Afinal, não há “orfanatos” cheios de crianças para adotar em Portugal

Julho 31, 2018 às 8:00 pm | Publicado em Livros | Deixe um comentário
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Notícia e imagem do Observador de 19 de julho de 2018.

É um dos mitos que o livro “Adotar em Portugal — um guia para futuros pais” procura desmontar: afinal, o número de crianças para adoção é muito inferior ao número de candidatos a pais.

O livro nasce de uma experiência pessoal: Ana Kotowicz, jornalista do Observador, é mãe de duas crianças, adotadas no ano passado. Em “Adotar em Portugal — um guia para futuros pais”, a autora procura traçar um caminho pelas várias fases do processo, entre regras, burocracias, dúvidas e, às vezes, mitos. Como o mito dos orfanatos cheios de crianças à espera de serem adotadas, desmontado no capítulo “As crianças institucionalizadas”. É um excerto dessa parte que aqui publicamos. O livro já está à venda e é apresentado esta quinta-feira, em Lisboa.

“No nosso imaginário coletivo, as crianças à espera de serem adotadas são órfãs. Foi isso que vimos durante muitos anos em filmes e livros, seja em ‘Annie’ ou ‘Oliver Twist’. E isto não podia hoje estar mais longe da verdade.

Esqueça a ideia de orfanato. Para começar, a esmagadora maioria das crianças que se encontram em instituições têm pais biológicos vivos mas, por um motivo ou por outro, foram retiradas à sua família pelo Estado. Quem são estas crianças que estão longe das suas famílias e entregues à guarda do Estado?

Todos os anos, desde 2004, o Instituto da Segurança Social publica o relatório CASA – Caraterização Anual da Situação de Acolhimento das Crianças e Jovens, com a caraterização destes menores. Em 2016, último ano de que se conhecem dados, havia pouco mais de oito mil crianças institucionalizadas (99 eram órfãs). Nota importante: estar institucionalizado não é sinónimo de estar à espera de ser adotado. Pelo contrário, deste total só 830 crianças esperavam por uma nova família. E quem são essas oito mil crianças?

“São sobretudo crianças a partir dos 12 e até aos 18 anos, com maior incidência dos 13 aos 15. É o que predomina no sistema. Ou seja, mais de metade delas estão fora do jogo, estão fora das condições legais para serem adotadas (menores de 15). Algumas estão na fronteira, com 12/14 anos, mas sabemos que é muito difícil serem adotadas. E este é o nosso sistema nacional de acolhimento. É o grosso da coluna”, explica-nos uma fonte que pede o anonimato e que há dezenas de anos trabalha no mundo da adoção. “O que se passa com as restantes? Temos uma predominância de crianças cujo projeto de vida é o regresso à família.”

Portanto, a maioria das crianças institucionalizadas são maiores de 12 anos, idade que poucos candidatos a adotantes procuram, e entre as mais pequenas o projeto de vida de grande parte delas passa por reencaminhá-las para a sua família de origem, seja a nuclear ou a alargada.

Se há um regresso, quer dizer que houve uma saída. Vamos então perceber o caminho que uma criança faz desde que é retirada aos pais biológicos.

Normalmente, a criança que chega a uma instituição para ser acolhida já estava sinalizada como menor em risco e teve outras medidas de proteção antes de ali chegar. Há motivos para suspeitar de negligência e risco de vida para a criança e a Segurança Social acompanha a situação de perto. Se, em algum momento, os alarmes soam e a criança é retirada aos pais, ela não é simplesmente colocada numa lista de menores em situação de adotabilidade.

A primeira prioridade do Estado é manter a criança junto da família biológica. Se os pais não estão capazes de cuidar dela, procura-se uma alternativa na família alargada: avós ou tios que possam fazê-lo, enquanto se ajuda os pais a ter condições para receberem os seus filhos de volta.

Se não existe esse familiar, então os menores ficam temporariamente à guarda do Estado, mas sempre na perspetiva de voltarem a ser integrados na família biológica. “A instituição é o fim da linha, a lei assim o determina e a prática também. Há um conjunto de outras medidas que não passam pela institucionalização: apoio junto de pais, familiares, pessoas idóneas. Estas medidas em meio natural de vida predominam no nosso sistema.”

No Reino Unido, por exemplo, é o contrário. Enquanto que em Portugal 85 a 90% das medidas são em meio natural de vida – e apenas o resto em acolhimento –, no sistema britânico vê-se o oposto e a esmagadora maioria das medidas aplicadas passam pela institucionalização das crianças. “Em Portugal leva-se muito a sério a preservação familiar e a responsabilidade parental, dois princípios da lei de proteção de menores.”

Diz-nos o CASA que em 2016, 4276 crianças tiveram alguma medida aplicada em meio natural de vida antes do primeiro acolhimento. Por isso, explica-nos a mesma fonte, isto faz com que as crianças cheguem mais tardiamente ao sistema de acolhimento – porque se tenta a manutenção na família. E tenta-se demais? “Tenta-se o suficiente que cada situação exige tendo sempre em conta o princípio que nos norteia, que é o superior interesse da criança. É o princípio mais elementar de todos, e o superior interesse da criança não deve permitir que o interesse do adulto se sobreponha.”

E apesar de admitir que poderá haver algumas situações em que se poderia ter desbloqueado a criança para adoção mais cedo, também diz que há situações que surpreendem pela positiva: recuperação de laços, um familiar afastado que aparece e que não sabia que a criança estava a viver aquela situação. E integrar a criança na família alargada é sempre preferível a encaminhá-la para a adoção. “O regresso à família é sempre o primeiro objetivo. A criança tem direito à família, seja biológica ou adotiva, mas a sua é a que vem em primeiro lugar.” E é só nesse momento, quando todas as hipóteses de regresso à família biológica estão esgotadas, que se avança para uma das restantes duas hipóteses: preparar o jovem para seguir um caminho independente (depois da maioridade) ou encaminhá-lo para a adoção se for menor de 15 anos. Se for esse o caso, o processo vai agora ser decidido nos tribunais.

É feita nova investigação para que o juiz possa decidir que encaminhar o menor para a adoção é no seu melhor interesse. Se isso acontecer, a guarda é retirada aos pais – que também são ouvidos durante o processo de instrução, bem como membros da família alargada – de forma definitiva e a criança ficará a aguardar por uma nova família. A partir deste momento, a família biológica perde quaisquer direitos sobre o menor e todas as ligações são cortadas de forma irreversível. Em alguns casos, poderá manter-se o vínculo com irmãos.

Mesmo que a criança permaneça numa instituição, a família biológica perde o direito de visitá-la. E estes menores, os que não esperam o regresso à família ou que não vão ser autonomizados, fazem parte “do quadradinho dos 10%”, as cerca de 800 crianças que todos os anos esperam ser integradas numa nova família.
Uma assistente social, que prefere o anonimato como acontece com a maioria das técnicas que entrevistei para este livro, contou-me uma dessas histórias dramáticas. No dia em que o tribunal decretou a medida de adotabilidade para um menor que estava à guarda da instituição onde ela trabalhava, era também o dia de anos da criança. Quando chegou a comunicação, a família biológica estava já dentro da instituição com um bolo de aniversário para fazer a festa.

Dizem as regras que a partir daquele momento o contacto entre menor e a família cessa de imediato. Mas o que aconteceu é que ninguém da equipa da instituição conseguiu enviar aqueles pais para trás. Fecharam os olhos, comemorou-se o aniversário e foi o último contacto que a criança teve com aquela família.

Voltando aos números, das 8175 crianças institucionalizadas em Portugal (69% tem mais de 12 anos de idade), mais de metade são rapazes e 47% são raparigas. A fase correspondente à infância e pré-adolescência (0 aos 11 anos) apresenta um peso de 30,5%, (2499), segundo os dados do CASA.

O relatório analisa ainda as caraterísticas especiais de cada uma destas crianças, como problemas de comportamento, toxicodependência, problemas de saúde mental, debilidade mental, deficiência mental e deficiência física. Os problemas comportamentais são os mais manifestados e foram identificados em mais de duas mil crianças (2227) que se encontravam, na sua maioria, no fim da puberdade/adolescência. Mas, como o relatório ressalva, as causas que originam estas dificuldades emocionais, apesar de geradas muito cedo na vida, normalmente só se manifestam mais tarde e de forma evidente a partir dos 12 anos.

Quer isto dizer que muitas das crianças que não têm problemas de comportamento poderão vir a manifestá-los mais tarde. Destaque ainda para o número de menores acompanhados em pedopsiquiatria ou psicoterapia e que beneficiam de acompanhamento de saúde mental regular: 3892 situações. Há ainda 1609 crianças a quem foi prescrita medicação, o que corresponde a 20% das crianças em situação de acolhimento.

Estas situações são muitas vezes despoletadas pelos contextos familiares em que os menores viviam antes da institucionalização e que deixam marcas profundas. As situações de perigo, ou seja, os motivos que levaram à abertura de processos de proteção e ao acolhimento das crianças também estão analisados no CASA. E porque uma criança pode estar sujeita a mais do que um perigo, foram detetadas 18 895 situações de risco para as 8175 crianças.

A negligência sobressai nesta análise, representando 72% das situações de perigo. Com um número bastante menor, seguem-se as situações de maus-tratos psicológicos (8,5%), os maus-tratos físicos (3,4%) e os abusos sexuais (2,8%). Importante referir que há várias formas de negligência e aquela fatia dos 72% está partida em fatiazinhas mais pequenas: falta de supervisão e acompanhamento familiar, ou seja, a criança foi deixada só, entregue a si própria ou com irmãos menores, por largos períodos de tempo (59%); exposição a modelos parentais desviantes (32%) em que o adulto potencia na criança padrões de condutas desviantes ou antissociais; e a negligência quer dos cuidados de educação (31,6%) quer dos cuidados de saúde (29,1%).

Os maus-tratos psicológicos também têm subcategorias: violência doméstica, exercício abusivo da autoridade, ignorar de forma passiva, provação social, corrupção, depreciação ou humilhação, ameaça, rejeição ativa.
Há ainda uma outra categoria, mais vaga, os outros perigos (13%), onde encontramos 832 crianças com comportamentos desviantes, algo que o CASA considera ser uma subcategoria “já que é sabido que na génese dos comportamentos desviantes apresentados pelas crianças encontram-se os demais fatores de perigo”, como a negligência ou os maus-tratos. Estas crianças, uma vez integradas numa nova família, precisam de quem seja capaz de perceber a raiz dos seus problemas e ajudar os menores a entender, transformar e alterar esses comportamentos.”

 

 

Criança institucionalizada: uma medida extrema, mas necessária – Um caso

Julho 31, 2018 às 12:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Texto do site SapoLifeStyle

Conheça a história de uma caso acompanhado de perto pelos profissionais da clínica PsicoAjuda, em Leiria.

Sónia, uma jovem institucionalizada aos 14 anos, por ordem de uma juíza. É uma história real, que acompanhámos muito de perto na nossa clínica. Aqui apresentamos os contornos desse processo de institucionalização. Foi uma medida extrema, mas necessária dada a evidente negligência dos pais nas suas responsabilidades parentais.

O caso de Sónia, uma jovem institucionalizada a pedido da CPCJ

Os nomes que usamos neste artigo são fictícios, de modo a garantir a confidencialidade e proteger a identidade dos intervenientes.

Ana, uma paciente da PsicoAjuda, é a mãe de Sónia, uma jovem institucionalizada a pedido da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ). A institucionalização de uma criança é sempre uma história dramática. O caso de Sónia não foge à regra e ilustra todo o clima emocional inerente à institucionalização de uma criança. Na PsicoAjuda fomos parte integrante desta história, na medida que acompanhámos Ana, mãe de Sónia.

A nossa intervenção visou sobretudo atuar ao nível da promoção dos recursos emocionais e cognitivos de Ana, mãe da jovem institucionalizada. Essencialmente, procurámos que Ana fosse capaz de ultrapassar os múltiplos desafios com que era confrontada no seu dia a dia, sobretudo motivados pelo processo de institucionalização de sua filha.

Será a institucionalização a resposta certa?

Não há decisões perfeitas e o recurso à institucionalização é uma medida extrema e limite para proteger uma criança. Por isso é uma decisão necessária, mas difícil. Um juiz recorre a ela somente quando tudo aponta para uma clara negligência dos pais nas suas responsabilidades parentais. É uma medida “drástica” a que não deveríamos ocorrer, pois os pais deveriam assumir plenamente os seus papéis parentais. Mas quando os progenitores demitem-se dos seus papéis de pais, não resta outra solução. Há que pensar que nestes casos limites, deixar a criança num processo de negligência, violência ou maus tratos ainda é mais penalizador para ela.

O recurso à institucionalização acaba por ser uma decisão de força maior, tendo em mente o superior interesse da criança. Importa salientar que o juiz não atua sozinho. A sua decisão é alicerçada na informação produzida pelo trabalho conjunto de toda uma equipa que está na retaguarda destes processos, que inclui o Ministério Público, a Segurança Social e uma série de técnicos, incluindo psicólogos.

No caso que aqui descrevemos, não havia familiares próximos da Sónia que pudessem acolhe-la. Por isso, a institucionalização acabou por a única solução possível de modo a atenuar a situação grave e pouco saudável em que vivia, sem qualquer projeto de vida consistente, por responsabilidade dos pais.

Crónica de uma institucionalização mais que esperada

O caso de Sónia chegou ao Tribunal de Menores por sinalização da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) em risco. Sónia vivia com a mãe e não tinha praticamente qualquer ligação com o pai. Por isso, a sua vivência familiar resumia-se à mãe e a avó, esta última uma sexagenária com quem passava a maior parte do tempo, uma vez que a mãe trabalhava por turnos e não tinha tempo para dedicar à filha. Assim, a infância de Sónia foi passada essencialmente com a avó, que nutria grande amor pela neta, mas cujas forças já não lhe permitiam dar a educação que a neta necessitava. Naturalmente os problemas surgiram logo nos primeiros anos durante a sua infância.

Aos 11 anos começou por faltar de forma reiterada às aulas, manifestando, assim, pouca motivação escolar. Pouco resultaram os múltiplos avisos da diretora de turma. Mais tarde, a situação agravou-se quando decidiu sair para fora da escola, na companhia de um rapaz mais velho, que muito provavelmente já seria maior de idade. Não tardaram as saídas à noite. De nada resultaram os gritos e castigos impostos pela mãe. Até que uma noite não regressou a casa. Ana entrou em pânico e pensou: “será que fugiu de casa”’? Aí a mãe percebeu, finalmente, que a situação estava totalmente fora do seu controlo.

Importa aqui referir, talvez como atenuante para a mãe, que também ela tinha tido uma vida bastante problemática. Tinha casado muito nova e, por isso, com alguma ingenuidade à mistura. Ana cedo percebeu que o casamento era bem diferente do que tinha imaginado.  O ex-marido era uma pessoa muito violenta. Além disso, dedicava-se ao roubo e venda de drogas. Ana, não só era vítima de violência doméstica, como encontrava-se envolvida neste ambiente de delinquência, vivendo cada dia com imenso terror. Foi condenada a três anos de prisão, por ter sido considerada cúmplice do ex-marido, pena que foi revertida para prisão domiciliária para poder cuidar da sua filha. Teve que recorrer ao trabalho por turnos numa fábrica como forma de subsistência. Era difícil com as suas habilitações e antecedentes criminais conseguir algo de melhor.

Tal como anteriormente, sentia-se impotente para denunciar o ex-marido, também perante todos os problemas causados pela filha, sentia-se incapaz de dar um rumo diferente à educação da Sónia. Pensou que, desta vez, não podia cometer o mesmo erro, deixando que o problema chegasse ao limite – da outra vez foi condenada e presa. Por isso, decidiu recorrer à Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) em busca de auxílio.

Como a própria afirma, “senti-me a pior mãe do mundo, culpada pelo internamento da minha própria filha. Mas já não sabia mais o que fazer.” Nessa altura, tinha Sónia 14 anos.

Pode ler o relato dramático da execução da ordem da juíza, a qual decretou a institucionalização imediata da criança logo após a audição de Ana e Sónia. Uma equipa especializada da GNR e duas assistentes sociais encarregaram-se de executar a ordem. O aparato foi grande. Houve muita exaltação, mas a ordem foi cumprida e Sónia foi levada para uma instituição a cerca de 100 Km.

Neste caso, felizmente, entrevê-se um final feliz

A permissão para a primeira visita só surgiu ao fim de um mês. Ana recorda que ainda era bem evidente no rosto da sua filha o ódio que esta sentia por ela, por ter sido responsável pelo internamento naquela instituição.

Aos poucos e poucos, a atitude de Sónia foi mudando. Mostrou estar a adaptar-se e, sobretudo, começou a aceitar a sua condição de “institucionalizada”. Ali, finalmente, tinha um ambiente com regras e imposição de limites. Já tinha feito algumas amizades. E percebia que os estudos eram importantes.

Ana relata com muita emoção que “numa das últimas visitas, disse-me que já tinha planos para o futuro. Senti uma emoção imensa e as lágrimas escorreram-me em abundância pela face. Julguei a minha filha perdida e agora sabia que tinha todo o futuro à sua frente”.

Afinal, entrevê-se um final feliz para este caso! Na PsicoAjuda sentimos uma enorme alegria por termos feito parte desta história e, sobretudo, por termos ajudado. Ana era uma paciente que tinha chegado até nós com muitas dificuldades, principalmente ao nível emocional e organizacional. Após múltiplas sessões de psicoterapia, as melhorias são evidentes. Agora, demonstra ser capaz de se organizar, estando apta a ultrapassar os múltiplos desafios que enfrenta no seu dia a dia. Acima de tudo, está determinada a ajudar a sua filha para que ambas possam ter uma vida mais feliz.

Elisabete Condesso / Psicóloga e Psicoterapeuta

© PsicoAjuda – Psicoterapia certa para si, Leiria

 

As crianças de Torres Vedras vão poder voltar a brincar na rua, em segurança

Julho 31, 2018 às 6:00 am | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Ricardo Graça

Notícia do TorresVedrasWeb de 11 de julho de 2018.

O projeto foi lançado em Leiria há cerca de um ano e meio, onde funcionam quatro Grupos Comunitários de Brincar, com grande adesão. Já recebeu 2 distinções nacionais e uma internacional.

O projeto “Brincar de Rua”, com sede em Leiria, pretende agora chegar a Torres Vedras com a implementação de Grupos Comunitários de Brincar, onde as crianças podem brincar livremente, na rua, em segurança.

Os hábitos e o estilos de vida das crianças estão a tornar-se cada vez mais sedentários. As crianças ocupam muitos do seu tempo no estudo, em atividades organizadas ou em frente ao telemóvel, computador e TV; cada vez menos tempo livre e ao ar livre.

O programa está à procura de voluntários para iniciar o primeiro Grupo Comunitário de Brincar da cidade de Torres Vedras. As inscrições podem ser feitas online através do endereço: http://www.brincarderua.pt

Os cientistas estão a ficar preocupados com este facto, porque esta mudança está a começar a afetar a saúde das nossas crianças (por exemplo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, em Portugal, um terço das crianças têm excesso de peso) e também as suas competências pessoais e sociais (como ser capaz de tomar iniciativa, lidar com frustração ou resolver um problema ou conflito).

Sabia que a maioria das crianças portuguesas têm menos tempo livre, ao ar livre do que um prisioneiro? 70% das crianças portuguesas passam menos de uma hora ao ar livre.

Neste sentido  a Ludotempo, uma associação sem fins lucrativos sediada em Leiria, projetou e está agora a implementar uma solução integrada que vai ajudar a criar Grupos Comunitários de Brincar, onde as crianças podem brincar livremente, na rua, em segurança. A iniciativa está agora a chegar a Torres Vedras, em parceria com a Câmara Municipal.

O projeto foi lançado em Leiria há cerca de um ano e meio, onde funcionam quatro Grupos Comunitários de Brincar, com grande adesão. Já recebeu 2 distinções nacionais (10 finalistas no Programa FAZ IOP da Fundação Calouste Gulbenkian e Big Smart Cities) e uma internacional (12 melhores projetos mundiais, apoiados pela UEFA Foundation for Children).

Foi reconhecido recentemente pelo Plano de Ação Nacional para a Atividade Física (Governo de Portugal – http://www.panaf.gov.pt) como iniciativa de refência a nível nacional.

O Brincar de Rua está já a fazer a diferença na vida de muitas crianças e comunidades que se agregaram em torno desta causa comum: promover estilos de vida saudáveis, comunidades mais coesas e crianças mais felizes e capazes de enfrentar os desafios do seu futuro.

Créditos de Imagem: Ricardo Graça

Fotogaleria

https://torresvedrasweb.pt/fotogaleria-as-criancas-de-torres-vedras-vao-poder-voltar-a-brincar-na-rua-em-seguranca/

Em tempo de férias é preciso manter também a Internet um espaço seguro para os jovens

Julho 30, 2018 às 8:00 pm | Publicado em Site ou blogue recomendado | Deixe um comentário
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Texto e imagem do SapoTek de 18 de julho de 2018.

Os números mostram que os jovens entre os 5 e os 15 anos de idades passam 15 ou mais horas por semana online. Nunca é demais preparar a sua segurança e mostrar os riscos que existem enquanto navegam na Internet.

Em tempo de férias é normal que os jovens passem ainda mais tempo em actividades online, sejam elas ligadas a jogos, outras formas de entretenimento, a ouvir música ou usar as redes sociais. Para os pais esta é uma das preocupações, já que dificilmente conseguem limitar o acesso, ou controlar o tempo de navegação,

O site Internet Segura pode ser um dos pontos de partida para uma conversa mais aprofundada sobre os riscos que existem online, desde o Cyber Bullying às Fake News e outras formas de manipulação.

Se entenderem os riscos, e perceberem a forma de se protegerem, as crianças e jovens vão conseguir ter uma utilização da internet mais segura, mas também vão encontrar referências sobre o que fazer e a quem contactar quando se sentirem ameaçados.

No site encontra informação e vários recursos que podem ser úteis também para pais e educadores para ajudar a tornar a internet um espaço mais seguro para os jovens. E se tiver dúvidas sobre o nível de conhecimento dos mais novos, pode sempre fazer um Quis sobre segurança na Internet, uma forma lúdica de perceber o que é que afinal eles já sabem sobre o tema.

 

 

30% das vítimas de tráfico humano são crianças – Dia Mundial contra o Tráfico de Seres Humanos – 30 julho

Julho 30, 2018 às 2:00 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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mais informações nos links:

https://news.un.org/pt/story/2018/07/1632632

http://www.unodc.org/unodc/en/frontpage/2018/July/unodc-marks-world-day-against-human-trafficking–urges-to-better-protect-children-and-young-people.html?ref=fs1

 

Prémio de Jornalismo Os Direitos da Criança em Notícia

Julho 30, 2018 às 12:15 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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O Fórum sobre os Direitos das Crianças e dos Jovens convida os/as profissionais dos meios de Comunicação Social portugueses a participar na Edição de 2018 do Prémio Os Direitos da Criança em Notícia.

Nesta 5ª Edição, o Prémio tem o apoio do Fundo Cultural da SPA-Sociedade Portuguesa de Autores.

Podem concorrer os trabalhos que tenham sido publicados em Portugal, entre janeiro e dezembro de 2018. A data limite de entrega é 15 de janeiro de 2019.

mais informações no link:

https://www.cnpdpcj.gov.pt/cnpdpcj/comunicacao-social/premio-de-jornalismo.aspx

 

VI Encontro Centro Doutor João Dos Santos – Casa Da Praia, 26 outubro em Lisboa, com a participação de Maria João Malho do IAC

Julho 30, 2018 às 6:00 am | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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A Dr.ª Maria João Malho do IAC, irá participar na mesa redonda “Movimento, autonomia, participação”.

Mais informações no link:

http://www.casadapraia.org.pt/pt/index.php/encontrojoaodossantos2018

Papel das comissões de protecção “não é retirar as crianças e jovens”

Julho 29, 2018 às 1:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia do Público de 16 de julho de 2018.

LUSA

Apenas 10% das crianças ou jovens acompanhados são encaminhados para famílias de acolhimento ou outras respostas sociais. A grande maioria fica no seu meio natural. Mas entre as famílias é generalizado o receio de ficarem sem os filhos.
A intervenção das Comissões de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) causa uma rejeição inicial por parte das famílias por receio de ficarem sem os filhos, como ficou patente num encontro destas organizações, nesta segunda-feira, em Vinhais.

A vila do distrito de Bragança recebeu o encontro regional das CPCJ da zona norte, que encerra uma série de nove iniciativas do género que decorreram este Verão pelas diferentes regiões do país, com a presença da presidente da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Protecção das Crianças e Jovens.

Rosário Farmhouse garantiu que “o papel das comissões não é retirar as crianças e jovens”, indicando que 90% dos casos acompanhados ficam no meio natural e apenas 10% são encaminhados para famílias de acolhimento ou outras respostas sociais.

Porém, a ideia generalizada e que os técnicos encontram no terreno é diferente como expressou a presidente da CPCJ de Vinhais, Irene Alves, vincando que “a maior dificuldade é chegar às famílias, conseguir que elas aceitem a intervenção”, sendo que “basicamente a primeira pergunta que fazem é: vão-nos tirar os nossos filhos?”.

“São pouquíssimos os casos que existem no histórico da CPCJ de Vinhais da retirada de crianças, mas existe esse receio”, afirmou, explicando que esta rejeição inicial é afastada depois de explicarem o que é a comissão, qual a sua intervenção e as medidas que podem tomar”.

Os casos que chegam à CPCJ de Vinhais rondam os 50 por ano e a principal problemática é transversal ao país, concretamente a sinalização de crianças e jovens por exposição à violência doméstica.
Com famílias mais favorecidas, “actuação é igual

As matérias “são geograficamente e sócio economicamente transversais” em todo o país, como apontou a presidente da Comissão Nacional, Rosário Farmhouse, com um sublinhado para a questão do direito à Educação ou abandono escolar que é mais notório nas classes menos favorecidas.

“Todos os outros – maus tratos psicológicos, maus tratos físicos, negligência – são absolutamente transversais. O que acontece é que muitas vezes nas classes mais favorecidas são mais invisíveis, mas eles existem e têm de ser tratados e acompanhados da mesma maneira e, assim que são sinalizados, a actuação é igual”, declarou.

As CPCJ acompanharam, em 2017, quase 70 mil crianças e jovens em Portugal e, segundo a presidente nacional, não se têm registado “grandes alterações de números” de casos.

A faixa etária que predomina “é essencialmente adolescentes e jovens”, que começam a ser acompanhados aos 15 anos e podem ter apoio até aos 21.

É a idade, como explicou, em que mais ocorre o abandono escolar, mas também problemática “porque os desafios são muitos, porque tiveram vidas muito complicadas e chegam a esta idade ainda numa fase um bocadinho frágil e a precisarem de apoio”.
Estes encontros das CPCJ servem para conhecer o trabalho no terreno e as dificuldades, como a falta de recursos humanos, de sensibilização para o trabalho destas comissões e do perfil de alguns que fazem parte delas e que “nem sempre são conhecedores do seu papel”, como constatou a presidente.

As câmaras municipais são parceiras neste trabalho com um papel realçado pelo presidente do município anfitrião, Luís Fernandes, “não só a nível técnico, mas também a nível logístico, quer no transporte, quer no apoio, quer nas deslocações que é preciso fazer”.

“Se não fossem as câmaras municipais era difícil estas comissões fazerem um trabalho eficaz”, afirmou

 

E quando os filhos saem de casa e os pais não sabem o que fazer?

Julho 28, 2018 às 1:00 pm | Publicado em Vídeos | Deixe um comentário
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Notícia do Público de 17 de julho de 2018.

O síndrome do ninho vazio existe e pode levar alguns pais à depressão. A receita é transmitir confiança aos filhos e deixá-los voar, recomendam os especialistas. Quanto aos pais, há projectos que podem pôr em prática.

Bárbara Wong

Na cozinha, uma mulher faz pãezinhos chineses com destreza. Põem-nos a cozer ao vapor e leva-os para a mesa, onde ela e o marido comem em silêncio. Ele sai para trabalhar e ela fica a terminar a refeição até que o último pãozinho, o bao, ganha vida. É um bebé que segue a mãe para todo o lado, mas à medida que cresce vai ganhando autonomia para mal daquela mãe que não se consegue adaptar. O fim fica para quem quiser ir ver a curta-metragem Bao, da realizadora Domee Shi, que antecede Os Incríveis 2, nos cinemas. Amanhã começam as candidaturas à primeira fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior, altura em que muitos jovens optam por escolher cursos ou escolas que ficam longe da casa dos pais. Como lidam estes com a situação?

Depende. Tal como a mãe chinesa de Bao, também os pais portugueses promovem pouco a autonomia dos filhos, começa por dizer a psicóloga Teresa Espassadim, da Clínica Psicodinâmica, em Lisboa, e que foi coordenadora do Gabinete de Orientação do Instituto Superior de Engenharia do Porto. “Há um estilo mediterrânico que parece que temos de estar muito juntos para sermos felizes enquanto há outros estilos parentais que promovem mais a autonomia”, aponta.

Embora se verifiquem algumas mudanças – os jovens vão estudar para outra cidade ou para outro país, e, terminado o curso, emigram – os pais continuam com as suas vidas muito focadas e centradas nos filhos. E, por isso, quando eles saem de casa podem sofrer do chamado síndrome do ninho vazio, ou seja, podem mesmo adoecer, entrar em depressão porque deixam de ter uma missão na vida e as suas rotinas em torno dos filhos. “Continuam a existir pessoas a sofrer com um vazio que se instala. A sós ou acompanhadas”, aponta Júlio Machado Vaz, psiquiatra, por e-mail, reconhecendo que são sobretudo as mães as que mais sofrem com o alegado abandono. No entanto, Bárbara Ramos Dias, psicóloga clínica e especialista em psicologia adolescente, refere que começam a surgir pais que sofrem do mesmo mal.

Separações e outras complicações

Bárbara Ramos Dias lembra que, por altura de os filhos saírem de casa, algumas mães passam pela menopausa. “A pessoa não se sente bem consigo, sente que já não tem objectivos na vida”, descreve. Teresa Espassadim acrescenta mais um dado para o sentimento de vazio: actualmente, muitos casais deixam para mais tarde a maternidade, logo, a idade da reforma pode coincidir com a altura em que os filhos abandonam o lar. “Quando as angústias são mascaradas por estar ocupado e preocupado com a vida de outros, os vazios podem ser mais angustiantes”, aponta a especialista.

Por vezes, é quando os filhos saem de casa que os pais se confrontam consigo próprios e concluem que o que os unia era apenas a descendência. “Após 30 anos, as pessoas podem perceber que são estranhas [uma para a outra]”, refere Espassadim. “Se se trata de um casal é preciso avaliar o estado da relação, o face a face pode ser insuportável ou [por outro lado] uma oportunidade de viver mais livremente”, aponta Machado Vaz. Se há casais que escolhem esta altura para se separar, outros aproveitam para se (re)conhecer. “Muitos reencontram o amor que os uniu, outros dizem que não faz sentido. O mais importante é compreender que esta é uma nova fase da vida”, acrescenta Bárbara Ramos Dias.

Mas não são só os pais que sofrem, os filhos também. A psicóloga que acompanha adolescentes conhece alguns casos de jovens que se sentem inseguros com o abandono da casa paterna. “E se não consigo pagar a renda? E se algo corre mal? E se a minha mãe passar o tempo todo a ligar-me? E se o meu pai ficar zangado pela decisão que tomei?” Estas são algumas das perguntas que surgem em consultas, revela Bárbara Ramos Dias. Desde que os filhos são pequenos que é importante prepará-los para serem autónomos – ensiná-los a cozinhar, a passar a roupa, a gerir o dinheiro – e responsáveis, propõe. “Quando saem para a faculdade ou quando querem ir viver com um amigo, os pais devem reconhecer que o filho tem coragem, dar-lhe força e apoiá-lo”, sugere.

Teresa Espassadim é da mesma opinião: cabe aos pais dar espaço aos filhos para que estes possam fazer as suas escolhas. Voltando a Bao, a mãe do pãozinho chinês fica em stress quando este quer ir brincar com os outros meninos. A psicóloga lembra que muitos pais vão às festas de anos dos amigos dos filhos e lá permanecem. São pessoas que “vivem a vida social dos filhos, que não lhes dão espaço”. Por isso, “seria estranho que não sentissem algum vazio depois da sua saída de casa”, constata.

“Olhar para sonhos antigos”

Na verdade, os pais que sempre deram espaço ao casal, enquanto os filhos ainda estavam em casa, os que já tinham os seus projectos, poderão ser aqueles que menos sentem o vazio da casa quando os filhos a abandonam. “Preparar a saída é um trabalho a tempo inteiro, desde que os filhos nascem e à medida que eles vão crescendo, procurando ter sempre espaço para que os pais sejam eles próprios”, aconselha Teresa Espassadim.

Mas há quem precise de ajuda profissional por se sentir depressivo, especialmente os que são muito dependentes dos filhos. “É preciso ajudar a pessoa a reconstruir o seu ‘eu’”, diz Bárbara Ramos Dias. Como é que isso se faz? A pessoa precisa de voltar a olhar para si, para o que gosta de fazer, reencontrar amizades antigas, criar novas, redescobrir o amor, enumera a psicóloga. “Olhar para sonhos antigos e querer concretizá-los. Usar os PPP – pensamentos positivos permanentes – porque enquanto estivermos a pensar de forma positiva, vamos ter respostas diferentes. É uma oportunidade de crescimento. E fazer um detox mental, ou seja, deitar fora tudo o que não interessa, as raivas, as angústias, as ansiedades”, defende Ramos Dias.

Pode ser uma altura difícil na vida dos pais porque confrontam-se com os seus próprios receios, refere Teresa Espassadim, salvaguardando que “isso é saudável”. “Tem de haver um ajuste e esse não se faz sem dor”, constata. Os pais têm de reconhecer que são mais do que isso. “Têm de deixar de se pôr em último lugar. Agora, já podem ir à hidroginástica, já podem comer a coxa do frango”, brinca a psicóloga. “Nós somos pessoas com vida própria e não apenas pais dos nossos filhos”, escreve por seu lado Machado Vaz.

Se a maioria, segundo os especialistas ouvidos, ultrapassa a síndrome do ninho vazio e descobre outros motivos para viver que não apenas os filhos, outros há que os sufocam com medos e telefonemas por tudo e por nada, que os culpam por se sentirem e estarem sozinhos, e que só recuperam quando os netos chegam, encontrando assim uma nova missão na vida. Esses pais têm de “perceber que a missão está cumprida”, diz Bárbara Ramos Dias.

Só depois de todo este processo – de reconhecimento que o ninho está vazio, de confiança que os filhos têm as ferramentas para voar e para fazer o seu próprio ninho – é que os pais estão preparados para novas rotinas, diz a psicóloga. “É o ciclo natural da vida. Temos de o encarar de forma positiva e reconstruir uma nova vida”, aconselha. Nessa, os filhos continuam a ter parte. “A saída física não significa abandono, a relação com os marotos mantém-se a outro nível. Hoje em dia, quantas vezes por Skype, com tanta emigração forçada para os jovens”, constata Júlio Machado Vaz.

 

A Bebedeira Passa, o Resto Não 2

Julho 27, 2018 às 5:00 pm | Publicado em Vídeos | Deixe um comentário
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