O superior interesse da criança em debate no Agrupamento de Escolas de Benavente

Maio 13, 2024 às 6:00 am | Publicado em O IAC na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia do O Mirante de 1 de maio de 2024.

“Casa da mãe, casa do pai: parentalidade após a separação” foi uma iniciativa promovida pelo Serviço de Psicologia e Orientação (SPO) do Agrupamento de Escolas de Benavente.
O Serviço de Psicologia e Orientação (SPO) do Agrupamento de Escolas de Benavente proporcionou na tarde de terça-feira, 30 de Abril, o debate “Casa da mãe, casa do pai: parentalidade após a separação” junto de alunos, pais, professores, educadores e técnicos da educação. O painel foi composto por Ana Perdigão, coordenadora do serviço jurídico do Instituto de Apoio à Criança (IAC), Sandra Pedrosa, da equipa de serviço local de Benavente do Centro Distrital de Segurança Social de Santarém e Ana Azinhaga, da CPCJ de Benavente.
A sessão iniciou com um momento musical de Carolina Moura e as suas duas alunas e declamação de poemas do livro “Os Direitos da Criança”, de Matilde Rosa Araújo, por alunos do 10ºA e do clube de leitura do agrupamento. Xinyan, aluna do 12º ano, esteve durante toda a conversa a elaborar ilustrações alusivas ao Mês da Prevenção dos Maus-Tratos na Infância (Abril), que tem o laço azul como símbolo. A vereadora da Câmara de Benavente com os pelouros da educação e acção social, Catarina Vale, marcou presença no encontro.

Vamos voltar a conectar as crianças com o mundo real

Maio 2, 2024 às 12:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Artigo de opinião de Carlos Neto publicado na Sábado de 5 de abril de 2024.

São necessárias estratégias práticas e acessíveis que incentivem uma desconexão saudável, promovendo o bem-estar digital e por outro lado, o bem-estar psicológico e físico das crianças, essenciais para um crescimento equilibrado e harmonioso.

Estamos progressivamente a ser inundados de informação, encharcados de dispositivos digitais em todo o lado, mas por outro lado famintos de sabedoria. Vivemos o nosso corpo na ponta dos dedos, ao alcance de um botão, com acesso a uma conexão com todo o mundo cheio de coisas, acontecimentos, notícias e pessoas, mas acabamos por cultivar a solidão e uma cultura egocêntrica nas nossas existências. Os seres humanos foram capturados e manipulados de forma subtil, sem muitas vezes terem consciência de si, vivendo num tempo à pressa, sem capacidade de parar, refletir, pensar de forma critica, vida sem profundidade e baseada numa produtividade de sobrevivência e numa violência de pandemia digital. Estes estilos de vida dos adultos atingem as primeiras idades de forma inevitável, aumentando de forma muito significativa as percentagens de sedentarismo infantil com graves consequências para a sua saúde física e mental. O custo total dos problemas relacionados com a saúde mental é superior a 4% do PIB, ou seja, 600 milhões de euros por ano nos 27 países da EU. A percentagem de crianças e jovens que apresentam sintomas de depressão em Portugal e nos restantes países da EU, mais que duplicou durante e após a pandemia. Relativamente à obesidade infantil, prevê-se um crescimento de 3.5% ao ano, elevando a percentagem de crianças obesas para 24% em 2035. Notícias muito alarmantes para uma condição com uma muito estreita relação com doenças cardiovasculares, metabólicas e cancro (World Obesity Atlas, 2023). Segundo a indicação de relatórios recentes da Organização Mundial de Saúde, devemos definir e organizar soluções governativas para a atividade física para os próximos anos, e que passam por estratégias de prevenção da saúde pública, implicando a criação de sociedades ativas, sistemas ativos e ambientes e pessoas ativas. É urgente pôr os corpos a mexer de forma regular, sistemática e intencional, através do aumento de atividades motoras, lúdicas, desportivas e artísticas.

Numa era dominada pela tecnologia na vida quotidiana de crianças e jovens e as consequências que já se conhecem no desenvolvimento da sua saúde física e mental, interessa iniciar uma reflexão mais robusta sobre as melhores estratégias para as desconectar dessa dependência digital e ser possível maior equilíbrio com o mundo real. A informação do contexto digital é por princípio externa, distante, solitária, artificial, imposta e sedutora, enquanto a vivência do contexto real (natural) é espontânea (brincar ou jogar), livre e autónoma, através de um corpo ativo, em contacto físico, social e em confronto com o risco no espaço natural ou construído. Estas crescentes preocupações com o impacto da exposição digital prolongada no desenvolvimento infantil, enfatiza a importância de reintegrar as crianças no mundo físico, através de atividades formais e não formais com intencionalidade educativa e terapêutica que fomentem a criatividade, a socialização e o contacto com a natureza. Muitas destas crianças e jovens andam perdidas num mundo virtual ao qual lhes foi dado acesso demasiado cedo e sem controlo.

Reconhecendo os desafios que pais e educadores enfrentam para equilibrar a vida digital e vida real das crianças, são necessárias estratégias práticas e acessíveis que incentivem uma desconexão saudável, promovendo o bem-estar digital e por outro lado, o bem-estar psicológico e físico das crianças, essenciais para um crescimento equilibrado e harmonioso. Importa refletir sobre as nossas práticas digitais e redescobrir os benefícios de um tempo offline na construção de uma infância rica e plena de diversidade de experiências em diversos contextos. Para implementar este objetivo, considera-se como ação prioritária a promoção da consciência digital das famílias e o estabelecimento de regras com a participação das crianças e jovens sobre a necessidade de estabelecer uma gestão do tempo, implementando zonas livres de tecnologia, de forma que as crianças possam experienciar atividades fora do ambiente digital, estimulando de forma mais natural e espontânea, permitindo um desenvolvimento motor, cognitivo, emocional e social de forma mais saudável. Esta mudança de hábitos de vida diária, implicará o fomento de momentos relacionais de grande imaginação, fantasia e criatividade, através da oferta de atividades offline de grande motivação e entusiasmo, que permitam experiências e vivências com diversos materiais, equipamentos em contexto familiar, escolar e comunitário. Todos sabemos, que não é uma tarefa fácil retirar os ecrãs às crianças pelo potencial poderoso de narrativas simbólicas poderosas e criadoras fáceis de dinâmicas viciadoras e de dependência digital. É mais difícil desligar do que ligar estes dispositivos de lazer e também de divertimento. Implementar momentos offline entre pais e filhos, implica a tomada de consciência critica, relação afetiva fortalecida, regras partilhadas de forma clara, coragem de romper com um estilo de vida sedentário e perceção dos benefícios que este consenso comum tem no aumento da qualidade de vida pata todos. Talvez a melhor estratégia seja começar com atividades simples: brincar e jogar em diversas formas de cultura lúdica em casa, passear em torno da habitação, na rua e na cidade, ir a um espaço de jogo público, viajar até a uma floresta, jardim público, visitar um museu, ou espaços para atividades especificas como pescar, andar de bicicleta, correr ou patinar, etc.

Outro aspeto que merece uma referência especial, centra-se no preconceito de que pais que dão liberdade para que os seus filhos tenham autorização de deslocação autónoma sem vigilância adulta, ser considerado como um comportamento negligente. Pais corajosos, que tomam estas decisões de dar autonomia aos seus filhos para conhecer, vivenciar e experimentar os espaços próximos e espaços progressivamente mais distantes, são aqueles que não deixaram morrer as suas memórias de infância e que não se deixam influenciar por medos sociais e culturais e apresentam níveis de confiança sobre a distanciação dos seus filhos e nos ganhos que essas atitudes podem oferecer em termos de confronto com situações inabituais e capacidade adaptativa. Na realidade, o ser humano deve confrontar-se com situações adversas, para se superar, socializar e adquirir níveis de maturidade adequados à sua idade e condição de desenvolvimento. São conhecidos imensos casos de pais que foram presos ou considerados negligentes por permitirem que os seus filhos pudessem caminhar e brincar livremente, nos espaços exteriores de jogo, na rua próximo de casa ou nos bairros próximos da sua habitação. Há evidências científicas claras e robustas que o brincar ao ar livre não supervisionado apresenta muitos benefícios nas crianças, principalmente em contacto com a natureza. Também se sabe que as crianças passam hoje menos tempo ao ar livre que os seus pais. Muitos pais, inexplicavelmente, também pensam que permitir que as crianças brinquem sozinhas deve ser um crime. Esta situação paradoxal de posicionamento parental, de ausência de autonomia nas primeiras idades é uma das variáveis responsáveis da existência de muitas dificuldades de aquisição de habilidades pessoais e sociais de crianças e jovens do nosso tempo. Não existem mais perigos do que no passado. Apenas temos mais automóveis e uma urbanização pouco amiga das crianças e dos jovens. É urgente fazer uma reflexão sobre estas questões relacionadas com a educação patológica de segurança e alterar os estilos de intervenção parental para a atribuição de uma mobilidade autónoma e sem supervisão. É fácil entregar um filho ao telemóvel. Dá menos trabalho do que conversar, ouvir, brincar, conectar. Mas essa “facilidade” tem custos. O corpo em movimento num mundo tecnológico é aparentemente contraditório, mas com um futuro muito promissor em termos de complementaridade.

Necessitamos de libertar as crianças e jovens de narrativas de vida de aprisionamento corporal e de impossibilidade de descobrir a vida real. Em síntese, libertar as crianças e jovens através do brincar e ser ativo, implica:

1-Estarem menos tempo sentadas, quietas e dependentes dos dispositivos digitais lúdicos;

2-Poderem brincar de forma livre e não supervisionados;

3-Terem mais oportunidades de se confrontarem com o risco físico, emocional mental e social no espaço público e em contacto com a natureza;

4-Estarem libertos de agendas muito estruturadas e formatadas;

5-Libertar as formas de superproteção parental excessiva;

6-Terem mais tempo de autonomia e mobilidade autónoma;

7-Terem mais direito a formas de participação em relação aos seus interesses e motivações pessoais;

8-Libertar e espantar os medos dos adultos;

9-Aumentar a literacia motora, lúdica, desportiva e artística.

Deixo o treinador… treinar! “Sou pai, ou seja, não sou treinador”

Abril 22, 2024 às 6:00 am | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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IPDJ – Instituto Português do Desporto e Juventude, I.P.

2 d  · 

“Sou familiar de atleta. E agora?” é um recurso psicopedagógico, da autoria da valência de Psicologia, do Centro de Medicina Desportiva de Lisboa.

O documento partilha dicas, colocadas na voz de familiares de atletas, com o objetivo de contribuir para promover a saúde psicológica, em contexto desportivo.

A título exemplificativo, podemos encontrar um pai que acredita que o seu papel, junto do filho, não é tecer considerações em relação às orientações técnicas do treinador (por entender que essa função desportiva não lhe cabe a ele).

Conheça o documento em: https://bit.ly/SouFamilardeAtletaeAgora

Colóquio “Navegar pela parentalidade: recursos e desafios” 18 abril em Lisboa

Abril 15, 2024 às 6:00 am | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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O Colóquio Anual do MDV – “Navegar pela parentalidade: recursos e desafios“, será no próximo dia 18 de abril em Lisboa. (Auditório dos Serviços Sociais da Câmara Municipal de Lisboa.)

O objetivo é apoiar profissionais e famílias a navegar as várias fases e transições da parentalidade, apontando recursos eficazes para enfrentar os desafios.

Inscreva-se aqui até dia 15 de abril

Pai: larga o telemóvel e brinca comigo!

Abril 4, 2024 às 6:00 am | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Artigo de opinião de Carlos Neto publicado na Sábado de 15 de março de 2024.

Os pais são habitualmente maus exemplos para os seus filhos quando em momentos decisivos não evitam o uso da tecnologia, estando agarrados aos telemóveis em todo o lado.

A frequência e intensidade com que as crianças e jovens estão a ficar capturados, seduzidos e dependentes pelos écrans (vários dispositivos eletrónicos), está cada vez mais a provocar estados emocionais devastadores e um grande aumento de estilos de vida sedentários. Falamos em especial no uso do envolvimento eletrónico com finalidades lúdicas, na qual a existência do corpo é vivido na ponta dos dedos ao alcance de narrativas simbólicas poderosas, numa violência invisível exercida pelos grandes interesses financeiros das grandes multinacionais digitais.

Este bombardeamento sensorial e percetivo do cérebro num corpo passivo e hipnotizado, provoca uma diminuição significativa de amplitude neurológica por não existir a possibilidade de experimentar outras experiências em contacto com o mundo real. Esta subjugação ao poder dos écrans, é muito prejudicial, principalmente nas primeiras idades, em que o brincar livre e ser ativo em vários contextos (familiar, escolar e comunitário) é fundamental para a estruturação motora, percetiva, emocional, mental e social do desenvolvimento infantil, em experiências de conquista de maior autonomia de mobilidade, confronto com o risco, e contacto com espaços naturais e construídos.

No fascinante livro da autoria do neurocientista Michel Desmurget “A Fábrica dos Cretinos Digitais – o perigo dos écrans para os nossos filhos” publicado pela Contraponto (Bertrand), em que tive a honra de prefaciar, são identificados os principais aspetos negativos no uso dos dispositivos digitais (principalmente lúdicos): promovem uma diminuição da qualidade das interações intrafamiliares; diminuem o tempo para outras atividades mais enriquecedoras (leitura, arte, música, etc.); podem provocar perturbações do sono e super-estimulação da atenção (distúrbios de concentração, aprendizagem e impulsividade); falta de estimulação intelectual que impede o cérebro de desenvolver o seu potencial, e ainda, o sedentarismo excessivo e sua influência na maturação cerebral (falta de mobilidade, enfraquecimento de competências motoras, ausência de contacto com a natureza, jogo e desporto). Refere ainda que “o excesso de utilização do écran lúdico atrasa a maturação anatómica e funcional do cérebro em várias redes cognitivas relacionadas à linguagem e à atenção” e que “o potencial para a plasticidade cerebral é extremo durante a infância e a adolescência”.

De facto, nas primeiras idades o cérebro assemelha-se a uma esponja (massa de modelar) em que ao princípio é fácil de modelar, mas com o tempo vai ficando mais seca e mais difícil de esculpir. Por exemplo, os dados são ainda muito imprecisos sobre os efeitos destas atividades nos resultados académicos, mas já se sabe das suas consequências no padrão de sono e na memorização. Na maior parte dos casos, não existe consciência adulta de como estas “culturas de écrans” estão a tomar conta da vida das nossas crianças e jovens em todos os contextos de vida. Trata-se de uma tragédia silenciosa em que são híper-estimuladas com objetos materiais, mas por outro lado, privadas de aquisição de conceitos básicos de condições mais saudáveis de vida.

A educação equilibrada entre a qualidade de atividades de jogo e movimento do corpo de natureza formal e informal, qualidade do sono, alimentação saudável e utilização de dispositivos digitais na infância e adolescência, deveria constituir uma preocupação central na educação familiar e escolar. As atividades que ficam por fazer e experienciar devido a esta “pandemia digital” de corpos intelectualmente ativos de uma forma superficial em corpos sentados e passivos, promove uma verdadeira hecatombe morfológica, muscular, orgânica e mental, com enormes prejuízos para um desenvolvimento saudável ao longo da vida.

O tempo passado a ver televisão e vídeo, utilizar consolas, telemóveis, smartphones, tablets, jogar jogos eletrónicos, utilizar o computador, consultar a internet, contacto com as redes sociais, jogos e apostas online, etc., envolvem uma grande parte da vida diária de crianças e jovens, criando estados de dependência e de intoxicação digital (um novo ópio mental).

Será que os pais conhecem e estão conscientes dos efeitos negativos do tempo excessivo passado pelos filhos face aos écrans? A resposta a esta questão apresenta-se com grande variabilidade, em função do nível de formação, extrato social e contexto de vida. Mas sabemos que na maior parte dos casos assistimos a uma informação mais opinativa do que científica. Mas também é preocupante verificar a existência de muitos pais distraídos digitalmente em relação à vida diária dos seus filhos, muitas vezes indulgentes e permissivos em deixarem que eles se deixem envolver nestas formas de gratificação imediata e sem terem tempo para viverem momentos de tédio e frustração fundamentais ao desenvolvimento do poder de adaptação, capacidade de relação com a adversidade e regulação e controlo emocional.

Os pais são habitualmente maus exemplos para os seus filhos (as crianças são esponjas) quando em momentos decisivos não evitam o uso da tecnologia, estando agarrados aos telemóveis em todo o lado (à porta da escola em conjunto com os seus automóveis, no restaurante ou hipermercado e em casa durante as refeições ou até mesmo nos tempos livres escolares ou em férias quer dentro ou fora de casa). Em muitas situações da vida real, o sentimento das crianças ao observarem esta ausência de atenção dos pais por estarem agarrados aos écrans, será: “pai podes largar o telemóvel e brincar comigo?”.

As crianças desejariam pais digitalmente atentos e que pudessem oferecer oportunidades de tempo e espaço para brincarem com mais regularidade em casa (ajudar nas tarefas domésticas, cozinhar, contar estórias, ler livros, pintar, desenhar, dançar, ouvir música, aprender um instrumento musical, jogar às escondidas, jogos de luta, jogos de tabuleiro, jogos de construção, puzzles, etc.) ou vir para o espaço público (ar livre) próximo ou distante da habitação, fazendo em conjunto várias atividades (passear, caminhar, correr, andar de bicicleta, jogar à bola, subindo às árvores, observar a natureza, visitar os elementos da paisagem física, artística, cultural do local onde vivem, etc.). É bom permitir que as crianças possam dar ideias e negociar com os pais uma agenda de atividades a realizar durante o dia ou ao fim de semana.

Interessará envolver os filhos na implementação de algumas regras fundamentais de organização de rotinas, com responsabilidade e ao mesmo tempo, de transmitir a possibilidade de conquista de autonomia, não os protegendo em excesso por qualquer insuficiência ou existência de erros. É através dos erros que os seres humanos sempre foram capazes de aprender e a superarem-se na vida, ganhando resiliência e adaptação a situações de dificuldade em todas as dimensões da nossa existência pessoal e coletiva. Neste sentido, os pais devem evitar o uso abusivo da tecnologia como uma cura para o tédio dos filhos ou para o comodismo de encontrar tempo para si e para os seus interesses pessoais. É necessário ganhar consciência sobre esta nova realidade da vida humana, para estar disponível para se conectar, vincular afetivamente e emocionalmente, criando empatia suficiente com os filhos ensinando-lhe dinâmicas de regulação (auto) e habilidades sócio emocionais. Também importa tomar algumas decisões importantes em conjunto, como não existir tecnologias ao acordar, durante as refeições, antes de adormecer e eliminar esses dispositivos nos quartos, no sentido de evitar a distração digital. Importa de igual modo, que as crianças e jovens possam aprender a gerir as suas frustrações pela ausência dos dispositivos digitais, implementando no contexto familiar, um clima positivo, alegre, divertido e lúdico. 

Na verdade, é claro para todos, que a revolução (transição) digital veio para ficar num mundo em grande mudança. Como estamos a preparar estas novas gerações para um futuro que é incerto, imprevisível e ainda desconhecido? Cidadãos cultos, com “fome de conhecimento”, ativos e criativos ou sujeitos dependentes, viciados e prisioneiros da sua própria servidão? As novas ferramentas tecnológicas não são nem más nem boas: depende como decidimos utilizá-las. Esta relação entre a cultura digital e cultura motora (lúdica, desportiva e artística), deveria merecer mais reflexão no contexto familiar, educativo e comunitário. Os pais devem largar sempre que possível os dispositivos digitais e brincarem com os seus filhos. Estes estão desejosos de uma relação corporal envolvente, entusiasmante e emocional dos pais, que seja intensa, regular e sistemática. Não há evidência científica que relacione a qualidade educativa com o uso de tecnologia. A abundância de informação que hoje surge através dos dispositivos digitais, impede-nos de ter capacidade de selecionar de forma criteriosa o mais importante para as nossas vidas, e por outro lado não aumenta em profundidade a nossa sabedoria.

Educar é também dizer Não

Março 14, 2024 às 12:00 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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Imagem e texto do CPM – Centro de Psicologia e Mediação

CPM – Centro de Psicologia e Mediação

Mas, como dizer “não” ao meu filho?

Os limites são impostos através do diálogo e da estimulação da capacidade da criança de pensar sobre o desejo e impulso que a move. Devem-se evitar os “não” sem justificação, os “não” porque “eu também não tive quando era criança”, os “não” porque “és muito pequeno para compreender” e os “não” porque “eu quero e sou eu que mando”.

Para se compreender melhor esta dinâmica, basta pensar-se num adulto que deseja realizar um desejo qualquer mas que, por circunstâncias do momento, não pode. Este adulto vai querer perceber porque não pode, o que o impede, para compreender a resistência e lidar com a frustração. O mesmo acontece com as crianças, que necessitam de compreender o que as impede. Saber esperar e tolerar a frustração são aspectos fulcrais para o equilíbrio emocional.

Compreende-se, assim, a importância de dizer “não” às crianças, como meio para que elas orientem o seu desenvolvimento enquanto pessoas, para que limitem as suas ações, para que compreendam o que é importante ou não; e as crianças esperam que os pais, com a sua sabedoria adulta, possam garantir este crescimento saudável.

Educação Emocional em Crianças e Jovens – Oficina para pais/cuidadores, 28 fevereiro em Coimbra

Fevereiro 26, 2024 às 8:00 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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“As crianças e os adolescentes têm de ter limites. Uma criança sem limites sente-se completamente perdida”

Novembro 13, 2023 às 8:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia da Visão de 1 de novembro de 2023.

Os primeiros 1000 dias de vida são essenciais e podem ter consequências na aprendizagem, na saúde, no comportamento e no bem-estar ao longo da vida. A pediatra do neurodesenvolvimento Maria do Carmo Vale explica-nos porquê

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Paternidade – DGS

Outubro 27, 2023 às 12:00 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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Imagem retirada daqui

Como falar da guerra com os seus filhos

Outubro 26, 2023 às 12:00 pm | Publicado em O IAC na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia e imagem da Visão de 16 de outubro de 2023.

PAULA BARROSO

As notícias sobre a guerra entre Israel e o Hamas são perturbadoras, tanto para crianças como para adultos. Se não sabe como abordar o tema com os mais novos, este artigo pode ser uma ajuda

Apalavra guerra é assustadora e anda na boca de toda a gente. É assunto de primeira página nos jornais e ocupa praticamente todo o espaço informativo das televisões. Se nós, adultos, nos preocupamos com a situação, os mais novos podem sentir-se ainda mais ansiosos, por não compreenderem o que leem ou veem nos meios de comunicação e redes sociais.

Aos pais e educadores cabe explicar-lhes, mas o tema não é fácil de abordar. Surgem as dúvidas: «Converso com eles ou será melhor não tocar no assunto?», «Como lhes explico?», «Falo dos refugiados, das mortes?»

Na opinião da psicóloga Melanie Tavares, do Instituto de Apoio à Criança (IAC), tudo depende da criança que temos à frente: «No caso dos mais novos, é deixar que sejam eles a trazer o assunto porque podem nem sequer estar sintonizados com o que está a acontecer e, nesse caso, não deveremos ser nós a despoletar angústias. Se forem mais velhos, vamos respondendo à sua curiosidade. Explicamos à medida do que nos vão perguntando.»

Diana Alves, professora da Faculdade de Psicologia e Ciências de Educação da Universidade do Porto, concorda e acrescenta: «Devemos adequar a informação à idade ou à maturidade da criança, sendo que o denominador comum deverá ser sempre a verdade.»

Como se diz a verdade de forma tranquila?

É natural que nos sintamos apreensivos com a situação de guerra que se vive na Europa, por isso, Diana Alves aconselha a «prepararmo-nos antes de falar com as crianças», o que implica «alinhar quer os nossos sentimentos quer a informação que lhes queremos passar, porque é importante dizer a verdade, mas com tranquilidade.»

«Devemos ter também o cuidado de adequar a linguagem à criança ou jovem que temos à frente e falar de forma a dar-lhes segurança», refere Melanie Tavares, «Não ter um discurso fatalista e mostrar-lhes, de forma afetuosa, que podem contar connosco».

E isso pode passar por dizer, simplesmente, que «está a acontecer uma guerra, que esperamos que se venha a resolver pela paz porque não é pela violência que se resolvem os conflitos, e que estão muitos países a trabalhar para que a guerra acabe. E que temos esperança que eles se entendam o mais rapidamente possível.»

Ouvir, validar, tranquilizar

«Para uma criança do 1º ciclo, por exemplo, a informação deve ser clara e curta e transmitir um sentimento de segurança», reforça Diana Alves, e isso passa também por «fazer uma diferenciação de papéis e explicar que os adultos são os responsáveis pelo que se passa e são eles que vão resolver isto.» Ou seja, deixar claro que ouviremos todas as suas dívidas e preocupações, «mas sublinhar que este é um problema que cabe aos adultos resolver».

Ouvir o que o seu filho tem a dizer é meio caminho andado para uma boa comunicação. É a tal escuta ativa de que tantas vezes se fala mas que nem sempre praticamos. «Quando são mais velhos, é muito importante ouvir o que eles têm para nos dizer, perceber o que sabem», alerta Diana Alves, «e, a partir daí, podemos até questionar as fontes de informação que usam».

A psicóloga sugere, inclusive, fazer desta conversa um ponto de partida para uma outra reflexão: «Perceber que há fontes de informação de confiança e outras não, e trabalhar com eles uma atitude crítica perante o que chega até eles.»

O que dizer quando não sabemos responder?

«Mais uma vez: a verdade. Que não sabemos responder. É importante que percebam que há questões difíceis, para as quais não existe uma resposta pronta a servir. Dependendo da idade da criança e da questão em si, podemos inclusivamente aproveitar para envolvê-la nessa busca pela informação, procurar juntos por uma resposta», sugere Diana Alves. «É importante ter a humildade de, quando não sabemos uma resposta, assumi-lo, dizendo que nos vamos tentar informar», acrescenta Melanie Tavares.

A exposição à informação

Na última semana, assim que ligamos a televisão, entram-nos pela casa adentro imagens de bombardeamentos, de pessoas em fuga, de casas destruídas. Todas de uma grande violência e impacto. O que fazer? Protegê-los e desligar a TV ou ver os noticiários com eles? Mais uma vez, cada caso é um caso, como sublinham as especialistas.

«A exposição à informação deve ser feita com parcimónia. E aqui não há idades», alerta Diana Alves, «até nós adultos percebemos o impacto perturbador que isto tem em nós. Em relação às crianças que não viam noticiários, não será a melhor altura para tomarem esse hábito; àquelas que já viam não faz sentido trancar portas ou desligar a TV, isso iria torná-las mais vigilantes e inquietas. O melhor será assistir com elas e ouvi-las. Ouvir realmente, para percebermos a sua perceção, as suas emoções e inquietações.»

Melanie Tavares alerta que «a situação de pandemia tornou as nossas crianças muito mais ansiosas do que eram em 2019», pelo que, na sua opinião, «devemos evitar ao máximo que assistam a essas notícias». Contudo, reconhece que, no caso dos mais velhos, será difícil fazer esse controlo, já que «têm acesso a tudo e são bombardeados com todo o tipo de informação, por isso, evitar que vejam as notícias da guerra na TV seria até um pouco patético.» Assim sendo, deixa o mesmo conselho: «Assistir com eles, desmistificando e refletindo em conjunto sobre o que se está a ver.»

“Muitas vezes, uma maneira de apaziguar a nossa inquietação e a sensação de falta de controlo é sentir que podemos fazer alguma coisa. Participar com as crianças numa campanha de recolhas de bens, numa manifestação ou até simplesmente fazer um desenho, pode ser uma forma positiva de gerir essa sensação de impotência.”

Diana Alves

Sinais de ansiedade

Mais ansiedade, estados depressivos, falta de esperança e medos exagerados. Estes são, explica-nos Diana Alves, alguns dos sintomas observados nas crianças por quem trabalha na área da saúde mental ou em contexto educativo. «Os dados confirmam, não há dúvida. E, agora, este cenário de muita incerteza, imprevisibilidade e sensação de falta de controlo que cada um sente à sua maneira, vem agravar a situação, que já estava fragilizada.»

O melhor, portanto, é ficar atento a sintomas que possam indicar algo errado. «Um dos sinais mais reveladores de que algo não está bem com a criança é quando ela deixa de ter vontade de brincar», alerta a psicóloga do IAC, «assim como alterações no seu padrão de sono, como dificuldade em adormecer, terrores noturnos, medo do escuro ou receio de dormir sozinha.»

Na escola, a ansiedade pode revelar-se de formas diferentes, fora ou dentro da sala de aula. «O rendimento escolar pode ser afetado se a criança estiver tão preocupada com assuntos exteriores à escola que fica incapaz de se concentrar nas matérias da escola», aponta a especialista, «no recreio, o comportamento que tem com os colegas pode ser diferente.» O feedback dos professores é essencial, acrescenta, deixando uma nota. «Deve-se procurar ajuda profissional quando estas alterações que referimos interfiram na rotina da criança, se tiverem algum impacto naquilo que era o seu dia a dia.»

Nem «bons» nem «maus»

Evitar explicações dicotómicas é o conselho que ambas as especialistas deixam aos pais. Dividir as pessoas em «boas» e «más» não será a melhor abordagem. Será preferível, como sugere Diana Alves, «sublinhar que existe um conflito e que as pessoas estão a resolvê-lo de uma forma que não é a mais adequada» e usar até esta guerra para discutir com os mais novos a importância de algumas competências, como a gestão de conflitos, a cooperação, a empatia. «Seria bom otimizar este tempo de discussão e debater temas relacionados com cidadania.»

Aqui encontra um artigo que explica aos mais novos a situação que se vive no Médio Oriente. Pode dar a lê-lo ou fazer uma leitura acompanhada.

Os livros podem ser um ponto de partida para discutir temas mais difíceis, e, eventualmente, ajudar os mais novos a tirar dúvidas e a lidar com emoções como medo, angústia ou ansiedade. Deixamos-lhe duas sugestões.

A Viagem, de Francesca Sanna
Editora: Fábula
Como será deixar tudo para trás e percorrer quilómetros e quilómetros rumo a um destino longínquo e estranho? Este livro conta a história de uma mãe que parte numa viagem com os dois filhos para fugir à guerra. Uma viagem carregada de medo do desconhecido, mas também de muita esperança.
Apoiado pelo Alto Comissariado para as Migrações (ACM) e pela Amnistia Internacional (AI).

O Muro no Meio do Livro, Jon Agee
Editora: Nuvem de Letras
O muro no meio do livro é, supostamente, para proteger um lado do livro do outro lado. Supostamente.
Uma metáfora com uma clara mensagem política sobre a divisão das nações e a construção de muros. Uma história simples e inteligente, com ilustrações fabulosas que provoca a discussão de temas fundamentais.

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