Mais de 45% dos adolescentes e crianças na América Latina e Caribe vivem na pobreza
Dezembro 5, 2022 às 6:00 am | Publicado em Relatório | Deixe um comentárioEtiquetas: Adolescentes, América Latina, Caraíbas, Crianças, Economic Commission for Latin America and the Caribbean (ECLAC), pobreza infantil, Relatório
Texto da ONU News de 25 de novembro de 2022.
Novo estudo da Cepal traz informações sobre condições econômicas da população na região e os grupos mais afetados; documento aponta papel central da educação no debate para a recuperação e o investimento em políticas sociais.
Um novo relatório apresentado pela Comissão Econômica para a América Latina e Caribe, Cepal, alerta que as taxas de pobreza em 2022 estão acima dos níveis pré-pandemia. Um terço da população na região vive na pobreza, que também afeta 45% de todos os adolescentes e crianças.
Isso significa que haverá mais 15 milhões de pessoas em situação de pobreza do que antes da crise global de Covid-19. Já o número de pessoas em pobreza extrema será 12 milhões maior que o registrado em 2019.
Mulheres, indígenas e afrodescendentes mais afetados pela pobreza
O relatório “Panorama Social da América Latina e Caribe 2022” projeta que 201 milhões de latino-americanos e caribenhos, 32,1% da população total da região, vivem em situação de pobreza.
Entre elas, cerca de 13% estão em pobreza extrema. Os níveis projetados para 2022 representam um retrocesso nos últimos 25 anos.
Assim como nos anos anteriores, a Cepal destaca que a incidência da pobreza é maior em alguns grupos de população na região: a taxa de pobreza das mulheres de 20 a 59 anos de idade é mais alta que a dos homens em todos os países da região. A taxa de pobreza também é consideravelmente mais alta na população indígena e afrodescendente.
Em 2021, a desigualdade de renda diminuiu levemente em relação a 2020 na América Latina, chegando a um nível semelhante ao ano anterior. O desemprego projetado para 2022 representa um retrocesso de 22 anos, afetando especialmente as mulheres, com um aumento de 9,5% em 2019 para 11,6% este ano.
Importância da educação para a recuperação
O estudo aborda como tema central a educação e seu papel no debate de políticas para a recuperação na região. A Cepal pede que os governos tomem medidas com urgência em relação à crise silenciosa da educação para evitar o risco de uma geração perdida.
O novo secretário executivo da Cepal, José Manuel Salazar-Xirinachs, afirma que “a cascata de choques externos, a desaceleração do crescimento econômico, a fraca recuperação do emprego e a inflação em alta aprofundam e prolongam a crise social na América Latina e no Caribe”. Segundo ele, não foi possível reverter os impactos da pandemia e “os países enfrentam uma crise silenciosa em educação que afeta o futuro das novas gerações”.
A Cepal lembra que a América Latina e o Caribe sofreram o apagão educacional mais prolongado no âmbito internacional, em média 70 semanas de fechamento dos estabelecimentos educacionais em comparação a 41 semanas no resto do mundo. Isso exacerbou as desigualdades preexistentes em matéria de acesso, inclusão e qualidade educacional.
Neste período, a desigualdade no acesso a conectividade, equipamento e habilidades digitais foi uma das principais limitações para a continuidade educacional. Em 2021, em 8 de 12 países da região mais de 60% da população pobre com menos de 18 anos não tinha acesso à internet em casa.
Governos precisam tomar medidas
Para a Cepal, se nada for feito agora, haverá o “risco de uma cicatriz permanente nas trajetórias educacionais e laborais das gerações mais jovens” da região. A porcentagem de pessoas de 18 a 24 anos que não estuda nem trabalha de forma remunerada aumentou de 22,3% em 2019 para 28,7% em 2020, afetando especialmente as mulheres. Cerca de 36% delas se encontravam nesta situação, em comparação com 22% dos homens.
Por outro lado, persistem lacunas de gênero importantes em termos de desempenho e áreas de formação. Em média, as mulheres têm piores desempenhos em matemática e ciências durante a educação básica, disparidades que se aprofundam nos grupos de renda mais baixos. Além disso, na maioria dos países da região a proporção de mulheres graduadas em ciência, tecnologia, engenharia e matemática não supera 40%.
Apesar dos avanços registrados nas últimas décadas no acesso e inclusão em todos os níveis educacionais, desde a primeira infância à educação superior, os países da região mostravam sérias lacunas em igualdade e qualidade da educação antes da crise provocada pela pandemia, que já dificultavam alcançar as metas do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 4 até 2030.
O documento apresenta diversas recomendações de política para fazer desta crise uma oportunidade de transformação, com base na Cúpula sobre Transformação da Educação das Nações Unidas realizada neste ano.
Desenvolvimento social
A Cepal também afirma que a criação de políticas sociais é um fator crítico para alcançar um desenvolvimento social inclusivo.
O gasto social do governo alcançou 13% do Produto Interno Bruto, PIB, em 2021 na América Latina, nível inferior a 2020, mas muito superior ao registrado nas últimas duas décadas. No Caribe o gasto social chegou a 14,1% do PIB em 2021, marcando um novo máximo histórico.
O secretário executivo da Cepal pede aos países que construam “novos pactos sociais acompanhados de contratos fiscais para avançar no fortalecimento da democracia e coesão social e garantir a sustentabilidade financeira dos sistemas de proteção social na região”.
Racismo e discriminação contra crianças é frequente em países de todo o mundo
Novembro 29, 2022 às 6:00 am | Publicado em Relatório | Deixe um comentárioEtiquetas: Conflitos Armados, Crianças, Crianças desaparecidas, Discriminação, pobreza infantil, Privação na infância, Racismo, Relatório, UNICEF, Unicef Portugal, Violência, Violência Contra Crianças
Notícia da Unicef Portugal de 18 de Novembro de 2022.
Novo relatório descreve como as crianças são discriminadas na saúde, no acesso aos recursos governamentais e na educação; a análise de 22 países mostra que os grupos privilegiados têm o dobro das probabilidades de possuir competências básicas de leitura
O racismo e a discriminação contra crianças com base na sua etnia, língua e religião são frequentes em países de todo o mundo, de acordo com um novo relatório da UNICEF publicado dois dias antes do Dia Universal dos Direitos da Criança.
A publicação Rights denied: The impact of discrimination on children (Direitos negados: O impacto da discriminação nas crianças) mostra até que ponto o racismo e a discriminação têm impacto na educação, saúde, acesso ao registo de nascimento e a um sistema de justiça justo e igualitário, e destaca as disparidades generalizadas entre grupos minoritários e étnicos.
“O racismo sistémico e a discriminação colocam as crianças em risco de privação e exclusão que podem perpetuar-se durante toda a vida,” afirmou Catherine Russel, Directora Executiva da UNICEF. “É algo que prejudica todas as pessoas. Proteger os direitos de todas as crianças – quem quer que sejam e de onde quer que venham – é a forma mais segura de construir um mundo mais pacífico, próspero e justo para todos.”
Entre os novos dados, o relatório mostra que as crianças de grupos étnicos, linguísticos e religiosos marginalizados, numa análise de 22 países, estão muito atrasadas em relação aos seus pares em termos de capacidades de leitura. Em média, os estudantes entre os 7 e 14 anos do grupo mais favorecido têm mais do dobro das probabilidades de adquirir competências de leitura fundamentais em relação aos do grupo menos favorecido.
Uma análise dos dados sobre a taxa de crianças registadas à nascença – um pré-requisito para o acesso aos direitos básicos – encontrou disparidades significativas entre crianças de diferentes grupos religiosos e étnicos. Por exemplo, na República Democrática Popular do Laos, apenas 59 por cento das crianças menores de 5 anos do grupo étnico minoritário Mon-Khmer são registadas à nascença, em comparação com 80 por cento entre o grupo étnico Lao-Tai.
A discriminação e a exclusão agravam a privação intergeracional e a pobreza, e resultam em piores condições de saúde, nutrição e aprendizagem para as crianças; maior probabilidade de institucionalização; taxas de gravidez entre as raparigas adolescentes mais elevadas, e menores taxas de emprego e rendimentos na vida adulta.
Embora a COVID-19 tenha exposto profundas injustiças e discriminação em todo o mundo, e os impactos das alterações climáticas e dos conflitos continuem a revelar desigualdades em muitos países, o relatório destaca como a discriminação e a exclusão há muito persistem para milhões de crianças de grupos étnicos e minoritários, incluindo no acesso à imunização, aos serviços de água e saneamento, e a um sistema de justiça justo.
Por exemplo, no caso das medidas disciplinares sancionatórias dos Estados Unidos, as crianças negras têm quase quatro vezes mais probabilidades de serem suspensas da escola do que as crianças brancas, e mais do dobro da probabilidade de serem detidas por questões relacionadas com a escola, observa o relatório.
A publicação destaca também como as crianças e os jovens sentem o peso da discriminação na sua vida quotidiana. Uma nova sondagem U-Report, uma iniciativa da UNICEF que engloba jovens de várias dezenas de países, gerou mais de 407.000 respostas e constatou que quase dois terços sentem que a discriminação é comum nos seus meios, enquanto quase metade sente que a discriminação afectou as suas vidas ou a de alguém que conhecem de forma significativa.
“No Dia Universal dos Direitos da Criança e todos os dias, todas as crianças têm o direito de serem incluídas, de serem protegidas e de terem uma oportunidade justa de desenvolverem todo o seu potencial,” disse Catherine Russell. “Todos nós temos o poder de combater a discriminação contra as crianças – nos nossos países, nas nossas comunidades, nas nossas escolas, nas nossas casas, e nos nossos próprios corações. Precisamos de usar esse poder.”
Para mais informação, é favor contactar:
Vera Lança, UNICEF Portugal, Tel: 21 317 75 00, press@unicef.pt
Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza – 17 outubro
Outubro 17, 2022 às 12:00 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentárioEtiquetas: Dia Internacional para Erradicação da Pobreza, Instituto de Apoio à Criança, pobreza infantil

As crianças são um grupo particularmente vulnerável à pobreza, o que pode comprometer o seu futuro e as oportunidades para concretizarem os seus objetivos. No IAC desenvolvemos ações e projetos com vista à prevenção deste fenómeno e de forma a minimizar o impacto que a pobreza tem no projeto de vida das crianças que acompanhamos.
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