Referencial de Direitos Humanos : Educação Pré-Escolar, Ensino Básico e Ensino Secundário

Abril 30, 2022 às 4:00 pm | Publicado em Livros, Recursos educativos | Deixe um comentário
Etiquetas: , , , , , , , , , , , , , ,

Descarregar o documento aqui

Transformar a violação em crime público é o caminho certo, diz ex-ministro Rui Pereira

Abril 29, 2022 às 7:00 pm | Publicado em O IAC na comunicação social | Deixe um comentário
Etiquetas: , , , , , ,

observador

Notícia do Observador de 28 de abril de 2022

Tornar a violação um crime público, em que a vítima não precisa apresentar queixa, é o caminho certo para punir este crime, afirma o ex-ministro da Administração Interna Rui Pereira.

O jurista e ex-ministro da Administração Interna Rui Pereira afirmou nesta quinta-feira que tornar a violação um crime público, em que a vítima não necessita de apresentar queixa, é o caminho certo para punir este crime.

Enquanto porta-voz do grupo que entregou ao presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, uma petição que juntou mais de 100 mil assinaturas, Rui Pereira disse que a mudança da lei ajudará as vítimas destes crimes, que muitas vezes são remetidas ao silêncio, por medo ou vergonha.

“O problema criminal da violação não é o de haver condenações injustas por esse crime, é de haver muitas, mas muitas violações que não são conhecidas, não são perseguidas e não são punidas”, sustentou em declarações aos jornalistas.

A petição “para a conversão do crime de violação em crime público”, com 106.787 mil assinaturas até à data, foi apresentada ainda por Francisca de Magalhães Barros, ativista e a primeira subscritora do documento, pelas presidentes do Instituto de Apoio à Criança, Manuela Eanes e Dulce Rocha, bem como pelo advogado António Garcia Pereira.

O grupo de signatários mostrou-se otimista em relação à futura decisão do parlamento.

“Contamos com a sensibilidade das senhoras e dos senhores deputados para levarem a cabo essa transformação. Por parte do senhor presidente da Assembleia da República registámos uma boa disponibilidade para agendar esta iniciativa”, observou Rui Pereira.

No parlamento, também deu entrada esta quarta-feira um projeto de lei do Bloco de Esquerda para consagrar a violação como crime público. O projeto do Bloco surge um ano depois de o parlamento ter votado contra uma proposta no mesmo sentido.

O que ensinar às crianças sobre finanças?

Abril 29, 2022 às 12:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
Etiquetas: , , ,

escola virtual

Texto da Escola Virtual 

O interesse pelo dinheiro acompanha o desenvolvimento da criança. A fase de querer brinquedos é boa altura para ensinar a juntar dinheiro. Com o conhecimento dos números pode aprender o valor das coisas.

Educar as crianças e os jovens para poupar, gastar e investir o seu dinheiro é tão importante como ensinar-lhes a ler e a escrever, defendem os investigadores em literacia financeira. De tal forma que a introdução ao mundo das trocas monetárias deve acontecer mal a criança manifeste interesse pelo dinheiro. Num artigo recente da revista Entrepreneur, o diretor da agência de marketing digital Webmetrix aconselha os pais a terem “mais esta conversa com os seus filhos”. Imran Tariq defende que é urgente ensinar as crianças a “gastar com sabedoria”.

Como? Começando por ensinar a gerir uma mesada. O autor reconhece que os pais podem estar reticentes em começar a dar dinheiro aos filhos de forma regular, mas lembra que os valores podem ser adaptados à idade da criança. Uma criança de cinco anos, com certeza não receberá o mesmo montante que um adolescente de 15 anos. A criança ou o jovem pode receber pagamentos por tarefas domésticas, sugere Imran Tariq. O objetivo é que os pais “usem a mesada para ensinar a criança ou o jovem a gerir o seu dinheiro”.

Os adultos ganham os salários. Existe um orçamento familiar que é gerido. Há bens que se compram em detrimento de outros. Quer os pais tenham ou não consciência disso, certas noções financeiras marcam presença no quotidiano das crianças.

A consultora financeira e autora do livro de finanças para crianças e adolescentes Start Talking Cents, Susanna Stuart, lembra que “enquanto crescem as crianças passam por fases financeiras distintas que podem ser reconhecidas sem dificuldades pelos pais”. Ora, durante estas “fases financeiras” de desenvolvimento infantil, os pais podem fazer brincadeiras ou colocar a criança em situações reais para ensinar alguns conceitos financeiros.

Aos três anos, as crianças têm pouco interesse pelas questões relacionadas com o dinheiro. Gostam de moedas por causa das suas cores, tamanho e brilhos. Nesta fase, os pais podem aproveitar para realizar brincadeiras que fixem a sua atenção para a classificação das moedas por tamanho e cor. A brincadeira deve ser sempre supervisionada pelos adultos para evitar acidentes. No final, os pais devem pedir à criança que volte a guardar as moedas na carteira.

Aos quatro anos a criança começa a aprender a contar, mas a familiarização com o dinheiro deve continuar nos mesmos moldes do que nos três anos.

Em geral, aos cinco anos as crianças entram numa fase de “querer brinquedos” e “tornam-se muito possessivas”, querem defender o que é seu, explica Susanna Stuart. Começam a distinguir as moedas e a associar o dinheiro à possibilidade de compra. Para a consultora financeira, esta é a altura de ensiná-las a guardar moedas no mealheiro. Para, por exemplo, juntar dinheiro para comprar um brinquedo específico.

O dinheiro ainda é algo imediato para a criança de seis anos: serve para comprar coisas. Mas já é possível aumentar a sua independência financeira introduzindo uma mesada. Provavelmente, já consegue contar até ao número 30 ou mesmo acima, mas ainda não tem muita noção do valor das coisas. Por causa disso, até é provável que troque um brinquedo valioso por outro de menor valor monetário. A consultora financeira identifica esta fase como ideal para os pais começarem a levar a criança a locais reais como o seu trabalho ou o banco. Pode ser vantajoso continuar a cultivar na criança o hábito da poupança.

Aos sete anos, com algumas noções de soma e subtração em aquisição ou já adquiridas, a criança começa a construir a sua capacidade para lidar com o dinheiro. As lições sobre finanças podem ficar mais complexas, explica Susanna Stuart. Provavelmente já recebeu algum dinheiro e deve ser encorajada a separar as notas e moedas que são para gastar das que pretende poupar.

Nesta idade, “o maior dilema da criança diz respeito a ter as coisas agora ou a poupar para comprar coisas melhores depois”. Uma ida ao supermercado pode ser uma boa oportunidade para lhe mostrar como as mesmas coisas podem ter preços diferentes. Ou como um pacote maior pode ser mais económico do que dois mais pequenos.

Não precisamos disso!

Quem, em criança, nunca tentou por no carrinho de compras um pacote de gomas? E ouviu a advertência: não precisamos disso! A idade do Pré-escolar é a altura para ensinar, à criança, a diferença entre necessitar e querer. Em Portugal, tal como nos restantes países da União Europeia, tudo o que importa ensinar às crianças e jovens em idade escolar – mas também aos adultos – sobre dinheiro e finanças está reunido num Referencial de Educação Financeira, um documento orientador, criado em 2013 pelo Ministério da Educação.

Identificar o que são gastos supérfluos e compreender que gastar mais agora pode significar não ter dinheiro mais adiante são ensinamentos que devem ocorrer durante a etapa do Pré-escolar, segundo o referencial. A criança precisa de aprender que é preciso ter para gastar e entender que pode ser vantajoso ter uma poupança.

Os ensinamentos tornam-se mais complexos no 1.º ciclo. Continuam a sedimentar-se as diferenças entre necessidade e desejo de consumo. Ensina-se a criança a reconhecer, por exemplo, o que é a compra por impulso e porque não deve acontecer. O conhecimento do sistema monetário português, o funcionamento do cartão de débito e do multibanco, são noções a aprender ao longo destes quatro anos de escolaridade.

Compreender para que serve um banco, as razões que podem levar a que os adultos tenham de pedir empréstimos, faz parte dos ensinamentos para estas idades. De acordo com o referencial, a criança deve ainda ficar a conhecer o que são e como funcionam os seguros. Existem muitos exemplos para mencionar: o seguro escolar, o seguro automóvel.
No 1.º ciclo, são introduzidos os temas da ética e responsabilidade social nas questões financeiras e dos direitos e deveres. Ensinar à criança a gravidade da fraude nas questões financeiras e a identificar comportamentos corretos relacionados com o dinheiro. Exemplos de direitos e deveres dos consumidores são necessários nestas idades. A criança deve perceber que tem o direito a ser informada quando estiver a comprar determinado bem ou serviço financeiro.

A aprendizagem sobre as questões financeiras e monetárias não termina no 1.º ciclo, mas antes, como aponta o Referencial de Educação Financeira, “deve ser assumida como educação ao longo da vida”.

Andreia Lobo

Artigo originalmente publicado no Educare.pt

Child in the City International Seminar, 19-20 maio em Cascais

Abril 29, 2022 às 6:00 am | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
Etiquetas: , , , , , ,

Mais informações aqui

Petição com mais de 100 mil assinaturas a pedir violação como crime público chega ao Parlamento

Abril 28, 2022 às 7:00 pm | Publicado em O IAC na comunicação social | Deixe um comentário
Etiquetas: , , , , , ,

cnn

Notícia da CNN de 28 de abril de 2022

Augusto Santos Silva vai receber, por volta das 12:30, a primeira subscritora da petição, a pintora e escritora Francisca Magalhães de Barros, as presidentes do Instituto de Apoio à Criança, Manuela Eanes e Dulce Rocha, bem como o advogado António Garcia Pereira

Um grupo de subscritores vai entregar esta quinta-feira ao presidente da Assembleia da República uma petição com mais de 100 mil assinaturas, a pedir legislação que converta a violação em crime público.

O objetivo da petição, de acordo com uma nota do Instituto de Apoio à Criança (IAC) enviada à agência Lusa, é “levar à discussão na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos Liberdades e Garantias da Assembleia da República a alteração da natureza de crime de violação, que atualmente depende de queixa, para passar a ser um crime público”, sem necessidade de queixa.

Na reunião com Augusto Santos Silva, marcada para as 12:30, estarão presentes a primeira subscritora da petição, a pintora e escritora Francisca Magalhães de Barros, as presidentes do IAC Manuela Eanes e Dulce Rocha, bem como o advogado António Garcia Pereira.

No texto da petição, os subscritores apelam aos deputados para “a urgência de legislarem no sentido da conversão do crime de violação em crime público”.

“Não ignoramos que tal crime, previsto no contexto dos crimes contra a liberdade e a autodeterminação sexual, e constituindo aliás o crime mais grave nesse âmbito, foi tradicionalmente concebido como semipúblico e que por essa a razão o procedimento criminal depende de queixa da vítima. Todavia, todos os dados atualmente conhecidos revelam que essa exigência implica a impunidade de muitos crimes de violação – podemos mesmo dizer que determina a impunidade da sua grande maioria”, afirmam.

Os subscritores argumentam que, “tal como sucede na violência doméstica, acertadamente transformada em crime público, também neste caso as vítimas receiam a retaliação do agressor e a própria estigmatização social”, devendo, por isso, o crime de violação “passar a ser público, não apenas pela sua natureza e pela dignidade e carência de tutela dos bem jurídicos protegidos (…), mas também pelo risco de o agressor escapar impune na maioria dos casos e prosseguir a sua carreira criminosa”.

“Como é sabido, este crime exprime fortes tendências compulsivas e apresenta taxas de reincidência elevadas”, sublinham, defendendo que “não deve recear-se que esta transformação do crime possa conduzir a condenações injustas”.

“Em termos de política criminal, ou seja, da aprovação de medidas tendentes a prevenir a prática de crimes e a violação de direitos, as necessidades reforma legislativa situam-se noutro plano e impõem a referida conversão em crime público”, referem.

Formação Financiada – Prevenção, Sensibilização e Combate à Mutilação Genital Feminina, 2 a 13 de maio

Abril 28, 2022 às 12:00 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
Etiquetas: , ,

mais informações aqui

Encontro “Os Direitos das Crianças e Jovens Crescer em Harmonia, com Liberdade e Dignidade” 28 abril em Portalegre com a presença de uma equipa do IAC – SOS-Criança

Abril 28, 2022 às 10:52 am | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
Etiquetas: , , , , , ,

A equipa do IAC – SOS-Criança é composta pelas técnicas (os):

Diogo Meneses, Patrícia Carsane e Tatiana Pereira.

Os efeitos da Música na infância

Abril 28, 2022 às 6:00 am | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
Etiquetas: , , , , , ,

escola virtual

Texto da Escola Virtual

Investigações sublinham o aumento da capacidade de concentração e do raciocínio matemático em quem aprende sons e ritmos desde cedo. E há pedagogos que defendem que a Música deve valer por si mesma e afastar-se da vertente acessória.

Aprender Música na infância, sim ou não? “Na verdade, a maioria dos pedagogos musicais defende que a música vale por si mesma e que é um erro tentar utilizá-la como meio para atingir outros fins”, lembra Maria Helena Vieira, do Instituto de Estudos da Criança (IEC) da Universidade do Minho. O assunto tem merecido atenção de diversos quadrantes. “As vantagens de aprender Música (as verdadeiras vantagens, e não as acessórias) estão todas relacionadas com a experiência que a Música proporciona a cada um. Tocar, cantar, conhecer repertório, participar em grupos musicais, corais ou instrumentais, aceder a um repositório cultural vastíssimo e poder mesmo criar, musicalmente: eis as inúmeras vantagens da aprendizagem musical”, afirma. “Desenvolver a memória, a persistência, o raciocínio lógico e outros aspetos cognitivos são apenas ‘side-effects’ da verdadeira experiência musical, e não suficientemente importantes para justificarem a presença da disciplina no currículo escolar”, acrescenta.

A investigadora apresenta vários pensamentos e as teorias de Edwin Gordon, um dos mais conceituados investigadores da atualidade na área da Psicologia e Pedagogia da Música. Gordon defende que “o principal problema com o ensino e a aprendizagem da música no contexto do sistema educativo prende-se com uma espécie de círculo vicioso: as crianças precisam de ser expostas à ‘gramática musical’ de forma adequada antes de chegarem à escola, como acontece com a linguagem materna (e não apenas expostas à música que ouvem ocasionalmente, e sem critério), e os pais não dominam essa ‘gramática’, nem os métodos adequados para a transmitir”. O carácter utilitário que constantemente é atribuído à Música fica com um ponto de interrogação.

“Para Gordon, todos os cuidados que os pais têm no ensino da linguagem materna deveriam existir também com a linguagem musical. O problema é que, para isto, os pais precisariam, eles próprios, de ter recebido formação escolar adequada. E isso não acontece.” “Quando a Música é vista num sentido utilitário, como meio para atingir outros fins, isso é feito de uma forma subtil e manifestando, até, grandes preocupações educativas”. Maria Helena Vieira concretiza: “A música é apresentada (na própria legislação) como fator de ‘desenvolvimento estético’, de ‘equilíbrio psicológico’ e até moral, etc. Difundiu-se a ideia de que a Música ‘tem muito a ver com a Matemática’ (o que a torna aparentemente ‘útil’ para essa disciplina, na qual o insucesso escolar é tão grande), que ‘desenvolve a memória’ e a ‘persistência’, etc. Ora, como há um conjunto variado de disciplinas que poderão contribuir para esses fins, a Música passa a surgir como uma opção dispensável ou alternável com outras (a educação visual, a educação dramática, etc.)”.

Há pedagogos que defendem que, para ser completa, a aprendizagem musical tem de envolver a audição, a interpretação e a criatividade. “A maioria dos portugueses não se torna escritor; no entanto, todos recebem formação adequada e suficiente para se poderem exprimir em português, de diversas maneiras e em diversos graus. É dessa criatividade que falam os pedagogos musicais, e é essa que pretendem que se desenvolva nas escolas: a capacidade de ouvir uma obra musical e reconhecer as suas características, as suas partes, a sua forma, o seu estilo, as suas influências; a capacidade de interpretar, vocal ou instrumentalmente, géneros musicais da sua preferência, de tocar ou cantar em grupo; a capacidade de inventar melodias ou canções, de improvisar em grupo.” “No contexto da aprendizagem musical, a memória desenvolve-se através das atividades fundamentais indicadas pelos pedagogos: há uma memória auditiva (que funciona na base da identificação de repetições, contrastes, fenómenos tecnicamente designados por ‘aumentação’, ‘diminuição’, ‘retrogressão’, etc.), uma memória afetiva (muito relacionada com os aspetos expressivos e dinâmicos da Música), uma memória táctil (sobretudo nos instrumentistas), uma memória visual (associada à leitura da notação).”

Mais-valia absoluta

Absolutamente recomendável. Paula Pires de Matos, pediatra do Desenvolvimento e com formação académica na área musical, defende que a aprendizagem “da arte musical e da arte visual é absolutamente crucial para a formação de uma pessoa como um todo”. E lamenta que em Portugal, ao contrário de outros países, não exista essa cultura. “Ao nível da primária, a Música é uma atividade de enriquecimento (termo muito bem designado) curricular mas fica de fora do programa. No 5.º e 6.º anos, faz parte do currículo, mas o que se ensina é muito básico. E a Música é uma linguagem mais fácil de aprender do que ler uma língua alfabética.”

“A aprendizagem da Música na infância é uma mais-valia de um valor indubitável”, afirma. “É mais uma forma de expressão que o ser humano tem para ser mais completo”. Paula Pires de Matos viveu fora de Portugal e recorda um cenário que lhe chamava a atenção. Na canção dos parabéns a você não havia desafinações. Sinal de uma cultura que dá atenção à Música, que investe nessa aprendizagem. E há os estudos. A pediatra recorda que as investigações, na área do desenvolvimento, referem que a Música ajuda a aumentar a capacidade de concentração e do raciocínio matemático. Teorias que, recorda, começam a ser colocadas em causa. No entanto, Paula Pires de Matos não tem dúvidas em recomendar que os mais pequenos contactem com as notas e os ritmos musicais o mais cedo possível.

Há vários anos que a Orquestra Filarmonia das Beiras anda por escolas do 1.º ciclo do Ensino Básico a divulgar, sensibilizar e formar público infantil para as melodias. O projeto “Música na escola” dá a conhecer a música erudita, os instrumentos da orquestra. O diretor artístico da Filarmonia das Beiras, o maestro António Vassalo Lourenço, defende que se a Música não for explicada em criança, mais difícil se torna aprender a gostar dos sons na idade adulta. E o projeto da Filarmonia pretende, entre muitos outros aspetos, mostrar às crianças “o que a música diz além do que ouvem”.

Reflexos do ensino da Música na infância? “Com certeza que sim.” António Lourenço baseia-se no que observa, apoiado em casos que conhece. “O estímulo da Música, ouvir, cantar, fazer, experimentar, no pré-escolar e no 1.º ciclo, tem reflexos na aprendizagem de outras coisas”, afirma. “Os nossos responsáveis pela Educação estão muito preocupados com a Matemática. Se pusessem mais horas de Música e mais cedo, provavelmente resolveriam o problema da Matemática.” O maestro chama a atenção para quem tem as melhores notas. “O Conservatório de Música de Braga e a Academia de Música Santa Cecília, em Lisboa, estão sempre nos primeiros lugares no ranking das escolas”. “São duas escolas que têm o ensino da Música verdadeiramente integrado”, sublinha.

Poder de observação

António Ribeiro, professor de Educação Musical e um dos fundadores da única banda filarmónica juvenil da escola pública portuguesa, que surgiu na EB 2,3 de São João da Madeira, fala da sua experiência de 30 anos de ensino e do que lê nos livros. “Os alunos de Música adquirem valências extraordinárias que os ajudam amplamente para o resto das suas vidas. Nas aulas de Música, há um permanente apelo à sensibilidade, bem como ao correto desenvolvimento de todas as potencialidades individuais, através da aprendizagem de um instrumento musical, da interpretação de diversas obras e da própria audição”, sublinha. Vantagens, portanto, que se refletem no pensamento e na imaginação.

“Na Iniciação Musical, as crianças fazem jogos tímbricos que passam pela imitação dos sons da natureza que os rodeia. Estes exercícios dão aos alunos um maior poder de observação sobre o mundo em que vivem, ficando com um espírito crítico mais apurado”, exemplifica. No entanto, António Ribeiro chama a atenção para duas realidades distintas. “Por um lado, temos os jardins de infância, onde as educadoras apresentam claramente lacunas importantes ao nível científico, no que à Música diz respeito. Contudo, a avaliar pelas escolas que conheço, tem havido uma grande preocupação por parte desses educadores em usar material didático adequado, não se limitando unicamente ao ensino de canções populares. Por outro, temos as escolas oficiais de Música com professores licenciados em Educação Musical e com formação específica para ensinar Música na infância, apresentando já, de um modo sistemático, um trabalho científico de qualidade.”

O docente alerta ainda para o facto de as aulas de Música na infância, ao longo do 1.º ciclo, estarem muitas vezes nas mãos de jovens estudantes de Música, mas sem qualquer formação específica. “Quando assim é, o que deveria ser uma mais-valia para as crianças pode tornar-se num contrassenso”, afirma. E acrescenta: “A Música na infância foi, num passado recente, olhada como uma disciplina decorativa, tendo sido tratada, muitas vezes, de forma pouco científica e dissociada da própria educação infantil básica.”

Sara R. Oliveira

Artigo originalmente publicado no Educare.pt

A utilização do telemóvel pelas crianças

Abril 27, 2022 às 8:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
Etiquetas: , , ,

escola virtual

Texto da Escola Virtual

Quem consegue imaginar um jovem sem telemóvel? Que jovem se consegue imaginar sem telemóvel? E se falarmos de crianças, com que idade começam elas a ter esse aparelho?

Para a juventude de hoje, o telemóvel parece ter-se tornado numa extensão do seu próprio corpo. Na verdade, o mesmo acontece com muitos adultos. E se se fala dos problemas causados por os alunos não quererem prescindir dos seus telemóveis ligados durante as aulas, o problema torna-se mais difícil de abordar quando se assiste a reuniões de pais na escola, em que os seus aparelhos tocam “alto e bom som” e eles os atendem na frente dos filhos e dos professores.

Um estudo de mestrado sobre a utilização de telemóveis por crianças do 1.º ciclo da zona de Lisboa, realizado por Kárita Francisco, na Universidade Nova de Lisboa, chega a algumas conclusões comuns a outros, por ela referidos, realizados na Finlândia. Até aos 10 anos, o telemóvel é mais utilizado para jogar e para a criança poder estar em contacto com os pais. A partir dessa idade as outras funções ganham um peso crescente, passando a comunicação com os amigos a entrar em competição com a estabelecida com os pais.

Os pais começam por dar o primeiro telemóvel aos filhos, muito novos, com frequência, para os sentirem em segurança, por poderem contactar com eles a qualquer momento. Também nos novos tipos de família (pais separados, por exemplo), diz Kárita Francisco, a posse do aparelho é considerada um recurso facilitador da comunicação.

A moda e o consumismo são outros fatores que contribuem para a popularização dos telemóveis, particularmente a partir dos 10 anos. Eles constituem mais um elemento de pertença ao grupo.

Não obstante as vantagens de possuir telemóvel, a minha experiência diz-me que é fundamental pensar nos riscos e nas formas de os prevenir. Diria que é conveniente começar por se pensar para que se pretende o telemóvel e escolher um que preencha os requisitos e não os exceda largamente. Um aparelho caro, de última geração, cheio de funções dispensáveis, é um chamariz para roubos ou para consumos supérfluos, sendo, desde logo, uma forma de deseducar crianças/jovens enquanto consumidores.

A definição/negociação de regras de utilização não pode ser dispensada: quanto se pode gastar, tipo de tarifário, situações de utilização, etc. No que se refere a esta última questão, é imprescindível que os jovens se apercebam de que há usos ilícitos do telemóvel que podem ter consequências sérias, como a utilização em salas de aula, a gravação de imagens sem autorização, a realização de downloads ilegais.

Para terminar, lembro os pais de que não se podem esquecer do ditado “Bem prega Frei Tomás, não ouças o que ele diz, olha para o que ele faz.” Como podem esperar uma boa utilização do telemóvel pelos seus filhos, se são os primeiros a dar o mau exemplo?

ARMANDA ZENHAS
Professora aposentada. Doutora em Ciências da Educação pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto. Mestre em Educação, área de especialização em Formação Psicológica de Professores, pela Universidade do Minho. Autora de livros na área da educação.
Professora profissionalizada nos grupos 220 e 330. Licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas, nas variantes de Estudos Portugueses e Ingleses e de Estudos Ingleses e Alemães, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Professora profissionalizada do 1.º ciclo, pela Escola do Magistério Primário do Porto.

A informação aqui apresentada não substitui a consulta de um médico ou de um profissional especializado.

Artigo originalmente publicado no Educare.pt

As tecnologias móveis não se sentam à mesa

Abril 27, 2022 às 12:00 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
Etiquetas: , , , , , , , ,

Mais informações aqui

O IAC faz parte do Conselho de Acompanhamento do Centro Internet Segura

Página seguinte »


Entries e comentários feeds.