Instituto de Apoio à Criança acompanhou 68 crianças em contexto de rua em 2023

Abril 27, 2024 às 4:00 pm | Publicado em O IAC na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia do O Novo de 12 de abril de 2024.

Projeto Rua ajudou, desde 1989, quase 40 mil crianças e jovens, além de outras 1.784 que foram acompanhadas pela equipa da comunidade de fuga.

O Instituto de Apoio à Criança (IAC) conseguiu, através do Projeto Rua, encontrar 15 jovens sinalizados e que tinham fugido de casa ou de instituições, tendo acompanhado diretamente 68 crianças ou jovens em contexto de rua em 2023.

O Dia Internacional das Crianças de Rua assinala-se a 12 de abril e dados do IAC, disponíveis no relatório de atividades relativo a 2023, dão conta de que o organismo, através do Projeto Rua, acompanhou de forma sistemática 28 jovens com idades até aos 21 anos, entre 11 rapazes e 17 raparigas. Outros 40 foram acompanhados de forma pontual.

O Projeto Rua tem três níveis de intervenção, com o Centro de Desenvolvimento e Inclusão Juvenil, que faz intervenção em contexto de rua, e o Centro de Educação e Formação, que atua na áreas de educação e formação, estes dois a trabalharem mais na recuperação de jovens.

O terceiro nível de intervenção, que tem como objetivo prevenir possíveis fugas ou outros comportamentos desviantes, está com o centro de Apoio Comunitário, que intervém em contexto familiar.

Ao nível da intervenção de rua, o IAC tem uma equipa que atua em contexto de emergência, que faz giros pela cidade de Lisboa para perceber se há novos casos de jovens que estejam na rua e necessitem ser sinalizados ou à procura de casos concretos que tenham fugido de casa ou de uma instituição.

O giro tem um percurso definido e inclui o Cais do Sodré, a zona do Saldanha, a Gare do Oriente e a zona de Santa Apolónia, tendo o IAC feito 24 giros em 2023, na sequência dos quais acompanhou 18 situações de fuga, uma sinalizada por um estabelecimento de ensino, cinco por Instituições Particulares de Solidariedade Social ou organizações não-governamentais, uma situação denunciada por um particular e as restantes 11 por setores do próprio IAC.

A equipa de rua conseguiu identificar o “paradeiro de 15 dos jovens sinalizados”.

Segundo a informação do relatório, “em todas as situações de desaparecimento, foram efetuadas as primeiras diligências no período de 48 horas”, referindo que os principais motivos para os jovens fugirem estão relacionados com a não aceitação da medida de institucionalização, a aventura e o risco, a rutura familiar ou uma relação amorosa.

No total dos três eixos de intervenção, o IAC acompanhou diretamente 648 crianças e jovens, além de outros 1.011 que beneficiaram indiretamente deste apoio, por exemplo no caso de irmãos de jovens que fugiram.

No grupo das 648 crianças, a maioria (431) tinha entre seis e 10 anos, havendo registo de 137 casos com idades entre 16 e 21, além de 77 jovens com idade entre 11 e 15, e outros três casos de crianças cujas idades estavam entre os zero e os cinco anos.

As problemáticas mais frequentes são o absentismo ou o abandono escolar, viver em comunidades sensíveis ou adversas e a fuga.

Desde que foi criado, em 1989, o Projeto Rua ajudou quase 40 mil crianças e jovens, além de outras 1.784 que foram acompanhadas pela equipa da comunidade de fuga. Este projeto pretende “contribuir para a diminuição do número de crianças, adolescentes e jovens em risco e/ou perigo, promovendo a sua reinserção sociofamiliar”.

A atividade do IAC não se resume ao Projeto Rua e, no global, o organismo identificou 81.398 beneficiários, dos quais mais de 25.500 utentes diretos, que se dividem entre 14.471 crianças, 6.859 famílias e 4.187 interventores sociais.

Houve 834 casos acompanhados pelo serviço jurídico do IAC, sobretudo por causa de questões relativas à regulação das responsabilidades parentais, legislação ou por situações de perigo.

Instituto de Apoio à Criança pede revisão “prioritária e urgente” de protocolo com o Estado

Abril 24, 2024 às 8:00 pm | Publicado em O IAC na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia da TSF de 12 de abril de 2024.

A associação alerta que o financiamento público não é revisto há mais de duas décadas.

Desde 2002 que o protocolo estabelecido entre o Estado e o Instituto de Apoio à Criança (IAC) não sofre qualquer mexida. Os custos aumentaram e as valências da associação cresceram, o que torna cada vez mais difícil fazer o mesmo com a verba igual. “É um protocolo que quer uma revisão e atualização dos valores. É já de 2002, do tempo em que António Guterres era primeiro-ministro. Precisa de uma atualização prioritária e urgente porque é o garante de alguma estabilidade do IAC”, explica Matilde Sirgado, coordenadora do Projeto Rua.

“Os projetos e as candidaturas são um complemento. Precisamos de estabilidade, até porque prestamos um serviço à sociedade. Não é um donativo do Estado. É um serviço que é da responsabilidade do Estado e é delegado pela especificidade do nosso instituto”, acrescenta a responsável.

O alerta da organização surge no Dia Internacional das Crianças de Rua. Essa é apenas uma das valências do IAC, fundado em 1983. 

Matilde Sirgado revela que, no ano passado, a instituição apoiou 68 crianças e jovens que viviam sem um teto. “São 68 crianças e jovens que encontrámos na rua na Área Metropolitana de Lisboa. Este é o centro da fuga, apesar de serem crianças de vários pontos do país”, detalha.

Há vários motivos que podem explicar as fugas de casa ou das instituições. “Podem ser vítimas de maus tratos nas famílias, por outras vezes só por ociosidade, quando há apelos de outros jovens no processo de socialização. Mas também pode ser por falta de acompanhamento socioeducativo e falta de integração quer nos serviços escolares quer nos serviços de acolhimento”, concretiza Matilde Sirgado.

De acordo com os dados revelados pelo IAC, o Projeto Rua acompanhou “de forma sistemática”, no ano passado, 28 jovens com idades até aos 21 anos. Já de “forma pontual” foram acompanhados 40 jovens.

O Projeto Rua é uma iniciativa do Instituto de Apoio à Criança que tem três níveis de intervenção: o Centro de Desenvolvimento e Inclusão Juvenil, que atua em contexto de rua, o Centro de Educação e Formação, mais virado para as áreas de educação e formação, e  um terceiro eixo mais centrado na prevenção. Nesta área o Centro de Apoio Comunitário tem um papel “de relevo”.

Educa(CON)dado

Abril 19, 2024 às 12:00 pm | Publicado em Vídeos | Deixe um comentário
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Este vídeo representa o trabalho desenvolvido por um grupo de Jovens Mediadores Comunitários no âmbito do Projeto Educa(CON)dado, com vigência entre 2021 e 2023, no Bairro do Condado, em Lisboa. São jovens acompanhados pelo IAC já há alguns anos e que se têm destacado pelo seu percurso positivo, mesmo apesar das inúmeras dificuldades que a vida lhes proporcionou. O desafio lançado foi serem eles agora a devolver às crianças e jovens mais novos aquilo que aprenderam ao longo destes anos, tornando-se, assim, em verdadeiros promotores de uma educação entre pares e, acima de tudo, serem uma referência positiva para os mais novos. Estão lançadas as sementes de mudança e de esperança de que estes jovens vão fazer a diferença. Filme produzido pela Help Images para o Instituto de Apoio à Criança

Quase 70 crianças e jovens “invisíveis” estavam em situação de rua em 2023

Abril 12, 2024 às 8:00 pm | Publicado em O IAC na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia da M80 de 12 de abril de 2024.

Esta sexta-feira é Dia Internacional das Crianças de Rua: desde 1989, o Projeto Rua do Instituto de Apoio à Criança já ajudou quase 40 mil.

No último ano, o Instituto de Apoio à Criança (IAC) identificou 68 crianças e jovens dos zero aos 18 anos de idade em situação de rua. São situações em que a família, ou o contexto de casa ou instituição de acolhimento, deixam de garantir o apoio e as referências de que estes precisam, o que acaba por deixá-los numa situação de “invisibilidade”.

Estas crianças “são aquelas onde tudo já falhou, são realmente esquecidas pela sociedade e, por si só, congregam quase todas as tipologias problemáticas: desde a violência doméstica à violência sexual, desde o abandono escolar ao absentismo, violência entre pares e conflitos familiares”, aponta a coordenadora do Projeto Rua do IAC, Matilde Sirgado.

A faixa etária que mais preocupa é a dos 12 aos 18 anos e a ligação com as famílias ou instituições de acolhimento podem levar a uma fuga, incluindo de casa, como aconteceu em 15 das situações identificadas.

Os vínculos com as famílias são “muitas vezes” precários e surgem associados a um contexto familiar de “crise económica acentuada” e de vivência em “bairros com condições mais adversas”, mas também a episódios de “violência doméstica”.

Outro dos fatores de risco é a influência dos “pares, outros jovens que estão em ociosidade e entregues a si próprios”, ou de “adultos sem escrúpulos que têm e que promovem comportamentos ilícitos”. 

Em muitos casos, mesmo que a família se mostre disponível para tentar a reinserção destes jovens, estão também muitas vezes “ligadas às estratégias de sobrevivência e têm trabalhos muito precários”, fruto de dificuldades económicas, e têm “alguma pobreza de valores por falta de referências positivas”, pelo que “acabam por não conseguir desenvolver o seu papel de garante, de protetor e também de responsáveis pelo processo de socialização”.

Para estar em situação de rua basta, uma criança ou jovem não precisa de não ter casa não é preciso não ter casa: “Temos as crianças que estão, por exemplo, no bairro, ainda com o vínculo com a família, mas entregues a si próprias enquanto os pais vão trabalhar de madrugada, em limpezas, em trabalho explorado e precário.”

Nestes casos ficam “entregues entre pares, cuidando umas das outras sem competências para o fazer e com os riscos da própria adversidade do bairro, como o convívio com a droga ou o convívio com as barreiras físicas”.

O projeto de acompanhamento destas crianças em situação de rua existe desde 1989 e atua sobretudo através da prevenção, tanto de proximidade como em meio escolar.

De acordo com os dados que o IAC recolheu, deixou de haver um sítio no país com especial incidência de fuga dos jovens, algo que tem dificultado o trabalho das equipas de acompanhamento.

Se suspeitar que há uma criança em risco na rua, pode ligar 116 000 ou 116 111.

O Projeto Rua já ajudou quase 40 mil crianças e jovens, além de outras 1784 que foram acompanhadas pela equipa da comunidade de fuga.

Este projeto pretende “contribuir para a diminuição do número de crianças, adolescentes e jovens em risco e/ou perigo, promovendo a sua reinserção sociofamiliar”.

A atividade do IAC não se resume ao Projeto Rua e, no global, o organismo identificou 81.398 beneficiários, dos quais mais de 25.500 utentes diretos, que se dividem entre 14.471 crianças, 6859 famílias e 4187 interventores sociais.

Houve 834 casos acompanhados pelo serviço jurídico do IAC, sobretudo por causa de questões relativas à regulação das responsabilidades parentais, legislação ou por situações de perigo.

Instituto de Apoio à Criança acompanhou 68 crianças em contexto de rua em 2023

Abril 11, 2024 às 7:00 pm | Publicado em O IAC na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia da RTP Notícias de 11 de abril de 2024.

O Instituto de Apoio à Criança (IAC) conseguiu, através do Projeto Rua, encontrar 15 jovens sinalizados e que tinham fugido de casa ou de instituições, tendo acompanhado diretamente 68 crianças ou jovens em contexto de rua em 2023.

Em 12 de abril, assinala-se o Dia Internacional das Crianças de Rua e dados do IAC, disponíveis no relatório de atividades relativo a 2023, dão conta de que o organismo, através do Projeto Rua, acompanhou de forma sistemática 28 jovens com idades até aos 21 anos, entre 11 rapazes e 17 raparigas. Outros 40 foram acompanhados de forma pontual.

O Projeto Rua tem três níveis de intervenção, com o Centro de Desenvolvimento e Inclusão Juvenil, que faz intervenção em contexto de rua, e o Centro de Educação e Formação, que atua na áreas de educação e formação, estes dois a trabalharem mais na recuperação de jovens.

O terceiro nível de intervenção, que tem como objetivo prevenir possíveis fugas ou outros comportamentos desviantes, está com o centro de Apoio Comunitário, que intervém em contexto familiar.

Ao nível da intervenção de rua, o IAC tem uma equipa que atua em contexto de emergência, e que faz giros pela cidade de Lisboa para perceber se há novos casos de jovens que estejam na rua e necessitem ser sinalizados ou à procura de casos concretos que tenham fugido de casa ou de uma instituição.

O giro tem um percurso definido e inclui o Cais do Sodré, a zona do Saldanha, a Gare do Oriente e a zona de Santa Apolónia, tendo o IAC feito 24 giros em 2023, na sequência dos quais acompanhou 18 situações de fuga, uma sinalizada por um estabelecimento de ensino, cinco por Instituições Particulares de Solidariedade Social ou organizações não-governamentais, uma situação denunciada por um particular e as restantes 11 por setores do próprio IAC.

A equipa de rua conseguiu identificar o “paradeiro de 15 dos jovens sinalizados”.

Segundo a informação do relatório, “em todas as situações de desaparecimento, foram efetuadas as primeiras diligencias no período de 48 horas”, referindo que os principais motivos para os jovens fugirem estão relacionados com o não aceitarem a medida de institucionalização, a aventura e o risco, a rutura familiar ou uma relação amorosa.

No total dos três eixos de intervenção, o IAC acompanhou diretamente 648 crianças e jovens, além de outros 1.011 que beneficiaram indiretamente deste apoio, por exemplo no caso de irmãos de jovens que fugiram.

No grupo das 648 crianças, a maioria (431) tinha entre seis e 10 anos, havendo registo de 137 casos com idades entre 16 e 21, além de 77 jovens com idade entre 11 e 15, e outros três casos de crianças cujas idades estavam entre os zero e os cinco anos.

As problemáticas mais frequentes são o absentismo ou o abandono escolar, viver em comunidades sensíveis ou adversas e a fuga.

Desde que foi criado, em 1989, o Projeto Rua ajudou quase 40 mil crianças e jovens, além de outras 1.784 que foram acompanhadas pela equipa da comunidade de fuga.

Este projeto pretende “contribuir para a diminuição do número de crianças, adolescentes e jovens em risco e/ou perigo, promovendo a sua reinserção sociofamiliar”.

A atividade do IAC não se resume ao Projeto Rua e, no global, o organismo identificou 81.398 beneficiários, dos quais mais de 25.500 utentes diretos, que se dividem entre 14.471 crianças, 6.859 famílias e 4.187 interventores sociais.

Houve 834 casos acompanhados pelo serviço jurídico do IAC, sobretudo por causa de questões relativas à regulação das responsabilidades parentais, legislação ou por situações de perigo.

Seminário “Jovens com elevado risco de exclusão social | Metodologias e diferenciação pedagógica” 2 junho na Aldeia de Santa Isabel (Albarraque)

Maio 25, 2023 às 6:00 am | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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Concurso Escolar “Todos Somos Diferentes”

Março 28, 2023 às 8:00 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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Presidência do Conselho de Ministros Aprova o Plano de Ação da Garantia para a Infância 2022-2030

Janeiro 17, 2023 às 12:00 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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Plano de Ação da Garantia para a Infância 2022-2030

Manuela Eanes defende obra de Johnson Semedo

Dezembro 19, 2022 às 6:00 am | Publicado em O IAC na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia do Sol de 11 de dezembro de 2022. 

‘Se cada um de nós cumprisse a sua responsabilidade social, teríamos um mundo muito melhor’, diz Manuela Eanes, lembrando o mérito de Johnson Semedo.

Após muitas aventuras e desventuras, João Semedo Tavares – mais conhecido por Johnson Semedo –, morreu, no passado dia 30 de novembro, aos 50 anos. O fundador da Academia do Johnson perdeu a vida precocemente devido a problemas de saúde. Ficou conhecido por trabalhar com crianças e jovens de bairros carenciados da zona da Grande Lisboa, que inspirou e apoiava através de atividades desportivas sociais, tendo assumido a sua passagem pela prisão e feito disso uma lição de vida a transmitir. 

Quem privou com Johnson Semedo foi Manuela Eanes, primeira-dama de Portugal entre 1976 e 1986. «Visitei a Academia do Johnson este ano, por ser uma das 10 instituições finalistas do Prémio Manuel António da Mota, que, todos os anos, desde 2010, distingue instituições que desenvolvem um trabalho de excelência na área social, seja no combate à pobreza e exclusão social, no apoio ao envelhecimento activo, no cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, na luta contra a COVID-19, entre vários outros temas», começa por contar ao Nascer do SOL.

«Cada membro do Conselho de Curadores da Fundação Manuel António da Mota visita duas instituições finalistas e a Academia do Johnson foi uma das que eu visitei este ano», avança, recordando que conheceu João Semedo Tavares nessa mesma data. «Conheci o Johnson no dia da visita, que realizei acompanhada pela Inês Mota, também membro do Conselho de Curadores. Mais tarde, falei com o jornalista Francisco Nascimento, que realizou a reportagem para a TSF, parceira da Fundação para este Prémio», narra a fundadora e presidente honorária do Instituto de Apoio à Criança.

«Fiquei muito impressionada e sensibilizada com o trabalho que a Academia está a dinamizar com toda a comunidade, incluindo o acompanhamento de centenas de crianças e jovens oriundos de meios sociais e económicos desfavorecidos e suas famílias, assim como com atividades com pessoas mais velhas, que tinham ali um ponto de encontro e de apoio», afirma Manuela Eanes, confessando que se sentiu comovida «com o facto de muitas e muitas crianças e jovens se referirem ao Johnson como ‘pai’. Por aqui se vê o impacto do Johnson na vida destas crianças e jovens».

«Fiquei também muito impressionada com o próprio Johnson, um exemplo de dedicação dinâmica à sua comunidade, com todo este apoio na área da solidariedade, dando-lhe um horizonte de esperança e de dignidade. Com a sua alegria contagiante e irradiante personalidade, Johnson era um homem de causas, um lutador como poucos, e uma figura incontornável de um Portugal mais justo, mais fraterno e mais solidário», recorda pouco mais de uma semana depois da despedida do homem que deixou claro que o crime não compensa e que o futuro passa pela educação e pelo desporto, como o futsal, modalidade em que era jogador e treinador.

«Houve logo uma empatia imediata com o Johnson, até porque também tínhamos trabalhado com ele no Instituto de Apoio à Criança, no Projeto das Crianças de Rua, criado em 1989 e considerado a nível europeu como projeto inovador, no âmbito dos Projetos de Luta contra a Pobreza, dinamizados pelo presidente Delors», sublinha a antiga primeira-dama. 

«Nascido em São Tomé e Príncipe, em 1972, e criado no bairro da Cova da Moura, Johnson Semedo, com um percurso de vida muito duro, decidiu usar a sua experiência para trabalhar na prevenção de situações de risco de crianças e jovens, promovendo a educação e os valores da cidadania. E este seu exemplo é ímpar porque, ao assumir o seu passado, Johnson constitui um exemplo, para os jovens do seu bairro e, no fundo, para todos nós, de que o Homem pode sempre ser melhor e fazer mais, por si e pelos outros», frisa. «Aliás, costumo dizer, citando Mounier, que ‘só existimos quando existimos para os outros’, e o trabalho do Johnson e o processo de reconstrução da sua vida são o exemplo real de que é possível viver segundo esta máxima».

«Por considerar que se trata de um projeto exemplar – visto a Academia prestar apoio escolar, pedagógico e educativo diários, organizar atividades extracurriculares de futsal, judo, teatro, música e dança; dispor de uma oficina de mentores; e apoiar a reinserção de jovens reclusos, trabalhando em rede e com os serviços da comunidade –, considerei ser minha obrigação fazer algo para que este projeto, não tendo ganho o primeiro prémio, fosse apoiado de outra forma», indica, notando que «projetos semelhantes deveriam existir em todos os bairros, maioritariamente com pessoas carenciadas, para evitar situações de pobreza e prevenir, sobretudo com os jovens, problemas de marginalidade e delinquência».

«Já que a Academia não tem nenhum apoio estatal e conta apenas com o apoio de duas instituições privadas, falei com a Ministra da Solidariedade, Ana Mendes Godinho, muito sensível a este trabalho solidário e de prevenção, que me disse que já tinha previsto uma visita à Academia para estabelecer um protocolo de cooperação», revela.

«Adicionalmente, para que fosse assinado um apoio regular de cooperação, falei também com o Rui Pedroto, Presidente Executivo da Fundação Manuel António da Mota, e com a Inês Mota, que tinha visitado comigo a Academia e conhecido tanto o trabalho da Academia como o próprio Jonhson, que, com a sua personalidade carismática, nos contou todo o trabalho que faziam, mostrou as instalações e nos falou, com um entusiasmo contagiante, dos excelentes resultados alcançados». 

«Penso que o trabalho desenvolvido pelo Johnson é, já, muito conhecido e reconhecido. Nas redes sociais e na comunicação social, as reações à sua morte e ao legado que deixou foram enormes. E, não só pelas pessoas que apoiou, pelos colaboradores e voluntários da Academia e pelas pessoas do bairro do Zambujal e da Cova da Moura, mas também por muitas e muitas outras pessoas, desde empresários, instituições e escolas onde o Johnson fazia palestras motivacionais, colegas dos vários cursos de empreendedorismo e gestão social que Johnson fez até pessoas anónimas que foram tocadas por reportagens sobre o seu percurso e trabalho», aponta.

«E, mais recentemente, a visita do Presidente da República à Academia, onde assistiu a um jogo de Portugal no Mundial, o que constitui o reconhecimento, ao mais alto nível do Estado, do mérito do Johnson e do seu trabalho solidário e de profunda responsabilidade com a sua comunidade». Importa lembrar que Marcelo Rebelo de Sousa lamentou, desde logo, a morte de João Semedo Tavares, apresentando as suas sentidas condolências à família e amigos de João «Tavares Semedo, fundador da Academia do Johnson, associação que tantas vidas tocou no concelho da Amadora e no país».
«Se cada um de nós cumprisse a sua responsabilidade social, teríamos um mundo muito melhor. Porque, na realidade, é responsabilidade social de todos os cidadãos contribuir para preservar e desenvolver a sociedade que, por herança ou opção, compartilham. Responsabilidade social, esta, que se realiza e expressa de múltiplas maneiras. Entre elas se conta, obviamente, a cívica, com reconhecida interação com todas as outras, sejam elas a familiar, a profissional ou a política», afirma Manuela Eanes.

«Estou confiante de que os jovens que trabalham na Academia, tal como os voluntários que ajudam no desenvolvimento do projeto, e muitas outras personalidades que trabalham em instituições de solidariedade social parceiras da Academia, irão encontrar a melhor forma de este projeto continuar a cumprir os seus objetivos. O Johnson será, como sempre foi, a figura inspiradora deste projeto. Mas, até como forma de honrar a sua memória, este projecto tem de continuar e crescer», assevera. 

«Como já disse, é fundamental a existência de projetos semelhantes ao do Johnson e ao projeto Crianças de Rua, do Instituto de Apoio à Criança, em bairros onde vivem maioritariamente pessoas carenciadas e onde os jovens não se sentem motivados para estudar. Trabalhar com estes jovens – por vezes, com projetos de vida muito difíceis – em projetos, onde lhes é proporcionado apoio escolar, pedagógico e educativo diários, com atividades extracurriculares atrativas, com o apoio de mentores, permite a estes jovens perceber que é possível e desejável ter uma vida longe da marginalidade e da delinquência, e que só poderemos ser um Portugal melhor quando todos os Portugueses viverem com dignidade e se sentirem parte de uma comunidade que todos respeita e com todos se preocupa».

 

Morreu um Grande Herói da Solidariedade

Dezembro 8, 2022 às 12:00 pm | Publicado em O IAC na comunicação social | Deixe um comentário
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Artigo de opinião de Manuela Eanes, Presidente Honorária do IAC, publicado no Diário de Notícias de 1 de dezembro de 2022. 

Como membro do Conselho de Curadores da Fundação Manuel António da Mota, conheci a Academia do Johnson, no Bairro do Zambujal, junto à Cova da Moura, e fiquei muito impressionada e sensibilizada com o trabalho que estão a dinamizar com toda a comunidade, incluindo o acompanhamento de centenas de crianças e jovens oriundos de meios sociais e económicos desfavorecidos e suas famílias, assim como com actividades com pessoas mais velhas que tinham ali um ponto de encontro e de apoio.

Aliás, houve uma empatia imediata porque também tínhamos trabalhado com o Johnson no Instituto de Apoio à Criança, no Projecto das Crianças de Rua.

A Academia presta apoio escolar, pedagógico e educativo diários, organiza actividades extracurriculares de futsal, teatro, música e dança; dispõe de uma oficina de mentores; e apoia a reinserção de jovens reclusos, trabalhando em rede e com os serviços da comunidade.

Projectos semelhantes deveriam existir em todos os bairros, maioritariamente com pessoas carenciadas, para evitar situações de pobreza e prevenir, sobretudo com os jovens, problemas de marginalidade e delinquência.

Nascido em São Tomé e Príncipe, em 1972, e criado no Bairro da Cova da Moura, Johnson Semedo, com um percurso de vida muito duro, meteu mãos à obra e decidiu usar a sua experiência para trabalhar na prevenção de situações de risco de crianças e jovens, promovendo a educação e os valores da cidadania.

Apesar de um passado com problemas complicados, Johnson é o exemplo de dedicação dinâmica à sua comunidade, com todo este apoio na área da solidariedade, dando-lhe um horizonte de esperança e dignidade. Com a sua alegria contagiante e irradiante personalidade, Johnson era um homem de causas, um lutador como poucos, e uma figura incontornável de um Portugal mais justo, mais fraterno e mais solidário.

Ainda ontem falei com ele para lhe dar duas boas notícias:
– A Ministra da Solidariedade, Ana Mendes Godinho, muito sensível a este trabalho solidário e de prevenção, iria à Academia no dia 5 para assinarem um protocolo de cooperação, já que não tinham nenhum apoio estatal (só duas instituições privadas); e
– Também o Dr. Rui Pedroto, presidente executivo da Fundação Manuel António da Mota, combinou comigo vir a Lisboa com a Eng.ª Inês Mota para ser assinado um apoio regular de cooperação.

Não posso deixar de lembrar uma crónica belíssima e comovente do Luís Osório (no Postal do Dia na TSF), em que falou do trabalho da Academia do Johnson.

Uma das voluntárias na Academia, Constança Figueiredo, muito realizada com o seu trabalho de apoio, recorda a frase muitas vezes repetida pelo Johnson: “Não estamos aqui para mudar o mundo, mas, sim, para o tornar num mundo menos mau”. A realidade é que ele nos deixou um mundo melhor.

Como diz Bento XVI – que gosto muito de citar -, “fazei das vossas vidas lugares de beleza, mas sobretudo, lugares de beleza, de paz e de solidariedade”.

Membro do Conselho de Curadores da Fundação Manuel António da Mota.
Escreve segundo a antiga ortografia

 

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