Igreja. “Apoio psicológico não é ‘A’ compensação”. Participação de Dulce Rocha, Presidente do IAC, na Rádio Observador

Março 20, 2023 às 5:00 pm | Publicado em O IAC na comunicação social | Deixe um comentário
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Programa “Justiça Cega” da Rádio Observador de de 17 de março de 2023. 

Ouvir aqui

 

A procuradora Dulce Rocha defende que a Igreja tem de pagar indemnizações às vítimas de abusos sexuais

 

 

Participação de Manuela Eanes do IAC na RTP 3 sobre os abusos sexuais na Igreja

Março 18, 2023 às 4:00 pm | Publicado em O IAC na comunicação social, Vídeos | Deixe um comentário
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Notícia da RTP 3 de 15 de março de 2023. 

Vídeo da entrevista aqui a partir do minuto 21,47

 

Parlamento vai ouvir Igreja, comissão, ministra da Justiça e associações de apoio às vítimas sobre abusos sexuais

Março 16, 2023 às 8:00 pm | Publicado em O IAC na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia do Público de 8 de março de 2023. 

Deputados aprovaram por unanimidade os pedidos do Chega, PS e PSD para ouvir todas as entidades.

Maria Lopes

É uma longa lista e pretende passar a pente fino a questão dos abusos sexuais contra crianças na Igreja Católica, aquela que a Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias aprovou nesta quarta-feira de manhã, por unanimidade, para ouvir nas próximas semanas.

Os requerimentos do Chega, do PS e do PSD foram aprovados por unanimidade e levarão à Assembleia da República a Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais contra Crianças na Igreja Católica (a pedido dos três partidos); o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. José Ornelas (por proposta do Chega e do PS); a ministra da Justiça (Chega e PSD), para explicar a legislação em preparação sobre o assunto; a Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Protecção das Crianças e Jovens (PS e PSD).

Da lista consta ainda o cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, para, com D. José Ornelas, “dar a perspectiva da Igreja Católica sobre a anunciada mudança de paradigma nesta matéria”, pedia o requerimento do Chega.

Os socialistas pediram também a audição da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima e da Associação Quebrar o Silêncio sobre as “especificidades da vitimização das crianças vítimas de abusos sexuais, sobre as suas necessidades e os direitos que devem ter assegurados”. E acrescentaram também o Corpo Nacional de Escutas.

requerimento do PSD inclui ainda o Instituto de Apoio à Criança.

O objectivo dos partidos é ouvir as conclusões do relatório e preparar as alterações necessárias para que a lei proteja melhor as crianças e também para perceber o que a investigação poderá fazer agora, passados tantos anos (na maior parte dos casos), para punir os agressores.

Legislar para apostar na prevenção

O deputado Bruno Nunes alegou que, perante um relatório tão grave da comissão – ainda mais num “ano especial como este das Jornadas Mundiais da Juventude –, o Parlamento “não se pode escusar a ouvir, tomar posicionamento e legislar para o futuro”.

O deputado do Chega lamentou que as últimas declarações de responsáveis da Igreja possam “aumentar a má imagem da instituição” e defendeu a “responsabilidade” da AR de “ouvir as partes para que não reste sombra de dúvida sobre o que aconteceu”.

A socialista Cláudia Cruz Santos salientou a “pluralidade de abordagens, a transversalidade, a relevância dos testemunhos [das vítimas] e das recomendações” do extenso relatório da comissão. O documento, afirmou, “desvenda uma vitimização de crianças ao longo de muitas décadas”, em especial de crianças de grande vulnerabilidade, que “sofreram agressões maioritariamente de homens da Igreja Católica que usaram do poder que tinham para cometerem contra elas crimes que a comissão diz serem causadores de danos que nunca serão reparados”.

No entanto, o dever da sociedade é agora perceber o que se pode fazer para reparar esses danos e prevenir crimes futuros, defendeu a também vice-presidente da comissão. Que acrescentou, em forma de aviso, que “este não é um assunto para barganha política”, mas que se “deve procurar consenso” e, na área da prevenção, criar “programas de avaliação de riscos para organizações e entidades que lidam com crianças”.

Já a social-democrata Paula Cardoso considerou o relatório um “murro no estômago” que “convoca todos para uma profunda reflexão sobre a realidade silenciada dos abusos sexuais vividos em instituições”. “Aconteceu na Igreja”, mas, lembrou, é necessário olhar também para “todas as instituições que têm crianças à sua guarda”.

“Há questões que carecem de intervenção legislativa”, embora se trate de um “crime devastador, sem reparação possível”, sublinhou, para defender a aposta, em matéria legislativa, na prevenção. “As vítimas passadas terão que ser dignificadas e reparadas [sic]. E é preciso perceber se todos os mecanismos estão prontos a actuar: se a investigação judicial será célere, se tem meios – e para isso é importante ouvir a ministra da Justiça.”

Joana Mortágua, do Bloco, subscreveu a necessidade de “ouvir todas as partes” e considerou “chocante” a reacção da Igreja, que admitiu que os padres acusados ainda no activo poderão não ser afastados.

 

“Abusos sexuais não são só um problema dos tribunais. Todos nós somos responsáveis por fazer com que a justiça atue” Participação de Manuela Eanes e Manuel Coutinho do IAC na CNN

Março 16, 2023 às 12:00 pm | Publicado em O IAC na comunicação social, Vídeos | Deixe um comentário
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Notícia da CNN de 15 de março de 2023. 

Vídeo da entrevista aqui

Manuela Eanes, presidente honorária do Instituto de Apoio à Criança (IAC) e Manuel Coutinho, secretário-geral da instituição e coordenador do SOS Criança, comentam a forma como o relatório elaborado pela Comissão Independente foi recebido pela Igreja Católica.  

A presidente da instituição, falando na qualidade de católica, sublinha que os crentes têm a “obrigação” de se debruçarem mais atentamente sobre estes casos que, apesar de recentemente incidirem sobre a Igreja Católica, ocorrem também noutros contextos. 

Manuel Coutinho reforça ainda que nenhum abusador sexual está acima da lei e que a justiça não começa ou termina nos tribunais: é preciso refletir no papel que todos nós temos na prevenção e na denúncia destes casos. 

 

Participação da Presidente do IAC, Dr.ª Dulce Rocha no programa “Isto é o Povo a Falar” Kuriakos TV

Março 16, 2023 às 6:00 am | Publicado em O IAC na comunicação social, Vídeos | Deixe um comentário
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Participação da Presidente do IAC, Dr.ª Dulce Rocha no programa “Isto é o Povo a Falar” Kuriakos TV do dia 9 de março de 2023.

Abuso de crianças é o crime “mais monstruoso e mais repugnante que pode haver”

Março 14, 2023 às 8:00 pm | Publicado em O IAC na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia da TSF de 10 de março de 2023.

Ouvir a reportagem aqui

Manuela Eanes assinala que já quando ajudou a fundar o Instituto do Apoio à Criança, há 40 anos, se assinalava que os maus-tratos a crianças “são o pior que pode acontecer”.

Por Maria Augusta Casaca com Lusa

A presidente honorária do Instituto do Apoio à Criança (IAC), Manuela Eanes, vê no abuso sexual de crianças o crime “mais monstruoso e mais repugnante que pode haver” e diz-se igualmente chocada quando o perpetrador é “um magistrado, um padre ou um pai”.

Em Loulé, num evento em que esteve também presente o ex-Presidente da República António Ramalho Eanes, assinalou que “já há 40 anos”, quando foi fundado o IAC, se alertava que “maus tratos às crianças são o pior que pode acontecer” e, num recado à magistratura, avisa que “estas pessoas têm de ir para a psiquiatria, são doentes”.

“Como é que uma pessoa não tem de ir para a psiquiatria quando abusa de uma criança?”, alertou em declarações à TSF. Manuela Eanes lamenta também o “medo” das vítimas em denunciar casos e explica que foi por essa mesma razão, que foi criada a linha “SOS Criança, que é um serviço confidencial” com quem “podem falar e não apanhar uma tareia”.

Católica assumida, e desafiada a avaliar a reação da Igreja Católica aos casos revelados, Manuela Eanes diz “ficar sempre chocada quando é um magistrado, quando é um padre ou quando é um pai” e realça que “as crianças, como diz Mandela, são o projeto mais belo e mais importante da Humanidade”.

O Instituto de Apoio à Criança (IAC), fundado em 1983 por Manuela Eanes, na altura primeira-dama de Portugal, é uma instituição de solidariedade social portuguesa que vista promover e proteger os direitos da criança.

Ramalho Eanes inaugurou percurso eco botânico

O ex-presidente da República António Ramalho Eanes inaugurou em Querença, no concelho de Loulé, no Algarve, o percurso eco botânico Manuel Gomes Guerreiro, que classificou como “um homem exemplar” e um “motor de inspiração”, de quem foi amigo.

” […] É uma comemoração de vida, um homem que foi exemplar, e devemos comemorar para nos lembrarmos dele como fonte, como motor de inspiração na nossa ação em prol do país, em prol da região”, disse Ramalho Eanes aos jornalistas durante a visita ao novo percurso.

Acompanhado pela mulher, Manuela Eanes, o primeiro Presidente português democraticamente eleito após a Revolução de 25 de abril de 1974 plantou uma oliveira naquele que foi apresentado como o único jardim mediterrânico in-situ do Algarve.

O percurso eco botânico Manuel Gomes Guerreiro foi construído por iniciativa da Fundação Manuel Viegas Guerreiro, com sede em Querença, sendo “o primeiro a nível nacional exclusivamente dedicado à flora mediterrânica”.

O novo jardim fica situado na encosta sul da pequena povoação de Querença, no interior do Algarve, no início da Serra do Caldeirão, uma zona pouco visitada pelos turistas, mais interessados em ficar junto à costa.

O percurso “é também uma homenagem a um país interior que é preciso acarinhar”, disse o ex-presidente que defendeu ser necessário “tudo fazer” para que não haja “um país interior e um país litoral”, mas sim “um país único”.

Projetada pelo arquiteto paisagista Fernando Santos Pessoa, a instalação ocupa uma área de 1,5 hectares, integrando mais de uma centena de espécies, algumas delas protegidas ou em vias de extinção, incluindo árvores e arbustos, plantas medicinais, herbáceas e bolbosas.

A obra representa um investimento superior a 200 mil euros, financiados pelo Programa CRESC Algarve 2020, no âmbito do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), sendo a Câmara de Loulé parceira e cofinanciadora do projeto.

Manuel Gomes Guerreiro, que nasceu em Querença em 1919 e faleceu em 2000, foi o primeiro reitor da Universidade do Algarve e um conhecido académico e engenheiro silvícola.

A Fundação Manuel Viegas Guerreiro é uma instituição privada de utilidade pública, sem fins lucrativos, criada em 2000 que tem como objetivo ser um agente cultural promotor do desenvolvimento regional a partir do interior do Algarve.

 

Parabéns IAC – 40 anos na defesa e promoção dos Direitos da Criança em Portugal!

Março 14, 2023 às 11:00 am | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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O Instituto de Apoio à Criança faz, no dia 14 de março, 40 anos! 

O Instituto de Apoio à Criança nasceu por iniciativa de Manuela Ramalho Eanes e cresceu com a inspiração do Dr. João dos Santos, com a convicção de que “uma política da infância deve ser obra de toda a comunidade com a participação activa e generalizada das pessoas e em trabalho coordenado das instituições”. 

Em Portugal, Manuela Ramalho Eanes reuniu um conjunto de personalidades marcantes da vida cívica portuguesa de então e o IAC surge no âmbito do grande movimento gerado pelo Ano Internacional da Criança e já com a nova perspetiva de Criança como sujeito de Direitos. 

Criou serviços inovadores, agora aconselhados nas Convenções do Conselho da Europa, como o SOS Criança, serviço telefónico anónimo e confidencial, de aconselhamento psicológico e o Projeto Rua, aprovado ao abrigo do 3º Programa de Luta contra a Pobreza da CE, cuja metodologia de trabalho com crianças em risco é atualmente replicada a nível nacional e internacional. 

Foi ainda pioneiro em áreas como a Humanização dos Serviços de Atendimento à Criança, com destaque para a implementação da Carta da Criança Hospitalizada, a Defesa do Direito de Brincar através de consultoria técnica para a criação de espaços lúdicos, e o Atendimento Jurídico, serviço gratuito e único, exclusivamente em matérias relativas aos Direitos da Criança. 

Inovador para a época, revolucionário nos ideais e destemido nas ações tem-se destacado, desde 1983, enquanto defensor e promotor dos Direitos da Criança em Portugal. Acredita que é preciso intervir e daí obter conhecimento empírico para propor e implementar as estratégias e as metodologias mais eficazes. Tudo com o princípio básico da proximidade e da relação com o outro. 

As crianças e os jovens são o seu principal foco, em especial os mais vulneráveis, mas acredita que é necessário intervir com todos os que, de alguma forma, impactam na vida da criança, sendo a influência política e social um eixo central da sua intervenção, o que se comprova pelas inúmeras alterações políticas e legislativas que já protagonizou em matéria de Direitos da Criança.  

Parabéns IAC! 

E estamos de parabéns, não só por mais um aniversário, mas porque nestas quatro décadas de trabalho diário foram muitas as conquistas, as batalhas que travámos para impedir retrocessos, e uma luta constante para garantir a sustentabilidade de todos os nossos serviços e, principalmente, para que mais crianças tivessem um futuro digno.  

Fomos inovando à medida dos desafios de cada época e adaptando os serviços de acordo com as necessidades identificadas em cada setor de intervenção e esperamos conseguir garantir mais 40 anos de dedicação total às crianças e jovens em Portugal.  

Contamos com o apoio de todos os que consideram que é fundamental investir no futuro das crianças e, como tal, convidamos a Comunicação Social a associar-se a este momento comemorativo, divulgando ainda mais o nosso trabalho ao longo deste ano e sensibilizando a sociedade civil para os problemas atuais e desafios futuros das crianças e jovens em Portugal. 

Manuela Eanes chocada com casos de abuso de menores

Março 13, 2023 às 7:00 pm | Publicado em O IAC na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia do Público de 6 de março de 2023.

“Criámos há 40 anos o Instituto de Apoio à Criança” quando “nem jornais nem televisão falavam em crianças maltratadas e abusadas, que é o crime mais monstruoso que pode haver”, disse Manuela Eanes.

Lusa

A presidente honorária do Instituto de Apoio à Criança, Manuela Eanes, mostrou-se esta sexta-feira chocada com os casos de abuso sexual de menores, considerando tratar-se do “crime mais monstruoso e mais repugnante que pode haver”.

“Eu fico sempre chocada quando é um magistrado, quando é um padre, quando é um pai” que maltrata ou abusa de uma criança, disse Manuela Eanes, questionada sobre os casos divulgados recentemente que envolvem membros da Igreja Católica em Portugal.

“Criámos há 40 anos o Instituto de Apoio à Criança” numa altura em que “nem os jornais nem a televisão falavam em crianças maltratadas e abusadas, que é o crime mais monstruoso e mais repugnante que pode haver”, disse Manuela Eanes, que se assume como católica.

A ex-primeira-dama de Portugal falava aos jornalistas à margem da inauguração do Percurso Eco-Botânico Manuel Gomes Guerreiro, em Querença, concelho de Loulé.

A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja Católica validou 512 testemunhos, apontando, por extrapolação, para pelo menos 4815 vítimas. Vinte e cinco casos foram enviados ao Ministério Público, que abriu 15 inquéritos, dos quais nove foram arquivados.

Os testemunhos referem-se a casos ocorridos entre 1950 e 2022, o intervalo temporal abrangido pelo trabalho da comissão.

No relatório, divulgado em Fevereiro, a comissão alertou que os dados recolhidos nos arquivos eclesiásticos sobre a incidência dos abusos sexuais “devem ser entendidos como a “ponta do iceberg”” deste fenómeno. A comissão entregou aos bispos diocesanos listas de alegados abusadores, alguns ainda no activo.

O Instituto de Apoio à Criança (IAC), fundado em 1983 por Manuela Eanes, na altura primeira-dama de Portugal, é uma instituição de solidariedade social portuguesa que vista promover e proteger os direitos da criança.

 

A ‘palmada educativa’ é coisa do passado: respeito, carinho, autonomia e liberdade são pilares para os novos pais

Março 11, 2023 às 4:00 pm | Publicado em O IAC na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia do Expresso de 5 de março de 2023.

Para os pais mais novos, a palmada já não faz sentido. A palavra, o diálogo, e o respeito pelas crianças para viverem todas as fases da infância são os motes que marcam a diferença face à educação que se dava no século passado

Rita Robalo Rosa

Em dezembro um estudo português apontava que três em cada dez pais considerava aceitável usar castigos corporais nos filhos, apesar de quase todos serem contra esse método. Estes corretivos fazem parte de um estilo de educação que no final do século passado, provavelmente, ainda era considerado aceitável, no entanto hoje são cada vez mais os pais que se tentam afastar desses métodos, que têm um impacto negativo das crianças. Agora a ordem é conversar, em vez de punir.

De acordo com o estudo “Será que uma palmada resolve”, do Instituto de Apoio à Criança (IAC), realizado com base em inquéritos a 1.943 pessoas, 30% dos pais consideram aceitável usar castigos corporais em crianças, sobretudo quando desobedecem aos pais, são “malcriadas” ou não cumprem com as regras da família.

A psicóloga e presidente do Conselho de Especialidade de Psicologia da Educação da Ordem dos Psicólogos (OP), Marisa Carvalho, relembra que “a investigação tem contribuído para refletir sobre o que eram as práticas educativas até hoje e as práticas mais adequadas”. Assim, “aspetos como os castigos, corporais ou outros, sabe-se que têm um impacto negativo no desenvolvimento das crianças”.

Segundo a especialista, ao aplicarmos uma palmada, por exemplo, como método de resolução do problema, é isso mesmo que estamos a ensinar às crianças, a resolver problemas com pancadaria, “algo que não queremos que as crianças façam, não queremos que elas sejam violentas umas com as outras” e não queremos que aceitem este tipo de comportamentos no futuro.

Para o pedagogo José Neves, “é muito discutível se a palmada é educativa ou não”. Na sua ótica deve ser substituída por palavras. “Se explicarmos às crianças o porquê de estarmos zangados com alguma atitude delas, eu julgo que a palavra pode substituir a palmada.”

“Há um entendimento de que a criança não é o adulto que queremos que seja, mas sim que adquiriu o direito próprio de ser criança”, José Neves, pedagogo

Nova geração de pais está mais alerta

Nas redes sociais multiplicam-se os perfis de parentalidade positiva, dando mais informação aos novos pais – ainda que as redes sociais estejam sempre sujeitas à ‘bolha’ criada pelo algoritmo. Mas há, cada vez mais, uma mudança na forma de educar as crianças, também derivado de mudanças na sociedade.

“Há uma atitude de maior compreensão e deixou de existir a punição. Há um entendimento de que a criança não é o adulto que queremos que seja, mas sim que adquiriu o direito próprio de ser criança e tem a fase de crescimento cuja importância é compreendida pelos pais”, explica ao Expresso o pedagogo e educador José Pacheco.

E é neste novo modelo que se incluem os pais com o quem o Expresso contactou. Nádia Sepúlveda, médica e mãe de um menino com apenas 16 meses já sabe que não é assim que pretende educar o seu filho. “O próprio adulto tem um trabalho interior para fazer de perceber porque determinadas coisas irritam e entender o desenvolvimento do bebé. Muitas coisas que podemos achar que é o bebé a desafiar-nos ou a ser mal educado, são na verdade fases importantes de desenvolvimento da sua personalidade e base social”, explica.

Contudo, apesar de querer manter sempre o equilíbrio entre ser mãe e companheira do seu filho, já aconteceu levantar a voz. “Depois imediatamente peguei nele, pedi desculpa e disse ‘a mamã não deve falar assim contigo, ninguém deve falar assim contigo’, apesar dele só ter 16 meses devo explicar, mesmo que ele não saiba as palavras, sente pelo menos o tom de voz”, conta.

Mas é como explica a psicóloga Marisa, “os pais são pessoas e é normal que em alguns momentos estejam mais cansados e menos tolerantes, não há pais perfeitos e por isso às vezes fazemos coisas que não deveríamos fazer e que nos arrependemos”. Quando tal acontece é importante que o adulto peça desculpa, como fez Nádia, pois assim está-se a ensinar à criança “a humildade, a tolerância e que todos temos fragilidades”.

“Os pais são pessoas e é normal que em alguns momentos estejam mais cansados e menos tolerantes, não há pais perfeitos e por isso às vezes fazemos coisas que não deveríamos fazer e que nos arrependemos” Marisa Carvalho, psicóloga

Acabar com padrões antigos

O caso de David pode ser, eventualmente, o de muitos pais da nova geração. David Martins e Ana Veiga são pais de um menino de três anos e desde cedo ambos concordaram com o estilo de educação que queriam passar. Se Ana queria replicar o modelo com que foi educada, David queria quebrar padrões pois, como lembrou, recebeu uma educação mais ríspida.

Como explica Ana, as palmadas “têm um efeito de penso rápido, mas na realidade não se traduzem numa mudança de comportamento” e apesar de haver dias mais difíceis que outros, regra geral tentam sempre usar o diálogo.

“A minha ideia sempre foi educar de uma forma mais calma, de questionar, de dar opções”, diz David acrescentando que, quando o seu filho está irritado a primeira coisa que faz “é dar um abraço, perguntar o que se passa”. “Na nossa altura se acontecesse era logo uma chapadinha”, lembra. “Ou mesmo as frases desnecessárias de ‘és um feio’, quando se está com birra”, acrescenta Ana.

Mas nem todas as tentativas de diálogo correm como esperado. Ana relembra um episódio numa superfície comercial, que foi tudo ao lado. “Ele fez uma birra enorme porque queria um brinquedo. Eu expliquei que não podia ser, que não temos dinheiro para tudo, pois é importante para outras coisas como comida, para ele perceber. Foi uma birra tão grande… e ele já não é leve, já tem alguma força, a única opção que tive foi avançar. Peguei nele, parecia que o estavam a matar, chorava e chorava, toda a gente a olhar parecia que me estavam a crucificar. Fui fazendo as compras e deixei-o chorar e disse ‘quando te acalmares já conversamos’. Passei 15 minutos com toda a gente a olhar para mim, mas não reclamei, não gritei e depois parou”.

Todo este episódio leva-nos à questão do que achariam as outras pessoas, mas isso pouco importa a Ana pois, na sua opinião, “temos de ensinar a criança a autorregular-se”.

Na ótica do pedagogo José Neves, Ana teve a atitude correta pois, “a criança também tem de ouvir a palavra não”. “Quando um não é dito num momento oportuno e é explicado por que razão o não acontece, isso levará a criança a crescer através desse diálogo”, indica.

“Peguei nele, parecia que o estavam a matar, chorava e chorava, toda a gente a olhar parecia que me estavam a crucificar. Fui fazendo as compras e deixei-o chorar e disse ‘quando te acalmares já conversamos’. Passei 15 minutos com toda a gente a olhar para mim, mas não reclamei, não gritei e depois parou”, Ana Veiga, mãe

Mimo a mais?

“Não há educação sem empatia”, diz José Neves. Se muitos caracterizam o novo tipo de educação como excesso de mimo, para os especialistas é preciso definir e ser claro que haver carinho e respeito é diferente do que uma educação sem limites.

Educar sem o castigo físico não significa a inexistência de regras. O modo como ajudamos as crianças a interiorizar os limites e as regras é que tem de ser feita com mais paciência”, explica Marisa Carvalho. Para a psicóloga, “é preciso que as pessoas entendam que uma coisa é a existência de limites, outra é modo como os ensinamos”. Uma educação pelo diálogo “não significa abdicar dos limites, não significa que a criança vai fazer tudo o que quer”.

Portanto, não há ‘mimo’ a mais, desde que haja limites. E cada vez mais os pais tentam encontrar um equilíbrio entre o papel que têm como pais e um papel de companheirismo, como caracteriza Nádia Sepúlveda. “Quero que o meu filho saiba que pode contar comigo”, conta.

“Nós não negamos colo ou conforto”, notou Ana que, aliás, refere que “muitas vezes, quando fazem algo disparatado é porque precisam de atenção, de um abraço”.

Quais as melhores práticas?

Apesar de todas as práticas indicarem que o diálogo é a melhor prática, isso não significa que não haja consequências, na sequência de um mau comportamento por parte da criança. “As consequências podem ser muito diversas, mas há castigos que não devem ser praticados, como ir para o quarto com tudo apagado ou bater”, indica a psicóloga. O mais importante é que as consequências sejam “adequadas à idade pois as crianças têm de compreender”.

Assim, de modo geral, o ideal é “sempre que possível conversar com a criança de forma clara, adequada à idade” e sem gritos, diz Marisa Carvalho. E José Neves explica: “O grito assusta e intimida e uma educação com medo não é uma educação que seja humanista, não pode existir essa forma bruta de provocar o susto”.

É importante que o pai ou cuidador se coloque “fisicamente ao nível da criança” e que haja “negociação, diálogo, limites e regras, ser claro relativamente à consequência de determinada ação”, reflete a especialista. As regras continuam a desempenhar um papel crucial e são, aliás, uma forma de “reduzir substancialmente as birras e alguns comportamentos menos adequados porque por vezes esta falta de rotinas leva a algum cansaço, mais sono e algumas birras resultam da correria do dia a dia”. No entanto, nunca é demais lembrar que “as crianças são crianças e nem sempre vão querer seguir as regras”.

“Os estudos que têm sido feitos revelam que se colocarmos a criança do nosso lado, levando a compreender, o sucesso da sua integração e desenvolvimento pessoal será mais elevado. Essa aproximação torna as coisas mais fáceis e permite que a criança ganhe confiança nela própria e é aí que ela aceita a educação como algo natural e não como aquilo que é imposto para os fins dos adultos serem atingidos”, considera o pedagogo.

Mas um filho não vem com um guião ou um manual de instruções e Marisa Carvalho reconhece que “ser pai e mãe neste modelo é mais desafiante, pois é preciso mais paciência”. Contudo, como sublinha a mãe Nádia, “nenhum pai faz determinada opção a pensar que é péssimo para o seu filho, mas às vezes o que pensam que é o melhor pode não ser”, daí ser necessário haver mais informação e que esta chegue às novas gerações.

As mudanças chegam também à mesa

“Quero passar a ideia de que podemos alimentar o bebé à colher de forma respeitadora, quando o bebé está pronto, respeitando os sinais de saciedade”, Nádia Sepúlveda, média de família e mãe

Mas não é só nas consequências e no modo como nos relacionamos com as crianças que as coisas mudaram. As diferenças chegaram também na puericultura e ainda na hora da refeição. Há um novo modelo de alimentação, denominado baby led weaning – que em português significa a introdução da alimentação complementar guiada pelo bebé.

De acordo com a média Nádia Sepúlveda – que utiliza este método com o seu filho – diz que é um modelo que tem como base “o respeito e o bebé escolher o que come e a quantidade”. Mas tal pode acontecer alternando por exemplo com o método tradicional – alimentação do bebé à colher, com sopas e papas.

“Quero passar a ideia de que podemos alimentar o bebé à colher de forma respeitadora, quando o bebé está pronto, respeitando os sinais de saciedade”, afirma. Até porque, “às vezes os bebés querem ser alimentados pois estão mais preguiçosos, mais doentinhos, às vezes doem os dentes e gostam mais de ser alimentados à colher”.

Os bebés são seres humanos e muitas vezes na tentativa de alimentar, achamos que o bebé deve ter aquele rumo e tropeçamos um bocadinho na liberdade dos nossos filhos, como obrigar a comer mais uma colher”, declara. Ainda assim, no geral, considera que “a nova geração tenta ser mais respeitadora”.

Ana e David tentaram usar este modelo com o seu filho, mas acabaram por ir para o método tradicional “sempre mantendo alguma exploração dos alimentos”.

Além do mais, hoje em dia, “o que vai para a mesa vai para todos”, diz Ana. E David considera que têm “muita sorte” pois “desde pequeno que come bem”. “Nenhum de nós comia bem com a idade dele. Ele gosta de fruta e nunca incentivamos os doces”, conta. Contudo, pode provar, como relata a mãe, e acaba muitas vezes por “não ligar nenhuma”.

Apesar de todos estes avanços – na sociedade, na educação e na parentalidade – “a moda antiga ainda está presente”, conta David, referindo os comentários que ouve muitas vezes quando está no parque com o filho. E Nádia reconhece que, especialmente nas redes, pode haver uma ‘bolha’, portanto pode ainda haver pais que não acedam a esta informação e que ainda repliquem modelos mais ríspidos de educação, tal como foram educados.

 

Abusos. Vítimas e organizações de defesa de crianças lançam petição a Bruxelas para reforçar legislação de proteção de menores

Março 10, 2023 às 6:00 am | Publicado em O IAC na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia do Observador de 1 de março de 2023. 

Grupos e organizações europeias, incluindo o Instituto de Apoio à Criança, estão envolvidos numa petição que quer juntar 100 mil assinaturas e exigir a Bruxelas leis mais fortes para proteger menores.

Grupos de vítimas e organizações de proteção de crianças em toda a Europa lançaram na semana passada a recolha de assinaturas para uma petição a Bruxelas com o objetivo de reforçar a legislação da União Europeia no que diz respeito à proteção das crianças.

“O objetivo é, em particular, reforçar a legislação na área da violência sexual online”, diz um comunicado enviado ao Observador pelos promotores da iniciativa em Portugal, que reúne múltiplas instituições europeias — incluindo o Instituto de Apoio à Criança, a organização fundada na década de 1980 pela então primeira-dama Manuela Eanes.

O objetivo concreto é o de recolher, até 7 de março, pelo menos 100 mil assinaturas nos 27 países da UE. Mas, de acordo com os promotores da iniciativa em Portugal, a campanha continuará ativa no país até agosto, com diferentes iniciativas na antecipação da visita do Papa Francisco a Portugal por ocasião da Jornada Mundial da Juventude.

A petição europeia foi lançada pela Justice Initiative, no âmbito da Fundação Guido Fluri, “que se dedica à luta contra o abuso sexual de crianças em toda a Europa”, diz o comunicado.

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