Oficina do Porto adapta brinquedos para crianças com deficiência

Dezembro 31, 2021 às 12:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia do Mãe me quer de 22 de dezembro de 2021.

A adaptação dos brinquedos contribui para a inclusão das crianças com dificuldades motoras.

Uma oficina de brinquedos criada pela Associação do Porto de Paralisia Cerebral (APPC) e gerida por um dos voluntários da associação, adapta, de forma gratuita, os objetos para crianças com deficiências motoras.

A Oficina do Brinquedo surgiu como ideia em 2012, mas foi com o voluntário Sílvio Mota que a adaptação de brinquedos para crianças com deficiência motora passou a ser feita com mais frequência. Esta oficina de recuperação de brinquedos funciona às terças ou quintas, no Centro de Reabilitação da APPC.

À Agência Lusa, Sara Brandão, técnica ocupacional e responsável pela oficina de brinquedos, disse que a ideia surgiu da necessidade de os brinquedos serem acessíveis e permitirem a participação de todas as crianças.

Segundo explicou a responsável, “tendo as nossas crianças dificuldades motoras e de acesso a botões mais pequeninos, desenvolvemos este projecto, que permite a adaptação do brinquedo para que ele seja accionado por um switch [botão] por qualquer criança com a mão, joelho ou o que for necessário”.

Segundo Sara Brandão, os brinquedos adaptados disponíveis no mercado têm um custo mais elevado. A APPC trabalha com cerca de 250 crianças, em regime de intervenção precoce. A responsável contou também que o projeto tem vindo a crescer consoante as necessidades.

Sílvio Mota, de 62 anos, antigo técnico numa empresa de ar condicionado, cede as suas competências técnicas à oficina. À Lusa, disse que a sua função “é reparar e adaptar os brinquedos” durante as três manhãs que passa na associação. Apesar da pandemia, Sílvio Mota estima que entre “reparações e adaptações” já interviu em cerca de uma centena de brinquedos”.

A verdade é que esta ação contribui para a autonomia e inclusão de muitas crianças, o que torna Sílvio num verdadeiro Pai Nata, que além dos ursos de peluche também intervém em cadeiras e outros equipamentos quando necessário.

 

Covid 19 – Apoio Excecional à Família

Dezembro 30, 2021 às 12:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia da Segurança Social de 23 de dezembro de 2021.

A Segurança Social disponibiliza a nova declaração para requerer o apoio excecional à família para os períodos de suspensão de atividades de 27 a 31 de dezembro de 2021 e de 2 a 9 de janeiro de 2022.

Podem aceder à medida de apoio excecional à família os trabalhadores por conta de outrem que faltem ao trabalho por motivos de assistência a filhos ou outros dependentes a cargo, menores de 12 anos, ou independentemente da idade caso tenham deficiência/doença crónica.

No período de 27 a 31 de dezembro de 2021, o acesso ao apoio está disponível para os trabalhadores acima referidos durante a suspensão:

  • Das atividades de apoio à primeira infância de creches, creche familiar e amas, as atividades de apoio social desenvolvidas em centro de atividades e capacitação para a inclusão, e centro de atividades de tempos livres;
  • Das atividades letivas e não letivas prevista para os estabelecimentos particulares de ensino especial a que se refere o Despacho n.º 12123-M/2021, publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 239, de 13 de dezembro;

Das atividades educativas, letivas e não letivas, incluindo de animação e apoio à família, dos estabelecimentos da educação pré-escolar e do primeiro e segundo ciclos do ensino básico, em estabelecimentos cujo funcionamento se encontrasse previsto para este período.

No período de 2 a 9 de janeiro de 2022, podem aceder à medida do apoio excecional à família os trabalhadores que faltem ao trabalho por motivos de assistência a filhos ou outros dependentes a cargo, menores de 12 anos, ou independentemente da idade caso tenham deficiência/doença crónica, devido à suspensão das atividades letivas e não letivas presenciais em estabelecimento escolar ou equipamento social de apoio à primeira infância ou deficiência.

Os trabalhadores que se encontrem a exercer atividade em regime de teletrabalho podem também poder optar pelo apoio excecional à família, caso se encontrem numa das nas seguintes situações:

  • a composição do seu agregado familiar seja monoparental, durante o período da guarda do filho ou outro dependente que lhe esteja confiado por decisão judicial ou administrativa de entidades ou serviços legalmente competentes para o efeito;
  • o seu agregado familiar integre, pelo menos, um filho ou outro dependente que frequente equipamento social de apoio à primeira infância (creche), estabelecimento de ensino pré-escolar ou do primeiro ciclo do ensino básico;
  • o seu agregado familiar integre, pelo menos, um dependente com deficiência, com incapacidade comprovada igual ou superior a 60%, independentemente da idade.

Tal como acontecia até aqui, a nova declaração deve ser preenchida pelos trabalhadores por conta de outrem e entregue às entidades empregadoras.

A entrega desta declaração serve de comunicação à entidade empregadora da opção do trabalhador em regime de teletrabalho pelo apoio à família. Essa comunicação terá de ser feita com uma antecedência de três dias relativamente ao início da prestação do apoio.

O valor da parcela paga pela segurança social será também aumentado de modo a assegurar 100% da retribuição base do trabalhador, com limite de 1.995€ em 2021 e de 2.115€ em 2022, quando se encontre numa das seguintes situações:

a) A composição do seu agregado familiar seja monoparental e o filho, ou outro dependente que esteja confiado por decisão judicial ou administrativa de entidades ou serviços legalmente competentes para o efeito, seja beneficiário da majoração do abono para família monoparental;

b) Os dois progenitores beneficiem do apoio de forma alternada.


Será considerado exercício alternado:

  • Se, em períodos iguais ou superiores a quatro dias e inferiores a sete, cada um dos progenitores beneficie do apoio, pelo menos, dois dias;
  •  Se, em períodos inferiores a quatro dias, um dos progenitores beneficie do apoio, pelo menos, dois dias, e o outro, pelo menos um dia.

Para os beneficiários que requererem o apoio de 27 a 31 de dezembro de 2021 aplicam-se os limites mínimos da retribuição mensal mínima garantida (RMMG) de 2021 (665€) e para o período de 2 a 9 de janeiro de 2022 aplicam-se os limites da RMMG de 2022 (705€).

O apoio excecional à família  aplica-se aos Trabalhadores Independentes, Trabalhadores do Serviço Doméstico, Trabalhadores por Conta de Outrem e Membros de Órgãos Estatutários.

Consulte as condições de acesso:

Trabalhador Independente

Trabalhadores por Conta de Outrem 

Trabalhador do Serviço Doméstico 

Membro de Órgão Estatutário

O apoio excecional à família não é acumulável com outros apoios de resposta à pandemia pela doença COVID-19.

 

95% das crianças portuguesas com 10 anos já têm um smartphone

Dezembro 29, 2021 às 12:00 pm | Publicado em Estudos sobre a Criança | Deixe um comentário
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Notícia do Sapo TEK de 16 de dezembro de 2021.

Estudo indica que metade das crianças portuguesas recebe o seu primeiro telemóvel aos 10 anos. E a percentagem dos mais jovens com equipamento também é elevada.

O Natal é a principal época do ano em que os mais pequenos recebem um smartphone. E a tecnologia está no topo das prendas mais desejadas pelas crianças. E segundo um estudo realizado pela Hubside.Store pela Boutique Research, os smartphones são oferecidos cada vez mais cedo aos jovens, embora os pais não deixem de impor limites à sua utilização.

Segundo o estudo, 95% das crianças portuguesas com 10 ou mais anos já têm o seu próprio smartphone. E abaixo dos 10 anos o número é, ainda assim, elevado, registando 34%. No inquérito realizado online, a 500 pais e mães com filhos entre os 7 e 17 anos, é salientado que 50% das crianças recebe o telemóvel aos 10 anos, coincidindo com a entrada no segundo ciclo. Mas durante o ensino primário há cada vez mais jovens com o equipamento, correspondendo a 23% das crianças até 9 anos.

O estudo conclui que, dos pais de crianças ainda sem telemóvel, 44% pensa apenas dar-lhes apenas a partir dos 12 anos. Quatro em cada 10 pais (41%) afirma ter sentido alguma pressão social para oferecer o primeiro smartphone aos seus filhos, embora apenas 1 em 10 pais confirma que essa pressão pesou na decisão de dar o equipamento aos seus filhos. No que diz respeito ao investimento feito nos equipamentos, sobretudo na época natalícia, 57% dos pais ofereceu um smartphone novo, sobretudo os inqueridos com filhos com mais de 13 anos, que registou 66%. Quanto à oferta de equipamentos usados, os mais novos, até aos 9 anos, corresponderam a 61%, enquanto os jovens com idades entre os 10 e 12 anos ficou-se nos 32%. Sobre o dinheiro investido no primeiro telemóvel, o estudo indica que 3 em cada 4 pais gastaram até 200 euros. 10% dos pais entrevistados afirmam que compraram um equipamento recondicionado aos seus filhos, e 21% demonstrou intenção desta opção.

Apesar de entregarem smartphones cada vez mais cedo aos seus filhos, isso não significa que não haja preocupações e questões na sua utilização. Praticamente todos os pais (98%) em todas as idades relevaram preocupação no uso da tecnologia. Em primeiro lugar surge a preocupação do uso excessivo para 73% dos inqueridos, seguindo-se os perigos da internet, tais como o ciber-bullying, vírus ou pornografia para 71% dos pais. O medo do vício e dependência também foi registada em 58%.

Esse medo também leva os pais a promover um uso consciente e responsável dos equipamentos e cerca de 4 em 5 inqueridos (80%) afirmam que impõem alguns limites de uso aos seus filhos. 93% dos pais de crianças entre os 7 e 9 anos colocam regras; número que desce para as idades entre os 13 e 17 anos para 73%. E 38% dos pais faz uso das ferramentas de controlo parental, 36% impõe limites de uso durante a noite e 34% proíbem os seus filhos de fazerem compras.

Devem os pais beijar os filhos na boca? As explicações dos psicólogos

Dezembro 28, 2021 às 12:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia do Sapo Lifestyle de 17 de dezembro de 2021.

O ato de beijar na boca os filhos é descrito pelos pais que o fazem como uma forma de expressar amor, segurança e proteção, motivado pelo princípio de que nenhuma relação é tão pura, próxima e íntima, em termos emocionais, como a relação entre pais e filhos.

Esta é uma questão bastante polémica no domínio da parentalidade. Veja-se, por exemplo, o debate que é originado sempre que uma celebridade publica uma fotografia a beijar na boca o descendente, como é exemplo a família Beckham.

A polémica é também, em parte, resultado da pouca investigação científica que impede que exista uma resposta mais precisa a esta questão. Ainda assim, têm surgido reflexões clínicas por parte de psicólogos especialistas em desenvolvimento infantil, com base na intervenção com crianças e os seus respetivos pais, não devendo ser, de todo, desvalorizadas.

O ato de beijar na boca os filhos é descrito pelos pais que o fazem como uma forma de expressar amor, segurança e proteção, motivado pelo princípio de que nenhuma relação é tão pura, próxima e íntima, em termos emocionais, como a relação entre pais e filhos.

Contudo, que reflexões merece este comportamento?

Segundo a psicóloga e professora americana Charlotte Reznick, especialista em psicologia infantil, um dos principais riscos remete para as fragilidades no estabelecimento de limites. Uma vez que os lábios e a boca fazem parte dos limites pessoais do corpo de uma criança, quando os pais beijam um filho na boca, correm o risco desta assimilar que a “fronteira” do seu corpo está aberta e que as pessoas que a rodeiam podem invadir o seu território pessoal, sem qualquer tipo de consequências.

Por outras palavras, as crianças começam a integrar o “beijar na boca” como um comportamento natural, pois aprendem com recurso à observação. Consequentemente, pode a criança começar a beijar nos lábios outras pessoas que não pertencem ao círculo familiar, como uma expressão de afeto – o que aumenta a vulnerabilidade da criança a potenciais situações de perigo.

É importante enaltecer que quanto menor a idade da criança, maiores os riscos associados a este comportamento. Naturalmente que as crianças mais velhas, por norma com um maior desenvolvimento cognitivo e emocional, identificam situações perigosas com uma maior rapidez, bem como fazem uma distinção mais rigorosa entre “o certo e o errado” (por exemplo, compreender que beijar na boca pessoas que não incluem o seio familiar é desapropriado).

Não obstante, para a psicóloga e educadora parental brasileira Nanda Perim, o perigo não se encontra somente fora do seio familiar. Segundo a especialista, quando a criança observa os pais a darem beijos na boca, pode confundir as especificidades de cada relação, achando que as relações são todas iguais, com as mesmas dinâmicas, os mesmos limites, as mesmas intimidades e expressões de afeto. É imperativo que a criança compreenda que a relação dos pais, enquanto casal, é distinta da relação que existe entre a criança com cada um dos seus progenitores. Esta distinção, mais uma vez, permite definir limites importantes para o bem-estar familiar.

Outro dos principais riscos associados a beijar na boca as crianças concerne para a saúde física, particularmente para a transmissão de doenças, como é exemplo o herpes (o qual, para alguns recém-nascidos, pode ser fatal e provocar a morte), a mononucleose (comummente designada por “doença do beijo”), entre outros.

Ainda que os pais possam sentir-se seguros e providenciar argumentos e/ou justificações como “eu tenho conhecimento total das minhas doenças, não colocaria o meu filho em risco” ou “eu não beijo a minha filha quando o meu herpes está ativo”, encontrámos referências da medicina dentária a alertar que existem micróbios na boca dos adultos que podem não infetar este grupo etário, mas que podem ser transmitidos às crianças e provocar infeções perigosas, dado o seu sistema imunitário tendencialmente mais frágil.

Outra questão que se coloca é: quando parar com este tipo de comportamento?

Não raras vezes, são as próprias crianças que, ao alcançar a idade escolar, pedem aos pais para terminar com esta interação, motivadas por sentimentos de constrangimento social junto dos pares. Ainda que a tomada de decisão dos descendentes possa gerar um conflito no seio familiar, é imperativo que os pais respeitem o pedido dos descendentes e não insistam.

A psicóloga Charlotte Reznick aponta que, em casos mais extremos em que os pais apresentam comportamentos considerados invasivos e que não respeitam a liberdade individual dos filhos (como é exemplo prolongar o ritual dos beijos quando os descendentes se sentem desconfortáveis e invadidos), existe um risco elevado de a criança desenvolver “Síndrome de Vítima”, isto é, ser incapaz de “dizer não”, de ser assertiva e de estabelecer limites pessoais. Por conseguinte, a criança torna-se, como referido, numa espécie de “vítima” das pessoas que a rodeiam, demonstrando-se incapaz de proteger o seu bem-estar.

A decisão final quanto à resposta a providenciar à questão “devem os pais beijar os filhos na boca?” é, sempre, dos progenitores. No entanto, é fundamental que se pensem os contributos dos clínicos e que a visão da criança seja tomada em consideração, não podendo os pais ignorar ou desvalorizar os riscos.

Se a decisão for manter esse ritual, é importante ensinar às crianças que beijar na boca é um ritual familiar e que, por isso, é errado e perigoso fazê-lo com outros adultos. Neste sentido, este diálogo deve envolver a necessidade de comunicar imediatamente aos pais se, em algum momento, qualquer outro adulto tentar beijar a criança.

Reformular as dinâmicas familiares tende a ser um processo exigente e, por vezes, doloroso. Não está sozinho(a), pode beneficiar de ajuda psicológica especializada para implementar e gerir estas mudanças, sempre com o objetivo de promover o bem-estar familiar e individual.

As explicações são de Sofia Gabriel e de Mauro Paulino, da MIND | Instituto de Psicologia Clínica e Forense.

Os filhos da pandemia. O aflitivo retrato de uma professora sobre os efeitos dos confinamentos nos alunos

Dezembro 27, 2021 às 12:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Artigo de opinião de Carmo Machado publicado na Visão de 21 de dezembro de 2021.

Os filhos da pandemia não escrevem, não falam, não lêem, não compreendem, não interpretam, não pensam…Retirem-lhes o telemóvel e as redes sociais e ficaremos perante seres desprovidos de qualquer interesse. O retrato de uma geração profundamente afetada pela pandemia, traçado pela professora Carmo Machado.

A geração de professores a que pertenço, nascida na década de sessenta, foi marcada pela utopia e pelo sonho. Acreditávamos que a escola podia fazer a diferença na vida dos nossos alunos, que podia mudar vidas. Recordo com enorme prazer todos os momentos em que tudo – literalmente, tudo – fazíamos pela escola pública, desde gastarmos resmas de papel e tinteiros do nosso parco ordenado, ou dedicarmo-nos – noites a fio – a preparar atividades e instrumentos de avaliação, a organizarmos visitas de estudo, a arquitetar celebrações para isto e para aquilo e a procurar que a escola fosse – e era – um local de prazer para todos.

Esta geração da utopia era constituída por todos aqueles que seguiram a carreira docente por paixão, mesmo quando estavam outras opções em cima da mesa. Depois da licenciatura de quatro anos e de uma formação universitária de especialização em ensino de dois anos, muitos de nós ainda avançámos na pesquisa e tirámos mestrados e doutoramentos, aos quais dedicámos uma boa parte do nosso tempo e do nosso (pouco) dinheiro. Entrámos na carreira docente com amor e foi a ela que dedicámos grande parte da nossa vida.

Depois… Depois começaram as alterações às regras na carreira sem qualquer aviso prévio, tentaram dividir-nos em professores titulares e professores não titulares, anularam direitos consagrados no nosso estatuto, congelaram-nos os ordenados e a imaginação e, por fim, roubaram-nos descaradamente muitos anos de serviço que, não sendo a solução para o nosso baixo poder de compra, podiam no mínimo permitir-nos uma maior – ainda que leve – dignidade profissional e pessoal. Com que tristeza ouço com frequência dizer a um professor que raramente compra livros ou vai ao teatro. De facto, fizeram de nós meros funcionários e das escolas meras repartições públicas de ensino de massas, transformadas em verdadeiras fábricas de papel!

Não querendo aqui balizar o primeiro grande momento da derrocada da dignidade docente, talvez me atrevesse a referir os quatro anos e sete meses de má memória em que Maria de Lurdes Rodrigues foi ministra da Educação (a ministra que cumpriu o maior mandato à frente da Educação em Portugal). Mas muitos outros se seguiram e parece não se prever um fim. Entretanto, e se estivermos – como estamos – atentos à comunicação social, raro é o dia em que os temas relacionados com os professores (ou a falta deles), os alunos, as escolas e o ensino em geral não estão na ordem do dia.

Vários estudos têm vindo a lume sobre duas problemáticas de grande atualidade: por um lado, a já existente escassez de professores e, por outro, sobre os efeitos da pandemia nas aprendizagens dos alunos. De facto, sobre a primeira, sabemos que nos próximos anos, praticamente quase todos os professores que são referência nas nossas escolas – pela sua entrega à profissão, pela sua humanidade, pelo seu espírito de missão, pelos cargos desempenhados com competência, pela pedagogia, pelo amor ao ensino e ao alunos, ter-se-ão reformado. A escola, como eu a conheci, está a desaparecer todos os dias. Recordo com saudade e um sorriso no rosto os jantares de Natal, os almoços de Páscoa, as sardinhadas pelo Santo António seguidas de baile com acompanhamento musical a preceito, as castanhas e a jeropiga deixada na sala dos professores, os lanches de cada turma no final de período, com mesas repletas de tudo um pouco, as viagens e as visitas de estudo organizadas e feitas com tanta alegria e companheirismo, a amena cavaqueira entre alunos e professores, nos intervalos das aulas, pelos corredores, no bar ou na sala de convívio… Até recordo com carinho as muitas aulas dadas de luvas e gorro, quando o frio era insuportável e entrava pelas janelas que mal fechavam, os aquecedores que trazíamos de casa e colocávamos, às escondidas, para nos aquecermos todos, professores e alunos. Nesses tempos, fazíamos tudo pela escola e éramos felizes. Quem matou a escola pública? Quem nos matou?

Mas é sobre os efeitos da pandemia nos nossos alunos que hoje importa falar. Chegámos ao final do primeiro período de mais um ano escolar atípico, em que os alunos apesar de estarem presencialmente nas nossas salas de aula, transportam às costas pesadas mochilas carregadas de profundos traumas provocados pelo confinamento e pelos dois anos letivos anteriores, vividos com muito esforço pessoal e familiar, entre ensino à distância e confinamento. O estudo Efeitos da Pandemia Covid-19 na Educação: desigualdades e medidas de equidade”, solicitado pelo Parlamento ao Conselho Nacional de Educação, veio apenas clarificar junto da opinião pública algumas das consequências observadas, sentidas e vividas pelos professores e decorrentes do contacto diário com os alunos. Se o aumento da ansiedade e de estados de depressão foram uma realidade constatada por todos nós, é sobretudo nas aprendizagens que situação é preocupante.

Este primeiro período que agora termina decorreu com a normalidade possível. Nas escolas, sentiram-se as consequências no comportamento e no aproveitamento dos alunos que experienciaram, nos dois anos anteriores, uma escola distante e incompleta. Se, no que respeita aos comportamentos, os problemas disciplinares aumentaram e os professores lidam diariamente com atitudes disfuncionais dentro e fora da sala de aula, quanto às aprendizagens, talvez tenha chegado a hora de chamar as coisas pelos seus nomes. Os miúdos do sétimo ano de escolaridade parecem ter saído diretamente do primeiro ciclo e, mesmo muito grave, é observar alunos do nono ano de escolaridade com atitudes e conhecimentos de sétimo. Se analisarmos com atenção, no final deste primeiro período, os resultados dos alunos que entraram no sétimo ano de escolaridade neste ano letivo, verificaremos a quase ausência de competências, conhecimentos e atitudes expetáveis para o nível de escolaridade em que se encontram. O mesmo se passa com os alunos do nono ano de escolaridade que atingem este nível de ensino – o último da escolaridade básica – como se agora a estivessem a iniciar. São graves e preocupantes as lacunas, os problemas, o desconhecimento, a imaturidade, a incompetência nos mais variados domínios. Porém, é em algumas turmas do ensino secundário que a situação parece ser verdadeiramente calamitosa, especialmente se nos focarmos no que acontece nos cursos profissionais. Sabemos, por experiência própria e pela literatura existente, que estes cursos são direcionados para a vida ativa e para uma saída profissional. No entanto, há competências essenciais que não serão, nem de perto nem de longe, recuperadas e/ou alcançadas. No que aos cursos de prosseguimento de estudos diz respeito, só muito esforço, dedicação e trabalho permitirão que os alunos alcancem as aprendizagens essenciais. Os filhos da pandemia não escrevem, não falam, não lêem, não compreendem, não interpretam, não pensam… O desinteresse pelas conteúdos curriculares e a alienação pelo conhecimento em geral são perigosamente alarmantes. Retirem-lhes o telemóvel e as redes sociais e ficaremos perante seres desprovidos de qualquer interesse. Se antes dos confinamentos, o vício da tecnologia já era procupante, quase dois anos depois do primeiro encerramento das escolas, estes comportametos de adição pioraram e nada voltará a ser como antes. Alguns leitores dirão que nem todos os alunos são assim. Nós dizemos que são cada vez mais. Já antes da pandemia, o neurocientista francês Michel Desmurget, no seu livro de 2019 intitulado A Fábrica de Cretinos Digitais, chamava a atenção para a descerebração provocada pelo uso e abuso dos recursos digitais por parte dos jovens. Associando o vício do digital ao crack, Desmurget alerta para algumas consequências do uso exagerado dos recursos digitais como a diminuição da capacidade linguística e comunicativa, da concentração e do conhecimento de contexto. Estamos perante um admirável mundo novo com o qual a escola e os professores não conseguem competir.

Não culpemos apenas a pandemia! Todos os problemas com que hoje nos deparamos vinham a dar sinais de alerta há muito tempo e nós, nas escolas, tínhamos a consciência plena de que o futuro do ensino público não se avizinhava sorridente. Se os professores ficaram ainda mais assoberbados de tarefas burocráticas e viram a sua condição profissional degradar-se de ano para ano, é dos alunos que importa cuidar. Conseguiremos, através das aprendizagens essenciais, recuperar estes indivíduos que viram as suas vidas viradas do avesso? Facilitaremos ainda mais do que antes, de forma a permitir que o insucesso não alastre? Como encontrar tempo para ensinar e avaliar eficazmente, não estando previstas nos horários dos professores as intermináveis horas gastas a avaliar? Como mostrar aos alunos e encarregados de educação a importância da escola e do professor, quando os nossos governantes são os primeiros a contar com o nosso espírito de missão? E quem são estes jovens que regressaram à escola, sem esperança nem motivação, tementes a um novo confinamento, incapazes de perceber ainda o impacto que estes dois anos virão a ter nas suas vidas?

 
 

Curso de Educação Sexual Escolar: BEM-ME-QUERES na Adolescência _Estereótipos de Género em meio escolar – Janeiro e fevereiro de 2022

Dezembro 26, 2021 às 4:00 am | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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A formação decorrerá nos dias 26 de janeiro, 02, 09, 16 e 23 de Fevereiro de 2022, sempre às 4asF, das 15h às 20h.

Mais informações aqui

Solidariedade para as crianças em perigo

Dezembro 25, 2021 às 4:00 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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Imagem retirada daqui

Sociedade pediatria. Pais devem aconselhar-se com médicos sobre vacinas

Dezembro 24, 2021 às 12:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia da RTP Notícias de 19 de dezembro de 2021.

por Lusa

A Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP) salienta que as vacinas contra a covid-19 são eficazes e seguras e recomenda aos pais que se aconselhem junto de profissionais de saúde e não através das redes sociais.

Numa nota, a SPP recorda que “a vacinação dos 5 aos 11 anos foi avaliada e recomendada pela Comissão Técnica de Vacinação Contra a COVID-19 da Direção-Geral da Saúde (DGS), tendo sido ouvida a opinião de peritos em diversas áreas relevantes para a tomada de decisão”, com muita experiência “na análise dos riscos e benefícios de vacinas e, por esse motivo, fontes de informação muito mais fiáveis”.

Num texto que lembra que os “profissionais de saúde são as pessoas que poderão ajudar melhor a esclarecer as suas dúvidas”, a direção da SPP reconhece ser “natural que os pais tenham dúvidas sobre se devem ou não administrar a vacina aos seus filhos, dado tratar-se de uma vacina recente e, sobretudo, pelos comentários, maioritariamente desapropriados, que circulam nas redes sociais”.

Apesar de ser habitualmente assintomática nesta faixa etária, a SPP frisou que “as crianças têm sido fortemente prejudicadas na pandemia devido aos confinamentos sucessivos que afetam seriamente a sua aprendizagem e saúde mental e aumentam o risco de pobreza e de maus-tratos”.

Por isso, “espera que a vacinação das crianças deste grupo etário se associe a diminuição do risco da doença e das suas complicações e que as crianças vacinadas possam ser consideradas como contactos de baixo risco, na presença de um caso positivo na comunidade escolar, contribuindo assim para a redução significativa do impacto na saúde mental e educacional destas crianças, cujos efeitos a longo prazo serão certamente muito negativos”.

A SPP referiu, ainda, que “atualmente já receberam a primeira dose de vacina mais de cinco milhões de crianças na faixa etária dos 5 aos 11 anos em todo o mundo e não foram reportados efeitos adversos graves”, com os reguladores internacionais a manterem a vigilância sobre eventuais efeitos raros que possam surgir.

Cerca de 77 mil crianças de 9, 10 e 11 anos começaram hoje a ser vacinadas em Portugal contra a covid-19, um processo que se prolonga pelo fim de semana, com os centros reservados apenas para esta faixa etária.

Este fim de semana é o primeiro período destinado a vacinar os menores entre os 5 e os 11 anos, com o Governo a estimar que as segundas doses da vacina pediátrica da Pfizer sejam administradas entre 05 de fevereiro e 13 de março do próximo ano.

As crianças com comorbilidades terão prioridade para serem vacinadas, independentemente da idade, desde que tenham prescrição médica, bastando que se se dirijam aos centros para receberem a vacina contra o SARS-CoV-2.

Nota da SPP aqui

Curso Online – Democracia, Direitos Humanos e Participação de Crianças e Jovens (3.ª Edição) janeiro de 2022

Dezembro 23, 2021 às 8:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Mais informações aqui

Lista de pedófilos aumenta: “Tem de se alterar a moldura penal para que não saiam com pena suspensa” Entrevista de Manuel Coutinho do IAC à CNN

Dezembro 23, 2021 às 12:00 pm | Publicado em O IAC na comunicação social, Vídeos | Deixe um comentário
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Notícia da CNN Portugal de 20 de dezembro de 2021.

A lista de pedófilos condenados em Portugal já tem quase seis mil nomes. De acordo com os dados do Ministério da Justiça, divulgados esta segunda-feira pelo Jornal de Notícias, esta á a lista mais extensa desde que há registo.

O psicólogo clínico e secretário-geral do Instituto de Apoio à Criança, Manuel Ataíde Coutinho, considera que “o crime de abuso sexual é muito mais grave que o crime económico” e que a moldura penal deveria ser revista para evitar que agressores fiquem em liberdade com pena suspensa.

Visualizar o vídeo da entrevista aqui

 

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