.

Schad também diz que muitos professores confiam na tecnologia apenas porque não têm recursos analógicos suficientes. Programas como o Lexia não seriam necessários se as escolas fornecessem mais recursos para contratar mais profissionais que auxiliem no aprendizado, o que permitiria liberar professores para se concentrarem nos alunos que enfrentam dificuldades.

A professora Sophia Date, que ensina Ciências Sociais para o 12º ano de uma escola da Filadélfia, também questiona o investimento em tecnologia em detrimento de investimentos em mais professores.

“Há um enorme vontade de levar a tecnologia para a sala de aula, mas, às vezes, isso é feito no lugar de mudanças maiores e mais necessárias. As organizações que doam fundos para educação têm prazer em dar dinheiro para comprar tablets e computadores, mas não estão dispostas a custear um salário de um professor por um ano”, diz ela.

Date defende que ampliar o acesso à tecnologia continua a ser algo crucial para ajudar a diminuir a diferença entre as condições oferecidas a estudantes de baixa e alta renda, mas diz que isso não pode substituir mudanças no sistema educacional.

Aprendendo a raciocinar

Embora a tecnologia mine alguns aspectos da educação, também capacita estudantes de formas inesperadas.

“Existe essa visão de que os jovens ficam um pouco apáticos, preguiçosos, distraídos com a tecnologia”, diz Choksi, da Pearson. “Realmente, subestimamos o papel que a tecnologia está desempenhando na educação das crianças e o poder que isso dá a elas em seu aprendizado.”

Por exemplo, alunos que não tem paciência para esperar que os educadores respondam a suas perguntas estão cada vez mais dispostos a buscar as respostas por si mesmos. “Eles podem estar estudando álgebra e ir ao YouTube para descobrir como resolver um problema antes de consultar um professor ou um livro didático”, diz Choksi.

Swift diz que isso deve ser estimulado nos alunos. “Você quer que eles façam novas perguntas e busquem novas respostas.”

Taylor aponta que, conforme a informação se torna onipresente, o sucesso não se resume a saber mais, mas na capacidade de pensar de forma crítica e criativa, que são, ironicamente, as habilidades que a mídia digital prejudica ao reduzir a capacidade de prestar atenção dos estudantes.

“Se você pensar em Mark Zuckerberg, Bill Gates e em todas estas pessoas que obtiveram sucesso no mundo da tecnologia, elas não chegaram até aí porque sabiam programar, mas porque são capazes de raciocinar”, diz ele.

Os nativos digitais continuarão a adotar vorazmente as novas mídias. Os professores não têm escolha a não ser evoluir, não apenas para garantir que alunos possam acessar e tirar proveito das tecnologias, mas para fazer com que os alunos tenham sucesso em um mundo que está constantemente tentando distraí-los.

 

 

 

Conferência “Há tecnologia a mais na vida dos nossos filhos?” 5 maio no ISCTE

Maio 2, 2018 às 9:00 am | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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mais informações no link:

https://www.facebook.com/events/202454583689992/

 

Aula Aberta “Escolas ONLINE: Utilização saudável das tecnologias e da Internet no contexto educativo” – 9 de maio na Póvoa de Santo Adrião

Abril 30, 2018 às 4:38 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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Apesar da entrada ser livre, é sujeita à lotação do espaço, pelo que é necessária inscrição prévia através dos seguintes contactos:

Câmara Municipal de Odivelas – Gabinete de Saúde, Igualdade  e Cidadania

Plano Estratégico Concelhio de Prevenção das Toxicodependências (PECPT)

Tel.: 219 320 970 | e-mail: gsi@cm-odivelas.pt (ou, em alternativa, pedro.fernandes@cm-odivelas.pt e/ou  sandra.silva@cm-odivelas.pt)

 

Portugal: Escolas com PCs velhos e acesso à Internet lento

Março 15, 2018 às 8:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia do site https://pplware.sapo.pt/ de 12 de março de 2018.

Pedro Pinto

É verdade que Portugal é um dos países do mundo que tem das melhores infraestruturas de comunicação. As redes de fibra ótica chegam cada vez a mais locais e há o compromisso de algumas empresas de telecomunicações, como por exemplo a MEO, que têm levado Internet onde nunca ninguém levou.

As notícias mais recentes, contudo, revelam que em Portugal também há escolas com computadores muito velhos e com acesso muito mau à Internet.

A notícia está a ser avançada hoje pelo JN, que refere que há escolas com computadores velhos e a rede está sempre a “cair”. Segundo o jornal, os programas do Governo pressupõem recursos digitais que os estabelecimentos de ensino simplesmente não têm. Os “centros de assistência” das escolas acumulam cada vez mais lixo digital e vão-se “criando” novos computadores com peças de uns e de outros.

De acordo com Fernanda Ladesma, presidente da Associação de Professores de Informática, “é urgente para as escolas que seja aprovado um novo plano tecnológico”. De relembrar que o último Plano Tecnológico de Educação (PTE) foi aprovado em 2007 (há 11 anos) pelo Governo de José Sócrates.

Número de PCs nas escolas diminuiu drasticamente

De acordo com dados da Pordata, referenciados pelo JN, em 2016, as Escolas Públicas de Ensino Básico e Secundário tinham 358 692 computadores. Em 2010 o número era quase o dobro (686 899).

Tal como muitas escolas pelo país fora, são os alunos que acabam por levar de casa os seus equipamentos digitais (sejam tablets, smartphones e até computadores). No exemplo dado pelo jornal, de uma escola em Cinfães, os alunos levam o tablet de casa, mas a rede wireless bloqueia a cada cinco utilizadores.

Esta é uma realidade do nosso país que terá de mudar urgentemente até porque Portugal tem conseguido captar grandes empresas tecnológicas e é preciso dar continuidade a esta estratégia, formando os melhores profissionais.

 

 

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