Qual o futuro das crianças com dificuldades de aprendizagem?
Novembro 15, 2019 às 8:00 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentárioEtiquetas: Alunos, Autorregulação da aprendizagem, Dificuldades de Aprendizagem, Dificuldades de Aprendizagem Específicas, Educação Inclusiva, Rita Branco, Sala de Aula
Artigo de opinião de Rita Branco publicado no Público de 10 de novembro de 2019.
Quando as crianças são envolvidas no processo de decisão sobre as aprendizagens que se propõe a realizar, conseguem comprometer-se com o objetivo a alcançar e desenvolver sentimentos de competência.
Em cada sala de aula pode existir pelo menos um aluno que, apesar de ter uma capacidade intelectual normal, não consegue aprender a ler, escrever ou calcular ao mesmo ritmo dos colegas (dislexia, disortografia ou discalculia). Para além destes alunos com dificuldades de aprendizagem específicas, as nossas turmas nas escolas são turmas com uma grande heterogeneidade de alunos, em que cada um tem características próprias que carecem também de atenção especial por parte dos professores. Qual o futuro das crianças com dificuldades de aprendizagem?
A legislação atual que regula a educação inclusiva, o Decreto-Lei n.º 54/2018, estabelece a escola como um local onde todos e cada um dos alunos encontram respostas que lhes possibilitam a aquisição de um nível de educação apropriado, assim como respostas às suas potencialidades, expectativas e necessidades.
A necessidade de reconhecer a diversidade dos seus alunos e lidar com essa diferença coloca novos desafios e exigências a cada escola. Contribuir para que todos os alunos atinjam o seu potencial é mais do que dar a matéria toda ou chegar ao fim do manual. Também é função da escola ensinar os alunos a assumirem a responsabilidade pela sua aprendizagem, ajudá-los a adquirir competências ao longo da escolaridade obrigatória que lhes permitam exercer uma cidadania plena e ativa. O ensino, neste momento, não consiste em transmitir conhecimentos imutáveis ou técnicas programadas, mas sim em promover competências como a adaptabilidade, criatividade, pensamento crítico, capacidade de comunicação e de relacionamento interpessoal que possibilitem a criação de habilidades de adaptação às mudanças que a sociedade anuncia. Para isso, os professores precisam de abandonar ou superar modelos pedagógicos anteriores, muitos deles baseados em modelos de segregação, e munirem-se de estratégias que possibilitem maior aprendizagem e envolvimento dos alunos.
Desenvolver competências como a autorregulação da aprendizagem justifica-se, uma vez que esta promove a apropriação de conhecimentos e competências necessárias para a vida pessoal e profissional. A autorregulação da aprendizagem é um processo ativo, através do qual os alunos definem objetivos, planeiam o seu trabalho, tomam decisões estratégicas, monitorizam os processos cognitivos, fazem a gestão de emoções e de recursos, refletem e avaliam os resultados que obtiveram. É o mecanismo que nos possibilita gerir ou regular pensamentos, sentimentos e comportamentos, que se manifestam em ações planeadas e ciclicamente adaptadas para a obtenção de metas e de objetivos pessoais. Este processo é influenciado por fatores metacognitivos, motivacionais, sociais ou culturais. Quando uma criança estabelece um objetivo de aprendizagem e o seu planeamento estratégico, entram em ação as crenças sobre a sua autoeficácia e as suas expetativas de realização, interesse intrínseco, conhecimentos ou experiências anteriores, que vão determinar o sucesso da tarefa. Por exemplo, é comum ouvirem-se pais a afirmar algo do género “eu também nunca fui bom a Matemática” perante as más notas das crianças e jovens nesta disciplina, evidenciando uma cultura em que é normal chumbar na disciplina de Matemática e promovendo a crença que também elas talvez não venham a ter sucesso na disciplina. Outra situação em que podemos influenciar os processos autorregulatórios na aprendizagem das crianças é no momento em que elas entram para a escola, ouvimos frequentemente “vais para a escola, tens de trabalhar para ter boas notas e passar de ano”, explorando pouco os interesses e motivos pessoais das crianças para aprender.
Quando as crianças são envolvidas no processo de decisão sobre as aprendizagens que se propõem realizar, conseguem comprometer-se com o objetivo a alcançar e desenvolver sentimentos de competência. Exercícios como o desenvolvimento de registos diários que envolvam descrições como “hoje quero aprender…, acho que vou conseguir…”, refletir ou tomar consciência do procedimento que usaram, fazer revisões, avaliar os conhecimentos adquiridos, realizar pesquisas ou resumos são formas de desenvolver a autorregulação da aprendizagem.
O futuro das crianças com dificuldades de aprendizagem prepara-se no agora, numa escola que valoriza os alunos, que ensina a aprender a aprender, a aprender a fazer, a aprender a ser e a aprender a viver com os outros.
Psicóloga educacional do CADIn
II Simpósio – Família, Criança e Escola – 3 maio em Santo Tirso
Abril 26, 2019 às 12:00 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentárioEtiquetas: Alunos com Autismo, Câmara Municipal de Santo Tirso, Comportamentos Autolesivos, Crianças, Dificuldades de Aprendizagem, Escola, família, Fobias, Hiperactividade e Défice de Atenção, luto, PIN - Progresso Infantil, Simpósio
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Não acabem com a caligrafia: escrever à mão desenvolve o cérebro
Julho 11, 2016 às 6:00 am | Publicado em Estudos sobre a Criança | Deixe um comentárioEtiquetas: Artigo, Crianças, Dificuldades de Aprendizagem, Escrita, Estudo, linguagem oral, Processamento cognitivo, Robert Abbott, The Journal of Learning Disabilities, Virginia Berninger
Notícia do http://diariodigital.sapo.pt/ de 25 de junho de 2016.
O estudo citado na notícia é o seguinte:
Num artigo publicado no The Journal of Learning Disabilities, pesquisadores estudaram como a linguagem oral e escrita se relacionavam com a atenção e com o que é chamado de habilidades de «função executiva» (como planeamento) em crianças do quarto ao nono ano, com e sem dificuldades de aprendizagem.
Virginia Berninger, professora de Psicologia Educacional da Universidade de Washington e principal autora do estudo, contou que a evidência dessa e de outras pesquisas sugere que «escrever à mão – formando letras – envolve a mente, e isso pode ajudar as crianças a prestar atenção à linguagem escrita».
No ano passado, num artigo no Journal of Early Childhood Literacy, Laura Dinehart, professora associada de Educação da Primeira Infância na Universidade Internacional da Florida, discutiu várias possibilidades de associações entre boa caligrafia e desempenho académico: crianças com boa escrita à mão são capazes de conseguir notas melhores porque o seu trabalho é mais agradável para os professores lerem; as que têm dificuldades com a escrita podem achar que uma parte muito grande da sua atenção está a ser consumida pela produção de letras, e assim o conteúdo sofre.
Mas podemos realmente estimular o cérebro das crianças ao ajudá-las a formar letras com as suas mãos? Numa população de crianças pobres, diz Laura, as que possuíam boa coordenação motora fina antes mesmo do jardim da infância deram-se melhor mais tarde na escola.
Ela diz que mais pesquisas são necessárias sobre a escrita nos anos pré-escolares e sobre as maneiras para ajudar crianças pequenas a desenvolver as habilidades que precisam para realizar «tarefas complexas» que exigem coordenação de processos cognitivos, motores e neuromusculares.
Esse mito de que a caligrafia é apenas uma habilidade motora simplesmente está errado. Usamos as partes motoras do nosso cérebro, o planeamento motor, o controlo motor, mas muito mais importante é a região do órgão onde o visual e a linguagem se unem, os giros fusiformes, onde os estímulos visuais realmente se tornam letras e palavras escritas
As pessoas precisam de ver as letras «nos olhos da mente» para produzi-las na página, explica ela. A imagem do cérebro mostra que a activação dessa região é diferente em crianças que têm problemas com a caligrafia.
Monitorizações cerebrais funcionais de adultos mostram que uma rede cerebral característica é activada quando leem, incluindo áreas que se relacionam com processos motores. Os cientistas inferiram que o processo cognitivo de ler pode estar conectado com o processo motor de formar letras.
Larin James, professora de Ciências Psicológicas e do Cérebro na Universidade de Indiana, observou o cérebro de crianças que ainda não sabiam caligrafia. «Os seus cérebros não distinguiam as letras; elas respondiam às letras da mesma forma que respondiam a um triângulo», conta ela.
Depois de as crianças terem aprendido a escrever à mão, os padrões de activação do cérebro em resposta às letras mostraram mais activação daquela rede de leitura, incluindo os giros fusiformes, junto com o giro inferior frontal e regiões parietais posteriores do cérebro, que os adultos usam para processar a linguagem escrita – mesmo que as crianças ainda estivessem num estágio muito inicial na caligrafia.
«As letras que elas produzem são muito rabiscadas e variáveis, e isso na verdade é bom para o modo como as crianças aprendem as coisas. Esse parece ser um dos grandes benefícios da escrita à mão», conta Larin James.
Conferência Crescer na Escola – 30 janeiro em Cascais
Janeiro 18, 2016 às 1:00 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentárioEtiquetas: CADIN - Centro de Apoio ao Desenvolvimento Infantil, Conferência, Dificuldades de Aprendizagem, Necessidades Educativas Especiais, Sala de Aula
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Workshop: Dificuldades de Aprendizagem : Fundamentos, Diagnóstico e Intervenção em Contexto Escolar e Clínico
Setembro 7, 2015 às 6:00 am | Publicado em Divulgação | Deixe um comentárioEtiquetas: Dificuldades de Aprendizagem, Oficina Didáctica, Workshop
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