Dia internacional destaca conexão entre bullying escolar, saúde mental e aprendizado

Novembro 14, 2023 às 6:00 am | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia da ONU News de 2 de novembro de 2023.

Data marca reconhecimento de que a violência relacionada à escola em todas as suas formas é uma violação dos direitos das crianças e adolescentes à educação e à sua saúde e bem-estar; casos de bullying, incluindo o cyberbullying afetam crianças e jovens em todo o mundo

Um número significativo de crianças e adolescentes em todo o mundo enfrenta violência e bullying escolar, incluindo o cyberbullying. Os impactos se refletem na saúde, bem-estar e educação. 

Por isso, os Estados Membros da Organização das Nações Unidas para Ciência, Educação e Cultura, Unesco, declararam a primeira quinta-feira de novembro o Dia Internacional contra a Violência e o Bullying na Escola, incluindo o Cyberbullying.

Saúde mental e aprendizagem

Em 2023 a data ocorre neste 2 de novembro e marca o reconhecimento de que a violência relacionada à escola em todas as suas formas é uma violação dos direitos das crianças e adolescentes à educação e à sua saúde e bem-estar. 

O tema deste ano é “Não há lugar para o medo: Acabar com a violência escolar para melhorar a saúde mental e a aprendizagem.” 

A preocupação global com a saúde mental e o bem-estar dos alunos continua crescendo, especialmente após a pandemia da Covid-19 e o seu enorme impacto sobre os alunos. 

Sensibilização e prevenção

A Unesco defende que as escolas devem ser ambientes seguros e de apoio para estudantes e professores, mas as evidências mostram que em muitos casos se tornam espaços onde a violência e o bullying afetam a todos. 

Neste Dia Internacional contra a violência e o bullying nas escolas, incluindo o cyberbullying, as instituições educacionais são incentivadas a realizar atividades para aumentar a sensibilização sobre a prevenção da violência no ambiente escolar e a trabalhar em conjunto para torná-lo mais seguro para todos os alunos.

A ONU apela aos Estados-Membros, parceiros, organizações internacionais e regionais, bem como à sociedade civil, incluindo organizações não governamentais, indivíduos e outras partes interessadas, para ajudarem a promover, celebrar e facilitar o dia internacional.

Mais informações:

International day against violence and bullying at school including cyberbullying

Curso breve online: Desenvolvimento Sensório-Motor e Comunicativo em crianças do 1º ciclo do Ensino Básico – 2ª edição

Setembro 13, 2023 às 12:00 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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Seminário “Criatividade, Emoções, Motricidade & Aprendizagens Diferenciadoras” 16-18 março em Coimbra

Março 7, 2023 às 8:00 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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TikTok. Na rede “dos miúdos” afinal também há espaço para o ensino

Novembro 10, 2022 às 6:00 am | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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dn

Notícia do Diário de Notícias de 31 de outubro de 2022.

Inês Dias

As redes sociais também servem para educar e podem melhorar o desempenho dos estudantes. Esta é a perspetiva de André Simões e Marta Rodrigues – os “professores do TikTok” que mostraram ao país que aprender não tem de ser aborrecido.

juventude e crianças. Muitos podem pensar que estas são as palavras que resumem a funcionalidade da rede social TikTok. Porém, Marta Machado Rodrigues e André Simões vieram provar que os mais céticos estão errados, tornando a comunidade da plataforma mais popular do mundo num espaço aberto para a Educação. Estes “professores do TikTok” ficaram conhecidos pela sua proximidade aos alunos durante o último ano e desde aí que têm demonstrado que é possível ensinar e obter resultados positivos com vídeos divertidos que abordam as matérias das aulas.

Marta Rodrigues é professora de Português no colégio Paulo VI, em Gondomar, há 18 anos e sempre teve o hábito de realizar atividades e “brincadeiras” lúdicas com os seus alunos, mas foi através do TikTok que o país ficou a conhecer o seu trabalho.

Marta cria letras sobre a matéria da disciplina de Português e junta-as a melodias populares com a ajuda dos seus alunos do 8.º, 9.º e 10.º ano. A título de exemplo, num dos seus vídeos mais populares, que já conta com mais de um milhão de visualizações, o tema “Acorda Pedrinho” de Jovem Dionísio torna-se uma melodia que explica a função do complemento oblíquo.

“É evidente que eu tenho de ser um modelo de erudição e cultura dentro da sala de aula, mas isso não significa que eu não possa participar no mundo dos alunos, que, neste momento, é o TikTok”, defende Marta Rodrigues.

Ao DN, a professora explica que esta atividade é uma forma de envolver os jovens e de lhes ensinar truques para decorar e estudar mais facilmente. “Aproveitamos as músicas para fazer uma síntese do que aprendemos de uma forma diferente. Consegui criar uma dinâmica lúdica e muito divertida numa disciplina que quase todos os alunos odiavam e que achavam aborrecida. Agora, a relação dos alunos com a disciplina é muito melhor”, diz.

Esta aventura na criação de vídeos lúdicos começou como resposta a um desafio de um estudante. “Fizemos o primeiro vídeo apenas para experimentar e nunca pensámos que pudesse sequer ter alcance online. No entanto, conseguimos levar a escola para o TikTok em Portugal, que era algo que não existia”, esclarece.

Marta acredita que o TikTok pode ser “uma boa ferramenta de inovação no ensino” e lamenta a falta deste tipo de iniciativas: “O ensino está tão aborrecido, em Portugal, que o facto de uma professora ter a iniciativa de fazer algo diferente e divertido alcança uma grande proporção positiva. Nos nossos vídeos, não há iluminação adequada, maquilhagem, preparação do espaço, sistema de som ou técnica nenhuma. Apenas gravamos com o telemóvel e conseguimos marcar a diferença”.

Marta cria canções com os seus alunos que resumem a matéria falada nas aulas de Português e publica-os no TikTok.

“Os alunos estão sedentos de alguma diversão dentro da sala de aula. A classe dos professores está muito envelhecida, não só em termos de idade, mas também em termos de mentalidade. Há que criar motivação para captar os alunos, porque no fundo o que interessa é a concretização do que ensinamos. Posso perder 10 minutos por semana a criar vídeos, mas com isso ganho uma boa relação com os alunos e eles sentem-se muito valorizados. É evidente que eu tenho de ser um modelo de erudição e cultura dentro da sala de aula, mas isso não significa que eu não possa participar no mundo dos alunos, que, neste momento, é o TikTok”, defende.

Como prova de que é possível aprender e brincar em simultâneo, Marta Rodrigues justifica que os seus alunos melhoraram o desempenho na disciplina de Português. Além disso, nos mais recentes Exames Nacionais surgiu uma questão que a professora abordou num dos seus vídeos, o que levou a dezenas de comentários e mensagens de estudantes de todo o país a agradecer-lhe, uma vez que se lembraram da resposta certa graças às suas canções.

A introdução do latim na rede

André Simões é professor de Latim e Estudos Clássicos na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL). No ano passado decidiu começar a publicar vídeos no TikTok, nos quais aborda conteúdos das suas aulas, ensina Latim, factos sobre a Antiguidade Clássica e até faz sugestões de livros.

“Comecei a publicar vídeos no TikTok como terapia. Tenho uma paixão pelos Estudos Clássicos que já vem desde criança e achei que esta era uma plataforma que eu podia usar para tentar transmitir este gosto e cativar outras pessoas”, explica.

Atualmente, André Simões já conta com mais de 13 mil seguidores e alguns dos seus vídeos chegam a atingir as 200 mil visualizações. Segundo o professor, tudo começou como uma brincadeira e não estava à espera que os seus vídeos ficassem populares.

“Quando fiz os meus primeiros vídeos e tive cerca de 100 visualizações, até achei que já era muito. Depois, comecei a ter muitos seguidores, visualizações e comentários e fiquei muito surpreendido quando vi que as pessoas se interessavam pelo meu tipo de conteúdo”, admite.

André explica que a relação aluno-professor não se alterou muito dentro da sala de aula, contudo, vê que os estudantes estão agora mais interessados e sentem-se mais confiantes nas suas aulas: “Eu sempre tive uma relação próxima com os meus alunos… nunca gostei daquela distância muito típica entre os professores do ensino universitário. Mas este ano comecei a sentir que os alunos intervêm com muito mais vontade, com boa disposição e noto que o ambiente na sala de aula mudou”.

Aliás, não foi só o ambiente que mudou. Também o número de alunos interessados em frequentar as aulas de Latim e Estudos Clássicos aumentou. “Tive um aumento de cerca de 100% nas inscrições nas minhas cadeiras no ano passado, em ambos os semestres. Este ano tenho ainda mais alunos e acredito que no próximo semestre o número vá continuar a aumentar”, diz.

Professores testemunham que o ambiente na sala de aula, o desempenho escolar e a relação com os alunos melhoraram desde que começaram a publicar vídeos nas redes sociais.

Assim, o seu objetivo é apenas um: “Tornar as pessoas mais interessadas no Latim e nos Estudos da Antiguidade”. “Espero que esteja a contribuir para que agora existam mais pessoas a querer estudar estas temáticas”, admite.

Além dos vídeos no TikTok, André Simões tem também um canal na rede YouTube no qual ensina Latim a um público maioritariamente português e brasileiro. “Criei este canal para compensar a suspensão de aulas presenciais durante a pandemia e comecei por fazer vídeos dirigidos aos meus alunos, uma vez que era mais fácil, simples e de melhor acesso. No entanto, aproveitei para começar um projeto novo que se baseia em ensinar Latim pelo YouTube”, esclarece.

Quanto à introdução das diferentes plataformas no ensino, o professor acredita que “sem redes sociais, neste momento, não é possível ter um ensino em condições”. “Acredito que os vídeos beneficiam muito o ensino e o TikTok é a melhor forma de os divulgar. O sistema atual já não é atrativo para a juventude e se queremos chegar às novas gerações tem de ser através das redes sociais”, defende. Porém, André admite que “vê alguma resistência” dos seus colegas em modernizar-se para o uso das redes. “Muitos acham que o TikTok é uma brincadeira para miúdos”, continua.

Para André Simões, as respostas positivas que recebe no TikTok geram um sentimento “agridoce”. “Fico orgulhoso pelo meu trabalho e pelas ótimas reações, mas sinto uma certa tristeza quando recebo comentários a elogiar o meu método de ensino, no sentido em que isto é o básico que todos os professores deveriam fazer. O que eu faço não deveria ser considerado excecional. Tratar os alunos com respeito e fazer o possível para que se mantenham interessados e não chumbem às cadeiras é o mínimo que qualquer professor deve fazer”, explica. “Os professores neste momento só têm duas hipóteses: ou entram neste comboio das redes sociais, e tiram proveito dos seus benefícios, ou então perdem o contacto com a realidade dos alunos”, remata.

O que dizem os especialistas?

Ainda que a junção das redes sociais com o ensino possa ser vista com desdém por muitos profissionais, José Morgado, especialista em Pedagogia e Psicologia Infantil considera que o uso de plataformas como o TikTok pode ser muito benéfico para a Educação, quando usado como ferramenta de forma pertinente e responsável.

“Após dois anos de pandemia, é de notar que as novas tecnologias são ferramentas imprescindíveis no dia a dia da Educação. As redes sociais fazem parte desse arsenal que nos rodeia, logo, são ferramentas que, utilizadas da forma adequada, podem proporcionar resultados muito positivos nos mais jovens”.

José Morgado considera que “a escola tem de acompanhar a evolução dos tempos, dos valores e dos conhecimentos”, porém, sublinha que “não se pode ter uma anarquização da perceção social dos traços de autoridade dentro da sala de aula”.

Por sua vez, Manuel Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional de Professores (ANP), crê que “o uso adequado da plataforma TikTok certamente que pode melhorar a relação entre os professores e os alunos”, dado que os jovens “gostam muito deste tipo de atividades e têm uma grande facilidade na sua utilização”.

Assim sendo, o responsável reforça que “as redes sociais, na sua generalidade, conseguem ser muito úteis no processo de ensino-aprendizagem quando abrangem conteúdos relacionados com os currículos”. Porém, destaca a preocupação para a criação de perigos tais como o elevado tempo de utilização por parte dos mais jovens. “Há que ter cuidado e ponderação no uso destas plataformas para não criar vícios”, conclui.

ines.dias@dn.pt

 

A nova vida das bibliotecas, espaços abertos que “são o coração das escolas”

Novembro 9, 2022 às 6:00 am | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia do Diário de Notícias de 24 de outubro de 2022.

Longe vão os tempos dos espaços cinzentos, de silêncio obrigatório. Bibliotecas são hoje lugar de inclusão por onde passam quase todas as atividades.

Bibliotecas cinzentas, silenciosas e com livros fechados em estantes fazem parte do passado. Ir à biblioteca da escola é agora sinónimo de realização de atividades criativas, inovadoras e motivadoras, num cenário colorido e interativo. E quase todas as atividades das escolas passam pela biblioteca, palco de projetos de leitura, artes, cinema, literacia digital, teatro, entre muitos outros.

No colégio Efanor, em Matosinhos, a biblioteca ganha vida diariamente para “conservar a magia do livro”. “A biblioteca é um espaço fundamental para a literacia, para a aquisição da escrita e da leitura e para fomentar o deslumbramento pelo livro e hábitos de leitura. Por isso, há atividades muito diversas que convergem na biblioteca e que envolvem as várias valências do colégio e todas as disciplinas do currículo”, explica ao DN, Marisa Carvalho, coordenadora do 1º ciclo.

Marta Novais, educadora de infância responsável pelo pré-escolar, sublinha que as atividades envolvem mesmo as crianças que ainda não adquiriram a escrita. A título de exemplo adianta que, para assinalar o Dia das Bibliotecas Escolares, as educadoras organizaram uma caça ao tesouro com a temática dos contos tradicionais onde, após superar alguns desafios, as crianças encontrarão o tesouro na biblioteca: um baú repleto de livros que as crianças poderão escolher e levar para a sala de aula.

“É uma forma criativa de mostrar a magia do livro. A ideia é sempre inovar para os trazer para junto dos livros e fomentar hábitos de leitura desde a base”, refere. Na creche, onde as crianças são ainda mais pequenas, também há espaço para o universo dos livros. Ana Caio, responsável por aquela valência, leva os seus alunos ao “cantinho temático” que existe na biblioteca, um espaço que vai mudando para assinalar várias efemérides. “Agora está com o tema do Halloween e muitas atividades e, claro, com histórias. Nestas idades, gostam muito de livros pop-up ou com sons. A ideia é que tenham contacto com livros desde pequeninos e que gostem desses momentos”, sustenta a educadora.

E com crianças a manusear obras desde a creche, muitas vão sofrendo mazelas. Existe, por isso, na biblioteca, o “Hospital do Livros” com um kit de primeiros socorros. “São, normalmente, os alunos mais velhos, de 1º ciclo, que ajudam a tratar das páginas e capas rasgadas. O objetivo é fazê-los perceber a importância do respeito pelos livros e dos cuidados a ter”, explica Marisa Carvalho.

Os alunos de 1º ciclo, que já adquiram as competências de escrita e de leitura, têm ainda mais momentos dedicados ao universo da biblioteca e dos livros, uma aposta que vai também de encontro ao Plano Nacional de Leitura (PNL). “Estamos a aproveitar o mote lançado pela Rede de Bibliotecas Escolares e implementamos o “Ler para a paz e harmonia globais” com leituras dialogadas de obras com temáticas de integração de forma a desenvolver a reflexão dos alunos. Temos também, para assinalar o Dia das Bibliotecas escolares, um mural onde os alunos colocam frases sobre os livros. Ao longo do ano decorre também a “Biblioteca de Sala” (os alunos escolhem livros da biblioteca e levam-nos para a sala de aula para os ler) e ainda os “10 minutos a ler” com livros que trazem de casa. Uma atividade que faz parte do PNL, refere.

A docente sublinha ainda o espaço que os livros ocupam nas salas onde “está em construção uma cortina com tiras que os alunos constroem por cada obra lida”. “Visualmente tem um impacto muito grande e permite que os alunos tenham a perceção do crescimento da cortina ao longo do tempo, sinónimo da sua própria evolução enquanto leitores”.

Pela biblioteca do Efanor já passaram atividades que se vão repetindo a cada ano como a projeção de cinema mudo; a noite da biblioteca (os alunos vêm de pijama vestido passam o início da noite a ler); a dramatização de histórias; leituras musicadas; hora do conto em português, inglês e espanhol; o triatlo literário, entre outras. As docentes Marisa Carvalho, Marta Novais, Ana Caio e Ermelinda Pinheiro não têm dúvidas da importância da biblioteca na vida dos alunos, “um espaço muito querido onde se sente a magia dos livros e que permite fazer nascer leitores e onde o amor pelos livros começa logo nos primeiros anos de vida”.

Espaços de inclusão

Esse amor também se cultiva de forma notória no Agrupamento de Escolas do Cerco (AE Cerco), no Porto. A biblioteca do estabelecimento escolar é o espaço com “mais movimento” do agrupamento. “Todos os dias acontece algo. É um espaço onde cabem todos e onde os alunos sabem que entram e encontram calma”, explica a coordenadora das bibliotecas do agrupamento (são 7 no total), Fátima Guimarães.

A responsável salienta as mudanças de paradigma no que se refere aos objetivos pedagógicos das bibliotecas: “o principal objetivo da biblioteca é ser um espaço aberto a todos e a todas, de forma a que se sintam felizes, seguros, e que criem momentos de aprendizagem”.

Para Fátima Guimarães, a “biblioteca é um espaço que não é apenas de leitura como há uns anos atrás, onde imperava o silêncio e que servia quase apenas para a leitura e requisição de livros”. “Hoje é um espaço aberto à aprendizagem e à auto aprendizagem. Há um envolvimento de toda a comunidade escolar e um grande número de atividades permanentes que não passam só pela leitura”, afirma.

Idalina Meirinho, professora bibliotecária do mesmo agrupamento, faz o mesmo retrato. “Estou nas bibliotecas há mais de 15 anos e nota-se uma mudança muito grande. Evoluiu imenso desde o tempo em que andava a estudar, quando os livros estavam trancados nas estantes. No início, o papel da biblioteca era a promoção da leitura, mas atualmente as bibliotecas são polivalentes, são o coração das escolas e por onde passam a maioria das atividades. Não é uma sala de sala, mas é um espaço de trabalho mais afetivo, onde os alunos se sentem melhor e se podem exprimir”, explica.

A biblioteca do AE Cerco ocupa, por isso, um lugar de destaque no Plano Anual de Atividades (PAA) do agrupamento, com articulação entre ciclos e entres as várias disciplinas, com constantes exposições, comemoração de efemérides, atividades ligadas à literatura, mas também às artes, com o envolvimento dos alunos em momentos de aprendizagem naquele espaço, lugar ao qual recorrem também para trabalhos de pesquisa. “Todos os dias é um entra e sai de professores com as turmas para participar em atividades. Temos um mapa de ocupação da biblioteca precisamente porque é um espaço muito requisitado pelos professores”, explica Fátima Guimarães.

A coordenadora salienta ainda a importância das bibliotecas na recuperação de aprendizagens (ver abaixo), com estratégias como a “Escola a ler”, com uma hora de leitura semanal. “Temos imensas atividades, projetos, parcerias, abertura à comunidade, feiras do livro e a presença de autores a autores ao longo do ano letivo”, refere. É também na biblioteca do AE Cerco que se trabalha a inclusão. “Esta biblioteca inclui todos, promove e articula atividades com crianças com necessidades educativas especiais. Temos a sorte de ser sediado cá o CRTIC (centro de recursos TIC para a educação especial). É um centro em que as professoras têm uma relação de proximidade com a biblioteca e onde promovem e desenvolvem momentos de leitura em que algumas histórias são adaptadas em linguagem SPC (símbolos pictográficos para a comunicação), ou seja, algumas palavras das histórias passam para imagens para incluir alunos com dificuldades na leitura”, explicam as bibliotecárias.

Estão já programadas atividades de promoção da inclusão para o centenário de José Saramago. “Começam a 16 de novembro. Vamos ter leituras com a obra “A maior flor do mundo” adaptada pelo CRTIC exatamente para se desenvolver a atividade aqui, na biblioteca”, conta Idalina Meirinho.

Se a biblioteca se enche de alunos e professores ao longo do dia, na pausa de almoço o movimento não diminui. Naquele espaço há também lugar para momentos lúdicos, com jogos de tabuleiro e xadrez. “A biblioteca é muito requisitada na pausa do almoço e quando os alunos têm algum furo”, explica Fátima Guimarães.

A coordenadora sublinha não haver problemas de indisciplina na biblioteca. “Uma escola TEIP é um desafio e a biblioteca proporciona alguns meios aos alunos sem condições, sem acesso à informação, à tecnologia, à comunicação. Conseguimos acolher todos os alunos e eles entendem que é um espaço onde gostam de estar e respeitam as normas, os livros, as exposições. A verdade é que não estragam nada e nunca desapareceu nada da biblioteca. Os alunos sentem-se bem aqui e encontram paz”, conclui.

Plano de recuperação 21-23

O Plano 21-23 Escola+ criado pelo Governo para a recuperação de aprendizagens condicionadas pela pandemia de Covid 19 apresenta um conjunto de medidas dirigidas à promoção do sucesso escolar e ao combate às desigualdades através da educação. Muitas destas medidas envolvem as bibliotecas escolares, no domínio da Leitura e Escrita. O plano conta também com o acesso livre a ferramentas digitais para aferição da competência leitora e materiais didáticos; produção e disponibilização de recursos para a organização de oficinas de escrita e o reforço do orçamento das bibliotecas escolares.

 

Webinar: “Aprendizagens essenciais: desafios e (possíveis) respostas” 19 maio

Maio 12, 2022 às 8:00 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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Crianças usaram mais ecrãs no confinamento, mas aprenderam mais palavras

Fevereiro 17, 2022 às 12:00 pm | Publicado em Estudos sobre a Criança | Deixe um comentário
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noticiasaominuto

Notícia do noticiasaominuto de 8 de fevereiro de 2022.

As crianças pequenas tiveram mais tempo de ecrã durante o primeiro confinamento devido à pandemia de covid-19, em março de 2020, mas a sua linguagem não foi prejudicada e até aprenderam mais palavras do que é habitual.

As conclusões são de dois estudos divulgados hoje que olharam para o tempo de ecrã durante o primeiro confinamento generalizado no início da pandemia e o seu impacto no desenvolvimento do vocabulário de 2.200 crianças entre 8 meses e 3 anos de idade, além de outras atividades desenvolvidas entre os pais e os filhos naquele período.

De maneira geral, as crianças dos 13 países analisados passaram a estar mais tempo em frente a ecrãs durante o confinamento, mas a digitalização das suas atividades não se traduziu negativamente no desenvolvimento da linguagem.

Por outro lado, os resultados dos estudos publicados hoje nas revistas científicas Language Development Research e Scientific Reports mostram que as crianças aprenderam mais palavras do que o expectável durante o confinamento, comparativamente aos níveis pré-pandémicos.

Considerando a conclusão tranquilizadora, os autores justificam esse desenvolvimento sobretudo com outras atividades desenvolvidas pelos pais durante aquele período, e não tanto com o aumento do tempo de ecrã.

Nesse mesmo sentido, os estudos revelam também que as crianças para as quais os pais liam com mais frequência aprenderam mais palavras, comparativamente às crianças que passaram mais tempo em frente a ecrãs.

“Identificar os efeitos das atividades entre pais e crianças no crescimento do vocabulário da criança é significativo, considerando que avaliamos as mudanças nos vocabulários durante um período médio de pouco mais de um mês”, disse, citado em comunicado, Julien Mayor, investigador na Universidade de Oslo, que coordenou o estudo sobre o impacto das atividades relacionadas com o confinamento.

Por outro lado, e sobre a relação entre o confinamento e o desenvolvimento do vocabulário, uma outra investigadora da mesma universidade ressalva que os resultados devem ser entendidos com cautela.

“Devemos ser cautelosos em assumir que isto se aplique durante tempos normais ou confinamentos mais longos, considerando as circunstâncias extraordinárias que as crianças e os pais enfrentaram durante este período”, apontou Natalia Kartushina.

Quanto ao aumento do tempo passado em frente ao ecrã, os investigadores sugerem que faz sentido que assim tenha sido, considerando que as crianças daquela idade não tinham atividades ‘online’, e apontam as circunstâncias excecionais daquele período.

“Muitos cuidadores passaram a estar numa situação nova em que tinham de cuidar e entreter as crianças em casa durante todo o dia sem recurso a outras atividades, além das suas próprias responsabilidades. Permitir que tenham mais tempo de ecrã é uma solução compreensível”, refere Nivedita Mani, investigadora na Universidade de Gotinga, que liderou com o Instituto de psicolinguística Max Planck e a Universidade de Ciências Aplicadas e Artes da Suíça Ocidental o estudo sobre o tempo de ecrã.

O aumento do tempo de ecrã foi maior conforme o tempo de confinamento, em famílias com níveis de educação mais baixos e em famílias em que os próprios pais também passam mais tempo em frente aos ecrãs.

Artigos citados no estudo:

COVID-19 first lockdown as a window into language acquisition: associations between caregiver-child activities and vocabulary gains

Young children’s screen time during the first COVID-19 lockdown in 12 countries

 
 

Crianças com problemas ligeiros de audição têm mais dificuldades em aprender a ler

Dezembro 5, 2021 às 4:00 pm | Publicado em Estudos sobre a Criança | Deixe um comentário
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observador

 

Notícia do Observador de 26 de Novembro de 2021.

Crianças têm maior dificuldade em tarefas que requerem memorização e repetição de sequências fonémicas sem suporte de informação lexical, revelando maior lentidão na aprendizagem da leitura.

Crianças com problemas auditivos ligeiros têm mais dificuldade em aprender a ler face a crianças com audição normal, revela um estudo, divulgado esta quinta-feira, que demonstra, ainda, que o desempenho é condicionado pelo ruído nas salas de aula.

A investigação de Margarida Serrano, professora da Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Instituto Politécnico de Coimbra (ESTeSC-IPC), acompanhou dois grupos de 24 crianças entre a pré-primária e o 2º ano de escolaridade, um constituído por alunos com hipoacusia ligeira (dificuldade auditiva pouco severa) e outro por normo-ouvintes, ou seja, com audição normal.

No estudo, foram avaliados “parâmetros como a memória fonológica, vocabulário, discriminação auditiva, conhecimento das letras, consciência fonológica, descodificação de palavras e de pseudopalavras e compreensão na leitura de frases”, frisa a ESTeSC-IPC, em comunicado enviado à agência Lusa.

“Os resultados indicam que as crianças com hipoacusia ligeira têm pior desempenho, quando comparadas com os seus colegas normo-ouvintes, em tarefas que requerem memorização e repetição de sequências fonémicas sem suporte de informação lexical, revelando maior lentidão na aprendizagem da leitura”, acrescenta a nota.

Citada no comunicado, Margarida Serrano explica que as crianças com hipoacusia ligeira “utilizam recursos cognitivos que implicam um maior esforço para conseguirem os resultados obtidos, especialmente na leitura de pseudopalavras, no 2º ano de escolaridade. Este esforço pode requerer maior atenção e consequentemente uma maior fadiga sentida por estas crianças“.

Estima-se que 20% das crianças portuguesas em idade pré-escolar tenham hipoacusia ligeira, dificuldade de audição provocada por alterações no ouvido médio, como otites, por exemplo”, adianta o comunicado.

No estudo, intitulado “Impacto da Hipoacusia ligeira na aprendizagem da leitura (estudo longitudinal)” — que é sexta–feira apresentado em livro, pelas 14h30, na ESTeSC-IPC — é enfatizado que a dificuldade auditiva pouco severa “oscila ao longo do ano, mas o problema pode tornar-se permanente se não houver intervenção médica”.

Razão pela qual Margarida Serrano defende que “a avaliação audiológica das crianças no início da aprendizagem da leitura devia ser obrigatória”.

Segundo a investigadora, “cabe aos professores estarem atentos aos sinais de alerta e implementar alterações na sala de aula”, nomeadamente colocando uma criança com suspeita de dificuldade auditiva “num lugar privilegiado na sala de aula, onde possa ver a comunicação global do professor, se necessário”.

A investigação de Margarida Serrano conclui ainda que o desempenho dos dois grupos de crianças “é pior no ruído do que no silêncio, quer na repetição de palavras, quer na repetição de pseudopalavras”.

“O ruído e a reverberação são uma constante nas salas de aula e as condições acústicas interferem na aprendizagem, especialmente nas fases iniciais, em que a criança ainda não tem autonomia de leitura e está dependente de audição”, observa a professora.

Melhorar as condições acústicas das nossas escolas, através de pavimentos de madeira, paredes com isolamento acústico ou, pelo menos, material que permita diminuir a reverberação é algo imperativo nas nossas escolas, para o bem da qualidade da aprendizagem de todas as crianças”, sustenta.

Mais informações no link:

https://www.estescoimbra.pt/index.php/sem-categoria/criancas-com-dificuldades-ligeiras-de-audicao-tem-mais-dificuldades-em-aprender-a-ler/

 

Ação online de formação de curta duração: ” Atenção Visual/Perceção da Aprendizagem” 13 de novembro

Outubro 28, 2021 às 12:00 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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Pandemia revelou que mais de 90% das escolas não possuíam equipamentos suficientes

Junho 22, 2021 às 6:00 am | Publicado em Estudos sobre a Criança | Deixe um comentário
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Notícia do Diário de Notícias de 17 de junho de 2021.

Estudo do Conselho Nacional de Educação (CNE) retrata problemas, respostas e desafios enfrentados durante a primeira fase da pandemia, no ano letivo anterior.

A implementação do ensino remoto de emergência foi dificultada pelo número insuficiente de dispositivos digitais e de uma ligação à internet de qualidade. A maioria das escolas em Portugal (92%) não dispunha de equipamentos em número suficiente nem de ligação de internet com qualidade. E numa percentagem expressiva de escolas (80%), a falta desses dispositivos por parte dos alunos e famílias afetou o trabalho realizado. A conclusão é de um inquérito promovido pelo Conselho Nacional de Educação junto de diretores e professores com funções de coordenação nas escolas e retrata o forte impacto da pandemia de covid-19 no ensino em Portugal.

Em março do ano passado, as escolas do país fecharam portas pela primeira vez. Uma situação que, à data, apanhou a comunidade escolar de surpresa, sem tempo para uma preparação prévia por parte de alunos, professores e pais. Mais de um milhão e meio de crianças e jovens ficaram confinados em casa e passaram ao ensino à distância (E@D), algo totalmente novo para a maioria. Em julho de 2020, o CNE deu início a este estudo, cujas conclusões, ontem divulgadas, não deixam margem para dúvidas sobre os problemas enfrentados pela falta de meios e de capacitação tecnológica.

O CNE destaca que, apesar de ter sido um problema “transversal”, “a escassez de dispositivos digitais não afetou de forma igual as escolas, alunos e famílias”. “Foram evidentes assimetrias na distribuição territorial das escolas atingidas por essa falta de dispositivos digitais. O Alentejo Litoral, o Tâmega e Sousa, o Alto Tâmega e a Beira Baixa destacaram-se como as regiões com as percentagens mais elevadas de escolas muito afetadas”, concluiu.

Para tentar minimizar o impacto da falta de meios foram feitas parcerias, concretizadas através do fornecimento de equipamentos e ligação à internet (apoio referido por 76% dos diretores), bem como na distribuição e recolha de materiais de apoio à aprendizagem a alunos que não dispunham de dispositivos digitais. Neste sentido, 93% dos diretores indicaram que recorreram a vias de comunicação alternativas para estabelecer contacto com aqueles alunos e 40% assinalaram ter recorrido a contactos pessoais. As autarquias – municípios (61%) e juntas de freguesia (23%) – foram as entidades que mais colaboraram com as escolas. A larga maioria dos docentes (96%) utilizaram um computador ou tablet pessoal e apenas 2% fizeram uso do material cedido pela escola. Situação semelhante aconteceu quanto ao acesso à net, uma vez que quase todos os professores usaram uma ligação própria (99%).

Professores e alunos inadaptados

Já a perceção relativa à adequação das competências digitais dos professores para o ensino a distância dividiu opiniões. Para 41% dos diretores e 47% dos professores, o ensino remoto de emergência terá sido “afetado ou muito afetado” pela inadequação das competências digitais dos professores. De igual modo, a maioria dos diretores (79%) e dos professores (80%) indicaram que o ensino remoto de emergência foi “afetado ou muito afetado” pela falta de formação de alunos e famílias na utilização de recursos digitais.

Aprendizagens comprometidas e escola mais valorizada

O estudo do CNE revela uma valorização do papel da escola e dos professores durante o confinamento. Os pais e encarregados de educação passaram a valorizar “mais” ou “muito mais” o papel da escola. Quando questionados sobre os aspetos relativos ao papel da escola que passaram a ser mais valorizados pelos pais e pela comunidade”, identificaram a organização e apoio às aprendizagens (82% e 85%); desenvolvimento da autonomia e sentido de responsabilidade (82% e 83%); e socialização (77%)”.

No que se refere às aprendizagens, cerca de metade dos professores inquiridos disseram que o ensino à distância comprometeu as aprendizagens, apesar de a maioria dos alunos (78%) terem cumprido com regularidade as tarefas solicitadas. As dificuldades inerentes ao E@D levaram dois terços (66%) dos docentes a não conseguir cumprir a planificação do 3.º período, 7% decidiram não avançar com matéria nova e 11% dos que o fizeram optaram por não avaliar os conteúdos novos lecionados à distância.

Para fazer face às desigualdades de aprendizagem originadas pelo encerramento das escolas, as medidas que mais professores e diretores consideram importantes adotar são a organização dos alunos em grupos menores (89% e 73%, respetivamente) e a reapreciação dos programas tendo em conta as aprendizagens essenciais (74% e 73%, respetivamente). Os diretores também pretendem a adoção de outras medidas como aulas coadjuvadas ou em codocência (78%), tutorias (69%), apoio individualizado (68%) e reorganização da escola tendo em conta outros métodos de aprendizagem (como o trabalho de projeto). A preocupação com o número de alunos por turma é a mais recorre nos comentários dos professores.

dnot@dn.pt

O estudo citado na notícia é o seguinte:

EDUCAÇÃO EM TEMPO DE PANDEMIA | Problemas, respostas e desafios das escolas 

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