Ciência. 7 coisas que os adultos não sabem explicar às crianças

Julho 31, 2016 às 1:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Texto do Observador de 4 de julho de 2016.

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Marta Leite Ferreira

Como é que as plantas comem? Porque é que sou menina? De onde vêm as vacinas? Quando os miúdos entram na idade dos porquês, nem sempre os adultos conseguem acompanha-los. Saiba responder a tudo aqui.

A idade dos porquês pode ser uma fase particularmente desanimadora para os adultos: é quando os filhos começam a fazer (demasiadas) perguntas (difíceis) que os pais se dão conta que afinal também têm muito para aprender. Não há mal nenhum em admitir o desconhecimento, mas é sempre uma boa oportunidade para aumentar a bagagem cultural que se tem.

É por isso que o Observador lhe explica sete perguntas científicas que as crianças querem ver respondidas, mas que nem todos os adultos sabem desvendar. Da biologia à geologia, passando pela genética, aprenda mais aqui em baixo. Que agora, nas férias, pode brilhar frente aos mais pequenos.

1. O que é a fotossíntese?

As plantas, tal como as pessoas, precisam de se alimentar. E a fotossíntese é o processo através do qual as plantas “fabricam” o seu próprio alimento. Para tal, precisam de três ingredientes: a luz do Sol, a água e o dióxido de carbono. Eis o que acontece: as raízes das plantas são as responsáveis por absorver os sais minerais que estão na água que circula na terra. Esses sais minerais viajam por dentro da planta das raízes até às folhas.

Ora, as folhas são feitas de células especiais: são as células vegetais, que têm algumas diferenças das células animais que compõem o ser humano. Dentro das células vegetais há um pigmento chamado clorofila que tem duas funções: dar às folhas a cor verde e captar a luz do sol. Há também uma outra estrutura, os estomas, que agarram o dióxido de carbono que existe no ar.

Quando nas folhas já há sais mineiras vindos através das raízes, energia do sol captada pela clorofila e dióxido de carbono armazenado nos estomas, as plantas podem começar a “fabricar”: além do alimento de que precisam para sobreviver – a glicose ou seiva elaborada, que depois é distribuída por todas as partes da planta -, a fotossíntese também permite que as folhas libertem oxigénio, uma molécula que compõe o ar que respiramos e que garante a sobrevivência dos seres vivos. É por isso que é tão importante preservar os espaços verdes e as florestas: são eles que tornam o planeta Terra habitável.

2. Porque é que o Sol brilha?

O Sol brilha porque é um corpo celeste incandescente, ou seja, está a uma temperatura tão alta (5505ºC à superfície) que começa a emitir radiação eletromagnética sob a forma de luz. Essa luz é o resultado de uma transformação que ocorre dentro das estrelas, que são “bolas de fogo a arder a milhões de quilómetros de distância”, tal como Pumba diz a Timon no filme “Rei Leão”. A transformação chama-se “fusão nuclear” e acontece quando, dentro da estrela, uma série de reações químicas permite transformar grandes quantidades de hidrogénio em hélio.

O hidrogénio é um elemento químico que existe na parte mais profunda das estrelas. É feito de duas peças (os cientistas chamam essas peças de partículas): os eletrões, que têm carga elétrica negativa, e os protões, que têm carga elétrica positiva. Como dentro das estrelas há muito calor e muita pressão, dois átomos de hidrogénio começam a fundir-se com dois eletrões e dois protões. É assim que nasce um outro elemento químico: o hélio, que depois ainda vai dar origem a outros elementos químicos.

No meio de todas essas transformações – ou reações nucleares – há muita energia libertada das camadas mais profundas até às mais superficiais da estrela. Essa energia é depois solta pelo universo em todas as direções, incluindo para o planeta Terra. A luz e o calor que sentimos quando estamos ao Sol é o produto das reações que aconteceram nas profundezas da nossa estrela.

3. Como nascem as borboletas?

As borboletas nascem através de um processo chamado metamorfose. Tudo começa quando a borboleta mãe larga o ovo nas folhas das árvores. Ao fim de trinta semanas, o ovo eclode e sai de lá uma pequena lagarta esfomeada. Essa lagarta começa por comer as cascas do ovo, porque é um alimento cheio de nutrientes que a ajudará a crescer. Quando essas cascas acabam, a lagarta começa também a comer as folhas da árvore onde a borboleta mãe a deixou.

Assim que se torna numa lagarga adulta pára de comer e prepara-se para uma grande transformação dentro de uma bolsa chamada crisálida. Passa depois várias semanas a trocar de pele – pode chegar a trocar catorze vezes – para permitir às suas células que se modifiquem o suficiente para a transformar numa borboleta: umas partes do seu corpo desaparecem, outras novas surgem. É então que a crisálida se abre. Ao fim de alguns minutos a borboleta já está pronta a voar.

4. Porque é que o céu é azul?

Quando a luz do Sol atravessa pelo menos um prisma através de uma trajetória específica, ela divide-se em sete cores diferentes que têm, cada uma delas, um comprimento de onda diferente. A atmosfera, a camada de gases que envolve a Terra e a que chamamos de “céu”, funciona exatamente como um prisma: quando os raios solares atravessam as moléculas de água e as poeiras da atmosfera, a luz solar divide-se em sete cores diferentes de acordo com os seus comprimentos de onda. Neste caso, é o comprimento de onda correspondente à cor azul que chega até nós. Mas porquê?

A cor de um objeto depende do comprimento de onda que esse objeto reflete. Por exemplo, as folhas são verdes porque precisam de todas as outras cores do espetro da luz solar para fazer a fotossíntese. Como não precisam do comprimento de onda corresponde à cor verde, refletem-na cá para fora. Ora, como as partículas e moléculas que compõem a atmosfera são muito pequenas costumam refletir os comprimentos de onda mais pequenos, que correspondem aos tons de azul e violeta.

Os objetos pretos não refletem nenhum dos comprimentos de onda que compõem a luz solar, enquanto os objetos brancos refletem-nos a todos.

5. Porque é que a terra abana?

O planeta Terra tem várias camadas: atmosfera (a camada gasosa que envolve o planeta e que nos permite respirar), a crosta (camada sólida mais superficial, onde nós caminhamos), o manto (uma camada semi-líquida onde está armazenada a lava dos vulcões) e dois núcleos (um líquido e outro sólido, que são as camadas mais profundas). A crosta é feita de porções que se chamam “placas tectónicas” e que interagem entre si: numas partes elas afastam-se, noutras elas colidem e noutras raspam umas nas outras. Normalmente são estas as causadoras desses abanos – que são os sismos ou terramotos – que sentimos.

Nas partes da crosta onde elas se afastam (limites divergentes) é onde a crosta terrestre se renova ao longo de milhões de anos. Nas partes onde elas colidem (limites convergentes) é onde crescem as grandes cordilheiras de montanhas, como os Himalaias. E nas partes onde raspam uma na outra (limites conservativos), a crosta terrestre armazena grandes quantidades de energia com o passar do tempo nas rochas. Quando essas rochas não conseguem suportar mais energia, soltam-na e a terra abana. Quanto maior a quantidade de energia libertada, maior será o sismo.

6. Porque é que eu sou menino/menina?

As características de todos os seres vivos do mundo, incluindo o ser humano, são determinadas pelo código genético. O código genético é determinado pelos genes que compõem o ADN e que funciona como um manual de instruções personalizado presente em todas as células do nosso corpo. Vários genes juntos formam um cromossoma.

O número de cromossomas depende da espécie: cada ser humano tem 46 cromossomas e dois deles – cromossomas sexuais – têm a função de informar as nossas células de que somos meninos ou meninas. Há dois tipos de cromossomas sexuais: X e Y. Os dois cromossomas das meninas são “XX” enquanto os cromossomas dos meninos são “XY”. Um dos cromossomas é-nos dado pelo nosso pai e o outro é dado pela nossa mãe através de umas células especiais: os espermatozoides (dos homens) e os óvulos (das mulheres)

Cada espermatozoide e cada óvulo guardam metade da informação que cada um de nós tem: os óvulos têm sempre cromossomas X, mas os espermatozoides tanto podem ser X como Y. Quando um espermatozoide e um óvulo se juntam dentro do corpo da futura mãe vai decidir-se o género do bebé: se um óvulo se junta com um espermatozoide X nasce uma menina, mas se um óvulo se junta com um espermatozoide Y nasce um menino.

7. Porque é que as pessoas levam vacinas?

As pessoas levam vacinas porque essa é uma boa forma de evitarem determinadas doenças. Quando ficamos doentes significa que o nosso sistema imunitário, os escudos que o corpo humano tem para se evitar as doenças, não conseguiu lutar contra um determinado vírus ou bactéria. Se um médico ou enfermeiro nos pica, está a introduzir no nosso sistema uma série de proteínas e toxinas extraídas dos vírus e bactérias.

Isto não é mau porque é feito de forma controlada em laboratório. Quando esses vírus ou bactérias chegam ao nosso corpo, o sistema imunitário reage tal e qual como se tivéssemos sido infetados naturalmente. O corpo humano começa então a produzir uns escudos especiais – os anticorpos – que preparam-nos para lutar contra essa doença. Tornamo-nos imunes ou, pelo menos, mais resistentes às doenças mais graves.

 

 

Unaccompanied child refugees: ‘These children aren’t seen as children’

Julho 30, 2016 às 1:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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A network of 30 European NGOs supporting missing and exploited children have come together to tackle the rising problem of missing refugee children.

“Human smugglers increasingly combine smuggling with exploitation and their victims are often children,” says Federica Toscano. “At chaotic border situations, it happens that smugglers deliberately separate refugee children from their parents to exploit them.’’

“We also hear that families at the border between Greece and Macedonia have been forced to ‘pay’ smugglers with one of their children,” continues Toscano. “Smugglers have come to realise they can make much more profit by taking advantage of vulnerable people. And the most vulnerable people are children.”

Toscano is well-placed to know. She works for Missing Children Europe, a network of thirty European NGOs that are active in the field of missing and sexually exploited children. Since its foundation in 2001, MCE has focussed on different groups of missing children (pdf). Half of the cases of children that disappear in Europe are runaways: those who run away from home or institutions after a history of violence or abuse. More than a third are abducted by parents.

But the most recent category is unaccompanied child refugees. “This group only makes up 2% of cases, which is a low percentage,” says Delphine Moralis, the secretary general of MCE, “but that doesn’t say anything about the magnitude of the problem. These children are seldom reported as missing. That’s why we find it so important to focus on this problem too.’’

Earlier this year Europol stated that at least 10,000 unaccompanied child refugees have gone missing in Europe. A recent EU report warned that these children have become targets for criminal gangs, who exploit them in the sex industry or force them to beg, steal or smuggle drugs.

But MCE believe the true number to be far higher than 10,000. Toscano says that “in Italy alone 5,000 refugee children have gone missing. And Germany reported that in 2015 almost 6,000 of these children have disappeared.’’

The organisation has been aware of the problem for some time. “As far back as 2005 a Belgian study showed that one fourth of unaccompanied children seeking asylum went missing within the first 48 hours upon arrival. So it’s no news to us.”

But for a whole range of reasons, many of these disappearances go unreported. “First of all, there’s no sense of urgency,” explains Toscano. “When a child refugee goes missing, the general assumption is that he or she has a plan, and that the child is resilient. The police and social services don’t feel the same sense of urgency as when the child is from their own country. They are not aware of the risks these children run, that they might fall victim to exploitation. So nothing is really done.’’

The lack of formal procedures when these children disappear is another problem. “Much depends on the goodwill of the single professional involved,” says Toscano. “There is no common system to collect information about missing children in Europe. There are good practices, but they’re very local. So the traffickers just go to another area.’’

MCE was founded fifteen years ago in 2001, when it became clear that European cooperation on this issue was seriously lacking. “I was working for a Belgian NGO at the time when two Belgian girls went missing,” says Moralis. “On the third day of their disappearance a judge called us and said: ‘We have no idea where these children are, they could be anywhere in Europe, we really need your help now.’ There was no other way to tackle the problem but by contacting one by one all the 309 European organisations working in this field. That’s when we realised it was necessary to create a network of contact points for missing children.”

The organisation facilitates training of professionals to respond better to the disappearance of child refugees. It also exerts pressure on European institutions to provide clear rules and legislation to protect these children. This year, MCE has published a handbook (pdf) on good practises to help prevent and respond to unaccompanied children going missing.

“We try to be as practical as possible,” says Toscano. “You can do so much to prevent a child from disappearing. Just a simple example: when a child arrives in a shelter and is given food, he may think he has to pay for it. When he has no money, he will try to escape as soon as possible. Workers should take time to explain everything to the child … Sometimes these children don’t even realise it when they are exploited. Their traffickers tell them all kinds of lies to make them extra vulnerable. They say: watch out for authorities, they will lock you up.’’

They also closely monitor development throughout Europe. Toscano has been collecting information on missing children in Europe through the EU co-funded SUMMIT project (pdf). This included a study into interagency cooperation around unaccompanied migrant children done through surveys and interviews with hotlines for missing children, professionals at refugee reception centres, guardians and law enforcement in the UK, Italy, Greece, Cyprus, Spain, Belgium and Ireland.

As a result they are hearing from the frontlines. “We know that there are networks of child traffickers that operate in different countries,” says Toscano. “For example, when a refugee child has been exploited in Eritrea and claims asylum in the Netherlands, there will be another criminal gang waiting to exploit him there. Traffickers have excellent lines of communication. When a child has a history of trafficking, the risk that he will be trafficked again is very high.”

According to Moralis, the closing of borders means that lots of refugees are stuck in bad conditions: “This makes them more vulnerable and creates more opportunities for criminals. How is it possible that all this is going on in Europe and nobody seems to know where these children are?”

“Our main aim is to raise awareness that these children are children,” says Toscano. “It’s very simple. You’d think that everyone would be aware of this, but it is certainly not the case. Not for authorities, not for members of the civil society, nor for the general public. These children usually aren’t seen as children, but as people who just come here and use resources that we want to use for something else.’’

 

The Guardian em 13 de junho de 2016

 

Óculos de sol devem ser usados desde criança. Evitam doenças

Julho 29, 2016 às 8:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia do Diário de Notícias de 29 de junho de 2016.

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Crianças com insuficiência de iodo possuem défice cognitivo

Julho 29, 2016 às 12:00 pm | Publicado em Estudos sobre a Criança | Deixe um comentário
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Notícia do Açoriano Oriental de 4 de julho de 2016.

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3.6 milhões de crianças estão agora em risco devido ao aumento da violência no Iraque – relatório “A Heavy Price for Children”

Julho 29, 2016 às 6:00 am | Publicado em Relatório | Deixe um comentário
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descarregar o relatório no link:

http://www.uniraq.org/index.php?option=com_k2&view=item&task=download&id=1882_155abec0c097a09d6cd3c8694f9a6f3c&Itemid=626&lang=en

ou

Click to access relatorio_iraque_um_preco_elevado_para_as_criancas.pdf

mais informações na notícia da Unicef Portugal

3.6 milhões de crianças estão agora em risco devido ao aumento da violência no Iraque

 

Young people not in employment, education or training (NEET): An overview in ETF partner countries

Julho 28, 2016 às 8:00 pm | Publicado em Estudos sobre a Criança, Relatório | Deixe um comentário
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descarregar o documento no link:

http://www.etf.europa.eu/web.nsf/pages/NEET_ETF_partner_countries

There are very high numbers of young people who are neither in education or training nor in employment in the partner countries. Thirteen out of 18 countries for which we have figures show a NEETs rate for 15–29-year-olds higher than 25% (that is one in every four young people).

However, there is great variation between countries, from numbers similar to the EU28 (around 15%) to rates beyond 35%.

Uma façanha extraordinária: como a ética fez nascer o bebé-esperança

Julho 28, 2016 às 12:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Para Gonçalo Cordeiro Ferreira, presidente da Comissão de Ética do Centro Hospitalar de Lisboa Central, a criança que nasceu no São José de uma mãe em morte cerebral não é um bebé-milagre, mas um “bebé-esperança”

Para Gonçalo Cordeiro Ferreira, presidente da Comissão de Ética do Centro Hospitalar de Lisboa Central, a criança que nasceu no São José de uma mãe em morte cerebral não é um bebé-milagre, mas um “bebé-esperança”.

 

A vida é um bem a ser cuidado. A morte é um instrumento para chegar à vida. E a ética tem de servir para ligar a morte e a vida. Foi assim, que, numa manhã de segunda-feira, decidiu-se prolongar a morte de uma mãe para fazer nascer um filho que ela nunca veria. Nem o médico que o salvou. Nem viu, nem vai ver, porque a ética não pode depender da espuma das emoções. É de outro patamar, do distante. A palavra ao pediatra que salvou o bebé que comove Portugal.

Um homem não se separa da circunstância e Gonçalo Cordeiro Ferreira é, antes do mais, um pediatra. É o médico das crianças. É também diretor do Hospital D. Estefânia e presidente da comissão de ética do Centro Hospitalar de Lisboa Central. Naquela sexta-feira, 19 de fevereiro deste ano, quando uma mulher grávida e em coma deu entrada no hospital de S. José, em Lisboa, ele ainda era o vice-presidente do organismo que tomaria uma decisão que entrou para a história da medicina portuguesa e cravou a sua marca na literatura clínica mundial.

Subscreveu a “decisão pró-vida”, uma opção em prol da sobrevivência de um feto de 17 semanas totalmente dependente do corpo de uma mãe que já morrera em consequência de uma hemorragia cerebral. Gonçalo Cordeiro Ferreira nunca viu aquela mulher. Nunca olhou para uma fotografia daquela criança. Um homem que não acredita em milagres, mas que defende a esperança.

Como é que tudo começou?
A 21 de fevereiro, sábado, a comissão de ética encontrava-se em reestruturação porque o anterior presidente, dr. António Santos Castro, estava em vias de se aposentar e ainda não tinha sido nomeada formalmente uma nova comissão. Fui contactado pelo diretor clínico do serviço de Neurocríticos do Hospital de S. José e informado de que havia uma senhora em morte cerebral, grávida, e que a primeira avaliação do bebé mostrava que era um feto que tinha todo o comportamento ecográfico e biomédico bem, assim como a placenta. Não havia lesões visíveis. Era um feto de 17 semanas que, se fosse retirado de dentro da mãe, não teria nenhuma viabilidade. E havia a necessidade de saber o que se iria fazer com esta senhora, que era mantida em suporte de vida. A ‘velha’ comissão de ética reuniu-se então no dia seguinte. Entretanto, informamo-nos do que se passava e recolhemos informação sobre uma situação bastante insólita e rara. Depois de um debate de algumas horas, elaboramos, por unanimidade, um parecer que foi enviado ao conselho de administração.

O que dizia o parecer?
Em primeiro lugar, que se tratava de um feto de 17 semanas que não pode sobreviver fora da barriga da mãe. De uma mãe que tinha reiteradamente afirmado que queria manter a gravidez, apesar de ter uma doença. Em segundo lugar, foi uma decisão classificada ‘pró-vida’ que nos fez decidir pelo feto. Porque se uma pessoa em morte cerebral é mantida viva em nome de um milagre, é claramente um processo de futilidade terapêutica, porque sabemos que não terá qualquer recuperação. A consulta da literatura mostrou que, embora não haja muitos casos, é possível ter sucesso em casos como este. Até às dez semanas, o feto fica à disposição da mãe, que pode decidir ou não o prosseguimento da gravidez. A partir daí, só pode interrompê-la se houver malformações ou perigo para a saúde da mãe reconhecido por uma comissão científica. O terceiro ponto pedia que o feto fosse monitorizado constantemente para detetar quaisquer indícios de que o momento do acidente cerebral que custou a vida à mãe pudesse ter afetado o bebé e que este pudesse desenvolver malformações. Finalmente, também se sublinhava que o caso tinha de ser entregue ao Ministério Público, que poderia ter de tomar uma medida cautelar em relação ao feto.

Tinham alternativas do ponto de vista legal?
Existe aqui um grande vazio legal. Para todos os efeitos, esta senhora tinha um óbito declarado. O problema é que o feto não tem personalidade jurídica.

Esse argumento não foi invocado?
Não, o bebé foi considerado um bem jurídico. A vida é um bem e era uma vida que já estava além do período em que poderia ser disposta pela mãe. Não temos muitas opções. É evidente que havia risco. Daí a continuada monitorização do feto para perceber se surgiam anomalias incompatíveis com uma vida em qualidade. Imaginemos que a mãe desenvolvia uma infeção e o bebé morria. O que se tinha perdido? Tempo, a utilização de uma máquina. A colheita de órgãos só poderia ser feita se houvesse condições. Há sempre que equilibrar o certo e o incerto e o certo era aquela vida. Não foi um aventureirismo.

Não foi inédito?
Em Portugal foi, e em termos mundiais não é muito frequente, só há uma referência na Arábia Saudita, onde o bebé nasceu uma semana antes deste.

Foi uma experiência médica?
A comissão de ética não se baseia nesses raciocínios. É uma terapêutica experimental, o que não quer dizer que seja uma experiência, porque se houvesse deteção de anomalias poderia invocar-se a interrupção da gravidez por motivos de malformações fetais. Esta salvaguarda estava assegurada.

Então porquê pedir a intervenção do Ministério Público (MP)?
As informações que tínhamos na altura eram escassas em relação à família, que estava em choque e sabíamos pela equipa médica que tratava da mãe, que a relação com o pai era recente, não sabíamos se era estruturada. Perante a possibilidade de haver uma contradição com a opinião da família, o que se decidiu – e esta é a decisão que reputo mais ousada – foi equiparar este feto a um menor em risco e dar disso conhecimento ao MP. A fundamentação é de que quem protege o feto é a mãe e esta mãe está morta, não pode proteger o seu bebé. Mas também a equipa médica precisava de uma tutela superior, que teria de ser o Estado, se não houvesse acordo com a família. Daí ter-se dito ao MP que não se trataria de uma personalidade jurídica mas de um bem jurídico. Uma vida que não está protegida. Entretanto, a família mostrou ter vontade que a gravidez fosse para frente, mesmo sendo uma situação muito complicada.

A família não deveria ter assinado um consentimento informado?
Não concordo, porque a senhora estava morta. E o bebé não é propriedade de ninguém. Está tutelado pela família enquanto menor e pode ser retirado da família se esta não exercer corretamente a sua missão. O feto não é do pai. Seria da mãe, com reservas até às dez semanas. Felizmente, todos concordaram, mas mesmo que não o tivessem feito, a gravidez poderia continuar.

Esta decisão é única?
Vou falar transcendendo o papel na comissão de ética, porque sou pediatra e uma pessoa não se pode desligar da sua condição. Este caso foi uma façanha extraordinária. A equipa de neurocríticos fez um trabalho tecnicamente perfeito, em condições muito complicadas, sem experiência. Compreendo que esta seja uma decisão muito complicada, porque as equipas médicas lutam para salvar vidas e não para manter mortos. E neste caso só lutaram para manter esta morta em situação de vida temporária porque sabiam que estava lá uma vida a crescer. Só fazia sentido se o bebé nascesse bem. Se não tem acontecido, teria sido uma enorme deceção. Uma sensação de tempo gasto porque o que aconteceu foi ao arrepio da prática médica. Ficaram muito aliviados quando viram o até então invisível bebé. Foi fantástico. Foi possível manter o bebé com o que ele necessitava para crescer, mas havia coisas que faltavam. Acordar, dormir, estar dentro de casa, comer e estar em jejum, estados emocionais que não se transmitem, mas são modulados pela libertação de hormonas que ali não havia. E há a fala, a música, que os bebés ouvem na barriga da mãe. Neste caso isso não existiu, com que consequências, não sabemos. Mas a equipa, sobretudo de enfermagem, fez um papel de comaternidade.

Sem nenhum protocolo?
Sem nenhum protocolo. Primeiro porque isso não vem nos manuais técnicos. Iam ao quarto, falavam com o bebé, levavam música, faziam festinhas na barriga da mãe. Mostra-nos que a maternidade não é uma ação individual, é de toda uma comunidade. Aqui, começou na fase pré-natal. A ética repousa nos bons princípios do homem como animal social. E essa equipa mostra isso, na vontade de o homem fazer bem ao seu semelhante.

Nunca se arrependeu da decisão?
Nunca.

Fica aborrecido quando chamam à criança “bebé-milagre”?
Não há milagres, mas que o bebé é um grande marco, é. Preferia chamar-lhe bebé-esperança. Foi fruto de uma esperança que não foi aventureira, foi baseada em indicações concretas.

Alguma vez foi visitar a mãe?
Não.

Visitou o bebé?
Não.

Vai?
Não.

Porquê?
A comissão de ética precisa de estar distante do que é esta espuma das emoções. Tem de estar noutro patamar, em que as deliberações têm de ser mais tranquilas apesar da urgência da situação.

Ele não vai ser seu doente?
Não.

 

Expresso em 15 de junho de 2016

Campanha “Despir os preconceitos, Vestir a Inclusão”

Julho 28, 2016 às 6:00 am | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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Texto da EAPN Portugal de 21 de junho de 2016

Campanha “Despir os preconceitos, Vestir a Inclusão” No seguimento do trabalho realizado pelos Núcleos Distritais do Núcleo Regional do Centro da EAPN Portugal (Castelo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria, Santarém e Viseu), juntamente com os Conselhos Locais de Cidadãos desses mesmos distritos, constituídos por pessoas que experienciam ou experienciaram situações de pobreza e/ou exclusão social, surgiu a necessidade de sensibilizar para a desconstrução de preconceitos e estereótipos. Pessoas com deficiência e incapacidades, idosos, desempregados, minorias étnicas e migrantes, famílias em situação de pobreza, pessoas sem abrigo, ex-toxicodependentes e ex-reclusos são alguns dos grupos socialmente vulneráveis ainda sujeitos a preconceitos e estereótipos pela sociedade, impedindo a sua plena inclusão.

Assim surgiu a Campanha “Despir os Preconceitos, Vestir a Inclusão”, apresentada no passado dia 17 de junho, em Coimbra, por todos os que diretamente estiveram envolvidos neste processo. A dinamização desta Campanha consiste na distribuição de materiais (cartazes, crachás, sacos e canetas) junto de entidades e organismos que trabalham diretamente com estes grupos, assim como escolas e outras instituições, no sentido de sensibilizar para o combate deste tipo de estereótipos e preconceitos, contribuindo, desta forma, para a inclusão social.

A DISTRIBUIÇÃO DE MATERIAIS DA CAMPANHA É GRATUÍTA

PARA SABER COMO OS PODE OBTER CONTACTAR, POR FAVOR, OS seguintes Núcleos Distritais da EAPN Portugal

Castelo Branco; Coimbra; Guarda; Leiria; Santarém e Viseu

– os contactos encontram-se em www.eapn.PT

 

 

 

 

 

Los antidepresivos no son la opción adecuada para el tratamiento de la depresión en niños y adolescentes

Julho 27, 2016 às 8:00 pm | Publicado em Estudos sobre a Criança | Deixe um comentário
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Notícia do site http://www.infocop.es/ de 1 de julho de 2016.

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Infocop

El trastorno depresivo mayor tiene una prevalencia estimada del 2-8% en niños de 6 a 12 años, y del 5-6% en adolescentes de 13 a 18 años. En comparación con los adultos, el trastorno depresivo mayor en niños y adolescentes está todavía infradiagnosticado e infratratado, posiblemente porque tienden a presentar síntomas menos comunes como irritabilidad, conductas agresivas y rechazo a la escuela.

A pesar de que los tratamientos psicológicos se consideran el tratamiento de elección en muchas guías clínicas basadas en la evidencia, y de las advertencias de la FDA desde 2004 sobre el aumento del riesgo de suicidio que producen los antidepresivos en esta población, el tratamiento farmacológico sigue siendo el más prescrito para jóvenes deprimidos.

Con motivo del debate que genera el uso de psicofármacos en menores, y en su caso, qué tipo de medicamento de administra, un equipo de investigadores ha publicado un estudio cuyo objetivo ha sido comparar la eficacia de un grupo de antidepresivos y la tolerancia a estos, con el efecto de un tratamiento placebo, en menores con trastorno depresivo mayor.

Este interesante trabajo es el meta-análisis más completo publicado hasta la fecha, sobre los tratamientos farmacológicos para niños y adolescentes con depresión, que recopila los estudios publicados sobre este asunto con el fin de analizar la evidencia de los ensayos encontrados.

La búsqueda se hizo utilizando los principales buscadores científicos, así como las páginas Webs de las agencias reguladoras y los registros internacionales. Se eligieron los estudios cuyos resultados se centrasen en la eficacia (el cambio en los síntomas depresivos) y la tolerancia (interrupciones del tratamiento debidas a eventos adversos). Y fueron excluidos estudios con deficiencias metodológicas como tratamientos de menos de 4 semanas o tamaño de la muestra menor a 10 pacientes. En total se eligieron 34 ensayos, incluyendo una muestra total de 5260 participantes y 14 tratamientos antidepresivos diferentes.

Según los resultados de eficacia sólo la fluoxetina obtuvo diferencias significativas con respecto al placebo, con un tamaño del efecto mediano. En cuanto a la tolerancia, la fluoxetina también obtuvo mejores resultados que otros antidepresivos, presentando la mayoría de ellos síntomas adversos  que obligaron a interrumpir el tratamiento.

Teniendo en cuenta el balance riesgo-beneficio, este trabajo concluye que los antidepresivos no son una opción adecuada para el tratamiento de la depresión mayor en niños y adolescentes. Siendo la fluoxetina la opción menos mala en el caso de que se prescriba algún antidepresivo.

No obstante, según los autores del estudio, estas conclusiones hay que tomarlas con cautela, debido a que muchos estudios de los seleccionados (el 65%) estaban financiados por los propios laboratorios del medicamento, por lo que tenían altas probabilidades de estar sesgados y sobreestimar la eficacia de los resultados. Además, no pudieron acceder a los datos brutos de los estudios, con argumentos sobre la propiedad intelectual o la privacidad de los pacientes; lo que les impidió analizar los datos de forma neutral.

Por esta razón, los efectos positivos derivados del uso de antidepresivos, incluidos los de la fluoxetina, pueden estar incluso sobrevalorados; de la misma manera que consideran que los riesgos del consumo de determinados antidepresivos pueden ser mayores en la población real de lo que se ha observado hasta ahora en los ensayos clínicos.

De estos resultados se derivan algunas conclusiones a tener en cuenta:

  • Es de suma importancia el acceso a los datos de los estudios publicados, asi como la publicación de todos los estudios, obtengan resultados positivos o no.
  • El hecho de que en la mayoría de los países no estén disponibles los tratamientos psicológicos recomendados por su eficacia, no justifica la prescripción de los psicofármacos como única alternativa, ya que se ha demostrado que no son mejores que la ausencia de tratamiento.

Parece inexplicable que a pesar de haberse demostrado que la ecuación riesgo-beneficio del uso de antidepresivos en niños y adolescentes no compensa por su escasa eficacia y sus importantes efectos secundarios, y a pesar de las advertencias de la FDA sobre la peligrosidad de su uso, la prescripción de antidepresivos en esta población sigue aumentando de forma vertiginosa durante los últimos años (ver el artículo: La prescripción de antidepresivos a niños y adolescentes sigue aumentando a pesar de no estar recomendada).

Referencia:

Cipriani, A.; Zhou, X.; Del Giovane, C, et al. (2016). Comparative efficacy and tolerability of antidepressants for major depressive disorder in children and adolescents: a network meta-analysis. The Lancet. Published Online. http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(16)30385-3

 

Système U – Gender Free Christmas – vídeo

Julho 27, 2016 às 12:00 pm | Publicado em Vídeos | Deixe um comentário
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