Comunicado da Direção do IAC
Novembro 30, 2017 às 12:37 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentárioEtiquetas: Armando Leandro, Comunicado de Imprensa, Direitos da Criança, Instituto de Apoio à Criança, Press Release, Superior Interesse da Criança
Sem manuais, com tablets, skates e muita criatividade – a escola está a mudar
Novembro 30, 2017 às 12:00 pm | Publicado em Uncategorized | Deixe um comentárioEtiquetas: 5º Ano, Alunos, Autonomia pedagógica, Colégio Pedro Arrupe, Criatividade, Mochilas Escolares, Recursos Educativos Digitais, Sala de Aula, Smartphones, Tablets
Notícia da https://www.rtp.pt/noticias/ de 4 de novembro de 2017.
Promover a curiosidade, o espírito crítico, o gosto pelo saber, sem nunca perder de vista a criatividade, é o objetivo de um projeto pioneiro que teve início este ano letivo no Colégio Pedro Arrupe, em Lisboa. Os alunos são testados de forma contínua, matéria a matéria, a partir de fichas, grelhas de observação e outros métodos alternativos. O tablet e o telemóvel podem entrar na sala de aula e até o peso das mochilas fica mais leve porque não há manuais.
É meio da semana, passa das 10h00. Nas salas de aula, os skates e as bolas preenchem o chão. Sentados ou em pé, dependendo da aula, a Francisca, a Pilar, a Madalena ou o David falam sobre os trabalhos que estão a fazer dentro da sala. Há quem precise de ajuda, mas isso não é um problema. Há sempre um voluntário para apoiar os colegas.
No Colégio Pedro Arrupe, em Lisboa, é assim. A escola, que em 2010 abriu com 700 alunos, tem hoje a lotação praticamente completa com 1.580. Este ano experimenta-se pela primeira vez um modelo em que os alunos são testados de forma contínua, sem se acumular matéria.
Coisas como ter um guião, uma plataforma digital, ir ao campo ou ao rio para ver como vivem os animais ou até fazer um trabalho para três disciplinas, em simultâneo, são alguns dos exemplos que os alunos elegeram como seus aliados no conhecimento curricular.
“Fomos ao Rio Trancão, onde é a Foz para o Estuário do Rio Tejo, e vimos lá os tipos de habitats que existem: o sapal, o Estuário, o Rio, a temperatura da água. Estivemos a fazer uma experiência que era tirar com uma pá o lodo para vermos como é que ele é (…) Acho que é melhor [ir à rua], é mais giro. Assim podemos ter a experiência de ver as coisas e tocar nela”, contou à RTP Madalena Santos, aluna do 5.º ano de escolaridade.
Também David Dias, com dez anos, partilha a sua experiência: “É divertido juntar três disciplinas para fazer uma só atividade. O objetivo deste projeto é fazermos o planisfério e pintar, o que está na área de Educação Visual e Tecnológica. Inglês é para fazer as nacionalidades e para História e Geografia de Portugal aprendemos os países”.
Numa escola com autonomia pedagógica, em que desde cedo a independência dos alunos é levada a sério, arriscou-se e os resultados estão a ser positivos, garante à RTP a diretora pedagógica, Ana Mira Vaz.
“Nós estávamos a fazer um bom trabalho. Tínhamos a escola cheia. Não mudámos porque sentimos que temos que atrair outros públicos. Não mudamos porque achamos que os resultados são maus. Mudámos porque sentimos que, apesar de termos bons indicadores daquilo que estávamos a fazer, nós temos que dar um passo em frente, um passo mais arrojado, em direção a uma mudança de atitude dentro da escola, com impactos sobre o trabalho dos alunos em sala de aula e fora da sala”.
Aqui, as opções didáticas foram concebidas para promover o desenvolvimento da curiosidade científica, do espírito crítico ou do gosto pelo saber. Valoriza-se a criatividade, a experiência individual e o trabalho em equipa.
“Temos que lhes mostrar que é não só desejável como é possível na prática fazer a mudança. Acreditamos que este princípio global de que é preciso transformar a educação num determinado sentido pode ser feito. Começámos com um conjunto de cinco turmas que achamos que pode ser impactante para o resto da escola. É de facto um projeto-piloto, laboratorial, acompanhado por todos, inclusivamente pelos pais mas que achamos que nos vai dar dados para permitir depois expandir para as restantes turmas”, explicou Ana Mira Vaz.
Retirar exclusividade ao professor
No essencial trata-se de pôr os professores a trabalhar em equipa, “permitindo aos alunos assumirem um papel essencial na condução da sua própria aprendizagem. No limite, se me perguntar: Onde é que nos vemos daqui a dez anos, por exemplo? Imagino um aluno adolescente de 13 anos, em vez de chegar à escola e se sentar na sala de aula e perguntar: Então professor o que é que vamos fazer hoje? É ele próprio que traz um projeto que foi obviamente preparado”.
Seguem-se as propostas dos currículos em vigor, mas a opção é sempre pela personalização das respostas educativas que implica liberdade para dar destaque a áreas curriculares de relevância para a formação dos alunos.
O projeto pioneiro teve início este ano letivo. A ideia é “puxar” o aluno para o centro da aprendizagem e para a responsabilidade de aprender. Na prática, trata-se de evitar que seja o professor a conduzir, em exclusivo, todo o processo de aprendizagem do aluno.
“Para isto, é preciso mudar práticas, é preciso encontrar as metodologias adequadas e é preciso os professores acreditarem e estarem capacitados para o fazer. Portanto, tem sido um investimento ao longo destes anos, neste processo. Começámos no pré-escolar, no primeiro ciclo. Os alunos vão chegando cada vez mais habituados a esta forma de trabalhar e de aprender e a primeira fornada estava agora a chegar ao 5.º ano”, explicou à RTP a diretora do 2.º ciclo do Colégio Pedro Arrupe.
Margarida Chambel fala com otimismo desta nova forma de organizar as aulas, em que o aluno “sai cansado do trabalho que fez” e o Ministério da Educação “confirma” que cabe à equipa pedagógica que está responsável por conduzir um grupo de alunos, encontrar os melhores modos de concretizar os seus objetivos.
“Estamos a fazer uma tabela para depois fazermos um desenho e o que está no quadro é o guião de autorregulação que é para nós sabermos o que é que temos que fazer e quais são os objetivos desta unidade (…) É muito bom para depois sabermos o que é que nós já sabemos e o que é que ainda temos que trabalhar melhor”, explicou Pilar Costa, uma das alunas do 5.º ano contempladas com o novo projeto.
Uma ideia partilhada também pela Francisca Oliveira: “Gosto porque isso ajuda-nos a fazer a nossa autocorreção para sabermos o que devemos estudar mais, o que é que errámos mais e a que é que temos de estar mais atentos”.
“Há aqui uma coincidência feliz que o Ministério da Educação de facto começa a permitir que as escolas encontrem os melhores modos de ensinar, de fazer aprender os seus alunos. Os contextos são variados, a equipa que está responsável pela gestão das aulas também é diferente”, salienta ainda a responsável pelo 2.º ciclo.
Uma das novidades é que deixa de haver um conjunto tão restrito de professores a lidar com o aluno. “Deixa de haver a monodocência, alargam-se as disciplinas”.
Manuais escolares, cadernos de atividades ou livros de fichas são, numa boa parte das escolas, a soma de um resultado que está longe de ser neutro.
5.º ano sem manuais
O peso exagerado das mochilas – quase 50 mil pessoas já assinaram uma petição – continua a ser um motivo de grande preocupação para pais e encarregados de educação.
Para felicidade da Francisca, da Pilar, da Madalena ou do David, o digital entrou para dentro da sala de aula. E, por isso, pela primeira vez o 5.º ano de escolaridade não tem manuais.
“Os professores vão-nos inscrevendo nas várias disciplinas. Metem lá várias fichas e várias informações. Na disciplina de oficinas e religião, o professor já meteu uns jogos sobre o que nós trabalhámos e depois respondemos às perguntas (…) Gosto de trabalhar na plataforma porque é mais divertido e não andamos com tantos manuais e tantas coisas na mochila”, explicou Pilar Cruz, entusiasmada.
“A equipa pedagógica que está responsável por conduzir o ano tem as melhores condições para encontrar os recursos mais adequados para que os alunos aprendam. Então, substituímos de facto o manual. Não temos nada contra os manuais, pelo contrário, as salas têm vários manuais relativos a cada disciplina. São também uma fonte importante de pesquisa e de trabalho mas substituímos o manual individual do aluno por um conjunto de recursos que alocamos numa plataforma digital, daí a importância de cada um ter o seu computador”, explica Margarida Chambel.
Os alunos têm assim acesso aos conteúdos não só no espaço de sala de aula mas também em casa. Há ainda a possibilidade de alargar esses recursos, com indicação de sites que o professor reconhece que são adequados para explorar determinado assunto, pequenos vídeos e até trabalhos de colegas de outras turmas.
As tecnologias entram na sala de aula como uma possibilidade de ferramenta de trabalho e juntam-se às mais tradicionais.
Há a possibilidade de haver uma grande diversidade de recursos que estão “mais próximos” daquilo que são os veículos que os alunos usam no seu dia-a-dia. “Não só tablets, computadores individuais mas também os telemóveis, que hoje fazem parte do conjunto de apetrechos que são fundamentais à saída de casa.
“Não é honesto perceber que afinal não aprendeu nada”
A abordagem da avaliação também é vista de outro modo. O aluno tem a possibilidade de a cada momento saber qual é o seu ponto de situação relativamente aos conhecimentos, aos objetivos de determinada disciplina ou conjunto de disciplinas.
“Aquela coisa de adiar para a data do teste formal, que se passa dois meses depois da matéria ter começado a ser trabalhada, não faz nenhum sentido. É ingrato. Não é honesto perceber que afinal [o aluno] não aprendeu nada e está cheio de dúvidas”.
Margarida Chambel acredita, portanto, que em cada momento é possível saber que tipo de erros se estão e se o aluno está ou não longe da meta a atingir. “Esta avaliação que é regular, que faz parte da naturalidade de quem acompanha o trabalho de aprendizagem, este feedback que o aluno recebe, não invalida que não tenham também os momentos mais formais de avaliação com instrumentos que devem ser também os mais diversificados possíveis”.
E acrescenta: “Não precisamos dos testes para saber que nota é que o aluno merece no final do período. Isto no fundo é uma lógica que não tem grande sentido. Portanto, fazemos a avaliação sumativa, o seu trabalho resulta de facto numa atribuição que é um indicador do tipo de investimento que fez mas é uma referência que o professor e o aluno, em qualquer altura, do percurso têm noção. Ou seja, se o trabalho que está a desenvolver está mais próximo de um três ou se está mais próximo da excelência”.
Se uns defendem que é pelo treino e pela repetição que as crianças chegam ao conhecimento outros consideram que as crianças precisam é de brincar, pois é aí que puxam pela criatividade e imaginação.
Sala de aula, o “espaço predileto” para trabalhar
“Nada contra [aos trabalhos de casa] se houver interesse para que o aluno aprenda melhor. Sempre que necessário, sem problema nenhum (…) Nesta lógica de diferenciação que é uma palavra-chave hoje em dia na escola, não temos nada contra o ter que prolongar um bocadinho para além do tempo de trabalho em aula, a necessidade de recuperar aqui alguma coisa que não esteja tão bem mas temos a preocupação para que seja na aula. Esse deve ser o espaço predileto e essencial para a aprendizagem e que o resto do dia possa ser para desenvolver tudo aquilo que sabemos que faz parte de uma construção saudável da pessoa”, salienta Margarida Chambel.
Numa altura em que todos procuram uma escola que permita aos alunos aprenderem melhor, com mais sentido e naturalidade, os professores vão encontrando novas formas de concretizar as experiências.
“Portanto, o pioneiro, às vezes é esta sensação de estamos a encontrar este caminho e é bom se puder servir de inspiração a outras escolas. Pioneiro no sentido de que não estamos, não sentimos que seja honesto, apesar do bom trabalho que vamos fazendo, estagnarmos aí. É um desafio que qualquer escola hoje em dia deve andar atrás porque o mundo não para. Os alunos vão mudando, o mundo vai mudando e a escola tem este dever de honestidade de ir correspondendo”, explica Margarida Chambel.
Não há fórmulas únicas e perfeitas, mas o perfil do aluno do século XXI está traçado: ser perseverante perante as dificuldades, querer aprender mais e desenvolver o pensamento crítico.
O novo Perfil do Aluno entrou em vigor em julho deste ano com uma “matriz comum para todas as escolas”. Passa por promover de modo sistemático e intencional, dentro e fora da sala de aula, atividades que permitam aos alunos fazerem escolhas, confrontarem pontos de vista ou tomarem decisões. Um documento há muito esperado pelas escolas.
“Não podemos educar pessoas do pescoço para cima”
“As certificações constituem marcos de referência no percurso dos alunos. São sem dúvida muito importantes mas há este perfil que se quer formar nas crianças quer do público quer do privado. Este ano têm sido dados passos muito importantes na aproximação dos dois tipos de estrutura porque o trabalho é comum”.
A responsável pedagógica considera que todo o trabalho é feito pela escola pública. “A palavra certa seria escola estatal por oposição a escola privada porque escola pública somos todos. Pertencemos a uma rede pública de educação que presta serviço às famílias em Portugal”.
Para Ana Mira Vaz tem sido difícil para o Estado criar escolas com personalidade própria. “Nós prestamos o serviço que qualquer outra escola presta ao nível das aulas, da certificação, das habilitações mas a maneira como isso é feito é que deve ser fruto de uma reflexão interna, feita na escola. Deve ser adequada àquele contexto, em função daquilo que a própria escola define como o seu horizonte de concretização”.
Ana Mira Vaz considera que “não podemos apenas educar as pessoas do pescoço para cima, que foi o que as escolas infelizmente fizeram durante muito tempo. Temos que educar todo o corpo, a sensibilidade, a consciência, o transcendente, toda a componente física, sensorial e motora que é tão importante nos dias de hoje”.
vídeos da reportagem no link:
Profissionais de saúde desenvolvem aplicação para crianças com diabetes
Novembro 30, 2017 às 6:00 am | Publicado em Vídeos | Deixe um comentárioEtiquetas: Aplicação Móvel, APP, Crianças, Diabetes, Smartphones, Vídeos
Notícia da https://www.rtp.pt/noticias/ de 14 de novembro de 2017.
Vai ser lançada uma aplicação de telemóvel para auxiliar crianças e adolescentes com diabetes tipo 1. A ideia é facilitar a contagem de hidratos de carbono ao longo do dia.
Visualizar o vídeo da notícia no link:
Porque é que as vítimas de violência sexual demoram tanto tempo a denunciar?
Novembro 29, 2017 às 8:00 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentárioEtiquetas: Abuso Sexual de Crianças, Vítimas, Violência Sexual
Como ressuscitar o Tio Patinhas, ou de como Duck Tales está de volta
Novembro 29, 2017 às 12:00 pm | Publicado em Vídeos | Deixe um comentárioEtiquetas: Banda Desenhada, Desenhos Animados, Disney, Vídeos, Walt Disney
Notícia do https://www.publico.pt/ de 11 de novembro de 2017.
A série de aventuras da Disney do final dos anos 1980 regressa este sábado com novas histórias, vozes de Community ou Parks and Recreation e com velhos estilos de animação — sem 3D. Para os novos pais mostrarem aos filhos os seus velhos heróis. O PÚBLICO visitou as “filmagens”.
Joana Amaral Cardoso em Los Angeles
Duas coisas sobre os bastidores de uma série de animação da Disney: o escritório, embora cheio de adultos que são pagos para pensar como crianças, é esmagadoramente silencioso; mas, em compensação, há doces por todo o lado. No estúdio onde se trabalha no novo Duck Tales, a histórica série que transportou uma família de patos sem calças dos livros de quadradinhos para televisores de todo o mundo há 30 anos, é tudo sobre passar o testemunho. Da infância de quem agora desenha, produz ou escreve para a infância de 2017, tão estimulada que já não se encanta só com um mergulho do Tio Patinhas numa pilha de dinheiro.
Em Glendale, uma das cidades da gigantesca malha urbana de Los Angeles, fica um dos muitos edifícios que a Disney Television Animation ocupa na região. Braço “caseiro” do entretenimento com a marca do Rato Mickey (e dos Jedi, ou da Marvel), é uma malha de cubículos alcatifados. Silenciosa, mas decorada com as mais variadas relíquias e memorabilia, da casa e da concorrência. Os animadores misturam Stan Marsh de Family Guy, Pokémon e luzes de O Estranho Mundo de Jack (estávamos no início de Outubro e as decorações de Halloween tinham saído das caixas). Os gabinetes estão recheados de bicicletas, trotinetes, skates ou vinis dos Specials.
Um livro sobre Toulouse Lautrec encosta-se a uma caixa de DVD da série Smalville, iluminado pela mesa digital de ilustração onde Huguinho ganha forma nas mãos de um dos artistas da série. Zezinho e Luisinho andarão por perto, bem como o tio, Pato Donald, e, claro, a estrela adulta da companhia de aventuras infantis, o Tio Patinhas — agora conhecido como Patinhas McPato. A série original, transmitida nos EUA entre 1987 e 1990 e em Portugal no programa Clube Disney, foi algo marcante. Criou memórias na equipa que agora trabalha no novo Duck Tales (que em Portugal se estreia dia 18 no Disney Channel como PatoAventuras depois de um especial, este sábado, às 11h) e no público que está na casa dos 30 ou 40 anos — nomeadamente auditivas. Traduzindo: Woo-oo!, ou a onomatopeia do genérico da série, bem guardada na mente desde o tempo em que os que agora são crescidos cantavam as músicas do genérico dos desenhos animados.
PatoAventuras é o enésimo reboot de uma era que não pára de olhar para trás e ressuscitar propriedade intelectual, especialmente aquela que foi exibida dos anos 1980 em diante. “O reboot de Duck Tales parecia inevitável”, admite o produtor executivo Matt Youngberg. “Como enormes fãs da série original, queríamos assegurar-nos de que era feito da maneira certa. E de que não parecesse só algo para fazer dinheiro ou para jogar com os fãs nostálgicos, mas sim algo que trouxesse os velhos fãs — e que eles trouxessem os seus filhos.” Youngberg e o seu correligionário Francisco Angones eram fãs. São descritos nos corredores do estúdio como enciclopédias ambulantes de Duck Tales. Angones incluiu versos da antiga canção do genérico nos seus votos de casamento. Na sua sala têm uma mesa de reuniões com dois frascos. Um de doces, claro, e outro de papéis com as más piadas que os argumentistas foram acumulando.
Porquê voltar, porquê agora? “Nunca vamos ser Os Vingadores – Infinity War em termos de âmbito e escala, porque é um filme de mil milhões de dólares e nós temos um monte de patos sem calças”, ri-se o também guionista Angones (Wander Over Yonder, Men at Work). “[Mas] sentimos que tínhamos de ser nós a dar cabo disto”, brinca Youngberg, que trabalhou em Ben 10, Justice League, Transformers: Animated e foi já nomeado para os prémios Annie. O discurso de quem trabalha na série é permeado pelo humor, pela sua própria experiência enquanto crianças que voltavam da escola e viam religiosamente as aventuras dos patinhos e Patinhas, mas também pela mensagem de marketing que querem passar. “Ênfase na família”, “aterrou-nos nas mãos Uma Família Moderna”, diz Angones; “esta versão da série é Indiana Jones e Uma Família Moderna”, solta por seu turno o actor Danny Puddi, que faz a voz de Huguinho.
Pioneira na Disney
“[Em 1987, a série original] era tão adorável e memorável que continua a ser uma espécie de objecto-troféu para muitos de nós que cresceram na Era Bush I”, escreve Jason Rhodes na revista Paste sobre a presidência de George H. Bush. Apesar de algo convencional, nota, a série “marcou o renascer da programação de animação televisiva a sério: estreou-se a 18 de Setembro de 1987, e Os Simpsons a 17 de Dezembro de 1989”. Duck Tales, um dos primeiros desenhos animados da Disney a passar na Polónia após a queda do regime comunista, por exemplo, “foi a primeira verdadeira incursão da Disney na animação televisiva”, confirma Matt Youngberg. Tinham feito séries de algum sucesso, e que também chegaram a Portugal, como Os Wuzzles ou os Gummi Bears, mas DuckTales “pegou nas personagens icónicas dos livros de quadradinhos amados em todo o mundo e pô-las em aventuras semanais”, explica. E com uma qualidade que o produtor defende como sendo a “melhor” da época.
Aliando a acção à comédia, tinha um detalhe, nota Frank Angones. “Os miúdos querem ter aventuras. Quando víamos um miúdo numa série de acção, era sempre o parceiro irritante”, como o Baixote de Indiana Jones e o Templo Perdido, por exemplo. “Estes miúdos estavam taco a taco com o Tio Patinhas e eram as figuras de proa destas aventuras” — uma espécie de Goonies com patos.
“É daquelas séries de que me lembro de forma vívida do tempo de criança”, explica Danny Puddi depois de uma sessão de gravação em Burbank, na zona onde estão concentrados os estúdios da Warner, os parques temáticos de Harry Potter ou a NBC. No estúdio, gravou dezenas de falas de Huguinho, mais ou menos soltas e muitas vezes sem apoio visual do que será a sua personagem na série animada. Youngberg e Angones estão do lado de cá do vidro, com os jornalistas, contextualizando cada frase e escolhendo as melhores versões. Um puzzle de entoações, no fundo, com muito riso à mistura. Puddi, conhecido pelo seu papel na série Community, tem uma almofada de Huguinho sua e que depois o acompanha para casa sentada ao seu lado.
O actor, que sempre quis fazer vozes e tem na nova série o primeiro trabalho como tal, faz parte de um elenco de luxo. Patinhas é David Tennant (Dr. Who), Ben Schwartz (Parks and Recreation) é Zezinho, e, por exemplo, o sr. Hamilton, Lin-Manuel Miranda, é Gizmoduck (o Gizmo Pato) e Alison Janey de Os Homens do Presidente é Goldie O’Gilt (ou Graciosa Dora em português). Está finalmente a fazer uma série que os seus filhos podem ver, diz, mas destaca sobretudo duas coisas: “O estilo de animação é uma homenagem aos livros de BD de Carl Barks e a comédia é um pouco mais individualizada, mais moderna, com tiradas mais rápidas.”
O respeito pelo legado do criador de Tio Patinhas, o milionário avaro desenhado por Barks e multiplicado em livros em todas as línguas, vê-se no estilo 2D de uma nova série que se estreia num mundo cheio de 3D e sua animação volumosa. Sean Jimenez (Gravity Falls, Adventure Time) é o director de arte da série e foi ele que sugeriu que “seria óptimo que parecesse um comic, saído da página”. Isso permitiu-lhe trabalhar com as suas influências – o Hergé de Tintin, Andy Warhol ou Roy Lichtenstein –, com a vantagem de que o estilo 2D “é mais rápido de executar”, explicou no seu gabinete. É que o tempo em animação é dilatado.
Miúdos que já viram tudo
Um ano, ou um ano e meio, passa até que se termine um único episódio de 22 minutos. A animação não é feita ali, mas sim noutros estúdios no estrangeiro, e esse trabalho acumula-se com o de argumentistas, coloristas, ilustradores ou actores. Trabalham vários episódios em simultâneo, claro, histórias passadas no cenário que está na parede do gabinete de Jimenez. Patopólis, ou Duckburg para as crianças de hoje, tem um bocadinho de São Francisco e sua ilha-prisão de Alcatraz, e um pouco do Castelo Hearst, a obra faraónica real erigida na Califórnia pelo magnata dos media William Randolph Hearst. O estilo visual de PatoAventuras, diz aos jornalistas enquanto oferece doces que estão dentro de uma abóbora, é mesmo antigo. Só assim aceitou trabalhar nele. Talvez, além do tempo que poupa, ele facilite a comunhão entre os antigos fãs e os miúdos ou filhos que agora verão aquela nova série chamada PatoAventuras, que representa um novo desafio – o storytelling para a geração Y.
Em 30 anos, o público mudou. As crianças têm muito mais escolhas, convivem com diferentes linguagens e imagens. Como é que isso molda o método de contar histórias? “Falámos muito nisso no início, e ainda falamos”, responde Matt Youngberg, que chefia a equipa que está já a trabalhar na segunda temporada. “Criar uma série para miúdos que já viram tudo é muito difícil. É um público completamente diferente — nós achávamos cool uma perseguição em carros nas minas, hoje…” E encolhe os ombros, rodeado de árvores genealógicas de patos.
O pequeno público “compreende de forma inata o storytelling, estão inundados por storytelling, faz parte da cultura, [e há] o binge watch”, enumera o produtor. “[Por isso mesmo] não podemos ter só um punhado de metáforas numa sala e deixá-las desenvolver”, completa Frank Angones. “Os miúdos querem algo mais das histórias que lhes contam e por isso queremos diferenciar o foco: as dinâmicas famíliares, que são depois elevadas pelas aventuras”, explica o fã-autor. Queremos perceber “o que é que a animação televisiva pode oferecer”.
O PÚBLICO viajou a convite da Disney
Oficinas de Natal 2017 da Associação Nacional dos Animadores Sociais – 18 dezembro a 2 de janeiro em Coimbra
Novembro 29, 2017 às 6:00 am | Publicado em Divulgação | Deixe um comentárioEtiquetas: Associação Nacional dos Animadores Sociais, Crianças, Espaços Exteriores, Espaços verdes, Oficinas de Natal
mais informações:
Lançamento do livro Alerta Premika em Braga, em 6 de Dezembro
Novembro 28, 2017 às 2:00 pm | Publicado em Livros, Publicações IAC-CEDI | Deixe um comentárioEtiquetas: CEDI - IAC, Cláudia Manata do Outeiro, Editora Teodolito, IAC-CEDI, Instituto de Apoio à Criança, Joana M. Gomes, Literatura infanto-juvenil, livro Infantil, Raquel Palermo, Riscos na Internet, segurança na internet, Teresa Castro
Entries e comentários feeds.