O Ronaldo, a selecção e a fã de nove anos de Marrocos: Onde está a empatia?

Dezembro 31, 2022 às 4:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Artigo de opinião de Ivone Patrão publicado no Sapo24 de 18 de dezembro de 2022.

 

Os pais da menina de nove anos com a camisola da selecção marroquina, no calor da vitória, expuseram-na à critica de todos. À critica dos fãs do Ronaldo.

No calor das emoções do fim do jogo entre Portugal e Marrocos, no Campeonato do Mundo do Qatar (2022), uma criança de nove anos com uma camisola da selecção marroquina preferiu duas frases que se tornaram virais: “Portugal, o aeroporto é por ali. O Ronaldo deve estar a chorar no seu carro”.

A sua linguagem não verbal revela pouca empatia pela equipa perdedora e por aquele que é considerado um dos melhores jogadores de sempre. Revela até algum desdém e regozijo no olhar. O que aconteceu nos dias seguintes, nas redes sociais, nomeadamente com adultos a insultarem uma criança de nove anos de forma feroz, ignorando a idade e o contexto, deve fazer-nos pensar sobre a forma como nos estamos a relacionar, sobretudo através dos ecrãs. Incluindo a mãe da criança, que sentiu necessidade de vir pedir desculpa em nome da filha, usando as mesmas redes sociais, e apelando ao fim dos ataques e explicando que esta estava a ficar perturbada com tudo o que lia sobre si. Também isto nos deve fazer pensar, ainda mais, sobre a exposição das crianças ao mundo online, a forma correta de o fazer em cada idade e que tipo de acompanhamento deve existir por parte dos pais. 

Onde está a nossa empatia, por quem perde? O que dizemos a quem ganha? No futebol, há sempre equipas que ganham, que perdem, que empatam – E os adultos, o que dizem, o que comentam? Que modelo estamos a ser para as nossas crianças?

Todas as semanas vemos jornalistas a fazerem entrevistas à saída dos estádios a adeptos fervorosos, umas vezes felizes, outras vezes mais zangados ou até tristes. Cada um dá a sua opinião. Cada um foca-se no que mais lhe tocou ou interessa do jogo. Todos sabem que estão a falar para um ecrã. Por isso, sabem da possibilidade imediata de partilha de conteúdos.

Será que já estamos dessensibilizados quanto ao discurso negativo ou até de ódio no mundo online? Será já banal comentar uma vitória, falando da derrota e da desgraça alheia?

Se assim é, estamos a perder uma das competências essenciais para crescermos de forma saudável: a empatia. A capacidade de nos colocarmos no lugar do outro. A capacidade de nos colocarmos nas chuteiras de cada jogador, neste caso, da equipa portuguesa. A capacidade de nos colocarmos nas chuteiras do Ronaldo. E assim, conseguir sentir a tristeza, a frustração, o desalento, pela perda, e pela não progressão em mais uma fase do campeonato.

Quando a nossa equipa ganha o que dizer? Parabéns! Agradecer o esforço. E uma palavra de apreço e respeito à outra equipa derrotada. Não será isto, a que todos chamamos de “boa educação e bons modos”?

No mundo online é exactamente o mesmo, e chama-se: Netiqueta. Sim, a forma como comunicamos online é igualmente importante e tem um factor de destaque, porque o que se diz fica registado, podemos visualizar sempre e partilhar de forma continua.

A tecnologia veio facilitar uma comunicação negativa e a proliferação do bullying? Sim, porquê? Pela facilidade de se chegar ao outro, pela rapidez da passagem da mensagem e pela ausência de contacto ocular e da presença física do outro.

A comunicação não verbal, na presença do outro, dá-nos informação preciosa e imediata do impacto das nossas palavras e da nossa postura. Dá-nos feedback. No mundo online, esses dados perdem-se. O nosso cérebro fica centrado só no que queremos e estamos a dizer, e não tem esse feedback. Perde-se uma parte da comunicação.

O acesso e uso da tecnologia desde a infância é uma realidade que tem benefícios e riscos. É importante nós, adultos, sermos um modelo educacional presencial e online. O shareting é a partilha exagerada de conteúdos dos filhos online. Os estudos com crianças e jovens reportam que o shareting existe e que tem impactos negativos para a sua saúde mental.

Os pais da menina de nove anos com a camisola da selecção marroquina, no calor da vitória, expuseram-na à critica de todos. À critica dos fãs do Ronaldo.

Esta situação é só mais um exemplo de comunicação negativa, de ambos os lados, que serve para reflectirmos como queremos gerir a tecnologia nas nossas vidas. É importante pensarmos em algumas estratégias que nos possibilitam uma gestão saudável do uso do mundo online.

A exposição de crianças e jovens a ecrãs deve ter em conta a sua idade, o seu nível de desenvolvimento e o seu nível de literacia digital. Isto implica a introdução de regras e limites quanto ao número de horas e ao tipo de conteúdos. A metáfora poderá ser: definir bem as balizas do uso do mundo online, para um jogo saudável!

O uso partilhado de ecrãs entre pais e filhos é uma estratégia útil, pois permite não só a comunicação, bem como um maior conhecimento dos interesses e preferências de cada um, que poderá resultar em maior proximidade e num relacionamento com mais emoções positivas.

A netiqueta faz-se pelo modelo e pela partilha. A introdução da tecnologia a uma criança pode ser um caminho em que, ao longo do tempo, se vai passando de maior supervisão parental, para a responsabilização e confiança na sua autonomia, para que haja uma auto-regulação saudável do seu comportamento online.

A visualização conjunta de conteúdos online permite, ainda, o desenvolvimento do juízo critico. Todos, pais e filhos, podem em conjunto olhar para as frases da menina de 9 anos com uma camisola da selecção marroquina e para os comentários proferidos online, fazer uma análise e retirar daí as suas conclusões. O que fariam? O que diriam? Que netiqueta querem todos seguir? Fica o desafio!

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Ivone Patrão é Psicóloga Clínica e da Saúde, docente Ispa- Instituto Universitário e coordenadora do projecto #geração cordão – comportamentos e dependências online.

 

A matemática e a família

Dezembro 30, 2022 às 8:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Texto da Escola Virtual 

O interesse, as crenças e as atitudes dos pais face à aprendizagem, em geral, e à matemática, em particular, influenciam muito os seus filhos.

A matemática existe em tudo o que nos rodeia. Contudo ela parece assustar muitas pessoas, surgindo como um papão, que desafia mesmo os mais inteligentes. Seria bom que ela deixasse de ser vista e sentida dessa forma e passasse a ser olhada e vivida como um desafio. Se os professores têm um papel importante a desempenhar para que tal aconteça, também os pais podem contribuir fortemente para tal.

A criança começa a aprender logo que nasce. Quando ela vai para a escola, a aprendizagem reparte-se entre o tempo das aulas e o tempo passado com a família. O interesse, as crenças e as atitudes dos pais face à aprendizagem, em geral, e à matemática, em particular, influenciam muito os seus filhos. Uma grande parte da aprendizagem faz-se por modelagem, sendo os pais os principais modelos das crianças.

No quotidiano surgem imensas oportunidades para os pais estimularem e desenvolverem as competências matemáticas dos seus filhos. Vamos ver algumas situações em que, com muita frequência, utilizamos cálculos mentais por estimativa. Podemos envolver as nossas crianças nessa atividade.

O cálculo mental por estimativa utiliza-se para, sem papel e lápis nem calculadora, encontrar rapidamente o resultado o mais aproximado possível de uma ou várias operações. É utilizado em muitas situações do quotidiano, em diferentes contextos, tais como a culinária, as compras ou uma viagem.

Eis alguns exemplos de situações em que se pode resolver os problemas por estimativa, com a ajuda das crianças:

  • 1 euro chega para comprar 30 rebuçados de 3 cêntimos?
  • Na época dos saldos e nas promoções é indicado o preço anterior e a percentagem de desconto, sendo, muitas vezes, necessário fazer o cálculo do preço a pagar.
  • Chegou a altura da festa de aniversário. É preciso calcular o número de garrafas de 1,5 L de Coca-Cola que se vai comprar para encher 20 copos de 2 dl.
  • Chegaram as férias. Quanto tempo se vai demorar a fazer um percurso de 230 km, a uma velocidade média de 90 km/h?

Também a estimativa de medidas e quantidades pode proporcionar situações interessantes:

  • É preciso arrumar os lápis de cor. Quantos vão caber nesta caixa?
  • Quantos palmos medirá a mesa da sala de jantar?
  • Quanto tempo demoro a ler uma página de um livro?
  • Quantos berlindes cabem numa lata de Coca-Cola de 33 cl?
  • Quantos centímetros mede um pau de esparguete?

É necessário que a criança tome consciência de que estas estimativas são fundamentadas e não feitas apenas ao acaso. Por isso é conveniente perguntar-lhe como chegou à conclusão que tiver tirado. É também importante que ela perceba que existem formas diferentes de resolver o mesmo problema. Para que isso aconteça, podem ser comparadas as estratégias utilizadas por várias pessoas.

Há situações em que se requer um cálculo absolutamente exato e outras em que a estimativa aproximada é suficiente. Elas ocorrem no quotidiano de todas as pessoas e de todas as famílias. Os pais podem contribuir para que a criança se vá apercebendo do tipo de cálculo mais adequado às diferentes situações.

Quando a matemática faz, conscientemente, parte do quotidiano da família e até serve de desafio e é fonte de brincadeiras e de passatempos, não será nunca um papão. A criança não só terá expectativas positivas e estará motivada para a sua aprendizagem, como ficará confiante nas suas competências.

ARMANDA ZENHAS
Professora aposentada. Doutora em Ciências da Educação pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto. Mestre em Educação, área de especialização em Formação Psicológica de Professores, pela Universidade do Minho. Autora de livros na área da educação.
Professora profissionalizada nos grupos 220 e 330. Licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas, nas variantes de Estudos Portugueses e Ingleses e de Estudos Ingleses e Alemães, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Professora profissionalizada do 1.º ciclo, pela Escola do Magistério Primário do Porto.

Artigo originalmente publicado no Educare.pt

 

Métodos, dificuldades e outras questões em torno da aprendizagem da leitura

Dezembro 30, 2022 às 12:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Texto da Escola Virtual 

Não há registo de algum estudo em Portugal que tenha procurado perceber se a maneira como os professores ensinam as crianças a ler na escola tem mudado. Pelo contrário, o que realmente mudou – e muito – foi o conhecimento científico sobre como se aprende a ler.

Um P e um a, Pa, um P e um e, Pe, um P e um i, Pi… poucos não saberão a cantilena. Com ela se vão juntando consoantes e vogais. São os primeiros passos na aprendizagem da leitura. Até ao Natal, as crianças aprendem o P. Mais uns meses e na Páscoa a maioria saberá ler. “O ensino da leitura segue uma ordem”, começa por explicar Cristina Pereira, professora do 1.º Ciclo. Aprendem-se as letras começando pelas vogais. Depois os ditongos: um a e um i, ai; um u e um i, ui. A seguir, faz-se a junção da consoante com as vogais e com os ditongos. Começam a surgir as palavras. Um P e um ai, Pai. E com elas as frases. Parece simples. Mas não é.

Ana Paula Vale estuda na área da psicologia comportamental as questões da aprendizagem e das dificuldades da leitura. “A maneira como se aprende a ler está intimamente ligada ao tipo de linguagem, de língua e de ortografia que temos de aprender a ler.” Aprender a ler no sistema alfabético, como o nosso, é diferente de aprender a ler nos sistemas silabários ou logográficos, como os do Japão e China.

“A maneira como a nossa mente processa a informação, que está codificada no sistema alfabético, exige que aprendamos de uma determinada maneira”, esclarece a investigadora que é também coordenadora científica e fundadora da Unidade de Dislexia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. “Os sistemas alfabéticos representam a fala, aquilo que dizemos, ao nível dos fonemas. Fonemas são ideias abstratas que fazemos sobre os sons, mas para facilitar vamos dizer que são os sons mais pequenos que existem nas palavras. Por exemplo, mar tem três fonemas, m/ a/ r. Cada fonema é representado por um grafema, a unidade da ortografia, que pode ser uma letra ou duas. Quando escrevemos nh, temos duas letras, mas um grafema.” O que a ciência tem mostrado, sublinha Ana Paula Vale “é que existem condições essenciais que as crianças têm de dominar para poderem ler e escrever num sistema alfabético e estas condições são postas em prática com métodos de ensino fónicos.”

O melhor método

Existem várias formas de ensinar a ler, mas há cada vez mais consenso científico de que os métodos fónicos são os mais adequados. Pelo menos no caso português. “Porque servem a aprendizagem do mecanismo que envolve o funcionamento dos sistemas alfabéticos e dão uma grande autonomia às crianças”, defende Ana Paula Vale.

“Se uma criança aprende a associar um certo número de letras a fonemas ou de fonemas a letras (sete ou oito associações) consegue ler palavras que nunca viu, mas sejam compostas por essas letras e esses fonemas. E até é capaz de ler algumas palavras com letras ou fonemas novos. Às vezes falta só um bocadinho da palavra para a criança ler tudo, mas como conhece o resto é capaz de ler.”

Ana Paula Vale recorda o dia em que o filho conseguiu ler a palavra “tranquilo” sem nunca a ter visto antes. A mãe desvenda as razões científicas da proeza: “Ele sabia decodificar uma parte da palavra e, depois, uma outra coisa muito importante, essa palavra já existia no seu vocabulário. Por isso, ele conseguiu ligar as duas informações e ler uma palavra nova.” Fazer com que as crianças consigam semelhante “proeza”, continua a investigadora, “só é possível usando métodos fónicos no ensino da leitura. Se as crianças não tiverem esse instrumento da aprendizagem das relações entre os fonemas e os grafemas, que lhes dá grande autonomia, não conseguem fazer isso.”

Na teoria, aos métodos fónicos contrapõem-se os métodos globais. “Partem das palavras inteiras e assentam na ideia de que as crianças devem primeiro aprender palavras cujo significado conhecem para depois, a pouco e pouco, começarem a aprender as unidades pequenas que fazem parte dessas palavras”, elucida Ana Paula Vale, sem poupar nas críticas à sua utilização: “Não dão autonomia à criança no início da aprendizagem, porque na realidade as crianças reconhecem as palavras que memorizaram, mas a memória tem um limite.”

Mesmo que na sala de aula o método pareça surtir efeito, Ana Paula Vale garante que os métodos globais “são completamente não recomendados”. “A investigação mostrou muito claramente que as crianças que não têm tanto jeito para a leitura e aquelas que têm dificuldades não vão conseguir aprender a ler com estes métodos.” Ora, no cenário do ensino da leitura, contam-se muitos outros métodos, com muitas designações. “Mas são apenas variações destes dois”, resume Ana Paula Vale.

Da teoria à prática

Na sala de aula, os professores do 1.º Ciclo dizem não fazer uso “exclusivo” de um só método para ensinar as primeiras letras. Sobretudo, por causa da diversidade de alunos que têm pela frente, aponta a professora Cristina Pereira. “Com a inclusão na escola de vários alunos, seja com dificuldades de aprendizagem, autismo ou trissomia, os professores começam por utilizar o mesmo método para todos, mas depois acabam por experimentar outros métodos quando os alunos não progridem.” O método mais comum é o analítico-sintético que se inclui nos métodos fónicos. Como recurso, a professora refere o método das 28 palavras que faz parte dos métodos globais.

De uma maneira ou de outra, o ensino da leitura não é um ato isolado. Não implica apenas o professor titular, ou seja, o que está mais tempo letivo com a turma. Como faz questão de frisar Cristina Pereira: “Agora, existem equipas educativas, professores titulares, professores do ensino especial que estão na escola para todos os alunos, professores de apoio, centros de apoio à aprendizagem e vários projetos também direcionados às dificuldades na leitura.”
Ainda assim, elas existem.

Rui Lima, professor do 1.º Ciclo e diretor pedagógico de um colégio privado, na região de Lisboa, não consegue dizer se os alunos têm mais ou menos dificuldades na aprendizagem da leitura. “Agora, tal como há 20 anos tenho alunos que chegam ao primeiro ano a saber a ler e outros que têm muitas dificuldades…” O professor tem, todavia, outra perceção sobre o problema. “Sinto que a tarefa de ler para os alunos é menos prazerosa.” E avança com uma explicação: “Os alunos estão muito focados na visualização de imagens e ler torna-se uma tarefa menos motivadora para eles.”

No colégio onde leciona, tal como na escola onde dá aulas Cristina Pereira, o ensino da leitura não obedece a um método específico. “Usamos uma abordagem mais tradicional, partindo de uma história, depois de uma frase, depois de algumas palavras acabando na letra. Pretende-se sempre que os alunos identifiquem as palavras e não a identificação letra a letra.” Estratégias que Rui Lima identifica como tendo por base o método fonomímico que associa palavras e gestos.

Aqui, o recurso a outros métodos também só acontece quando os alunos não aprendem com o método mais usado. “Em crianças com muitas dificuldades, por vezes, usamos o método das 28 palavras, mas podemos usar outros. Acabamos por fazer uma mistura de vários métodos, não sendo fiéis a um único, até porque as crianças são bem diferentes umas das outras.”

Eduardo Gonçalves, professor destacado no âmbito do Centro de Investigação e Intervenção da Leitura, da Escola Superior de Saúde do Porto, admite que “os professores vão tomando mais consciência dos próprios métodos de ensino da leitura quando têm crianças com dificuldades”. No dia a dia, tem por missão avaliar e intervir em crianças em risco de dificuldades na leitura.

O projeto está direcionado a crianças do primeiro ano e do pré-escolar, que podem ter cinco ou seis anos. Com elas, Eduardo Gonçalves trabalha, precisamente, a consciência fonológica. Ou seja: o conhecimento que a criança tem do som da letra e a associação fonema-grafema. “O objetivo não é pôr a criança a ler, é prevenir o insucesso”, explica. São incluídas no projeto apenas crianças com níveis de consciência fonológica abaixo dos que são expectáveis para a idade. Mas há cada vez mais.

Duas décadas de ensino fazem Eduardo Gonçalves concluir que na base das dificuldades para a aprendizagem da leitura está, essencialmente, “a falta de tempo”. Seja “a falta de tempo, dos pais para estimular as crianças, a falta de tempo para os professores aprofundarem questões relacionadas com os métodos e, por fim, falta de tempo curricular para investir mais nas crianças com dificuldades”.

Aprender a ler e a escrever é uma atividade não natural, dizem os investigadores. Ana Paula Vale, explica a razão desta evidência: “O nosso cérebro está biologicamente preparado para a linguagem oral, mas não está biologicamente preparado para ler e escrever. Aprender a ler e a escrever não tem nada de intuitivo tem que ser tudo treinado, tudo muito consciente e muito laborioso.”

O que diz a ciência?

Existem três condições que têm de ocorrer em simultâneo para que as crianças aprendam a ler no sistema alfabético. Explicações retiradas do depoimento de Ana Paula Vale coordenadora científica e fundadora da Unidade de Dislexia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

“A primeira condição é que a criança compreenda a mecânica do funcionamento do sistema alfabético. Isto é, compreenda o princípio alfabético que é a ideia de que a cada fonema corresponde um grafema.

A segunda condição é que a criança aprenda a decodificar e a codificar. Ou seja, aprenda a estabelecer associações de fonemas e letras, aprenda que uma certa letra tem um certo som e vice-versa. Aprender a decodificar envolve a aprendizagem de dois componentes essenciais: a consciência fonética e a aprendizagem das letras e dos sons das letras.

A terceira condição é que as crianças aprendam a decodificar de tal maneira com exatidão e prontidão que este processo se torne automático. E que passado algum tempo do início da aprendizagem, aproximadamente um ano, as crianças sejam capazes de ler muitas palavras de forma automática.”

Andreia Lobo

Artigo originalmente publicado no Educare.pt

 

O stress na criança

Dezembro 30, 2022 às 6:00 am | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Texto da Escola Virtual 

Há crianças que podem ser praticamente invulneráveis às tensões da vida, enquanto outras são muito sensíveis ao stress.

No processo de crescimento, as crianças e os adolescentes deparam-se com situações perturbadoras, que podem afetá-los tanto física como emocionalmente. Fala-se de stress como uma reação natural do organismo a um estímulo ou situação especial de tensão, ou de intensa emoção, que pode ocorrer em qualquer indivíduo, independentemente da sua idade.

Geralmente as reações de stress são breves e facilmente ultrapassadas pelas crianças e pelos adolescentes. Mas nalguns casos, estes podem desenvolver uma perturbação mais prolongada e intensa.

A reação que se segue ao episódio traumático, e que pode prolongar-se até quatro semanas depois, chama-se perturbação aguda de stress. Se ocorre mais de um mês após o acontecimento, ou se se prolonga por mais de 4 semanas, denomina-se perturbação pós-stress traumático. Estas reações dependem:

Da gravidade do traumatismo e da proximidade deste em relação ao indivíduo;

  • Da eventual repetição do episódio traumático;
  • Do envolvimento direto da criança ou adolescente;
  • Das características e sensibilidade individual de cada um.

Uma lista infindável de situações pode originar stress neste grupo etário. Esta inclui:

  • Mudanças constantes;
  • Responsabilidades e atividades em excesso;
  • Discussões e/ou divórcio dos pais;
  • Nascimento de irmão;
  • Hospitalização;
  • Morte na família;
  • Problemas na escola, troca de professor ou de escola, entre outras.

Devemos alertar os pais para o stress. A criança é um ser em desenvolvimento, bastante sensível, que capta facilmente as emoções das pessoas ao seu redor. Atitudes saudáveis em situações de conflito são essenciais para a saúde do seu filho.

Além de todos estes fatores externos, há também que valorizar a fase de desenvolvimento da criança e os fatores genéticos. Há crianças que podem ser praticamente invulneráveis às tensões da vida, enquanto outras são muito sensíveis ao stress.

Os sintomas de stress infantil podem ocorrer a nível físico, psicológico ou ambos, citando-se alguns exemplos:

  • Dor de barriga ou de cabeça;
  • Náuseas;
  • Agitação;
  • Enurese noturna e outros comportamentos regressivos;
  • Gaguez;
  • Terrores noturnos;
  • Dificuldades nas relações interpessoais, insegurança, agressividade;
  • Choro ou medo excessivos;
  • Oposição e rebeldia;
  • Dificuldades escolares.

Se os sintomas de stress se prolongarem sem tratamento, ou sem resolução, esta situação pode interferir no desenvolvimento e na vida social e escolar das crianças e adolescentes.

É fundamental descobrir a causa do problema e desenvolver estratégias para lidar com um nível de stress excessivo, visando promover a saúde da criança/adolescente ajudando-a(o) a enfrentar as mudanças que ocorrem na sua vida e a ter um desenvolvimento mais saudável.

Atitudes dos pais e dos professores como o reconhecimento e a aceitação do problema, ajudar os mais novos a reconhecer, a aceitar e a expressar os seus sentimentos, a preparação da criança/adolescente para um acontecimento stressante (ex.: nascimento de irmão) podem ajudar na resolução destas situações.

O apoio de um profissional deverá ser ponderado se a perturbação se agravar ou durar mais de um mês e/ou se os sintomas impedirem a criança ou o adolescente e a sua família de prosseguirem normalmente o seu dia a dia.

Gabriela Marques Pereira, com a colaboração de Helena Silva, pediatra do Hospital de São Marcos de Braga

 

Porque é que os filhos se desligam dos pais?

Dezembro 29, 2022 às 8:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Texto do Sapo LifeStyle de 22 de outubro de 2022.

Aquilo que todos os pais querem é que os filhos cresçam felizes e saudáveis e tenham com os pais uma relação firme, promotora da sua segurança e estabilidade.  

No entanto, muitas vezes, aquilo que acontece é que ao longo do crescimento a relação pais e filhos parece ir-se desenlaçando e os filhos parecem ficar cada vez mais desligados dos pais. Atrás de um “como correu o teu dia?” começa a vir apenas um “bem”, como se já não houvesse espaço ao diálogo e à partilha genuína entre os pais e os filhos.

Este cenário vai ganhando espaço de forma subliminar e – aos poucos – quando um filho se torna adolescente, muitas vezes, parece não existir diálogo, de repente, cumprem-se apenas as rotinas sem se dar asas à relação e à partilha.

A verdade é que a relação entre pais e filhos, tende a perder-se na rotina dos dias, tende a perder-se na forma como facilmente se deixa de dar atenção às coisas positivas e, de repente, só se repreende a criança. Perde-se quando as regras de base da dinâmica familiar não estão definidas e há atrito para tudo o  que é essencial para o dia a dia, como ir jantar, fazer os trabalhos de casa ou tomar banho, por exemplo. Perde-se ainda na forma como os adultos facilmente se deixam contaminar pela instabilidade emocional da criança e acreditam que, por exemplo, quanto mais alto falarem mais a criança os vai ouvir.

As crianças – como qualquer um de nós – precisam de ser ouvidas, de ser respeitadas e olhadas de forma global como capazes de agir, de pensar e de fazer cada vez melhor.

Assim, a relação entre pais e filhos precisa de ser nutrida e precisa de investimento. Sendo que será uma relação tão mais saudável quanto mais comunicação existir, quanto mais os pais se permitirem a dar atenção a um filho pelas coisas positivas que ele vai alcançando, quanto mais espaço para filhos e pais se expressarem emocionalmente e quanto mais as regras de base essenciais ao funcionamento de toda a família estiverem definidas e estruturadas de forma clara para todos.  Desta forma, e com espaço para a interpelação para o contraditório, é possível criar laços entre pais e filhos que se prolongam ao longo do crescimento e que permitem a um filho ter a segurança de que precisa para crescer tranquilo e feliz.

Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.

 

Jéssica e as crianças com as vidas congeladas

Dezembro 29, 2022 às 12:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Artigo de opinião publicado no Público de 21 de dezembro de 2022.

Três em cada dez pais em Portugal admitem bater nos filhos, o que consideram “aceitável” quando estes são desobedientes

Dezembro 29, 2022 às 6:00 am | Publicado em O IAC na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia do Expresso de 14 de dezembro de 2022.

Estudo nacional indica que 30% dos pais se reserva no direito de dar uma palmada ou um puxão de orelhas às crianças ou jovens quando o seu comportamento é desadequado, apesar da quase totalidade ser contra a aplicação de castigos corporais no processo educativo

Cerca de três em cada dez participantes de um estudo nacional consideram aceitável usar castigos corporais em crianças, sobretudo quando desobedecem aos pais, são “malcriadas” ou não cumprem com as regras da família.

De acordo com o estudo “Será que uma palmada resolve”, do Instituto de Apoio à Criança (IAC), realizado com base em inquéritos a 1.943 pessoas, e cujos dados globais são divulgados esta quarta-feira, cerca de 30% das pessoas “ainda consideram poder usar-se castigos corporais em crianças”.

Os dados preliminares do estudo dão conta de que as situações que, na opinião dos inquiridos, mais justificam o uso de castigos corporais são o incumprimento dos limites e das regras da família (81,7%), seguindo-se as situações em que são “malcriadas” (81,6%) e desobedientes (78,2%).

No entanto, “a maioria (95,5%) tem crenças que remetem para menor aceitação da punição física como estratégia disciplinar”.

No inquérito havia uma pergunta aberta em que os inquiridos podiam enumerar outras situações em que se justificasse o uso de castigos corporais e “ainda que a maioria (81,7%) tenha afirmado que nada justifica a utilização de castigos”, cerca de 5% refere que “os comportamentos desadequados e de desrespeito face a outros é uma justificação legítima para o seu uso”.

Outros 3% defenderam que os castigos corporais devem apenas ser utilizados “em situações raras e extremas, devendo ser o último recurso quando nada mais funciona”, além de entenderem que “estas situações devem ser analisadas caso a caso”.

“Os participantes mais velhos têm crenças que remetem para uma visão tradicional da educação — aceitação e uso de castigos corporais”, lê-se no documento.

Por outro lado, as “pessoas com níveis de estudos mais elevados têm uma menor aceitação do uso dos castigos corporais como forma de disciplinar”.

CAMPANHA “NEM MAIS UMA PALMADA”

Como resultado do estudo, foi igualmente possível perceber que “de modo geral, memórias de infância de maior rejeição parental associam-se a crenças que remetem para menor aceitação de castigos corporais na educação”.

A explicação poderá estar no facto de “possivelmente existir uma maior consciencialização sobre os efeitos negativos dos castigos corporais para o desenvolvimento”, além de poder ser também uma tentativa de romper com o ciclo de violência.

No entender do IAC, o estudo demonstra “a importância do exercício de uma parentalidade consciente, sensível e positiva, aliada a uma disciplina eficaz e sensível, em que os castigos corporais não devem ter lugar”.

Refere, a propósito, que o instituto desenvolveu uma formação para pais, profissionais e crianças, “de modo a promover estratégias educativas alternativas à punição física”.

Neste estudo participaram 1.943 pessoas, com idades entre os 18 e os 85 anos, dispersas por todo o território nacional, 98% portuguesas. Do total, 1.314 eram casadas ou viviam em união de facto, 73% tinham filhos e 44% disse trabalhar diretamente com crianças.

O estudo insere-se no âmbito da campanha “Nem mais uma palmada”, que o IAC apresentou em 22 de fevereiro deste ano, Dia Europeu da Vítima de Crime, com vista a combater a violência contra as crianças, em particular os castigos corporais.

Uma das ações a desenvolver foi precisamente o estudo “Será que uma palmada resolve”, sobre a perceção da sociedade relativamente aos castigos corporais, cujos resultados finais são apresentados hoje, num encontro do Instituto de Apoio à Criança, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

OMS lança publicação com estratégias eficazes para prevenir a violência online contra crianças

Dezembro 28, 2022 às 8:00 pm | Publicado em Relatório | Deixe um comentário
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Notícia da DGS 

Dada a crescente preocupação mundial sobre a utilização segura da Internet por crianças, a Organização Mundial de Saúde lançou recentemente um conjunto de publicações com divulgação de estratégias eficazes para a prevenir a violência online contra crianças e a utilização em segurança de tecnologias de informação e comunicação – What works to prevent online violence against children?

Os documentos têm enfoque específico sobre duas principais formas de violência online: abuso sexual de crianças, incluindo aliciamento sexual, utilização abusiva de imagens e pornografia infantil; e a cyber-violência e assédio na forma de cyberbullying, cyberstalking, hacking e roubo de identidade.

O relatório completo recomenda a implementação de programas educacionais em contexto escolar dinamizados em várias sessões, que promovam o envolvimento das crianças e jovens no tema, bem como as famílias. Destaca-se a necessidade de melhorias em várias áreas, incluindo:

Reforço de programas de prevenção da violência que integrem conteúdos sobre os perigos online com uma abordagem mais global relacionada com a prevenção dos maus-tratos a crianças e jovens, dada a interseção desses problemas e estratégias comuns de prevenção;

Menor ênfase no perigo relacionado com pessoas estranhas, dado que não são as únicas a exercer este tipo de abusos, nem mesmo as mais prevalentes;

Maior ênfase no perigo relacionado com pessoas conhecidas e pares, enquanto principais perpetradores/as destas práticas abusivas e criminais; a maior parte das pessoas abusadoras nestes contextos são pessoas próximas, que integram os contextos sociais e familiares da criança/jovem;

Maior atenção às competências socioemocionais promotoras de relacionamentos saudáveis, uma vez que as relações amorosas e a procura de intimidade são as principais fontes de vulnerabilidade à violência online.

Mais informação:

What works to prevent online violence against children?

Sumário Executivo

Infografia

Webinar

Slides

 

 

Como escolher presentes para crianças? Os conselhos dos psicólogos

Dezembro 28, 2022 às 12:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia da SIC Notícias de 19 de dezembro de 2022.

Vídeo da notícia aqui

 
Comprar com ponderação e de acordo com a necessidade das crianças são os principais conselhos a ter em conta.

Com a chegada do Natal, comprar presentes para as crianças pode não ser uma tarefa fácil. É preciso refletir sobre as necessidades e aquelas que podem ser as melhores opções.

Antes de comprar é aconselhável saber o que a criança precisa. Alfredo Leite, psicólogo educacional, explica que é “muito importante” conhecer as crianças “quer através dos gostos, quer das necessidades”. Muitas das vezes não dar muitas prendas pode ser a decisão mais acertada.

O psicólogo acrescenta que é diferente oferecer para que a “criança fique feliz agora” ou para que “ela seja feliz a longo prazo” e que este é “um dilema que todos os pais têm”.

Alfredo Leite considera ainda que um pai que queira oferecer “tudo às crianças está a fazer um mau trabalho, mesmo que o faça na melhor das vontades”.

 

Reino Unido. Células estaminais aplicadas com sucesso em operação cardíaca a bebé

Dezembro 28, 2022 às 6:00 am | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia da RTP Notícias de 20 de dezembro de 2022.

Um cirurgião cardíaco a trabalhar no Reino Unido afirma que “provavelmente salvou a vida” de um bebé ao realizar uma operação com recurso a células estaminais de placentas. Massimo Caputo espera que a nova tecnologia permita que crianças nascidas com defeitos cardíacos congénitos deixem de ser submetidas a tantas intervenções cirúrgicas.

Finley, de dois anos, nasceu com as principais artérias do coração invertidas e, aos quatro dias de idade, teve de realizar a sua primeira cirurgia de coração aberto no Bristol Royal Hospital for Children, no Reino Unido.

Contudo, a cirurgia não resolveu o problema e a função cardíaca de Finley deteriorou-se significativamente, com o lado esquerdo do seu coração a sofrer de uma grave falta de fluxo sanguíneo.

Depois de várias semanas nos cuidados intensivos, parecia não haver uma forma convencional de tratar o estado de Finley. O coração da criança dependia de medicamentos para funcionar.

Por essa altura, os médicos decidiram tentar um novo procedimento, envolvendo células estaminais de um banco de placenta. O cirurgião cardíaco Massimo Caputo injetou as células diretamente no coração de Finley na esperança de que estas ajudassem os vasos sanguíneos danificados a crescer.

As chamadas células “alogénicas” têm a capacidade de crescer em tecidos que não são rejeitados e, no caso de Finley, conseguiram regenerar o músculo cardíaco danificado.”Retirámos-lhe todos os medicamentos que tomava, retirámos-lhe a ventilação. Finley foi dispensado da Unidade de Cuidados Intensivos e agora é um menino feliz”, disse o cirurgião Massimo Caputo, em declarações citadas pela BBC.

Até ao momento, a prática mais comum para tratar estes casos é a de fazer um andaime de células estaminais para reparar as anomalias nas válvulas dos vasos sanguíneos e para reparar orifícios entre as duas principais câmaras de bombeamento do coração, utilizando uma bioimpressora. Contudo, o tecido artificial pode falhar e não cresce com o coração, pelo que, à medida que as crianças crescem, necessitam de mais operações.

A nova tecnologia traz assim esperança a pacientes como Louie, de Cardiff, no País de Gales, que nasceu com uma série de defeitos cardíacos congénitos.

O jovem de 13 anos teve a sua primeira cirurgia de coração aberto com apenas duas semanas de idade. Com quatro anos teve de se submeter a outra cirurgia para substituir o material que reparava o seu coração.

Como os materiais utilizados para reparar o coração não são completamente biológicos podem ser rejeitados pelo sistema imunológico do paciente. Isto pode causar cicatrizes no coração que, consequentemente, pode levar a outras complicações. Além disso, o tecido também não cresce com o paciente, por isso, ao longo dos anos, tem de ser “ajustado”. Uma criança pode, portanto, ter de passar pela mesma operação cardíaca várias vezes ao longo da sua infância.

Massimo Caputo espera que seja realizado um ensaio clínico sobre os “curativos” de células estaminais nos próximos dois anos, após um trabalho laboratorial bem-sucedido. O cirurgião deseja que a descoberta reduza significativamente o número de operações que as crianças que nascem com estas complicações têm atualmente de enfrentar.

Caputo garante que a tecnologia pode economizar cerca de 30 mil libras por cada operação que deixe de ser necessária ao NHS, o sistema público de saúde do Reino Unido.

 

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