Tablets e telemóveis “prejudicam muito a fala e a linguagem”

Fevereiro 8, 2023 às 8:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Entrevista ao Diário de Notícias de 27 de janeiro de 2023.

Crianças usam mais tablets’ e smartphones’ para brincar

Dezembro 12, 2022 às 6:00 am | Publicado em Estudos sobre a Criança, O IAC na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia do Destak de 7 de dezembro de 2022.

Tempo médio diário de brincadeira diminuiu durante os últimos quatro anos

Dezembro 7, 2022 às 12:00 pm | Publicado em Estudos sobre a Criança, O IAC na comunicação social | Deixe um comentário
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maemequer

Notícia do Mãemequer de 24 de Novembro de 2022. 

O consumo de telemóveis e outros dispositivos digitais aumentou consideravelmente.

POR   JÚLIA ROCHA

Um recente estudo nacional revelou que o tempo médio de brincadeira diário, tem vindo a diminuir durante os últimos quatro anos. Entre 2018 e 2022, a redução do tempo médio de brincadeira foi de cerca de duas horas.

O estudo, divulgado hoje e que recebeu o nome Portugal a Brincar II – 2022, tem como base um inquérito feito a mais de 1600 famílias com crianças até aos 10 anos, tendo sido elaborado pela Escola Superior de Educação de Coimbra, em parceria com o Instituto de Apoio à Criança e a Estrelas & Ouriços.

Ainda que a maior parte dos inquiridos (50,9%) tenha considerado o tempo de brincadeira diário importante, para estimular a imaginação e criatividade das crianças, o tempo médio diário atual dedicado a brincar está entre as duas e três horas.

Foi esta a resposta mais comum, que reuniu 27,4% das respostas. Em 2018, quando foi publicado um estudo semelhante, o segundo lugar era ocupado pela resposta “mais de cinco horas”. Em 2022 fica-se por “uma a duas horas”.

É interessante verificar que a maioria dos inquiridos considera que as crianças não brincam tempo suficiente. 17,3% das pessoas inquiridas consideram que brincar é uma atividade importante porque promove o desenvolvimento emocional da criança. Já 11,6% destacam o desenvolvimento das atividades cognitivas e 9,7% escolheram a opção “momento de diversão“.

O estudo feito há quatro anos, com uma amostra semelhante, revelou que mais de 30% dos inquiridos consideraram que o tempo de brincadeira era importante para o desenvolvimento emocional das crianças.

A amostra do estudo é maioritariamente composta por agregados de classe média e cerca de 70% dos questionados tinha licenciatura ou mestrado. 85,5% afirmaram ser casados ou viver em união de facto e 91,4% são mulheres.

No inquérito, a casa destacou-se como sendo o local onde mais de brinca, 70,4% do tempo, seguida dos espaços públicos ao ar livre com 9,2%. Os resultados dos inquéritos de 2018 e de 2022 indicam que as crianças passaram a brincar menos com outras crianças da mesma idade e mais com os irmãos e com os pais.

Os resultados do estudo estarão em debate na conferência “Como brincam hoje as crianças em Portugal”.

 

Brincar é importante porque estimula imaginação e criatividade das crianças

Novembro 29, 2022 às 12:00 pm | Publicado em Estudos sobre a Criança, O IAC na comunicação social | Deixe um comentário
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publico

Notícia do Público de 23 de Novembro de 2022. 

Para vários dos inquiridos, brincar é importante para promover o desenvolvimento afectivo e emocional da criança.

Lusa

A brincadeira é importante para as crianças sobretudo porque estimula a sua imaginação e criatividade, considerou a maioria (50,9%) dos inquiridos no âmbito de um estudo sobre o tema, a divulgar nesta quinta-feira.

O trabalho “Portugal a Brincar II – 2022” tem por base um inquérito a mais de 1600 famílias com crianças até aos dez anos, tendo sido elaborado pela Escola Superior de Educação de Coimbra, em parceria com o Instituto de Apoio à Criança e a Estrelas & Ouriços, uma revista e um site de actividades culturais e de lazer para país e filhos até aos 12 anos.

Para 17,3% dos inquiridos, brincar é importante porque “promove o desenvolvimento afectivo e emocional da criança”, enquanto 11,6% destacaram o desenvolvimento das suas competências cognitivas e 9,7% o facto de ser “um momento de diversão”.

No primeiro estudo, realizado em 2018 com uma amostra semelhante, foi privilegiado o desenvolvimento afectivo e emocional da criança (31,3% dos inquiridos).

Em relação ao tempo médio diário dedicado à brincadeira, entre duas a três horas foi a resposta mais comum (27,4%), tal como no inquérito precedente.

“Contudo, em 2018 o 2.º lugar era ocupado por ‘mais de cinco horas’ e em 2022 por ‘uma a duas horas’, verificando-se assim um decréscimo do tempo de brincadeira”, refere o estudo. Assinala-se, no entanto, que a maioria dos inquiridos considera que as crianças não brincam tempo suficiente.

A amostra do estudo é maioritariamente composta por agregados de classe média e cerca de 70% dos questionados “tem habilitações académicas ao nível do ensino superior (licenciatura ou mestrado)”, 85,5% são casados ou vivem em união de facto e 91,4% são mulheres.

“A distribuição de género das crianças é equilibrada, sendo 51,2% do género masculino e 48,8% do género feminino” e o inquérito contou com respostas de todos os distritos de Portugal (Continente e ilhas), com destaque para os de Coimbra (33,2%) e de Lisboa (22,4%).

Locais de brincadeira: sobretudo a casa

Em relação aos locais de brincadeira, a casa destaca-se significativamente (70,4% do tempo), seguida dos espaços públicos ao ar livre (9,2%). Neste caso foi registado um aumento em 2022, “que pode ser explicado pela necessidade emergente que as famílias têm agora de sair e aproveitar o ar livre”, segundo os autores do estudo.

Estes assinalam ainda que as famílias indicaram que as crianças gostam mais de brincar em espaços próprios, como os parques infantis (33,5%), seguidos da casa e dos espaços públicos ao ar livre quase ao mesmo nível, 27,7% e 27,2% respectivamente.

Os dados mostram “a baixa percentagem de crianças que brincam na rua”, embora se refira ter vindo a crescer “a preocupação em possibilitar que as crianças brinquem mais tempo na rua, em contacto com os elementos naturais”.

“Estas brincadeiras já não fazem parte do quotidiano, comparativamente com o que acontecia no passado” e “as famílias parecem estar cada vez mais conscientes desta mudança”, com 57,2% dos inquiridos a responder que gostariam que as crianças brincassem mais tempo em espaços ao ar livre.

Por outro lado, os resultados dos inquéritos de 2018 e de 2022 indicam que as crianças passaram a brincar menos com outras crianças da mesma idade e mais com os irmãos e com os pais.

Os autores do estudo consideram, por outro lado, que existe “uma situação grave a nível das políticas de apoio à família e à conciliação trabalho-família”. A “falta de energia devido à elevada carga de trabalho diário” (35,7%) e os “horários incompatíveis com o tempo livre da criança” (29,8%) são apontados pelas famílias como obstáculos às brincadeiras.

Preferência pelo faz-de-conta

Entre as brincadeiras, as crianças preferem as de faz-de-conta (25,7%), de construção (19,3%), lúdico-desportivas (17,1%) e de pintura ou desenho (16,3%).

Quanto aos brinquedos, apenas 0,7% das crianças não recebeu qualquer brinquedo no último ano, enquanto 47,4% foram presenteados com entre seis e dez, menos do que em 2018 quando a maioria das crianças recebeu mais de 15 brinquedos.

De acordo com a amostra, “a maioria das crianças (69,5%) tem uma maior quantidade de brinquedos não electrónicos em comparação com os brinquedos electrónicos (em 2018 este número era de 73,3%), em apenas 2% dos casos se verifica a situação inversa”.

E, tendo em conta as que apenas têm um tipo daqueles brinquedos, 16,9% só tem brinquedos não electrónicos (7,8% em 2018) e 0,1% só tem brinquedos electrónicos.

O estudo conclui que 69,5% das crianças usa smartphones ou tablets, enquanto 30,5% “não utiliza este tipo de tecnologia para brincar”, valores semelhantes aos de 2018. O que aumentou foi a percentagem de crianças que possuem o seu aparelho, 21,6% em 2018 e 30,9% em 2022.

Do grupo de crianças que recorre a smartphones ou tablets para brincar, a maioria (43,4%) brinca durante uma hora ou menos com eles diariamente, tendo aumentado de 9,8% para 21,8% as que brincam entre uma a duas horas por dia. Aumentou também o número das que recorrem aos videojogos (24,8% em 2018 e 39,2% em 2022).

A ver televisão, 48,8% das crianças gastam até uma hora por dia e 40,2% entre uma e duas horas, em relação ao inquérito de 2018 menos crianças vêem apenas uma hora e mais entre uma a duas horas.

“As famílias relatam que 52,1% das crianças brinca com jogos ou brincadeiras tradicionais com alguma frequência, enquanto 35,9% raramente o faz”.

Neste segundo inquérito as famílias foram questionadas sobre a pandemia de covid-19, tendo 67,5% dos inquiridos considerado que afectou negativamente o brincar das crianças, devido à “limitação de uso dos espaços de brincar exteriores” e dos parceiros de brincadeira, assim como à “diminuição da disposição da criança para brincar” e ao “aumento do uso de tecnologias”, entre outros.

Por outro lado, 78,8% dos questionados considera ter brincado mais tempo com as crianças durante o confinamento geral e 13,3% ter brincado o mesmo tempo que antes. Apenas 7,9% dizem ter brincado menos tempo.

Os resultados do estudo estarão em debate na conferência “Como brincam hoje as crianças em Portugal”, organizada pela Estrelas & Ouriços e que tem como um dos convidados de honra Carlos Neto, professor e investigador da Faculdade de Motricidade Humana, “figura de referência em Portugal quando se fala de brincar”.

“Brincar é das dimensões mais importantes e estruturantes no desenvolvimento de uma criança, pelo que nos faz todo o sentido aprofundar esta temática. Trazer a voz dos nossos parceiros para o mesmo palco vai oferecer uma enorme riqueza de respostas às famílias e aos profissionais ligados à área da educação, dando continuidade à missão da Estrelas & Ouriços de ser facilitadora da vida em família e em ambiente escolar”, defende Madalena Nunes Diogo, directora-geral da Estrelas & Ouriços, citada no comunicado de divulgação da conferência.

 

Crianças usam o smartphone cada vez mais cedo. O que os pais devem saber antes de lhes dar um

Novembro 14, 2022 às 8:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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cnn

 

Notícia da CNN de 7 de novembro de 2022.

Há crianças que começam a usar smartphone nos primeiros anos de vida, mas isto pode ter consequências no desenvolvimento cerebral e social. Com que idade as crianças devem ter o primeiro smartphone? Qual o limite de horas que devem passar junto ao ecrã? Que regras os pais devem implementar? Os especialistas respondem

Um estudo do ano passado mostra que 95% das crianças portuguesas com 10 ou mais anos já têm o seu próprio smartphone e que, abaixo dessa idade, 34% dos menores também já receberam este dispositivo. Os dados foram obtidos pela empresa de estudos de mercado Boutique Research para a cadeia de lojas de artigos tecnológicos Hubside.Store e confirmam aquilo que já se suspeitava: seja para acederem a redes sociais, para jogarem ou simplesmente para verem vídeos no Youtube, há cada vez mais crianças e de mais tenra idade a usarem o smartphone com regularidade.

Uma realidade que é preocupante: “Há crianças de cinco e seis anos a quem lhes é atribuído um smartphone próprio”, nota o psicólogo João Nuno Faria, em declarações à CNN Portugal. O especialista é perentório: “Antes dos 10 anos não existe necessidade de ter um smartphone”. Mesmo que a criança possa jogar ou visualizar vídeos através das plataformas digitais, o psicólogo lembra que antes dos 10 anos isto deve acontecer através dos dispositivos dos pais. “A criança pode aceder habitualmente ao dispositivo de uma figura parental, com mediação”

Para a psicóloga Catarina Lucas, os 10 anos são uma boa idade para receber o primeiro telemóvel porque “coincide com a entrada das crianças no segundo ciclo” e, por vezes, há necessidade de “contacto com os pais”. Além disso, destaca, já há uma “capacidade cognitiva” para se “perceber os perigos no uso do telemóvel”. “Uma criança de cinco ou seis anos tem dificuldade em compreender os perigos”, alerta a psicóloga.

“Os telemóveis são usados em fases muito precoces. E quando vamos a restaurantes, por exemplo, vemos isso. Quando a criança não está com o telemóvel é claro que ela precisa de atenção, mas isso é normal”, frisa Catarina Lucas.

Neste sentido, a especialista explica à CNN Portugal que os telemóveis são muitas vezes usados pelos pais “como uma ferramenta para entreter os filhos”. “Os pais chegam ao fim do dia cansados e têm uma necessidade de desligar, de parar um bocadinho”, acrescenta a psicóloga, para de imediato ressalvar que, com isto, não quer culpabilizar os pais, mas chamar a atenção para as dinâmicas da sociedade e do trabalho que acabam por gerar estes comportamentos.

As consequências do smartphone nos primeiros anos de vida

Sendo certo que há cada vez mais crianças a utilizarem o smartphone com poucos anos de vida, a questão impõe-se: que consequências este uso precoce pode gerar no desenvolvimento das crianças?

“Se for utilizado numa idade precoce, ainda existem muitas dúvidas sobre qual o impacto no desenvolvimento da própria arquitetura cerebral”, começa por dizer João Nuno Faria.

Por isso é que a Organização Mundial da Saúde (OMS) define limites “muito claros para a utilização do telemóvel” e recomenda “a não aproximação das crianças de um ecrã portátil antes de um ano, um ano e meio de vida”, completa o especialista, sublinhando que, aqui, “o maior receio é naturalmente o impacto negativo”.

Há já, no entanto, “um impacto sobejamente conhecido”, afirma o especialista: “está relacionado com a luz azul de um dispositivo móvel”. Ora, a luz azul é emitida pelos dispositivos eletrónicos como ecrãs de televisão, computadores, tablets e smartphones e sabe-se que ela “interfere com o processo de sono porque adia a libertação da melatonina” – a melatonina, recorde-se, é uma hormona e a principal responsável pela indução do sono.

Por outro lado, o facto de estar demasiado tempo ao telemóvel pode significar para a criança “não interagir com os colegas, não sair para a rua, estar fechada dentro de casa”, começa por dizer Catarina Lucas. E quando “começa a existir este isolamento”, acrescenta, “o desenvolvimento de competências sociais é afetado”. 

“A criança está completamente focada no telemóvel, que é um dispositivo pequeno, e fica alheada de tudo. Passa a conhecer o mundo através de um telemóvel e não porque o explora”, frisa.

A psicóloga vai mais longe do que as recomendações oficiais da OMS e defende que a utilização do smartphone nem deve existir nos três primeiros anos de vida. A partir desta idade, o uso deve ser supervisionado: os pais devem saber “que aplicações estão instaladas”, devem “estar atentos aos horários das refeições” e “quando a criança vai para a cama não a deixar levar o dispositivo”.

João Nuno Faria defende que, no que diz respeito à atribuição de um smartphone e à sua utilização, os pais devem adotar uma “trajetória gradual, que vá de encontro ao desenvolvimento das crianças”. Mas que trajetória seria essa? Tendo em conta as recomendações dos especialistas e da própria OMS, seria mais ou menos assim:

  • Até um ano / um ano e meio de vida

Por causa do desconhecimento que ainda existe sobre o impacto no desenvolvimento cerebral, os bebés até um ano e meio de vida não devem ter qualquer contacto com ecrãs. Os bebés devem ser entretidos com brinquedos específicos para a sua idade ou até com música.

  • Um ano e meio / 2 anos –  até aos 5

A partir desta fase e até aos cinco anos, as crianças podem ter contacto com ecrãs, sejam smartphones ou tablets, mas sempre mediados por adultos. O tempo passado com estes dispositivos não deve ser superior a uma hora, mas o ideal é mesmo que seja inferior. Os especialistas sublinham que a partir dos três anos já é importante ter algumas horas de atividade física – pelo menos três – que podem ser geridas conforme os interesses da criança: um desporto que goste, aprender a andar de bicicleta ou de patins ou um simples passeio em em família.

  • Dos 5 aos 10 anos

Nesta fase, as crianças já podem mexer em ecrãs com mais regularidade, embora a recomendação continue a ser para que não se exceda uma hora de utilização – sempre supervisionada. Por outro lado, a OMS recomenda que os conteúdos não sejam sempre iguais, ou seja, que a criança não jogue sempre o mesmo jogo ou veja sempre os vídeos do mesmo canal. A atividade física é fundamental para o desenvolvimento das capacidades motoras e a interação com outras crianças fundamental para as competências sociais. 

  • Dos 10 aos 12 anos

Aos 10 anos, a maioria das crianças portuguesas recebe um smartphone próprio. Apesar de, com esta idade, terem maior autonomia e uma capacidade cognitiva que lhes permite estarem mais atentas aos perigos da Internet, os controlos parentais continuam a ser preponderantes: “Não numa forma de policiamento, mas do ponto de vista da utilização: que apps são utilizadas, que redes sociais são mais frequentes”, vinca João Nuno Faria. O psicólogo explica que é necessário estabelecer “um contrato de confiança” entre pais e filhos que, por vezes, é difícil de negociar. O especialista ressalva que, dependendo das características da própria criança, também poderá haver uma “maior ou menor cedência”.

Por outro lado, nesta fase em que o telemóvel começa a ser usado com maior autonomia, é importante estabelecer regras como a não utilização do dispositivo às refeições. E aqui, a psicóloga Catarina Lucas tem um recado para os pais: “É difícil implementar regras como a não utilização dos telemóveis à refeição se os pais ficam com o telemóvel. Uma criança retém muito mais o que vê do que o que lhe é dito”.

O telemóvel também deve ser desligado pouco antes de a criança se ir deitar, uma vez que a luz azul pode prejudicar a qualidade de sono e os estudos mostram que, na adolescência, os jovens têm uma necessidade de horas de sono superior à dos adultos. Uma má qualidade de sono pode afetar diretamente o desempenho das crianças na escola.

Youtube só o “Kids”, TikTok nunca antes dos 16

Os pais devem supervisionar a utilização do smartphone e garantir algumas medidas de segurança. O especialista em cibersegurança Nuno Mateus-Coelho explica à CNN Portugal que há “aplicações que já permitem essa moderação, que aplicam limites aos conteúdos que as crianças veem, como é o caso do Youtube”.

Ainda assim, o especialista refere que esta moderação tem as suas limitações porque a identificação “para maiores de 18” é apenas isso, “uma identificação”, e neste momento o Youtube é um negócio, com conteúdos “totalmente desenvolvidos por adultos, que têm fins lucrativos”.

“Enquanto que há dez anos o conteúdo ainda era tímido, nos dias de hoje a plataforma é feita para ganhar dinheiro. Os pais ainda não perceberam que o Youtube que há agora é diferente do que havia há dez anos, as pessoas que estão lá são mais excêntricas para terem visualizações. E muitas vezes usam uma linguagem de adultos com palavrões e expressões de adultos”, salienta.

Nuno Mateu-Coelho frisa que os criadores estão cada vez mais a “dramatizar os seus conteúdos”, falando mesmo numa espécie de “circo”, que tem como objetivo ganhar visualizações, seguidores e subscrições. O facto de os autores serem adultos que muitas vezes utilizam uma linguagem de adultos cria sérios problemas noutros contextos: “Quando depois um adulto fala desta forma, a criança já não vai estranhar o tom de voz e este tipo de expressões e facilmente cria uma ligação”, vinca.

Por isso, mesmo com essa moderação ativada, o especialista em cibersegurança não tem dúvidas: é preciso garantir sempre uma supervisão. “Os pais têm de estar sempre atentos quando a criança usa [o dispositivo], as crianças não podem estar isoladas e com auscultadores”, acrescenta.

Nuno Mateus-Coelho nota que há uma diferença entre conteúdos “que são aptos para crianças e conteúdos que são especificamente desenhados para crianças”. E no caso concreto do Youtube, o especialista aconselha os pais a recorrerem desde cedo ao Youtube Kids, a versão para crianças, que deve ser usada até aos 10 anos e que disponibiliza apenas “conteúdos desenhados para crianças e por autores fidedignos”.

Mas se o Youtube capta as atenções na faixa abaixo dos 10 anos, a partir daí e na adolescência são as redes sociais que se começam a tornar mais relevantes, com o TikTok desde logo à cabeça. E Nuno Mateus-Coelho é perentório: “O TikTok é a rede social mais perigosa do momento”. O especialista alerta para os perigos dos desafios que se tornam virais nesta rede social, marcada por “conteúdo extremamente sexualizado”, “polarizado”, com mensagens violentas e “xenófobas”. Nuno Mateus-Coelho considera que o TikTok “é um barril de pólvora” e não deve ser permitido antes dos 16 anos.

Nomofobia e FOMO, dois problemas que os pais podem ajudar a evitar

Apesar das possibilidades de supervisão e controlo parental, a verdade é que as novas gerações já nasceram num mundo altamente tecnológico e os especialistas alertam que é muito difícil dissociar o desenvolvimento dos menores desse ambiente digital. “A tecnologia está entre nós e pode ser muito positiva. O importante é o equilíbrio que é preciso ir fazendo”, nota Catarina Lucas.

Na mesma linha, João Nuno Faria refere que a tecnologia também produz benefícios: “Existem linhas que nos mostram que a interação eletrónica até pode promover as competências sociais”. “Para indivíduos com espectro de autismo, por exemplo, é muito mais fácil a comunicação escrita do que a comunicação cara a cara”, explica.

No entanto, é preciso que a “introdução da tecnologia” seja feita “de uma forma consciente” e “se a interação eletrónica for uma entre múltiplas atividades” evitam-se problemas de dependência e adição no futuro. João Nuno Faria esclarece que a dependência do smartphone “enquanto categoria clínica, ainda não está identificada”, como “existe a dependência do jogo, do videojogo e das redes sociais”. No entanto, vinca, o smartphone é um meio para os conteúdos que podem causar esses comportamentos aditivos.

E nos últimos tempos, muito se tem ouvido falar de nomofobia, a incapacidade de estar longe dos aparelhos eletrónicos, e de FOMO (Fear Of Missing Out, que significa “medo de perder alguma coisa”),“uma experiência que impede o indivíduo de se afastar das redes sociais”, nota o psicólogo. Se o contacto com a tecnologia for estruturado num “modelo em que há uma posição muito regrada e consciente do ponto de vista parental”, dificilmente se tornará num problema.

 

Miúdos estão a ter problemas de visão idênticos a pessoas com 60 anos

Novembro 14, 2022 às 6:00 am | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia do Notíciasaominuto de 18 de outubro de 2022.

Uma das causas está no número de horas que passam em frente a ecrãs, como a televisão, telemóveis e tablets.

São vários os miúdos a partir dos seis anos que estão a apresentar doenças oculares idênticas a pessoas com 60 anos. Uma das causas apontadas é o tempo elevado que passam em frente a ecrãs como a televisão, telemóveis e tablets.

Um dos problemas apontados é o olho seco. Acontece quando o olho não consegue fornecer lubrificação suficiente. Acaba por resultar em olhos doridos e mais sensíveis.

Segundo Sarah Farrant, especialista em visão, esta é uma patologia que era costume ver apenas em pessoas entre os 50 e os 60 anos.

“Quando comecei com a minha clínica, há 15 anos, não havia uma única criança que aparecesse com esta doença”, explicou a médica ao Daily Mail. “Nos últimos cinco ou seis anos tenho visto cada vez mais crianças com olho seco”, revela.

Além das horas passadas a olhar para ecrãs, outra das causas que identifica é o uso de maquilhagem, que acontece cada vez mais cedo. Pode acabar por afetar os olhos.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, os miúdos entre os dois e os cinco anos apenas deviam estar uma hora por dia a ver televisão ou um outro tipo de ecrã.

“Os media digitais fazem parte regular da vida das crianças. Apoiar as famílias para melhor adequar as recomendações baseadas em evidências nestas rotinas diárias precisa de ser uma prioridade”, explicam cientistas ao jornal Jama Pediatrics.

Mais informações aqui

 

DGS recruta jovens para perceber o tipo de publicidade alimentar a que estão expostos

Agosto 3, 2022 às 6:00 am | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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dgs

 

Notícia da TSF de 27 de julho de 2022.

Ouvir o áudio da notícia aqui

O estudo consiste na instalação de uma aplicação num telemóvel ou tablet e, de forma automática, é recolhida informação sobre os anúncios alimentares aos quais os jovens estão expostos.

Por Dora Pires com Clara Maria Oliveira

Direção-Geral de Saúde (DGS) está a recrutar crianças e adolescentes para um estudo que procura perceber o tipo de publicidade alimentar a que os menores estão expostos quando usam as redes sociais.

Em Portugal, a lei proíbe o marketing a alguns tipos de alimentos, mas torna-se quase impossível fiscalizar ao que os jovens têm acesso quando usam a internet.

Maria João Gregório, a diretora do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável da DGS vai coordenar o estudo e encontra-se a recrutar participantes nas famílias portuguesas. Para entrar, os membros têm de se encontrar na faixa etária entre os três e 18 anos e ter na sua posse dispositivos com o sistema Android.

A análise consiste na instalação de uma aplicação num telemóvel ou tablet e, de forma automática, é recolhida informação sobre os anúncios aos quais os jovens estão expostos.

“Analisados os dados, implica analisar o perfil nutricional dos alimentos porque aquilo que queremos limitar é a exposição ao marketing de alimentos não saudáveis”, explica.

A lei portuguesa proíbe a publicidade a alguns tipos de alimentos, dirigida a crianças e jovens, e com este estudo vai ser possível perceber quem está a violar a lei – algo inédito no espaço digital e a nível internacional.

“Existem estudos que têm feito esta análise, mas em meios mais tradicionais, como é o caso da televisão, mas, hoje em dia, sabemos que é no contexto digital onde as crianças mais passam o seu tempo”, conclui Maria João Gregório.

O formulário para a inscrição no estudo encontra-se disponível no site da DGS para jovens entre os três e os 18 anos de idade. A aplicação para recolha dos dados deve estar instalada nos dispositivos móveis durante quatro semanas.

Mais informações sobre o estudo aqui

 

 

Crianças entram em clubes de strip virtuais com app do Metaverso, revela investigação da BBC

Março 5, 2022 às 4:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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bbc

Notícia da BBC News de 2 de março de 2022.

Angus Crawford e Tony Smith

BBC News

Uma pesquisadora da BBC News se passou por uma menina de 13 anos e testemunhou assédio, situações de teor sexual, insultos racistas e uma ameaça de estupro no metaverso, mundo da realidade virtual.

Ela usou um aplicativo voltado para maiores de 13 anos e visitou salas virtuais onde avatares simulavam sexo. Foram exibidos brinquedos sexuais e preservativos a ela, que foi abordada por vários homens adultos.

O metaverso é o nome dado aos jogos e às experiências acessadas com óculos de realidade virtual. A tecnologia, antes restrita ao mundo dos games, está sendo adaptada para muitas outras áreas — para assistir a shows ou idas virtuais ao cinema, passando por atividades do mundo corporativo.

Mark Zuckerberg considera o metaverso o futuro da internet — tanto que recentemente rebatizou sua corporação como Meta e tem investido bilhões de dólares no desenvolvimento de seu Oculus Quest.

Estima-se que o Oculus Quest – que agora leva a marca Meta Quest – tenha até 75% da participação de mercado. Foi um desses aparelhos que a pesquisadora da BBC News usou para explorar um aplicativo chamado VRChat, uma plataforma virtual online que os usuários podem explorar com avatares 3D.

Embora não seja feito pela Meta, ele pode ser baixado de uma loja de aplicativos no óculos Meta Quest sem verificações de idade mínima- o único requisito é uma conta no Facebook.

A Sociedade Nacional para a Prevenção da Crueldade contra Crianças (NSPCC, na sigla em inglês), uma organização britânica voltada para a segurança de crianças, declarou estar “chocada e irritada” com o que foi revelado pela investigação da BBC.

Andy Burrows, chefe para políticas de segurança infantil online da entidade, acrescentou que os achados demonstram “uma combinação tóxica de riscos” e que alguns aplicativos no metaverso têm uma “natureza perigosa”.

A pesquisadora da BBC News criou um perfil falso para configurar sua conta — e sua identidade real não foi verificada.

Dentro do VRChat, há salas onde os usuários podem se encontrar: algumas ambientes são inocentes — um McDonald’s, por exemplo — mas também há pole dance e clubes de strip-tease.

As crianças circulam livremente ao lado de adultos.

Um homem disse à nossa pesquisadora que os avatares “podem tirar a roupa e fazer coisas impublicáveis”. Outros falam em “jogos eróticos”.

Após a investigação da BBC News, a NSPCC disse que melhorar a segurança online é uma questão de urgência.

Burrows, do NSPCC, disse que “crianças estão sendo expostas a experiências totalmente inapropriadas e incrivelmente prejudiciais”

Ele acredita que empresas de tecnologia aprenderam pouco com os erros cometidos na primeira geração de mídias sociais.

“Este é um produto que tem uma natureza perigosa, por causa da falta de supervisão e por negligência. Estamos vendo produtos sendo lançados sem considerações sobre a segurança” para os usuários, disse ele.

A Meta declarou que oferece ferramentas que permitem aos jogadores bloquear outros usuários e está procurando fazer melhorias de segurança “à medida que aprende como as pessoas interagem nesses espaços”.

A BBC News também conversou com um ativista do campo da segurança online que passou meses investigando o VRChat e que agora publica seus vídeos no YouTube.

Ele conversou com crianças que dizem ter sido assediadas na plataforma e forçadas a participar de sexo virtual. Ele prefere permanecer anônimo porque está preocupado com a segurança de sua família.

O ativista explicou porque a realidade virtual é tão imersiva que as crianças representam os movimentos sexuais.

Minha experiência no VRChat

Por Jess Sherwood

Eu fiquei surpresa como você fica totalmente imersa nesses espaços. Me senti uma criança de novo. Quando homens adultos perguntavam por que eu não estava na escola e me encorajavam a participar de atos sexuais na realidade virtual, tudo pareceu mais perturbador.

O VRChat definitivamente parecia mais um playground para adultos do que para crianças. Muitos dos quartos tinham uma decoração de atmosfera erótica, em neon rosa, algo parecido com o que você vê no Bairro da Luz Vermelha em Amsterdã ou nas partes mais decadentes do Soho de Londres à noite. No interior do quarto, era possível avistar brinquedos eróticos.

A música que toca nas salas, que pode ser escolhida pelos jogadores, aumenta a impressão de que esse não é um espaço próprio para crianças.

Tudo nos quartos era inquietante. Havia avatares que simulavam sexo grupal no chão, falando uns com os outros como crianças fingindo ser casais adultos.

É muito desconfortável, e as opções são ficar e assistir, passar para outra sala onde haverá algo semelhante ou então participar — o que, em muitas ocasiões, fui instruída a fazer.

‘Pouca moderação’

Pessoas cujo trabalho é observar os avanços da realidade virtual também estão preocupadas.

Catherine Allen dirige a consultoria Limina Immersive e atualmente escreve um relatório sobre realidade virtual para o Institution of Engineering and Technology, em Londres.

Ela diz que sua equipe de pesquisa considerou muitas de suas experiências em VR “divertidas e surreais”, mas outras foram “bastante traumáticas e perturbadoras”.

Allen descreve um caso ocorrido em um aplicativo de propriedade da Meta onde havia uma menina de sete anos.

Um grupo de homens cercou as duas e fez uma piada sobre estupro. Allen disse que teve que ficar entre os homens para proteger a criança.

“Eu não deveria ter feito isso, mas é porque não há moderação, ou aparentemente bem pouca moderação.”

Realidade virtual e o metaverso não são especificamente mencionados novas leis de segurança na internet do Reino Unido, que deve ser apresentado ao parlamento britânico nos próximos meses.

Mas em audiência no parlamento no ano passado, a secretária de Cultura, Nadine Dorries, havia deixado claro que a legislação cobriria esse campo.

O projeto de lei, ao ser aprovado, vai cobrar responsabilidade das plataformas e dos provedores para proteger crianças contra conteúdo nocivo

O VRChat disse à BBC que estava “trabalhando duro para tornar o app um lugar seguro e acolhedor para todos”. A empresa disse que “comportamento predatório e tóxico não tem lugar na plataforma”.

O gerente de produto da Meta para integridade de VR, Bill Stillwell, disse em um comunicado: “Queremos que todos que usam nossos produtos tenham uma boa experiência e encontrem facilmente as ferramentas que podem ajudar em situações como essas, para que possamos investigar e agir”

Ele acrescentou: “Para aplicativos de plataforma cruzada, fornecemos ferramentas que permitem que os jogadores denunciem e bloqueiem usuários”.

“Continuaremos a fazer melhorias à medida que aprendemos mais sobre como as pessoas interagem nesses espaços”.

As organizações para a segurança de crianças aconselham os pais a verificar quais aplicativos seus filhos estão usando nos óculos de realidade virtual e, sempre que possível, usá-los para checar se as atividades são apropriadas.

Muitos apps permitem que os usuários “transmitam” simultaneamente sua experiência para um telefone ou laptop, para que os pais possam assistir ao que está acontecendo ao mesmo tempo que seus filhos brincam.

As distrações digitais e a atenção nas crianças: como lidar com o problema?

Março 4, 2022 às 8:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia do Sapo Lifestyle de 2 de março de 2022.

O nosso cérebro tem diferentes sistemas atencionais que nos ajudam a prestar atenção às informações que recebemos do mundo ao nosso redor. Para o propósito deste artigo, vamos só focar em alguns.

Imagine que, enquanto lia este artigo, o seu campo visual detetava uma enorme aranha. Independentemente do quão interessante fosse este artigo, a sua atenção focar-se-ia imediatamente na aranha – a este sistema chamamos de atenção reativa.

Esta “resposta de orientação” é um processo automático e instintivo e ajuda-nos a focar a atenção, quando algo está em movimento ou quando algo novo ou inesperado aparece no nosso campo de visão. Esta resposta inata é essencial para a nossa sobrevivência porque, para nos mantermos seguros, precisamos reagir rapidamente a possíveis ameaças.

Além desta resposta atencional, temos um outro sistema, de atenção focada, que é usado quando decidimos prestar atenção a uma determinada informação, enquanto ignoramos outra. A atenção focada também inclui a atenção sustentada, permitindo-nos manter esse tipo de foco por um determinado período de tempo. Ao contrário da atenção reativa, a atenção focada não é automática e só se desenvolve com prática.

A atenção focada pode exigir mais ou menos esforço para crianças diferentes. Isso faz parte da neurodiversidade que nos torna únicos. Não importa qual é nossa linha de base, a atenção focada pode melhorar com a prática.

Distrações digitais – um desafio à nossa atenção

A utilização constante dos nossos dispositivos eletrónicos não nos dá muitas oportunidades de focar a nossa atenção numa única tarefa, a menos que os configuremos dessa maneira. Eles são programados para obterem e manterem a nossa atenção. Quantas vezes começamos a ver um vídeo sobre assunto qualquer e meia hora depois já nos distraímos com outras coisas? Rapidamente nos envolvemos numa cadeia de atividades não relacionadas, à medida que o nosso cérebro procura outras formas de recompensa. Por vezes, até pode acontecer pegarmos no telemóvel para enviarmos uma mensagem a alguém e, de repente, apareceu uma notificação que vamos prestar atenção e que nos faz esquecer da razão que nos levou a pegar no telemóvel em primeiro lugar. Facilmente nos distraímos e voltar à tarefa original leva mais tempo e requer mais esforço.

Com as crianças e adolescentes acontece o mesmo. Uma vez que a tecnologia oferece muitos ganchos para nosso sistema de atenção reativa, é preciso muito mais esforço para praticar a atenção focada.  A solução não é privar as crianças e enfiá-las num quarto monocromático e enfadonho. É importante entender que a atenção focada é um ingrediente necessário para a reflexão, a síntese e a análise crítica. Isso ajuda-nos a fazer escolhas críticas sobre o que é valioso e digno de atenção (seleção de estímulos aos quais vamos dedicar mais recursos atencionais).

Dicas para aplicar com as suas crianças

Fale sobre a economia da atenção. As crianças devem aprender que a tecnologia e a imersão virtual não são apenas construídas para conectar pessoas; também é construída para atrair nossa atenção e vender. Isso é especialmente importante, pois o tempo, a atenção e os dados dos nossos filhos estão no centro do que faz a indústria de tecnologia expandir. Então é necessário programar os aparelhos por forma a canalizar e até restringir as fontes de informação.

Incentive a monotarefa. Tarefa única não significa pedir às crianças que usem a atenção concentrada por horas a fio. Significa não colocar distrações digitais durante, por exemplo, o tempo de estudo. Silenciar notificações ou até mesmo desligar o telemóvel, ou colocar filtro de navegação durante o estudo (caso seja necessário fazer pesquisas, mas impedir as tais distrações digitais e os gatilhos de atenção reativa).

Respeite a neurodiversidade. Para algumas crianças, focar a atenção pode exigir muito mais esforço (e tempo) do que para outras, simplesmente por causa de como seus cérebros estão conectados. Culpar a capacidade de uma criança de se concentrar ou usar a tecnologia como bode expiatório não é solução. Se a criança tiver perturbação de hiperatividade/défice de atenção, por exemplo, os sistemas de recompensa que apoiam a atenção focada provavelmente são diferentes. Entender isso permite-lhe fornecer suporte ainda mais ajustado.

Procure ajuda profissional, caso sinta que as suas crianças ou você próprio(a) necessitem de estratégias adequadas de treino atencional, personalizadas às necessidades de cada um. Num mundo em que as pessoas estão mais concentradas a olhar para um ecrã do que propriamente a viverem as suas vidas, as prioridades sofrem alterações e as consequências dessas alterações podem ter um preço alto a pagar: a sua saúde mental.

Um artigo da psicóloga clínica Laura Alho, da MIND – Psicologia Clínica e Forense.

 

 

Crianças no restaurante: “Uma hora de refeição não precisa ser uma hora de tablet”

Outubro 16, 2021 às 4:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia da TSF de 13 de outubro de 2021.

A psicóloga Filipa Jardim da Silva assegura que há muitas maneiras de entreter as crianças e deixa uma série de sugestões para a hora da refeição num restaurante.

É comum vermos crianças agarradas ao telemóvel ou ao tablet na mesa de um restaurante durante toda a refeição. É uma forma dos pais a manterem sossegada, mas não faz bem e Filipa Jardim da Silva assegura que há alternativas.

“Uma criança está num restaurante e precisa estar entretida para estar mais tranquila e para os pais poderem fazer a sua refeição, mas, se calhar, uma hora de refeição não precisa ser uma hora de tablet, podem ser vinte minutos de tablet naquele momento em que efetivamente a criança já está a esgotar a sua capacidade de estar sentada”, mas, nos quarenta minutos antes, podem ser utilizadas outras estratégias para manter a criança entretida, defende a psicóloga.

Levar lápis para colorir, riscar a toalha de papel, improvisar construções com os guardanapos, levar um livro ou pequenas peças de lego. Filipa Jardim da Silva assegura que “há muitas maneiras de entreter uma criança e se nós estivermos atentos a isso podemos juntar o melhor dos dois mundos que é entreter as crianças estimulando-as de uma forma produtiva, respeitando a necessidade dela e cuidando da sua saúde não só física, mas também psicológica”.

“Quando estamos a ativar sentidos como a visão, a audição e o toque, é muito mais fácil para uma a criança permanecer mais tempo envolvida na mesma tarefa de uma forma concentrada, do que quando estamos num dispositivo artificial que não tem cheiro, no qual não conseguimos sentir texturas, não conseguimos agarrar e percecionar tamanhos, simplesmente estamos a olhar para imagens que se reproduzem muito rapidamente”, afirma Filipa Jardim da Silva, que acredita que no dia-a-dia essa falta de informação dificulta a vida das famílias. E a capacidade de concentração e o bem estar emocional, sublinha a psicóloga, aumentam quando todos os sentidos são chamados a atuar.

Ouvir o programa aqui

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