Adolescentes se sentem mais felizes quando estão sem redes sociais, diz pesquisa

Março 25, 2024 às 8:00 pm | Publicado em Estudos sobre a Criança | Deixe um comentário
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Notícia do Correio Braziliense de 12 de março de 2024.

No estudo publicado na segunda-feira (11/3), o Pew Research Center também descobriu que, apesar das associações positivas com o fato de ficar sem telefone, a maioria dos adolescentes não limita o uso do telefone ou das redes sociais

Quase três quartos dos adolescentes americanos dizem que se sentem mais felizes ou tranquilos quando não estão com seus telefones, de acordo com um novo relatório da instituição de pesquisa Pew Research Center.

No estudo publicado na segunda-feira (11/3), o Pew Research Center também descobriu que, apesar das associações positivas com o fato de ficar sem telefone, a maioria dos adolescentes não limita o uso do telefone ou das redes sociais.

A pesquisa surge no momento em que os legisladores e os defensores de direitos infantis estão cada vez mais preocupados com o relacionamento dos adolescentes com seus telefones e redes sociais.

No final do ano passado, dezenas de estados americanos, incluindo Califórnia e Nova York, processaram a Meta, proprietária do Instagram e do Facebook, por prejudicar os jovens e contribuir para a crise de saúde mental dos jovens ao projetar, consciente e deliberadamente, recursos que viciam as crianças.

Em janeiro, os CEOs da Meta, TikTok, X e outras empresas de redes sociais compareceram ao Comitê Judiciário do Senado para testemunhar sobre os danos causados por suas plataformas aos jovens.

Apesar das crescentes preocupações, a maioria dos adolescentes afirma que os smartphones facilitam a criatividade e a busca por hobbies, enquanto 45% afirmam que eles os ajudam a ir bem na escola. A maioria dos adolescentes disse que os benefícios de ter um smartphone superam os danos para pessoas de sua idade. Quase todos os adolescentes dos EUA (95%) têm acesso a um smartphone, de acordo com o Pew Research Center.

A maioria dos adolescentes afirma que os smartphones facilitam um pouco ou muito a busca de hobbies e interesses (69%) e a criatividade (65%) das pessoas de sua idade. Quase a metade (45%) afirma que esses dispositivos facilitaram o desempenho escolar dos jovens.

A pesquisa foi realizada de 26 de setembro a 23 de outubro de 2023, em uma amostra de 1.453 pares de adolescentes com um dos pais e tem uma margem de erro de mais ou menos 3,2 pontos porcentuais.

O estudo ainda revelou que cerca de metade dos pais (47%) afirma limitar o tempo que o adolescente pode ficar no celular, enquanto uma parcela semelhante (48%) não faz isso.

Aproximadamente 4 em cada 10 pais e adolescentes (38% cada) afirmam que, pelo menos às vezes, discutem entre si sobre o tempo que o adolescente passa ao telefone. Dez por cento de cada grupo disseram que isso acontece com frequência, sendo que os hispano-americanos são os mais propensos a dizer que discutem com frequência sobre o uso do telefone.

Quase dois terços (64%) dos pais de adolescentes de 13 a 14 anos afirmam que olham o smartphone de seus filhos, em comparação com 41% dos pais de adolescentes de 15 a 17 anos.

Quarenta e dois por cento dos adolescentes dizem que os smartphones dificultam o aprendizado de boas habilidades sociais, enquanto 30% dizem que facilitam.

Cerca de metade dos pais disse que passa muito tempo no celular. Os pais com renda mais alta têm maior probabilidade de dizer isso do que os pais com renda mais baixa, e os pais brancos têm maior probabilidade de relatar que passam muito tempo no celular do que os pais hispânicos ou negros.

Mais informações na notícia:

How Teens and Parents Approach Screen Time

II Conferência Internacional de Promoção do Bem-Estar Digital, Porto, 3 e 4 de maio

Março 15, 2024 às 8:00 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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Mais informações aqui

A dependência de jogos “está a crescer e a ter impacto na sociedade açoriana,” alerta o neuropsicólogo João Ribeira

Março 4, 2024 às 6:00 am | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia do Correio dos Açores de 18 de fevereiro de 2024.

A dependência de jogos, quer sejam os digitais, os de casino, apostas online e outros, é uma problemática crescente e os Açores não são excepção, aponta o neuropsicólogo João Ribeira. O profissional de saúde mental alerta para os malefícios destas dependências entre os jovens, que se poderão tornar em “adultos com severos problemas” e pouco preparados. No entanto, aponta que é da responsabilidade das figuras parentais evitar/fazer parte da solução destes comportamentos adictivos e que os pais devem estar atentos e presentes na vida dos filhos.

Correio dos Açores – Segundo o seu conhecimento, qual é a incidência da dependência dos videojogos nos jovens na Região? É um fenómeno que tem vindo a crescer?
João Ribeira (Neuropsicólogo) – Penso que não existem dados concretos sobre a dependência de videojogos ou de jogos no geral dos jovens, no país, muito menos nos Açores. Sei que me parece ser um problema crescente, até pela procura clínica que eu e os meus colegas vamos tendo, com esta problemática. Os casos parecem estar em aumento. A presença dos jogos parece ser um facto inescapável.
Pergunta sobre os jogos de vídeo, mas eu abordaria esta matéria de uma forma geral. Esta temática corresponde à perturbação do jogo, que no fundo pode ser aquilo que é chamado de “ludopatia” e que é incluída, já, na próxima classificação internacional de doenças (ICD), na sua 11.ª revisão. A perturbação de jogo é geral. Pode incluir os jogos digitais (jogos de vídeo) ou outro tipo de jogos. Tem a ver com a questão de jogar. Aqui também podemos incluir, se quisermos, as problemáticas ligadas ao jogo de azar, os casinos, as apostas online, que estão muito na moda, e têm grandes impactos, também. No fundo, todos eles são o mesmo tipo de adição.

Apesar de não haver dados concretos, este problema da dependência dos videojogos tem impacto na Região?
Certamente que sim. Está em crescimento e tem seguramente impacto. Este tipo de adicção tem consequências que não são sempre imediatas. O facto de depender dos videojogos não provoca só o problema da falta de atenção, isto gera, dificuldades, por exemplo, ao nível da capacidade de gestão da frustração. Isto dá que, potencialmente, se se nunca resolver este tipo de problema e o jovem tiver sempre uma gratificação imediata das suas necessidades, o entretenimento facilmente acessível, e não tiver necessidade de criar, por exemplo, o seu próprio espaço de entretenimento, isto vai gerar adultos com severos problemas. O impacto deste tipo de dependência, se calhar, ainda não está à vista, mas vai estar na próxima década. O grau de dependência de videojogos que está agora a acontecer e o aumento que estamos a observar, se nos focarmos nos adolescentes, podemos dar 10 anos para este problema se manifestar, depois, na estrutura de personalidade de um adulto que tem de lidar com uma sociedade, as obrigações, os objectivos, e tem de lidar ainda, no caso da sociedade portuguesa, com muitas barreiras. Se calhar não vão estar tão bem preparados, se não tivermos cuidado.

Considera que o isolamento dos Açores pode ter alguma influência na incidência destes comportamentos?
Honestamente, não concordo. Sei que a minha afirmação carece de uma análise estatística, mas isso quereria dizer que uma criança de Portugal continental não teria tanta ligação aos videojogos e não acredito que isso seja o caso. Aliás, nas grandes cidades, penso que este problema é tão ou mais recorrente do que em locais, por exemplo, que têm mais acesso a espaços exteriores, que ainda é o caso dos Açores. Cá, em alguns casos, ainda se pode brincar na rua, embora cada vez menos crianças optem por essa alternativa, mas a verdade é que temos mais hipóteses do que em grandes meios urbanos. A questão da insularidade não me parece ter um grande impacto.

Como se pode identificar que alguém está dependente dos videojogos?
É bastante simples. A dependência dos videojogos é uma dependência como outra qualquer, portanto, qualquer dependência pode-se identificar pela prática de determinado comportamento de tal forma que outras coisas, necessidades ou objectivos que as pessoas têm, ficam anulados em prol desta mesma dependência. Existem números. Diz-se que entre 15 a 20 horas por semana já corresponde a um comportamento adictivo relativamente ao jogo, mas eu discordo sempre destas medidas de horas ou quantidades. As pessoas podem jogar mais ou menos horas, mas algumas, se for necessário passarem mais tempo sem tocar num videojogo, conseguem fazê-lo. A grande diferença está aqui, na gestão das prioridades do dia-a-dia versus o jogar ou não jogar.

A dependência dos jogos parecem ter mais impacto nos jovens, que têm menos auto-controlo…
Os jovens, por estarem ainda em desenvolvimento, por princípio, têm menos capacidade de controlar os seus impulsos do que um adulto. Pelo menos assim se espera que seja, embora haja adultos com problemáticas similares, mas evidentemente que os jovens, por terem menor capacidade de gestão emocional, da frustração ou até daquilo que são os problemas sociais da adolescência, vão estar mais sujeitos a desenvolver este tipo de ligação. O jogar e a dependência do jogo está muito associada a uma necessidade de escape da realidade, ou de aprovação social. Em relação aos jogos online, não faltam crianças que se sentem excluídos por, por exemplo, não jogarem este ou aquele jogo. Isto pode também ser um factor na busca do jogo. Depois, claro, há uma associação directa e estudada entre outros problemas de saúde mental e a dependência. Há crianças que sofrem de ansiedade, problemas depressivos, ou outras dificuldades de adaptação e, muitas vezes, usam o jogo como uma forma de evasão. É um mundo que conseguem controlar, no qual realmente existe diversão e afastam-se um pouco daquilo que são as suas problemáticas, em termos de saúde mental.

A pandemia veio intensificar esta dependência?
Concordo que há uma influência óbvia. No tempo de isolamento, eliminamos este outro factor: não podemos sair, fazer actividades. Ou o jovem dispõe de um espaço exterior na sua casa, ou então está confinado ao espaço interior da casa, que muitas vezes não abunda. Portanto, aí sim, aumentamos drasticamente o problema com os jogos. O período de isolamento claramente teve uma relação, em muitos casos, particularmente os jovens que passaram o tempo de isolamento da pandemia naquela idade de transição para a pré-adolescência em que as crianças começam a interessar-se mais por este tipo de entretenimento. Aqui, ainda mais, a pandemia teve um efeito apreciável sobre a dependência e a ligação aos videojogos. Aqui vamos novamente à variável da evasão. Se estou confinado, pode ser fácil utilizar um jogo para sentir-me um pouco fora desta problemática do isolamento e do que foi a pandemia em si.

Enquanto psicólogo, trabalha com utentes com dependências de jogos?
Tenho, de várias idades e com vários problemas de jogos, desde os videojogos, os jogos de mesa, até às apostas online, por isso digo que é um problema que não é única e exclusivamente dos jovens ou das crianças. É o mesmo problema, é um vício, e como toda a dependência, está ligado ao prazer que esse mesmo estímulo proporciona. Não importa a idade. A idade condiciona o tipo de estímulo que dá prazer, mas o mecanismo é sempre o mesmo. É um mecanismo em que algo proporciona muito prazer e a pessoa não encontra nem cria (ou não a ajudam a encontrar) alternativas comportamentais que sejam minimamente prazerosas e interessantes, e a pessoa dedica-se ao jogo por causa disso.

No caso dos menores, são os pais que identificam este problema e procuram ajuda junto dos psicólogos?
Na maioria dos casos sim, mas também há alguns casos que são identificados por professores, que notam, por exemplo, que os jovens estão muito cansados de manhã na escola, que não conseguem aprender, que estão mais irritáveis. Muitos jovens jogam pela noite dentro e isto gera uma perda grave a nível da quantidade e da qualidade do sono, que se traduz, directamente, em tudo o que são dificuldades de aprendizagem, problemas de saúde mental, etc.

Estes jovens que chegam ao psicólogo oferecem resistência à mudança?
Como são jovens, muitas vezes não são auto-motivados para a mudança. Noutro tipo de dependências, por vezes, o próprio doente tenta e sente necessidade de mudar. Neste caso dos videojogos e falando de adolescentes, é muito raro que o próprio jovem esteja muito motivado para a mudança e, sequer, que aceite bem que o psicólogo ou outra pessoa proponha mudanças de actividades. É óbvio que isto, normalmente, não é bem aceite pelo jovem. É compreensível, mas é uma condição obrigatória de qualquer mudança. As mudanças normalmente são difíceis. Combater uma dependência é extremamente difícil, sobretudo para o próprio dependente.

Como é que os psicólogos combatem estes problemas ou como tentam dar a volta?
Não damos a volta. Sublinho que a ideia de que ir ao psicólogo só, sem implementar em casa mudanças ou dar continuidade às estratégias faladas em consulta, não funciona. O psicólogo tenta, desde logo, perceber as motivações subjacentes à dependência dos jogos que o jovem possa ter. Depois, em conjunto com a família, delineia estratégias, tanto de redução do comportamento de dependência de jogo, como da criação de alternativas comportamentais. A criação de programas de reforço é muito importante, isto é, para quando, por exemplo, o jovem consegue reduzir o seu comportamento de adicção ao jogo o que é que vai ter como recompensa. Não estou a falar de recompensas materiais, necessariamente. Cada vez mais há a tendência para a recompensa material imediata e para mim, este tipo de funcionamento, muitas vezes, está associado à forma como funcionam os próprios jogos. Às vezes, porque a criança teve um bom comportamento deixámo-la jogar mais um pouco, e muitas vezes estamos a contribuir para esta mesma adicção. Pode acontecer. Estamos a falar de recompensas que podem ser a outros níveis, por exemplo, a nível de autonomia. Há jovens que pretendem fazer uma ou outra actividade ou ter um benefício qualquer na sua vida. São este tipo de peças com que podemos jogar, enquanto profissionais de saúde mental, e psicólogos em concreto, sempre em conjunto com as famílias.
O que os psicólogos fazem é, em primeiro lugar, entender a causa subjacente da dependência; depois, definir o contexto em que esta dependência acontece e, no fundo, quem permite que esta dependência exista. Não nos esqueçamos que estamos a falar de adolescentes, e que eles não são auto-governados, teoricamente. Os adolescentes vivem em casa com adultos responsáveis. Portanto, se uma dependência existe, é porque alguém deixa que aconteça. É neste ponto que tenho às vezes algumas divergências pessoais com alguns pais que vão à consulta à espera que eu lhes resolva o problema. O que vou fazer é dar-lhes ferramentas e estratégias e criar com eles um plano em que eles sejam elementos participativos da protecção dos seus filhos.
Não quero aqui demonizar os videojogos. Há uma ressalva que gostava de fazer desde já, que é: os videojogos não são uma coisa maligna. Os videojogos, porventura, e se os soubermos escolher e adequar à idade e à personalidade do jogador, podem ser muito úteis e desenvolver algumas competências, como, por exemplo, capacidade perceptiva, reflexos, até raciocínio, em alguns casos. É possível utilizar os videojogos de uma forma positiva. Precisamos é de o saber fazer e fazê-lo com consciência.

Portanto, é da responsabilidade dos pais educar os filhos para evitar estes comportamentos…
Com certeza. Não podemos nunca, enquanto pais, descartar esta responsabilidade. Podemos e devemos recorrer ao psicólogo ou a outro profissional de saúde mental para nos ajudar a resolver o problema, mas nunca se pode colocar o problema nas mãos do profissional. Nós é que vivemos com os nossos filhos, portanto, temos definitivamente de assumir um papel mais presente e proactivo. Penso que há alguns pais que sentem falta de validação do seu papel, porque, socialmente, é cada vez mais habitual os jovens jogarem muitas horas, muitos pais justificam dizendo que os adolescentes são assim. Eles são assim porque os deixamos ser. Não abdico da noção de que os pais são responsáveis por esta adicção. A adicção aos videojogos acontece normalmente no espaço de casa, ao contrário de outros tipos de vícios. Acontecem porque, por um lado, ninguém controla a quantidade de tempo que os jovens passam com os videojogos, e por outro, não lhes fornecem alternativas válidas. Existimos para acompanhar e ajudar a desenvolver os nossos filhos.

Deixaria alguns conselhos a estes pais?
Estejam atentos e presentes na vida dos filhos.

Mariana Rovoredo

Consumo de álcool diário aumenta nos jovens (mas há mais preocupações)

Fevereiro 25, 2024 às 4:00 pm | Publicado em Estudos sobre a Criança | Deixe um comentário
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Notícia do Notícias ao Minuto de 20 de fevereiro de 2024.

O consumo de álcool aos 18 anos está a aumentar em todas as regiões do país. De acordo com o Jornal de Notícias, que cita um inquérito do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências, a percentagem de jovens que admite consumir álcool de forma diária aumentou de 10 para 13% entre 2021 e 2022.

inquérito consultado, também, pelo Notícias ao Minuto dá conta de que este é o valor mais alto dos últimos sete anos.

O Alentejo destaca-se das restantes regiões do país ao registar a maior prevalência de comportamentos nocivos relacionados com a ingestão de bebidas alcoólicas (‘binge’ e embriaguez severa).

Por sua vez, a Madeira destaca-se como a região onde o panorama mais se agravou, com subidas de 8 pontos percentuais no que concerne tanto ao consumo ‘binge’ como à embriaguez severa e 7 pontos percentuais no que se refere à ingestão de bebidas alcoólicas numa base diária ou quase diária.

Algarve é a pior região no que toca às drogas

Lisboa e, sobretudo, o Algarve são as regiões do país com o maior consumo de drogas ilícitas, enquanto a Madeira (e também os Açores, no caso dos últimos 12 meses e últimos 30 dias) regista as menores prevalências.

No entanto, isto aplica-se apenas no caso das drogas ilícitas na sua globalidade e à canábis, que é a droga ilícita mais consumida em todas as regiões. Em contrapartida, no que concerne às substâncias ilícitas que não canábis, o consumo é mais prevalente nas Regiões Autónomas, exceto no que diz respeito às anfetaminas / metanfetaminas, pois neste caso as prevalências são ligeiramente mais prevalentes no Alentejo.  

Aposta-se mais nas ilhas e é nos Açores que os jovens passam mais tempo online

No que respeita à utilização da Internet, a percentagem de inquiridos que declararam jogar videojogos online é semelhante em todas as regiões do país, enquanto a prática de jogo de apostas online é mais prevalente nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira.

Quanto ao tempo passado online, avança ainda o inquérito, a percentagem de utilizadores da Internet que passam 6 ou mais horas por dia em redes sociais é maior na Região Autónoma dos Açores (seja durante a semana, seja durante o fim-de-semana) e também nas regiões do Norte e do Alentejo (embora apenas no caso da utilização durante a semana).

As Regiões Autónomas destacam-se pelo maior tempo diário passado a jogar videojogos e a jogar jogos de apostas online.  

Scroll. Logo existo!: Comportamentos aditivos no uso dos ecrãs

Fevereiro 2, 2024 às 6:00 am | Publicado em Estudos sobre a Criança | Deixe um comentário
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Descarregar o estudo aqui

Dependência digital. “Internet promove isolamento das crianças”

Fevereiro 1, 2024 às 6:00 am | Publicado em Estudos sobre a Criança, O IAC na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia da Sábado de 23 de janeiro de 2024.

Andreia Antunes

Um estudo do ICAD deixa um alerta para a dependência da Internet e redes sociais entre os jovens. Melanie Tavares, do Instituto de Apoio à Criança, aconselha que os pais controlem o uso de ecrãs pelos filhos o mais cedo possível.

A Internet e as redes sociais são um refúgio para os jovens procurarem o alívio da frustração e da ansiedade, revelou o estudo Scroll. Logo existo!: Comportamentos aditivos no uso dos ecrãs. E Melanie Tavares, coordenadora dos setores de humanização dos serviços do atendimento à criança e dos setores da atividade lúdica do Instituto de Apoio à Criança (IAC), deixa outro aviso à SÁBADO: “A Internet está mais acessível às crianças, e aquilo que sentimos é que promove o isolamento.” 

O estudo apresentado esta terça-feira, 23, no Instituto para os Comportamentos Aditivos e as Dependências (ICAD), confirma esse isolamento: “O consumo descontrolado da oferta digital, Internet e redes sociais pode contribuir para um estado de alienação social, desenvolvendo um padrão de comportamento cujas relações online se constituem como a zona de conforto”. A investigação abrangeu 1.704 inquiridos, maiores de 16 anos e até aos 74. 

“Ao longo dos últimos anos vimos mudanças”, refere Melanie Tavares. Com o aumento do uso da Internet e das redes sociais, as relações de sociabilidade entre as pessoas são afetadas.

“Assistimos à mudança do comportamento com o uso cada vez mais precoce dos telemóveis”, frisa a perita. Durante a pandemia, o “WhatsApp promoveu o contacto social, mas quando acabou o confinamento, [as pessoas] mantiveram os hábitos e o conforto de não socializar.”

E quanto mais novas são as crianças que entram no mundo digital, mais dependência se pode criar, porque são afetadas funções cognitivas que têm de ser exercitadas na infância. “Estas crianças não estão a ser ‘treinadas’ para estar umas com as outras, não treinam as competências sociais”, explica Melanie Tavares, acrescentando que ficam “limitadas porque não estão umas com as outras”. 

Melanie Tavares destaca ainda que nas crianças mais pequenas, “afeta o brincar, o contexto lúdico e as competências não formais”, atividades que levam as crianças a aprender valores e comportamentos sociais. Já nos adolescentes, fica comprometida “a relação com os pais e até com os amigos, devido às inseguranças que advêm das alterações físicas e emocionais”.

A dificuldade na regulação do sono é outro problema: “As crianças adquirem dificuldade na atenção e em memorizar por não reporem o sono.”

Os pais desempenham um papel importante sobre a dependência que as crianças podem ter dos ecrãs mas, em muitos casos, não se apercebem dos problemas dos filhos. “O uso excessivo deve-se muitas vezes aos pais”, afirma Melanie Tavares. “Não tiram tempo para as crianças, promovendo assim o uso do digital como ferramenta para a sua substituição.” Um dos desafios mais comuns entre as famílias passa por “desligar os ecrãs a horas de descanso: os pais têm dificuldade em impor os limites e as regras”.

As crianças e adolescentes ganham assim dificuldade em estar em grupo e criam inseguranças sobre a sua própria imagem, por estarem habituados a refugiar-se num perfil no meio digital.

Como contornar o problema?

Dialogar com as crianças é uma das maneiras mais simples de os pais lidarem com o vício dos ecrãs. “Se a criança ou jovem não tem diálogo, refugia-se”, alerta Melanie Tavares, acrescentando que os pais até podem negociar as horas de ir para a cama ou o cumprimento das regras com os filhos.

A coordenadora ainda sugere momentos em família, como um “simples jogo de tabuleiro”, para dar a volta à dependência dos ecrãs: aliás, a 20 e 21 de abril, irá decorrer o 3º Festival de Jogos de Tabuleiro para Famílias organizado pelo IAC, que promove a “dinâmica da competição saudável” e “atividades de interesse e que envolvem as crianças e jovens”.

As diferentes dependências

O estudo do ICAD revela que uma em cada 100 pessoas apresenta dependência de internet e das redes sociais. Há pessoas na faixa etária dos 24 ou menos anos que têm um grau de “dependência da Internet ou das redes sociais”, chegando mesmo a sentir-se irritados e ansiosos quando o equipamento eletrónico ou a falta de Internet não lhes permite aceder ao online. Dentro desta faixa etária, 73,6% usam as redes sociais para aliviar a mente e combater até estados de ansiedade e depressão.

Os estímulos provocados pelas respostas aos emails e as mensagens nas várias plataformas, assim como publicar fotografias e receber comentários, entram no quadro da dependência digital. “Ainda que os dados quantitativos obtidos não configurem um quadro dramático, sustentam um cenário de elevada preocupação sobre a diversidade de estímulos tecnológicos que potenciam o alhear da vida física em benefício da vida digital”, alerta o estudo.

Já outros casos revelaram náusea digital – sensação de interação com ambientes digitais que provoca desorientação ou vertigem –, nomofobia – um sentimento de falta quando o telemóvel não está junto da pessoa –, e até mesmo a síndrome do “toque fantasma” – que consiste em sentir o telemóvel vibrar mesmo quando tal não aconteceu.

A perda de noção do tempo, a ansiedade com as falhas de Internet e privação de acesso do online e o facto de quererem obter satisfação com as redes sociais são fatores agravados pela necessidade de estar online para manter o equilíbrio psicológico, aponta o estudo: “Como a vida na internet e nas redes sociais está em constante movimento, alimenta-se uma necessidade de acompanhar ao máximo o fluir dessa vida, resultando em momentos de prazer e de descontrolo no tempo de utilização.”

No “mar de prazer” dos ecrãs navega-se para esconder a ansiedade e a depressão

Janeiro 29, 2024 às 8:00 pm | Publicado em Estudos sobre a Criança | Deixe um comentário
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Notícia da Rádio Renascença de 23 de janeiro de 2024.

 Miguel Marques Ribeiro

Um estudo realizado por investigadores da Universidade Lusíada alerta para uma prevalência crescente de comportamentos aditivos na forma como usamos os telemóveis e computadores. A solução passa por sensibilizar, não por proibir a utilização.

As redes sociais têm mecanismos de viciação semelhantes ao álcool e a outras drogas psicoativas, diz um estudo realizado por uma equipa de investigadores da Universidade Lusíada, cujos resultados são conhecidos em detalhe esta terça-feira, numa sessão realizada no Instituto para os Comportamentos Aditivos e as Dependências (ICAD), em Lisboa.

Intitulado “Scroll, Logo Existo”, o projeto alerta para a semelhança entre os ecrãs de computador ou de telemóvel e outras substâncias aditivas. “A Internet, em particular as redes sociais, funcionam como um mecanismo de compensação que pode ser semelhante à automedicação, o álcool ou outras drogas psicoativas”, explica Joaquim Fialho, um dos responsáveis pela investigação, em entrevista à Renascença.

À medida que o mundo vai ficando cada vez mais digital, cresce também o número de pessoas expostas aos ecrãs um grande número de horas. “Há estudos que indicam que fazemos cerca de 4 km em média de scroll por dia“, acrescenta Joaquim Fialho.

Privação provoca níveis de irratibilidade elevados

No inquérito desenvolvido pela equipa da Lusíada, e em que participaram 1700 internautas, fez-se o diagnóstico da utilização dos ecrãs pela população portuguesa. Para a generalidade das pessoas, não há propriamente uma dependência dos ecrãs, mas uma “submissão generalizada” às tecnologias, caracterizada “pela perda de noção do tempo” quando se está a navegar e também por “níveis de irritabilidade elevados” sempre que existe privação.

Isto revela já problemas do âmbito psicológico e emocional, sobretudo entre os jovens até aos 24 anos, os estudantes, as pessoas de baixa escolaridade e a população inativa, cuja grande fatia são os reformados.

[É] um mecanismo de fuga, como uma alternativa compensatória para aliviar sentimentos de culpa, ansiedade e depressão

Nestes grupos mais susceptíveis, navegar na internet é como entrar “num mar de prazer” que funciona como “um mecanismo de fuga, como uma alternativa compensatória para aliviar sentimentos de culpa, ansiedade e depressão”. Serve, portanto, para esconder estados psicológicos mais profundos, como a “frustração, a impotência, a tristeza”. No entanto, as empresas que desenham as aplicações que temos instaladas nos nossos telemóveis e computadores também devem ser responsabilizadas, defende Joaquim Fialho.

“As próprias aplicações estão feitas através de mecanismos que geram uma necessidade de lá estar, ou seja, a simplicidade do manuseamento, a cor, a novidade que está sempre a acontecer, são três fatores que geram adição aos ecrãs”.

Neste contexto, são cada vez mais comuns as situações em que “se perde o controlo sobre a utilização” e se cai numa adição mais profunda e de maiores consequências. A equipa da Lusíada inquiriu indivíduos com maior propensão para a dependência e compilou alguns sinais de alerta aos quais se deve estar atento.

“Identificámos alguns elementos, como a nomofobia, que é a necessidade de estar ligado, a síndrome do toque fantasma, que é pensarmos que o smartphone está a vibrar quando na realidade não está, o transtorno de dependência de Internet, que é a necessidade de lá estar, mesmo sabendo que vou lá, não sei bem fazer o quê, mas tenho que lá estar, a hipocondria digital, quando a internet funciona como um médico, onde que uma simples dor se transforma numa multiplicidade de diagnósticos, a depressão das redes sociais, que é a alteração de comportamentos e até dos próprios sentimentos quando está e quando não está”.

Sensibilizar em vez de proibir

O problema tem que começar a ser levado a sério e gerar um debate público envolvendo toda a sociedade, aponta o especialista, pois as relações entre as pessoas estão-se a “transformar por completo”, começando a “ser mediadas sobretudo através de ecrãs, que são no fundo a nossa caixa negra”.

Assim, Joaquim Fialho considera que é preciso “ensinar novamente a interação social face a face, que é algo que estamos a perder” e acredita que as ações de sensibilização para a literacia digital são a resposta certa.

O problema é quando se perde o controlo sobre a utilização.

Proibir não é, de facto, a melhor solução“, sustenta, até porque “o proibido é o mais apetecível”. No caso concreto dos jovens, Joaquim Fialho dá o exemplo do álcool: “Sabemos que é proibido para menores de 18 anos, mas não é por isso que eles deixam de consumir”.

O investimento na educação é fundamental, alerta: “Nós temos que preparar os educadores, e educadores aqui não são os professores, são pais, são os filhos, são os familiares, são os amigos… Temos que preparar a sociedade em geral para uma utilização saudável do smartphone“.

Sobretudo num país como Portugal, que com uma população de 10 milhões de habitantes tem mais de 15 milhões de números de telemóvel ativos. É um rácio “de smartphones superior a 150%”, lamenta.

Estudo aqui

O tempo de ecrã das crianças deve ser equilibrado com atividade física e contacto com a natureza

Janeiro 26, 2024 às 8:00 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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Imagem da DGS

Direção-Geral da Saúde

É importante promover a atividade física e o contacto com a natureza. 
Consulte o Manual de Recomendações para um Estilo de Vida Saudável e Seguro e saiba como gerir o tempo de ecrã das crianças.

https://bit.ly/ManualVidaSaudavelDGS.

O 2.º período já começou, mas ainda vamos a tempo de resolver o que não esteve bem no 1.º. E este é o primeiro alerta: “Algumas crianças têm uma agenda equivalente à de um CEO”

Janeiro 26, 2024 às 6:00 am | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia da CNN Portugal de 20 de janeiro de 2024.

Manuela Micael

Nem tudo passa pelas classificações. O tempo letivo interfere com as rotinas familiares e é importante aproveitar as interrupções escolares e as mudanças de ciclo ou de período letivo para analisar o que correu menos bem e encontrar estratégias para facilitar a vida de pais e filhos

Acordar, lavar os dentes, lavar a cara… “Despacha-te! Estamos atrasados!”. O pequeno-almoço, vestir, calçar… “Não te esqueças da lancheira!”. E, até à noite, o Inglês, a Música, o Karaté, o Futebol e a Natação, dependendo dos dias, os TPC, o banho, rever a matéria do teste do dia seguinte, jantar… “Como é que já são 21:30?!”

Identifica-se com esta rotina? A descrição parece-se com as manhãs e os fins de dia lá de casa? Na verdade, é o cenário que se vive em muitas casas portuguesas em período de aulas. E depois há ainda a relação com a escola, as reuniões de pais e as notas… as notas deles que nem sempre correspondem ao trabalho desempenhado e muitas vezes ficam aquém das expectativas dos próprios e dos pais. É importante aprender e adaptar rotinas para que as famílias não se ressintam e as crianças sejam felizes na escola. Do primeiro período letivo é importante tirar lições, para melhorar o que está menos bem e encontrar o caminho certo para prosseguir no segundo período.

Este ano, a família Cardoso Sardinha teve uma adaptação mais drástica a fazer. Tomás, de 11 anos, está agora no 5.º ano e a escola é muito diferente da escola primária. Apesar de olhar para o primeiro trimestre do ano letivo e achar que, “contrariamente ao expectável, até correu bem”, Sónia Cardoso Sardinha reconhece que a rotina da família mudou muito e todos tiveram de se adaptar.

“Há uma exigência muito maior até de nós, pais. Ele é um menino covid, fez grande parte da escola primária em confinamento. Mas era uma criança muito autónoma. Agora, com a pré-adolescência, tornam-se mais preguiçosos. Tenho de o acompanhar nos trabalhos. Tenho de lhe ir ver os cadernos, coisa que não era necessária até aqui, que ele era muito responsável”, conta à CNN Portugal.

“As classificações foram boas, mas muito por causa desse acompanhamento em casa. Está nos ‘bons’ e ‘muito bons’. No final do semestre até acredito que vá subir a algumas disciplinas. Felizmente, tenho um filho com autoestima elevada, que acha que não precisa de estudar [risos]. Mas acho que eles nesta idade têm de ter uma rotina de estudo e não têm”, reconhece.

“Imensos trabalhos de casa”

Patrícia Rafael é mãe solo de duas raparigas de 16 e nove anos. Idades bastante díspares que dificultam a rotina desta administrativa de 43 anos, que vive no Algarve. “Não é fácil ir buscar, ir levar… os transportes não são fáceis. Os horários de saída não são amigos dos pais que trabalham. A mais velha vai de autocarro para a escola ou com a madrinha. A mais nova depende de mim. Ela só começa as aulas às 09:00, mas tenho de a deixar às 08:30. No inverno é muito difícil. Já tive discussões com as funcionárias, porque não querem o pavilhão sujo, então deixam andar os miúdos lá fora ao frio”, descreve.

Sozinha, tem dificuldade em acompanhar os estudos das duas. Teve de recorrer a explicações. “Por causa dos transportes e dos horários, tive de optar por explicações online, porque é complicado gerir tudo. A mais nova tem explicações duas vezes por semana, quando não tem explicações tem atividades”, relata.

Mas a filha mais nova traz “imensos trabalhos de casa todos os dias” e, no meio da apertada rotina, o cansaço apodera-se dela e a vontade de trabalhar, depois de um dia intenso, a vontade de estudar já é pouca: “Na explicação, ela faz tudo e é super educada. Mas, em casa, não quer ter rotina de estudo. Tenho de a obrigar e é muito desgastante.”

Para o segundo período escolar que agora arrancou, Patrícia não hesita nos desejos: “Gostava que não houvesse TPC ou pelo menos esta quantidade que a professora manda. É um absurdo! E gostava que os horários de trabalho fossem mais compatíveis com os da escola ou o contrário.”

“A escola é um momento de interrupção daquilo que é prazeroso”

A motivação das crianças é um aspeto delicado da gestão das rotinas familiares. A psicóloga Tânia Correia e mentora do blogue 3 M’s Menina, Mulher, Mãe lembra que a escola devia ser “um processo leve e não aversivo”. “A escola é um momento de interrupção daquilo que é prazeroso. O nosso cérebro está programado para nos afastarmos daquilo que é uma obrigação e aproximar-nos daquilo que é prazeroso. Nós, adultos, temos a outra parte do cérebro que nos diz que tem de ser. Mas eles não têm essa parte do cérebro ainda desenvolvida”, explica.

“Há crianças que estão exaustas. A quantidade de atividades extracurriculares que algumas crianças têm é equivalente à agenda do CEO de uma empresa”, acrescenta.

Por isso, no momento de estudar em casa, é importante apostar no prazer que a criança possa tirar desses momentos. “Queremos forçar a criança a estar sentada a uma secretária a estudar. Eles já fazem isso a semana toda. Ao fim de semana, não há mal nenhum em deixá-los estudar onde eles quiserem. Há miúdos que gostam de estudar em pé, e dão saltos e fazem rodas… e isso não tem mal nenhum!”, defende Tânia Correia.

Depois, é fundamental a escolha da pessoa que acompanha habitualmente a criança nos estudos. A psicóloga sublinha que é importante “perceber se essa pessoa é a que tem o melhor perfil para fazer esse apoio”. “Uma pessoa que tem um gatilho mais reativo ao estudo não é a pessoa mais indicada para essa tarefa”, exemplifica.

O tempo com os pais e a gestão das emoções

A psicóloga Tânia Correia defende que, acima de tudo, é fundamental não esquecer as emoções, de pais e filhos. E encontrar tempo para estarem uns com os outros. “Estar com os pais também precisa de ser encarado como uma atividade extracurricular. E até de enriquecimento curricular!”, sublinha.

A psicóloga considera que as pausas letivas devem ser aproveitadas para “fazer um ponto de situação emocional da criança e nosso também” e ter em conta o excesso de estímulos. “É como a gestão da embraiagem e do acelerador. Se tivermos uma criança muito estimulada emocionalmente, temos uma criança com poucos recursos para a aprendizagem ou para traduzir as aprendizagens”, alerta.

“É imprescindível que falemos das nossas emoções aos nossos filhos. Estou triste, estou zangada, tenho medo… Com isso, estou a pôr-me vulnerável. E isso é altamente benéfico para os nossos filhos. É um canal emocional que nos liga aos nossos filhos para sempre. Outras ligações vão-se perdendo, mas a ligação emocional não se perde nunca”, sublinha.

“E temos de ser nós a abrir este canal emocional. Não podemos ser nós a esperar que eles se exponham. E temos de ter a consciência que ‘cansada’, ‘stressada’… não são emoções. São guarda-chuva da tristeza, da zanga, do medo… Vamos sempre a tempo de trabalhar emoções com as crianças. Elas estão ávidas de partilhar emoções connosco. Tendem a escutar-nos muito nesses momentos”, acrescenta.

E a psicóloga, que também é mãe de duas crianças, dá um exemplo da aplicação desta ligação emocional: “Pode ser usado no dia a dia, como estratégia. Dizer ‘eu sei que não te apetece estudar, eu sei que estás zangado, quando tinha a tua idade também não me apetecia estudar’. É meio caminho andado para desbloquear.”

A falta de tempo e o excesso de tecnologia

Em casa de Sónia Cardoso Sardinha há uma luta extra: o combate ao excesso de tecnologia. A comercial de 50 anos lamenta a dependência que os jovens têm dos ecrãs. Ela e o marido optaram por não deixar o filho levar telemóvel para a escola e houve mesmo um tempo em que o incentivaram a levar a bola de futebol. “Numa altura em que não teve professor, ele levava uma bola de futebol, mas não tinha com quem jogar porque os outros estavam todos ao telemóvel”, lamenta.

“Já tive uma questãozinha com os professores que incentivavam o uso de telefone na sala de aula. A meu ver isso podia ser um complemento, mas não A ferramenta”, defende.

Na análise do decurso do primeiro período, Patrícia Rafael encontra o cansaço e a falta de tempo como um entrave à tranquilidade familiar. “Tenho plena consciência de que mudei de emprego e o acompanhamento não é o mesmo. Estou mais cansada. Não tenho a mesma paciência… Acaba ela [a filha mais nova] a chorar e eu também… facilito muito mais. Não faço o acompanhamento que gostaria e que acho necessário”, admite a administrativa.

Oito conselhos para um resto de ano letivo sem percalços

Tânia Correia lembra que cada família é uma família. As rotinas e os processos têm de ser adaptados. Ainda assim, é possível reunir alguns conselhos que podem ser úteis a qualquer família e ajudar a melhorar rotinas e, porque não, também resultados escolares dos mais novos.

  • Fazer uma avaliação emocional de cada criança e dos pais. “Enquanto mãe, posso parar para pensar: ‘tenho falado sobre o que sinto?’, ‘a minha criança tem falado sobre o que sente?’. Não? É uma boa altura para começar. Eventualmente, procurar a ajuda de um profissional”, diz a psicóloga.
  • Avaliar e ajustar expectativas. “O que é que eu espero em termos de sucesso desta criança? A maior parte das pessoas encara como sucesso ter 5 a tudo. E a maioria das vezes não é por aí que passa o sucesso escolar de uma criança”, sublinha.
  • Avaliar as áreas de interesse da criança. “A criança é um ser humano e nenhum ser humano gosta de tudo. Cada criança tem o direito de gostar mais de uma matéria do que de outra e a ser melhor a uma disciplina do que a outra”, observa.
  • Perceber qual é a via pela qual a criança aprende. “Há crianças mais visuais, que aprendem mais a partir de estímulos visuais, ilustrações, filmes… outras são mais auditivas. Ajustar estratégias de estudo com a criança à forma dela se conectar ao mundo. Se calhar, se inventarmos uma canção sobre a matéria, uma criança mais auditiva vai ter mais facilidade. As visuais não. As cinestésicas precisam de algo palpável, manuseável. Muitas vezes precisam de estar a fazer rabiscos no caderno. Não estão distraídas, estão a processar o conhecimento”, explica.
  • O problema pode estar na escola. “Neste momento, há muitos estabelecimentos escolares que não estão a funcionar da melhor forma. Há muitos professores em burnout, os currículos estão muito desajustados àquilo que são as reais competências das crianças. Não é que não consigam acompanhar. Infelizmente, a maior parte vai fazê-lo, mas vai fazê-lo abdicando de um funcionamento saudável. Há muitas crianças a trazerem um excesso de trabalhos de casa, depois de já terem passado o dia inteiro concentradas. Há muitas crianças que não têm um dia a dia de criança”, lamenta Tânia Correia.
  • Autoavaliação dos pais. “Se estivermos num ponto de desequilíbrio, não podemos esperar que a criança não esteja. Há muitos pais que também estão em situação de burnout, de depressão de ansiedade… e isto não é benéfico para os nossos filhos. Lembro-me sempre do conselho das assistentes de bordo para, em caso de despressurização, primeiro colocarmos a nossa máscara de oxigénio e só depois a das crianças. Se não estivermos bem, não as podemos ajudar”, exemplifica.
  • Avaliar as rotinas familiares. “Como está a criança em termos de liberdade, de lazer… Como está a ser para estes pais, em termos de carga emocional… Quase sempre aquilo que está a incomodar as crianças, está a incomodar os pais. A maioria dos pais consegue identificar na gestão familiar aquilo que não está a resultar”, garante.
  • Proteger sempre a essência da criança. “Não tornemos a criança nos seus resultados. A criança não é as suas notas e tem uma série de características que são dela e isso precisa de estar protegido, independentemente do que acontece na escola”, finaliza a especialista.

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