Nem chumbar, nem passar. Nesta escola, a única alternativa é aprender

Abril 30, 2019 às 8:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Texto e imagem do Observador de 25 de abril de 2019.

Ana Kotowicz

Na Marinha Grande, os chumbos são residuais, mas, para consegui-lo, os professores “fazem o pino”. Fará sentido não reprovar alunos? Especialistas dizem que sim, mas falta encontrar a fórmula mágica.

Quando for grande, a Laura bem pode ser a diretora desta escola. Tem 7 anos, está no 2.º ano e é mais desembaraçada do que muitos miúdos de 12. Com um brilho nos olhos, pergunta-nos se queremos fazer uma visita guiada pela Escola Básica de Fonte Santa, no agrupamento da Marinha Grande Poente. A resposta é afirmativa e Laura, vestindo a pele de anfitriã, mostra-nos tudo: o refeitório, a sala do pré-escolar, o sítio onde trocam os sapatos da rua pelas socas, os recantos do recreio, a horta do 1.º ciclo, a árvore onde costuma apanhar amoras — “Ou eram framboesas?” — e a sala da CAF. Não hesita quando lhe perguntamos o que quer dizer a sigla. “É a Componente de Apoio à Família, onde ficam as crianças até os pais as puderem vir buscar.”

O que vimos antes desta visita guiada, na escola que fica à beira de um pinhal, tem todos os ingredientes para ser uma receita de insucesso escolar. Antes do recreio, Laura partilhou uma sala de aula com mais 34 alunos, numa turma com crianças do 1.º ao 4.º ano. Na teoria, o cenário soa a péssimo. Na prática, não podia funcionar melhor. As estatísticas confirmam: por aqui, os chumbos são residuais e, garantem-nos os três professores permanentes daquela sala, isso só é possível porque as crianças, de facto, aprendem.

A Fonte Santa é uma das 10 escolas da Marinha Grande Poente, um dos sete agrupamentos do Projeto Piloto de Inovação Pedagógica (PPIP), que, atualmente, tem 2800 alunos distribuídos entre a educação pré-escolar e o 12.º ano. Com esta experiência, um dos objetivos do Ministério da Educação é perceber se é possível chegar à taxa de retenção zero, como explicou o secretário de Estado da Educação ao Observador, João Costa, em dezembro passado. A alternativa a chumbar tem de ser sempre aprender e nunca uma subida artificial das notas. Mas para isso é preciso inovar e apostar na criatividade porque participar no projeto deu 100% de autonomia à escola, mas nem um recurso a mais.

“Aqui nunca pusemos a questão da retenção em cima da mesa, nunca me pareceu que fosse isso o fulcral. A nossa grande preocupação era a qualidade das aprendizagens dos alunos. A alternativa a chumbar tinha de ser aprender”, explica o diretor do agrupamento, Cesário Silva.

Os resultados estão à vista: “No último ano, no 1.º ciclo, houve sete retenções entre os cerca de 530 alunos. Em alguns casos, tivemos de perceber se a retenção significava um momento de aprendizagem, por exemplo para alunos estrangeiros e para miúdos condicionais que entraram para a escola com 5 anos… No 2.º ciclo, tivemos apenas uma retenção em 350 alunos. No 3.º ciclo, ficámos nos 2%. E, praticamente, não temos abandono. Mas se me perguntar se fazemos o pino para os miúdos aprenderem, garanto-lhe que fazemos”, argumenta Cesário Silva.

Apresentada como “o problema mais grave do sistema de ensino em Portugal”, em 2015, a retenção dos alunos tem estado sempre no topo dos discursos de vários ministros da Educação. Naquele mesmo ano, o país estava no top 3 dos que mais chumbam na OCDE — sobretudo entre os alunos com mais dificuldades económicas e sociais. Todos concordam que é um erro simplesmente deixar passar os alunos, de forma administrativa. Mas é difícil encontrar a forma certa de conseguir que nenhum aluno tenha de reprovar, simplesmente porque aprendeu.

“Não é combater o insucesso, é promover o sucesso”

Quando começaram a olhar para o problema dos chumbos no agrupamento, onde, conta Cesário Silva, tanto andam os filhos dos operários das fábricas como os dos grandes industriais do concelho, perceberam que as soluções que ofereciam não passavam de remendos. “Antes de as dez escolas fazerem parte do mesmo agrupamento [em 2013], tínhamos um problema na escola secundária: os alunos chegavam ao 7.º ano com muitas lacunas que podiam ter sido resolvidas antes, de forma precoce. Mas não foram. A nossa atuação acabava por ser sempre remediadora.”

Já há muito tempo que o insucesso escolar preocupava Cesário Silva. Enquanto diretor da escola Secundária Engenheiro Acácio Calazans Duarte, uma escola independente por ser TEIP (Território Educativo de Intervenção Prioritária), diminuir os chumbos era uma batalha antiga, que estava a ser ganha. Quando as dez escolas se uniram, e o carimbo TEIP se estendeu a todas, a possibilidade de melhorar aprendizagens interessava a todos, da pré ao secundário.

“Identificamos crianças que, logo no 1.º ano e algumas no pré-escolar, têm problemas. As educadoras queixam-se de que as crianças têm um vocabulário muito limitado e que têm de ser muito estimuladas. A nossa aposta começou aí: na comunicação. A intervenção começa no jardim de infância. Hoje estamos cada vez mais a deixar as medidas de remediação. Já tivemos cursos de formação e educação, já tivemos cursos vocacionais [permitem concluir a escolaridade obrigatória com percursos mais flexíveis] e deixámos de os ter porque não precisamos deles. Já não temos público”, sustenta o diretor.

Mesmo antes de integrarem o PPIP, a convite da Direção Geral de Educação, a retenção era cada vez mais residual, conta Cesário Silva. “Esse trabalho começou em 2013, com a entrada no novo agrupamento. O que fazemos não é combater o insucesso, é promover o sucesso. Combater o insucesso é a atitude remediadora. Não podemos perder sucessivas gerações de jovens porque todos falhámos, porque não estivemos atentos, porque não tínhamos recursos, porque a tutela nunca pensou que prevenir era mais barato e eficaz do que remediar. Sermos TEIP trouxe-nos este foco: detetar problemas, investir e ser criativos para os ultrapassar.”

A criatividade manifestou-se de várias formas. No ensino pré-primário e no 1.º ciclo, a grande aposta é na comunicação, garantindo que as crianças ganham gosto pela leitura e pela escrita, que adquirem vocabulário e são fortes na oralidade. As escolas tornaram-se espaços abertos de aprendizagem, onde os alunos também se ensinam uns aos outros.

“No nosso modelo de organização, o ensino pré-escolar funciona de uma forma deliciosa, são os espaços de maior aprendizagem. É ali que percebo que as nossas crianças são capazes de trabalhar de forma colaborativa, são capazes de negociar, de discutir, de correr riscos — nós, adultos, temos de perceber até onde podem ir e estar na retaguarda para os amparar. Temos salas heterogéneas e isso talvez seja um dos segredos: quando valorizamos a diferença, quando mostramos que aprendemos uns com os outros, as coisas funcionam”, explica o diretor.

Na Fonte Santa, a sala de Laura — e dos outros 34 colegas — tem três professores em permanência. Fernando Emídio, Geraldina Silva e Paula Botas têm turmas atribuídas no papel, mas, no dia a dia, as fronteiras diluem-se. “Aqui não há a minha sala, estamos todos juntos e vamos partilhando”, diz a professora Geraldina, que tanto pode estar a dar um conteúdo de 1.º como de 4.º ano. Da mesma forma, se um aluno do 2.º ano souber tudo o que há a saber sobre uma matéria, não há motivo para não poder avançar e até partilhar o que aprendeu com os mais velhos.

“Administrativamente, temos as turmas atribuídas, temos de ter, mas, na prática, elas não existem. Quando fazemos o grosso da planificação, não sabemos qual de nós vai trabalhar que matéria. Não temos essas tarefas definidas. Tem é de haver uma grande cumplicidade para as coisas funcionarem. Mas não estamos sempre de acordo: é a partir dessa discórdia que conseguimos criar mais alguma coisa, porque vamos descobrindo uns com os outros”, acrescenta Paula.

A turma de 35 alunos tanto pode estar toda junta, como tem momentos em que é dividida em grupos mais pequenos e que não têm necessariamente de estar relacionados com o ano que cada estudante se encontra a frequentar. É assim que o trabalho colaborativo passa também para os alunos. “Um dia por semana há o conselho de cooperação de turma, onde fazemos a reflexão semanal entre alunos e professores. Fica tudo registado em ata e eles já sabem como presidir uma reunião: há sempre um presidente e um secretário. É um momento muito importante da nossa semana”, conta Paula.

Outro momento alto é quando os mais velhos vão ensinar os mais novos, conta a educadora Aida Mira, responsável pela sala da pré. “O que mudou mais foi esta articulação entre os diferentes ciclos. Hoje vejo que os miúdos estão mais autónomos e com mais vontade de comunicar. Como os grupos não são homogéneos, aproveitamos os saberes dos mais velhos. Eles sentem-se importantes por estarem a explicar aos pequenos e ficam mais responsáveis.”

Cada ciclo de ensino tem as suas necessidades e não há receitas repetidas. Para o 5.º e o 6.º ano, porque se concluiu que a passagem de um professor para vários era um dos obstáculos às aprendizagens, reduziu-se o número de docentes. Em vez de se ter um professor por disciplina, diminuiu-se o conselho de turma: o professor de matemática passou a dar também ciências, o de português acumula com inglês ou história e geografia, e a educação visual e a tecnológica foram fundidas numa só disciplina.

“Foi fundamental para os professores poderem trabalhar melhor em equipa. Como tínhamos turmas com muitos alunos, decidimos criar as oficinas projetos — acabam por ser semelhantes aos DAC (Domínios de Autonomia Curricular) que a Flexibilidade Curricular trouxe mais tarde para as escolas”, detalha Cesário Silva.

Nesses momentos, as turmas são desdobradas e trabalha-se em grupos mais pequenos, normalmente com dois professores na sala. “A grande mais-valia de trabalhar por projeto é o trabalho colaborativo. É estar sempre a fazer ajustamentos. Os alunos planificam o trabalho, escolhem coisas difíceis e têm de ir arrepiando caminho, vão reajustando o trabalho até chegar a qualquer coisa palpável que vão produzir”, defende Maria Fernanda Cruz, coordenadora do projeto PPIP do 5.º e 6.º ano e que, na Marinha Grande Poente, envolve 16 turmas.

“Quando se apresenta um projeto, pratica-se a oralidade, o à-vontade e nota-se a diferença nos alunos. Estão mais libertos e mais seguros do que estão a fazer. Quando cá chegarem os que começaram com o PPIP logo no 1.º ano, acredito que se vai notar uma grande diferença”, acrescenta a professora de História e Geografia de Portugal.

“Se houvesse uma palavra para distinguir estes alunos dos outros, se fosse um sentimento, eu diria alegria. Até a relação com o professor é diferente e eu tenho 38 anos de serviço. Não são salas de aula silenciosas: se não estou a fazer uma ficha, se estou a fazer uma colagem, uma pintura, a preparar um cenário, é diferente. Até as crianças com necessidades educativas especiais permanentes brilham em coisas que não estávamos à espera. Saem delas talentos que não conhecíamos”, remata Maria Fernanda Cruz.

Nem tudo são mares de rosas, acrescenta. Entre o corpo docente, nem todos acreditam que este é o melhor caminho, nem todos têm a mesma filosofia ou visão de escola. Por outro lado, o PPIP não trouxe mais recursos, nem humanos nem materiais, e alguns espaços não acompanham o andamento do projeto. “É a queixa que mais ouço. Precisamos de mais pessoas, mais recursos, mais tecnologia. Apesar disso, isto não volta atrás. O caminho vai ser por aqui e, entre os sete agrupamentos, há até quem esteja a fazer percursos mais ambiciosos”, conta a professora.

O projeto piloto começou em 2016/2017, um ano zero que serviu para reflexão da equipa. No ano letivo passado, começou a funcionar nas turmas do 1.º ciclo e nas do 5.º ano. Este ano, estendeu-se ao 6.º e, pouco a pouco, ao 7.º ano. Falta chegar ao ensino secundário. Mas antes disso, Cesário Silva defende que há um longo caminho a fazer: o currículo está muito pulverizado e o foco continua a ser nos exames nacionais.

Chumbos em Portugal: cada vez menos, mas ainda batem recordes da OCDE

Quando se olha para as taxas de retenção escolar em Portugal, há uma boa e uma má notícia. A boa é que o avanço tem sido significativo e há cada vez menos alunos a chumbar em Portugal. Em 2016/2017, atingiu-se o valor mais baixo da última década. A má é que ainda somos o terceiro país onde mais jovens chumbam antes dos 15 anos.

Dados do PISA 2015 (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) mostram que Portugal está entre os países da OCDE com taxas de reprovação mais elevadas e 31,2% dos alunos com 15 anos já tem pelo menos um chumbo no seu percurso escolar. Pior que os estudantes portugueses, só os espanhóis (31,3%) e os belgas (34%). No mesmo relatório, a taxa média da OCDE rondava os 13%, ou seja, o valor nacional era quase o triplo da média internacional.

Continuar a ler o texto no link:

Nem chumbar, nem passar. Nesta escola, a única alternativa é aprender

 

 

A importância do brincar no desenvolvimento da criança – 30 abril em Coimbra com Paula Duarte e Pedro Rodrigues do IAC

Abril 30, 2019 às 3:25 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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V Fórum ABRIGO : Que crianças queremos, que adultos teremos? – 9 maio no Montijo

Abril 30, 2019 às 12:00 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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Histórias sensoriais : Vamos explorar os sentidos através de uma história – em maio na APPDA – Lisboa

Abril 30, 2019 às 6:00 am | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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OMS: para crescerem saudáveis, crianças devem sentar menos e brincar mais

Abril 29, 2019 às 8:00 pm | Publicado em Estudos sobre a Criança | Deixe um comentário
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Notícia da ONU News de 25 de abril de 2019.

Novas diretrizes da agência destacam atividades físicas, comportamento sedentário e sono para crianças com menos de cinco anos; mais de 23% dos adultos e 80% dos adolescentes não são suficientemente ativos fisicamente.

Crianças com menos de cinco anos devem passar menos tempo sentadas em frente às telas ou dentro de carrinhos de bebê. De acordo com novas diretrizes divulgadas pela Organização Mundial de Saúde, OMS, elas também precisam dormir melhor e ter mais tempo para brincar ativamente para que cresçam saudáveis.

Segundo o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Ghebreyesus, “alcançar a saúde para todos significa fazer o que é melhor para a saúde desde o início da vida das pessoas”.

Diretrizes

O representante destaca que “a primeira infância é um período de rápido desenvolvimento e uma época em que os padrões de estilo de vida da família podem ser adaptados para aumentar os ganhos em saúde”.As novas diretrizes sobre atividades físicas, comportamento sedentário e sono para crianças com menos de cinco anos foram desenvolvidas por um painel de especialistas da OMS. O grupo avaliou os efeitos em crianças pequenas do sono inadequado e do tempo que elas passam sentadas assistindo telas ou em cadeiras e carrinhos de bebê.

A equipe também revisou evidências sobre os benefícios do aumento dos níveis de atividade.

Para a gerente de programas de vigilância e prevenção baseada na população de doenças não transmissíveis, Fiona Bull, “melhorar a atividade física, reduzir o tempo de sedentarismo e garantir o sono de qualidade em crianças pequenas melhora sua saúde física, mental e de bem-estar e ajuda a prevenir a obesidade infantil e doenças associadas que surgem mais tarde na vida”.

Atividades Físicas

A OMS aponta que a falha em seguir as recomendações atuais de atividade física é responsável por mais de 5 milhões de mortes em todo o mundo, a cada ano, em todas as faixas etárias. Atualmente, mais de 23% dos adultos e 80% dos adolescentes não são suficientemente ativos fisicamente.

A agência acrescenta que se a atividade física saudável, o comportamento sedentário e os hábitos de sono forem estabelecidos no início da vida, isso ajuda a moldar os hábitos desde a infância, adolescência e até a idade adulta.

Brincadeiras

A especialista em obesidade infantil e atividade física da OMS, Juana Willumsen, enfatiza que o que se precisa realmente fazer “é trazer de volta a brincadeira para as crianças.” Ela acrescenta que “trata-se de fazer a mudança do tempo de sedentarismo para o tempo de brincadeira, e ao mesmo tempo, protegendo o sono.”

A OMS aponta também que o tempo sedentário de qualidade passado em atividades interativas não baseadas em tela com um cuidador, como leitura, narração de histórias, canto e quebra-cabeças, é muito importante para o desenvolvimento infantil.

Segundo a agência, o uso dessas diretrizes durante os primeiros cinco anos de vida pode contribuir para o desenvolvimento motor e cognitivo das crianças e a saúde ao longo da vida.

Recomendações para crianças com menos de um ano: 

  • Ser fisicamente ativo várias vezes ao dia de várias maneiras, particularmente por meio de brincadeiras no chão – quanto mais melhor. Para aqueles que ainda não são caminham, isso inclui ficar pelo menos 30 minutos em posição de bruços em diferentes períodos do dia enquanto estão acordados.
  • A criança não deve ser restringida por mais de uma hora de cada vez. Por exemplo: em carrinhos de bebê ou carrinhos, cadeiras altas ou amarradas nas costas de um cuidador. Não é recomendado passar tempo em frente à tela. Quando esta estiver parada, é recomendado que ela se envolve em leituras e ouça histórias de um cuidador.
  • Entre o zero e os três meses, os bebês devem ter de 14 a 17 horas de sono de boa qualidade, incluindo momentos de repouso. Já entre os quatro e 11 meses, o recomendado é ter entre 12 a 16 horas.

Crianças com entre um e dois anos devem:  

  • Gastar pelo menos 180 minutos em diversos tipos de atividades físicas em qualquer intensidade, incluindo atividade física de intensidade moderada a vigorosa, distribuídas ao longo do dia. Quanto mais, melhor.
  • A criança não deve estar inativa por mais de uma hora de cada vez. Por exemplo: em carrinhos de bebê ou carrinhos, cadeiras altas ou amarradas nas costas do cuidador, ou sentar-se por longos períodos de tempo. Para os menores de um ano, não é recomendado passar tempo sedentário em frente à tela, como assistir TV, vídeos ou brincar com jogos de computador. Para as que tenham dois anos de idade, o tempo sedentário diante da tela não deve ser superior a 1 hora – quanto menos melhor. Quando a criança estivar parada, é recomendado que se envolva em leituras e narração de histórias com um cuidador.
  • Entre o zero e os três meses, os bebês devem ter de 14 a 17 horas de sono de boa qualidade, incluindo momentos de repouso. Já entre os quatro e 11 meses, o recomendado é ter entre 12 a 16 horas.

Crianças de três a quatro anos devem:  

  • Passar pelo menos 180 minutos em várias atividades físicas em qualquer intensidade. Pelo menos 60 minutos dessas atividades devem ser físicas de intensidade moderada a vigorosa, espalhadas ao longo do dia. Quanto mais, melhor.
  • Não devem ser mantidas por mais de uma hora de cada vez, como em carrinhos de bebê, ou sentar por longos períodos. O tempo sedentário em frene à tela não deve exceder uma hora – quanto menos melhor. Quando inativa, é recomendado que a criança se envolva em leituras e narração de histórias com um cuidador.
  • Entre o zero e os três meses, os bebês devem ter de 14 a 17 horas de sono de boa qualidade, incluindo momentos de repouso. Ter de 10 a 13 horas de sono de boa qualidade, que podem incluir um cochilo, com horários regulares para dormir e acordar.

Descarregar o documento WHO guidelines on physical activity, sedentary behaviour and sleep for children under 5 years of age no link:

https://www.who.int/news-room/detail/24-04-2019-to-grow-up-healthy-children-need-to-sit-less-and-play-more

 

Rádio Miúdos lança Rede Rádio Escolas

Abril 29, 2019 às 4:30 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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Em seguimento do lançamento no início deste ano letivo do projeto Rádio-Escolas, a Rádio Miúdos lança agora a Rede Rádio Escolas.

Trata-se de uma plataforma online que, numa primeira fase, permitirá reunir toda a produção radiofónica do universo Rádio Escolas da Rádio Miúdos, de forma a que esta possa estar disponível, com acesso em todo o mundo.

Esta plataforma poderá reunir os programas, ideias, projetos e todos os conteúdos produzidos nas escolas, através do programa Rádio-Escolas, e servir de plataforma de partilha de alunos e professores para uma forma de cidadania participativa mais ativa, dinâmica e global.

A REDE RÁDIO ESCOLAS está aberta a todas as escolas do país e do estrangeiro com rádio a funcionar, que irão assim juntar-se às que já fazem parte do PROGRAMA RÁDIO-ESCOLAS da Rádio Miúdos.

A rede está também aberta aos trabalhos audiovisuais efetuados por qualquer escola que ainda ou já não tenha rádio a funcionar.

Esta rede em franco crescimento pretende potenciar a rádio escolar como incubadora de cidadãos ativos.

A plataforma online, que englobará várias valências e ferramentas, tem como ponto de partida a divulgação de trabalhos efetuados por rádios escolares e trabalhos realizados por escolas no âmbito rádio. A rede inclui já mais de 100 escolas Nacionais e Internacionais.

A rede Rádio Escolas será gerida pelos profissionais credenciados da Rádio Miúdos com vasta experiência tanto nas áreas de produção de rádio e de jornalismo como na área pedagógica.

Cumprindo a sua Missão de dar voz às crianças e no seguimento do lançamento do projeto Rádio-Escolas, projeto que tem vindo a ser preparado ao longo de três anos e que inclui a criação desta rede desde a sua génese, a Rádio Miúdos abre, no próximo dia 30 de Abril de 2019, no seu site, em www.radiomiudos.pt, esta rede, na plataforma RÁDIO-ESCOLAS, onde se podem já ouvir trabalhos de 116 Escolas Nacionais e 3 Escolas Internacionais.

Para mais informações

radioescolas@radiomiudos.pt   |   www.radiomiudos.pt

+351 262 602 072   |   + 351 965 191 518   |   +351 935 648 674

Press release da Rádio Miúdos de 25 de abril de 2019.

 

Sessão de Encerramento da campanha do “Mês da Prevenção dos Maus Tratos na Infância” e Entrega do Prémio de Jornalismo “Os Direitos da Criança em Notícia” 30 abril na Assembleia da República

Abril 29, 2019 às 1:00 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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A Dr.ª Maria João Malho (técnica do Instituto de Apoio à Criança), irá participar na sessão de entrega do Prémio de Jornalismo “Os Direitos da Criança em Notícia”.

 

Workshop “Avaliar e Intervir na Parentalidade de Risco” 7 de maio em Lisboa

Abril 29, 2019 às 12:00 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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A CPCJ Lisboa Ocidental   vai realizar, no próximo dia 7 maio de 2019,  entre as 10h  e as 13h, o workshop “Avaliar e Intervir na Parentalidade de Risco”, dinamizado pela Professora Cláudia Camilo*, dirigido a técnicos com intervenção na área da família, infância e juventude.

Tópicos abordados:

  • As experiências adversas no desenvolvimento da criança
  • Modelos conceptuais da parentalidade abusiva e negligente
  • Dimensões de avaliação e intervenção
  • O Programa pRó.paRental

    Convidamo-lo(a) a refletir connosco sobre este tema. Inscreva-se!  participe! Contamos consigo! 

Poderá realizar a sua inscrição através do link: 

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLScggpTiD-K1GV_IstjFRHP7oqDurlXe1v4HX_ZWCkRCb0FDag/viewform?usp=sf_link

até ao próximo dia 3 de maio de 2019.

*Doutoranda em Psicologia no ISCTE-IUL, onde trabalha sobre os processos cognitivos associados à parentalidade negligente, um projecto financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia. Os seus interesses de investigação focam-se nas cognições parentais no contexto do mau trato e negligência, nomeadamente crenças, atitudes e atribuições sobre informação relativa ao cuidar, e de que forma estas cognições influenciam as interações pais-filhos.

 

Saúde sinalizou perto de 65 mil crianças em risco de maus tratos em dez anos

Abril 29, 2019 às 6:00 am | Publicado em Relatório | Deixe um comentário
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Notícia do Público de 22 de abril de 2019.

A negligência e os maus tratos psicológicos são os dois tipos de maus tratos mais comuns desde que a rede, agora com 269 núcleos espalhados por todo o país, foi criada em 2008.

Ana Maia

Em dez anos, perto de 65 mil crianças e jovens em risco ou vítimas de maus tratos foram sinalizados e acompanhados na rede de Núcleos de Apoio a Crianças e Jovens em Risco (NACJR) que existem nos centros de saúde e nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Segundo os últimos dados, 2016 foi o ano com mais sinalizações: 9034 casos. Em 2017 houve uma redução – foram 8670 – valor em linha com o número registado em 2015.

A negligência e os maus tratos psicológicos são os dois tipos de maus tratos mais comuns desde que a rede, agora com 269 núcleos espalhados por todo o país, foi criada em 2008. Também têm sido identificadas situações de maus tratos físicos e abusos sexuais, mas em menor percentagem. Até Dezembro de 2017, os núcleos sinalizaram e acompanharam 64.876 crianças e jovens. Esta rede articula com outras entidades como escolas ou comissões de protecção de menores e tribunais.

“À semelhança do acontecido em todos os anos anteriores estudados, a ‘negligência’ constitui o mau trato prevalecente, correspondendo a cerca de dois terços do total de registos”, diz o último relatório da Comissão de Acompanhamento da Acção de Saúde para Crianças e Jovens em Risco, da Direcção-Geral da Saúde, que apresenta dados de 2016 e 2017. Em 2016 as negligências corresponderam a 67% das sinalizações e no ano seguinte a 62%.

“A negligência é um mundo enorme de situações e que vão desde as carências de higiene ao seguimento de uma doença crónica diagnosticada que não está a ser feita da forma correcta e a criança falta às consultas”, explica Vasco Prazeres, coordenador da comissão de acompanhamento. Podem também ser “sinais de uma alimentação descuidada ou falta de rotinas estabelecidas: sem horas para ir para a cama, come quando calha, percebe-se que não há grande ligação com as pessoas”.

Já o mau trato psicológico foi o segundo tipo de sinalização mais identificada ao longo destes dez anos. Em 2016 representou 21% dos casos e em 2017 foram 27%. A tendência nos últimos anos, refere o relatório, tem sido a redução dos casos de negligência e o aumento dos maus tratos psicológicos.

Para o responsável, a questão pode estar relacionada com vários factores como o trabalho desenvolvido no terreno pelos núcleos. “Quando as pessoas se tornam mais atentas a estes pequenos sinais, é possível corrigir ou procurar que sejam corrigidas algumas das situações que podem consubstanciar negligência. Isso, por si só, pode justificar uma diminuição das situações que são sinalizadas”, diz Vasco Prazeres.

Outro factor é a definição de cada um dos tipos de maus tratos que tem mudado ao longo do tempo, permitindo que situações que antes não eram identificadas agora não passem despercebidas. Vasco Prazeres dá um exemplo para o qual nem sempre se olha: “O grau de exigência brutal em termos de rendimento escolar.” São “as comparações que se fazem entre irmãos para outras situações, se calhar mais graves, que é: ‘Tu és burro, não és capaz de ter boa notas’.

Os maus tratos, sejam que de tipo forem, são transversais a todas as classes sociais. “É a realidade que nos mostra que assim é. Eventualmente somos capazes de identificar, à partida, mais vulnerabilidades e mais factores de risco que possam propiciar violência em determinados contextos sociais do que noutros”, admite Vasco Prazeres.

Foco na prevenção

Luísa Horta e Costa, coordenadora do núcleo do Centro de Saúde de Lisboa Ocidental e Oeiras, não tem dúvidas que “a sociedade em geral está mais desperta” para os maus tratos em crianças e jovens. “Não passa pela cabeça de nenhuma instituição que não existisse um núcleo. Fazem parte da vida diária das instituições do SNS”, diz a enfermeira, que é também interlocutora regional de Lisboa e Vale do Tejo com a comissão coordenadora.

Além do olhar atento dos profissionais nos centros de saúde, também as famílias lhes batem à porta a pedir ajuda quando sentem que há um risco iminente que precisa de ser resolvido. É esta maturidade conseguida ao longo de dez anos que tem permitido, por um lado, sinalizar mais casos e, por outro, intervir precocemente de forma a minimizar os riscos, evitando que alguns tenham de ser sinalizados.

Nas reuniões quinzenais de avaliação, cada gestor apresenta os seus casos a debate. A equipa é constituída por um enfermeiro, um médico, um psicólogo e um assistente social. O seguimento não se esgota numa intervenção e sempre com o foco na prevenção dos riscos.

“Temos tentado estabelecer que os núcleos tenham um olhar mais atento à primeira infância. Têm crescido as sinalizações durante a gravidez. Por exemplo, uma mãe que vem fazer o curso de preparação do parto e parentalidade e o enfermeiro percebe que não está bem ou o casal não está bem. Intervimos logo com uma primeira consulta de psicologia”, explica, acrescentando que muitas das sinalizações do núcleo são de crianças até aos dois anos. “O que fazemos é tentar parar tudo aqui”, reforça Luísa.

É essa ideia que Vasco Prazeres deixa quando fala sobre os desafios futuros. “O desafio futuro é cada vez mais que todas as equipas de saúde tenham na sua bagagem como profissionais a incorporação dos maus tratos como um problema de saúde a rastrear de forma sistemática. Sabemos que a exposição a maus tratos em idades precoces compromete em muito o desenvolvimento integral das pessoas. E que isso tem um efeito ao longo da vida. A intervenção tem o papel importante de poder travar a replicação do modelo de violência ao longo de gerações”, salienta o coordenador.

O relatório citado na notícia é o seguinte:

Ação de Saúde para Crianças e Jovens em Risco: Relatório 2016/2017 – dezembro de 2018

Proibição de contacto com crianças só é aplicada a 1% dos condenados por abuso sexual – notícia do Público com declarações de Dulce Rocha Presidente do IAC

Abril 28, 2019 às 1:00 pm | Publicado em O IAC na comunicação social | Deixe um comentário
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A notícia contém declarações da Dra. Dulce Rocha, Presidente do IAC.

Notícia do Público de 20 de abril de 2019.

Entre 2010 e 2016, houve quase 1800 condenações e apenas 15 medidas para impedir culpados de desempenhar funções junto de crianças.

Ana Dias Cordeiro

Continua a existir, como em 1982, quando o Código Penal foi revisto, uma “desvalorização dos crimes contra as pessoas”. Essa era a grande crítica dirigida ao Código Penal na altura e essa é a principal explicação possível ainda hoje, no entender da magistrada Dulce Rocha, para a enorme discrepância entre o número de condenações por crimes de abusos sexuais de crianças e o de penas acessórias, por esses mesmos crimes, de proibição de exercer funções junto de crianças.

Entre 2010 e 2016, houve 1797 condenações por abuso sexual de crianças e apenas 15 medidas de impedimento de trabalho ou actividades com crianças. Ou seja: a medida de afastamento apenas foi decidida pelos tribunais em cerca de 1% desses casos. Os dados são do Ministério da Justiça, recolhidos a pedido do PÚBLICO.

Quando a vítima é menor, o Código Penal prevê desde 2015 que o condenado pelo crime de abuso “é condenado na proibição de exercer, profissão, emprego, funções ou actividades, públicas ou privadas, cujo exercício envolva contacto regular com menores, por um período fixado entre cinco e 20 anos”.

A juíza Carolina Girão, da direcção da Associação Sindical dos Juízes Portugueses (ASJP), ressalva porém que “não há efeito automático das penas”. Uma pessoa não pode ser condenada a uma pena acessória só porque é condenada por crimes sexuais, explica. “A lei é muito mais incisiva no que respeita a crimes sexuais praticados contra crianças mas não exclui uma parte de apreciação” por parte do julgador.

“Existem condutas de uma gravidade muito díspar” no crime de abuso sexual de crianças. “Comete este crime quem colocar a mão numa parte do corpo da criança ou quem violar a criança”, sublinha. E cita o direito ao trabalho previsto no artigo 30 da Constituição segundo o qual “nenhuma pena envolve como efeito necessário a perda de quaisquer direitos civis, profissionais ou políticos”.

A juíza aponta como uma razão possível para o reduzido número de penas de proibição de funções o facto de estas só estarem previstas no Código Penal desde 2015. Mesmo assim, desde então, raras vezes foram decididas: “Em 2015 foram aplicadas três penas acessórias deste tipo, em 2016, foram seis e, em 2017, foram cinco”, segundo informações do gabinete da ministra da Justiça. Ou seja, no total, desde 2015, houve centenas de condenações e apenas foram aplicadas 14 penas de impedimento de função que implique uma proximidade com crianças.

Antes de 2015, o tribunal podia aplicar a proibição ao arguido considerado culpado não como uma condenação mas como uma condição necessária para ele ter uma suspensão da pena de prisão.

Carolina Girão justifica que “na aplicação de uma pena o juiz deve atender à gravidade dos factos e à conexão [dos factos com a sua ocupação]” ou probabilidade de o condenado vir a trabalhar com crianças.

É essa probabilidade que a magistrada e presidente executiva do Instituto de Apoio à Criança (IAC), Dulce Rocha, considera que não deve entrar na equação. “Nas profissões em que não é patente essa ligação [com crianças], tem mesmo assim de haver uma consciencialização para apreciar essa questão e isso passar a ser óbvio, sempre”, defende. “A pena acessória funciona como um meio de evitar que se repita o crime” depois de o condenado sair da prisão.

A prevenção (para a sociedade) e a reinserção (para o condenado) “só se conseguem se nós não facilitarmos que eles reincidam”, conclui Dulce Rocha. A ex-procuradora do Tribunal de Família e Menores de Lisboa evoca a desvalorização deste crime “por parte das pessoas”. Que pessoas? “Os magistrados, os profissionais. E só se desvaloriza [o crime] por desconhecimento das graves consequências que ele tem para as crianças. É necessária uma maior consciencialização.”

“Os conhecimentos científicos têm influenciado muito as legislações no Direito da Família e no Direito das Crianças”, acrescenta. Por isso, perante os conhecimentos das repercussões destes crimes no desenvolvimento, na saúde, no equilíbrio emocional e na vida das crianças, “é necessária mais formação específica e obrigatória para os magistrados” judiciais e do Ministério Público.

“São casos horríveis de perversidade”, diz Dulce Rocha, antes de lembrar algumas das passagens do livro da psicóloga norte-americana Anna Salter, Predators: Pedophiles, Rapists, And Other Sex Offenders, com entrevistas a dezenas de condenados por crimes sexuais que admitiram ter cometido muito mais crimes do que aqueles pelos quais tinham sido acusados.

Uma das razões, constata Anna Salter, será essa desvalorização do risco. Disse a própria autora: “Quando alertadas para casos reportados ou mesmo para uma condenação, as pessoas tendem a subestimar a patologia com a qual estão a lidar.”

 

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