A dependência de jogos “está a crescer e a ter impacto na sociedade açoriana,” alerta o neuropsicólogo João Ribeira

Março 4, 2024 às 6:00 am | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia do Correio dos Açores de 18 de fevereiro de 2024.

A dependência de jogos, quer sejam os digitais, os de casino, apostas online e outros, é uma problemática crescente e os Açores não são excepção, aponta o neuropsicólogo João Ribeira. O profissional de saúde mental alerta para os malefícios destas dependências entre os jovens, que se poderão tornar em “adultos com severos problemas” e pouco preparados. No entanto, aponta que é da responsabilidade das figuras parentais evitar/fazer parte da solução destes comportamentos adictivos e que os pais devem estar atentos e presentes na vida dos filhos.

Correio dos Açores – Segundo o seu conhecimento, qual é a incidência da dependência dos videojogos nos jovens na Região? É um fenómeno que tem vindo a crescer?
João Ribeira (Neuropsicólogo) – Penso que não existem dados concretos sobre a dependência de videojogos ou de jogos no geral dos jovens, no país, muito menos nos Açores. Sei que me parece ser um problema crescente, até pela procura clínica que eu e os meus colegas vamos tendo, com esta problemática. Os casos parecem estar em aumento. A presença dos jogos parece ser um facto inescapável.
Pergunta sobre os jogos de vídeo, mas eu abordaria esta matéria de uma forma geral. Esta temática corresponde à perturbação do jogo, que no fundo pode ser aquilo que é chamado de “ludopatia” e que é incluída, já, na próxima classificação internacional de doenças (ICD), na sua 11.ª revisão. A perturbação de jogo é geral. Pode incluir os jogos digitais (jogos de vídeo) ou outro tipo de jogos. Tem a ver com a questão de jogar. Aqui também podemos incluir, se quisermos, as problemáticas ligadas ao jogo de azar, os casinos, as apostas online, que estão muito na moda, e têm grandes impactos, também. No fundo, todos eles são o mesmo tipo de adição.

Apesar de não haver dados concretos, este problema da dependência dos videojogos tem impacto na Região?
Certamente que sim. Está em crescimento e tem seguramente impacto. Este tipo de adicção tem consequências que não são sempre imediatas. O facto de depender dos videojogos não provoca só o problema da falta de atenção, isto gera, dificuldades, por exemplo, ao nível da capacidade de gestão da frustração. Isto dá que, potencialmente, se se nunca resolver este tipo de problema e o jovem tiver sempre uma gratificação imediata das suas necessidades, o entretenimento facilmente acessível, e não tiver necessidade de criar, por exemplo, o seu próprio espaço de entretenimento, isto vai gerar adultos com severos problemas. O impacto deste tipo de dependência, se calhar, ainda não está à vista, mas vai estar na próxima década. O grau de dependência de videojogos que está agora a acontecer e o aumento que estamos a observar, se nos focarmos nos adolescentes, podemos dar 10 anos para este problema se manifestar, depois, na estrutura de personalidade de um adulto que tem de lidar com uma sociedade, as obrigações, os objectivos, e tem de lidar ainda, no caso da sociedade portuguesa, com muitas barreiras. Se calhar não vão estar tão bem preparados, se não tivermos cuidado.

Considera que o isolamento dos Açores pode ter alguma influência na incidência destes comportamentos?
Honestamente, não concordo. Sei que a minha afirmação carece de uma análise estatística, mas isso quereria dizer que uma criança de Portugal continental não teria tanta ligação aos videojogos e não acredito que isso seja o caso. Aliás, nas grandes cidades, penso que este problema é tão ou mais recorrente do que em locais, por exemplo, que têm mais acesso a espaços exteriores, que ainda é o caso dos Açores. Cá, em alguns casos, ainda se pode brincar na rua, embora cada vez menos crianças optem por essa alternativa, mas a verdade é que temos mais hipóteses do que em grandes meios urbanos. A questão da insularidade não me parece ter um grande impacto.

Como se pode identificar que alguém está dependente dos videojogos?
É bastante simples. A dependência dos videojogos é uma dependência como outra qualquer, portanto, qualquer dependência pode-se identificar pela prática de determinado comportamento de tal forma que outras coisas, necessidades ou objectivos que as pessoas têm, ficam anulados em prol desta mesma dependência. Existem números. Diz-se que entre 15 a 20 horas por semana já corresponde a um comportamento adictivo relativamente ao jogo, mas eu discordo sempre destas medidas de horas ou quantidades. As pessoas podem jogar mais ou menos horas, mas algumas, se for necessário passarem mais tempo sem tocar num videojogo, conseguem fazê-lo. A grande diferença está aqui, na gestão das prioridades do dia-a-dia versus o jogar ou não jogar.

A dependência dos jogos parecem ter mais impacto nos jovens, que têm menos auto-controlo…
Os jovens, por estarem ainda em desenvolvimento, por princípio, têm menos capacidade de controlar os seus impulsos do que um adulto. Pelo menos assim se espera que seja, embora haja adultos com problemáticas similares, mas evidentemente que os jovens, por terem menor capacidade de gestão emocional, da frustração ou até daquilo que são os problemas sociais da adolescência, vão estar mais sujeitos a desenvolver este tipo de ligação. O jogar e a dependência do jogo está muito associada a uma necessidade de escape da realidade, ou de aprovação social. Em relação aos jogos online, não faltam crianças que se sentem excluídos por, por exemplo, não jogarem este ou aquele jogo. Isto pode também ser um factor na busca do jogo. Depois, claro, há uma associação directa e estudada entre outros problemas de saúde mental e a dependência. Há crianças que sofrem de ansiedade, problemas depressivos, ou outras dificuldades de adaptação e, muitas vezes, usam o jogo como uma forma de evasão. É um mundo que conseguem controlar, no qual realmente existe diversão e afastam-se um pouco daquilo que são as suas problemáticas, em termos de saúde mental.

A pandemia veio intensificar esta dependência?
Concordo que há uma influência óbvia. No tempo de isolamento, eliminamos este outro factor: não podemos sair, fazer actividades. Ou o jovem dispõe de um espaço exterior na sua casa, ou então está confinado ao espaço interior da casa, que muitas vezes não abunda. Portanto, aí sim, aumentamos drasticamente o problema com os jogos. O período de isolamento claramente teve uma relação, em muitos casos, particularmente os jovens que passaram o tempo de isolamento da pandemia naquela idade de transição para a pré-adolescência em que as crianças começam a interessar-se mais por este tipo de entretenimento. Aqui, ainda mais, a pandemia teve um efeito apreciável sobre a dependência e a ligação aos videojogos. Aqui vamos novamente à variável da evasão. Se estou confinado, pode ser fácil utilizar um jogo para sentir-me um pouco fora desta problemática do isolamento e do que foi a pandemia em si.

Enquanto psicólogo, trabalha com utentes com dependências de jogos?
Tenho, de várias idades e com vários problemas de jogos, desde os videojogos, os jogos de mesa, até às apostas online, por isso digo que é um problema que não é única e exclusivamente dos jovens ou das crianças. É o mesmo problema, é um vício, e como toda a dependência, está ligado ao prazer que esse mesmo estímulo proporciona. Não importa a idade. A idade condiciona o tipo de estímulo que dá prazer, mas o mecanismo é sempre o mesmo. É um mecanismo em que algo proporciona muito prazer e a pessoa não encontra nem cria (ou não a ajudam a encontrar) alternativas comportamentais que sejam minimamente prazerosas e interessantes, e a pessoa dedica-se ao jogo por causa disso.

No caso dos menores, são os pais que identificam este problema e procuram ajuda junto dos psicólogos?
Na maioria dos casos sim, mas também há alguns casos que são identificados por professores, que notam, por exemplo, que os jovens estão muito cansados de manhã na escola, que não conseguem aprender, que estão mais irritáveis. Muitos jovens jogam pela noite dentro e isto gera uma perda grave a nível da quantidade e da qualidade do sono, que se traduz, directamente, em tudo o que são dificuldades de aprendizagem, problemas de saúde mental, etc.

Estes jovens que chegam ao psicólogo oferecem resistência à mudança?
Como são jovens, muitas vezes não são auto-motivados para a mudança. Noutro tipo de dependências, por vezes, o próprio doente tenta e sente necessidade de mudar. Neste caso dos videojogos e falando de adolescentes, é muito raro que o próprio jovem esteja muito motivado para a mudança e, sequer, que aceite bem que o psicólogo ou outra pessoa proponha mudanças de actividades. É óbvio que isto, normalmente, não é bem aceite pelo jovem. É compreensível, mas é uma condição obrigatória de qualquer mudança. As mudanças normalmente são difíceis. Combater uma dependência é extremamente difícil, sobretudo para o próprio dependente.

Como é que os psicólogos combatem estes problemas ou como tentam dar a volta?
Não damos a volta. Sublinho que a ideia de que ir ao psicólogo só, sem implementar em casa mudanças ou dar continuidade às estratégias faladas em consulta, não funciona. O psicólogo tenta, desde logo, perceber as motivações subjacentes à dependência dos jogos que o jovem possa ter. Depois, em conjunto com a família, delineia estratégias, tanto de redução do comportamento de dependência de jogo, como da criação de alternativas comportamentais. A criação de programas de reforço é muito importante, isto é, para quando, por exemplo, o jovem consegue reduzir o seu comportamento de adicção ao jogo o que é que vai ter como recompensa. Não estou a falar de recompensas materiais, necessariamente. Cada vez mais há a tendência para a recompensa material imediata e para mim, este tipo de funcionamento, muitas vezes, está associado à forma como funcionam os próprios jogos. Às vezes, porque a criança teve um bom comportamento deixámo-la jogar mais um pouco, e muitas vezes estamos a contribuir para esta mesma adicção. Pode acontecer. Estamos a falar de recompensas que podem ser a outros níveis, por exemplo, a nível de autonomia. Há jovens que pretendem fazer uma ou outra actividade ou ter um benefício qualquer na sua vida. São este tipo de peças com que podemos jogar, enquanto profissionais de saúde mental, e psicólogos em concreto, sempre em conjunto com as famílias.
O que os psicólogos fazem é, em primeiro lugar, entender a causa subjacente da dependência; depois, definir o contexto em que esta dependência acontece e, no fundo, quem permite que esta dependência exista. Não nos esqueçamos que estamos a falar de adolescentes, e que eles não são auto-governados, teoricamente. Os adolescentes vivem em casa com adultos responsáveis. Portanto, se uma dependência existe, é porque alguém deixa que aconteça. É neste ponto que tenho às vezes algumas divergências pessoais com alguns pais que vão à consulta à espera que eu lhes resolva o problema. O que vou fazer é dar-lhes ferramentas e estratégias e criar com eles um plano em que eles sejam elementos participativos da protecção dos seus filhos.
Não quero aqui demonizar os videojogos. Há uma ressalva que gostava de fazer desde já, que é: os videojogos não são uma coisa maligna. Os videojogos, porventura, e se os soubermos escolher e adequar à idade e à personalidade do jogador, podem ser muito úteis e desenvolver algumas competências, como, por exemplo, capacidade perceptiva, reflexos, até raciocínio, em alguns casos. É possível utilizar os videojogos de uma forma positiva. Precisamos é de o saber fazer e fazê-lo com consciência.

Portanto, é da responsabilidade dos pais educar os filhos para evitar estes comportamentos…
Com certeza. Não podemos nunca, enquanto pais, descartar esta responsabilidade. Podemos e devemos recorrer ao psicólogo ou a outro profissional de saúde mental para nos ajudar a resolver o problema, mas nunca se pode colocar o problema nas mãos do profissional. Nós é que vivemos com os nossos filhos, portanto, temos definitivamente de assumir um papel mais presente e proactivo. Penso que há alguns pais que sentem falta de validação do seu papel, porque, socialmente, é cada vez mais habitual os jovens jogarem muitas horas, muitos pais justificam dizendo que os adolescentes são assim. Eles são assim porque os deixamos ser. Não abdico da noção de que os pais são responsáveis por esta adicção. A adicção aos videojogos acontece normalmente no espaço de casa, ao contrário de outros tipos de vícios. Acontecem porque, por um lado, ninguém controla a quantidade de tempo que os jovens passam com os videojogos, e por outro, não lhes fornecem alternativas válidas. Existimos para acompanhar e ajudar a desenvolver os nossos filhos.

Deixaria alguns conselhos a estes pais?
Estejam atentos e presentes na vida dos filhos.

Mariana Rovoredo

Consumo de álcool diário aumenta nos jovens (mas há mais preocupações)

Fevereiro 25, 2024 às 4:00 pm | Publicado em Estudos sobre a Criança | Deixe um comentário
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Notícia do Notícias ao Minuto de 20 de fevereiro de 2024.

O consumo de álcool aos 18 anos está a aumentar em todas as regiões do país. De acordo com o Jornal de Notícias, que cita um inquérito do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências, a percentagem de jovens que admite consumir álcool de forma diária aumentou de 10 para 13% entre 2021 e 2022.

inquérito consultado, também, pelo Notícias ao Minuto dá conta de que este é o valor mais alto dos últimos sete anos.

O Alentejo destaca-se das restantes regiões do país ao registar a maior prevalência de comportamentos nocivos relacionados com a ingestão de bebidas alcoólicas (‘binge’ e embriaguez severa).

Por sua vez, a Madeira destaca-se como a região onde o panorama mais se agravou, com subidas de 8 pontos percentuais no que concerne tanto ao consumo ‘binge’ como à embriaguez severa e 7 pontos percentuais no que se refere à ingestão de bebidas alcoólicas numa base diária ou quase diária.

Algarve é a pior região no que toca às drogas

Lisboa e, sobretudo, o Algarve são as regiões do país com o maior consumo de drogas ilícitas, enquanto a Madeira (e também os Açores, no caso dos últimos 12 meses e últimos 30 dias) regista as menores prevalências.

No entanto, isto aplica-se apenas no caso das drogas ilícitas na sua globalidade e à canábis, que é a droga ilícita mais consumida em todas as regiões. Em contrapartida, no que concerne às substâncias ilícitas que não canábis, o consumo é mais prevalente nas Regiões Autónomas, exceto no que diz respeito às anfetaminas / metanfetaminas, pois neste caso as prevalências são ligeiramente mais prevalentes no Alentejo.  

Aposta-se mais nas ilhas e é nos Açores que os jovens passam mais tempo online

No que respeita à utilização da Internet, a percentagem de inquiridos que declararam jogar videojogos online é semelhante em todas as regiões do país, enquanto a prática de jogo de apostas online é mais prevalente nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira.

Quanto ao tempo passado online, avança ainda o inquérito, a percentagem de utilizadores da Internet que passam 6 ou mais horas por dia em redes sociais é maior na Região Autónoma dos Açores (seja durante a semana, seja durante o fim-de-semana) e também nas regiões do Norte e do Alentejo (embora apenas no caso da utilização durante a semana).

As Regiões Autónomas destacam-se pelo maior tempo diário passado a jogar videojogos e a jogar jogos de apostas online.  

Videoconferência “Crianças e Jovens com comportamentos aditivos e dependências: perspetivas e desafios” 29 março

Março 25, 2023 às 4:00 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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Sinopse Estatística 2021 – Jogo e Internet

Março 21, 2023 às 12:00 pm | Publicado em Estudos sobre a Criança, Uncategorized | Deixe um comentário
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A “Sinopse Estatística 2021 – Jogo e Internet”, que contém um resumo dos dados sobre estas duas matérias, na área dos comportamentos aditivos e dependências, tendo em conta os contextos população geral, prisional, escolar, tutelar educativo, e tratamento

Descarregar o documento aqui

Webinar “Comportamentos Aditivos aos 18 anos : Utilização da Internet, 28 fevereiro

Fevereiro 26, 2023 às 4:00 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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Palestra “Tecnologias e ecrãs: um jogo arriscado?” 1 março na Biblioteca Municipal de Faro

Fevereiro 25, 2023 às 4:00 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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TikTok: o algoritmo “viciante”, os problemas para a saúde mental e como podemos proteger as crianças (banir não é a solução)

Fevereiro 3, 2023 às 6:00 am | Publicado em Vídeos | Deixe um comentário
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cnn

 

Notícia da CNN Portugal de 25 de janeiro de 2023.

Vídeo da notícia aqui

Tito Morais, autor dos projetos “Agarrados à Net” e “Miúdos Seguros na Net”, explica os principais problemas associados ao TikTok na perspetiva dos utilizadores mais jovens, num momento em que a União Europeia pondera banir a plataforma. 

O formato de vídeos curtos e o algoritmo personalizado determinam que o utilizador fique “agarrado” ao ecrã, onde muitas vezes surgem conteúdos potencialmente perigosos (como desafios) ou que podem agravar problemas de auto-estima. 

O especialista defende que, tal como “a altura de banir livros já passou”, também com o TikTok as soluções devem passar por outros caminhos, como a sensibilização e a regulamentação – até porque, desaparecendo esta aplicação, “amanhã aparece outra”. 

Também em casa os pais devem adotar medidas que não passem, necessariamente, pela proibição da aplicação. 

 

Série Cuida Bem de Mim – E12 “Os videojogos” Vídeo

Janeiro 2, 2023 às 8:00 pm | Publicado em Vídeos | Deixe um comentário
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Relatório da OMS destaca estratégias de segurança para crianças na internet

Dezembro 12, 2022 às 12:00 pm | Publicado em Relatório | Deixe um comentário
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onu

Notícia da ONU News de 2 de dezembro de 2022.

Análise mostra que apesar de receios sobre contatos de menores com estranhos online, maior parte dos ataques e ofensas vem de conhecidos e colegas das crianças; estudo examina abuso sexual, bullying, hacking e roubo de identidade.

A Organização Mundial da Saúde, OMS, lançou um novo relatório com recomendações para manter as crianças seguras na internet.

O documento “O que funciona na prevenção da violência online a crianças” foca no abuso sexual de menores incluindo a utilização de imagens e aliciamento. Uma outra área de atuação é agressão cibernética e o assédio em forma de bullying, perseguição, roubo de identidade e hacking.

Crianças estão passando cada vez mais tempo na internet

O diretor do Departamento da OMS sobre Determinantes Sociais de Saúde, Etienne Krug, disse que as crianças estão passando cada vez mais tempo na internet e por isso é dever de todos garantir que o ambiente online seja seguro para elas.

O relatório revela que apesar de se atribuir muita atenção ao perigo de estranhos na internet, a maioria das ofensas contra as crianças parte de colegas e conhecidos.

O estudo inclui estratégias e melhores formas de proteger os menores que navegam na rede mundial e fornece, pela primeira vez, uma direção clara para ação por governos, doadores e parceiros de desenvolvimento mostrando que é preciso enfrentar a violência na internet e fora dela para que a estratégia possa funcionar.

Reduzir níveis de vitimização e riscos como álcool e abusos

A OMS ressalta que programas educativos para crianças, pais e cuidadores são importantes na prevenção da violência online. Essas iniciativas já se mostraram eficazes na redução dos níveis de vitimização, perpetração e comportamentos de risco como álcool e abuso de drogas.

O relatório recomenda que esses programas, baseados na educação escolar, tenham várias sessões e levem à interação entre jovens e responsáveis pelos alunos.

A proposta também sublinha a importância do treinamento da juventude em habilidades específicas para a vida como empatia, firmeza, capacidade de resolver problemas, gerenciamento das emoções e saber buscar ajuda quando necessário.

Educação sexual ajuda a reduzir violência e agressões

Esses programas também são mais eficazes quando usam vários formatos e plataformas como vídeos, jogos, infográficos e discussões em grupo.

O relatório da OMS também mostra que formas abrangentes de educação sexual podem reduzir as agressões físicas e sexuais a crianças assim como violência no namoro, de parceiros e bullying homofóbico.

A eficiência da educação sexual para combater a violência é confirmada em países de todos os níveis de renda econômica. 

Como melhorar a resposta à violência na internet contra crianças:

É necessário desenvolver mais programas de prevenção da violência que integrem o conteúdo sobre os perigos online e evitar a violência fora da internet, tendo em vista as sobreposições desses problemas e das abordagens comuns da prevenção.

Menos ênfase nos perigos por estranhos e mais atenção aos riscos vindos de conhecidos e de colegas, que são os responsáveis pela maior parte das ofensas aos menores online. Os estranhos podem representar um risco, mas não são a causa única ou predominante do perigo.

Mais atenção a relacionamentos saudáveis entre as pessoas, uma vez que a busca por romance e intimidade são as maiores causas da vulnerabilidade dos internautas em casos de violência online.

Relatório contou com pesquisadores dos Estados Unidos e da Austrália

O acesso à internet oferece muitas possibilidades para as crianças e jovens incluindo o aprendizado, desenvolvimento pessoal e habilidades profissionais, expressão de criatividade e participação na sociedade.

Para a OMS, os governos precisam encontrar o equilíbrio certo entre fomentar oportunidades para os jovens por meio do mundo digital e protegê-los dos danos e perigos.

Participaram da compilação do estudo “O que funciona para evitar a violência online a crianças”, o Centro de Pesquisa sobre Crimes contra Crianças e a Universidade de New Hampshire, em Durham, nos Estados Unidos, além da Universidade de Tecnologia de Brisbane, na Austrália.

Relatório aqui

Alguns dos principais desafios decorrentes do uso das redes sociais

Setembro 30, 2022 às 12:00 pm | Publicado em Recursos educativos | Deixe um comentário
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Serviço Nacional de Saúde
As redes sociais fazem parte da vida atual, aproximando as pessoas, reduzindo distâncias e facilitando a comunicação, mas só quando são bem utilizadas. Para mais informações: https://www.sicad.pt/BK/EstatisticaInvestigacao/Documents/2021/EnquadramentoEpidemiologicoPN2021.pdf

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