Dar mesada aos filhos: sim ou não? Os conselhos dos especialistas

Julho 31, 2022 às 4:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia da CNN de 18 de julho de 2022.

Manuela Micael

Os filhos crescem e as dúvidas parecem não ter tendência a diminuir. Apenas mudam de foco

Um dos dilemas que vivem muitos pais à medida que os filhos crescem é se devem ou não dar-lhes mesada e, em caso afirmativo, a preocupação anda em torno dos cuidados a ter. Os especialistas ouvidos pela CNN Portugal são unânimes em afirmar que, havendo disponibilidade financeira, só há benefícios em dar mesada às crianças.

“A mesada ou semanada é uma boa ferramenta para educar financeiramente as crianças”, destaca Bárbara Barroso, fundadora do MoneyLab e especialista em finanças pessoais. Também a psicóloga Cátia Lopo, da clínica Escola do Sentir, é perentória: “Sim, deve existir mesada”. A especialista diz mesmo que o benefício vai muito além da idade infantil: “Vai capacitar a criança para que se torne capaz de definir prioridades e gerir o seu próprio dinheiro, sendo esta capacitação essencial quer para o seu desenvolvimento, quer para a sua vida adulta”.

A atribuição de um valor para as crianças gerirem deve ser feita “assim que começam a ter noção do dinheiro”. Bárbara Barroso aponta a entrada na escola – os cinco ou seis anos –  como uma boa idade para dar esse passo. Já a psicóloga Sara Almeida considera a transição para o quinto ano uma boa altura, uma vez que é aí “que as crianças começam a ter necessidade de ter consigo algum dinheiro”.

Tanto psicóloga como especialista em finanças pessoais são unânimes no primeiro alerta aos pais: nestas idades deve atribuir-se semanada em vez de mesada. “As crianças até à adolescência devem gerir sobretudo o dinheiro à semana, pela dificuldade em gerir um espaço temporal tão grande como um mês”, explica Bárbara Barroso.

“Através da semanada é mais fácil para a criança ter noção dos gastos que terá e fazer uma gestão eficiente do seu dinheiro. Posteriormente, e à medida que a criança cresce e se torna adolescente – pelos 14/15 anos -, a semanada pode crescer e transitar para mesada”, explica Sara Almeida.

Como calcular o valor a atribuir?

As psicólogas ouvidas para este artigo e a especialista em finanças pessoais consideram que, pelo menos nessa fase inicial, a semanada deve ser atribuída em dinheiro vivo, “não só por ser mais tangível como pelas próprias limitações que existem de idade para utilização de cartão físico”. À medida que a criança cresce e se torna adolescente pode passar-se para um cartão, se essa for a modalidade mais confortável para a gestão familiar.

Mas qual é o valor justo e ponderado para atribuir? Há dois fatores a ter em conta quando se responde a esta questão: as necessidades da criança ou jovem e o contexto familiar.

Na verdade, há teorias que apontam para uma espécie de fórmulas mágicas para calcular o valor da mesada de cada filho:

Há quem defenda a atribuição de um euro por cada ano da criança. O cálculo é fácil nesta modalidade: uma criança de 10 anos receberia €10 por mês, enquanto um adolescente de 15 anos receberia €15 mensais;

Outra teoria defende a atribuição de €0,50 semanais por cada ano da criança. A mesma criança de 10 anos receberia €20 por mês (0,50 x 10 anos x 4 ­­­­­­­­­­semanas = 20) e o adolescente de 15 anos receberia €30 mensais (0,50 x 15 anos x 4 ­­­­­­­­­­semanas = 30).

Mas as especialistas ouvidas pela CNN Portugal lembram que as fórmulas não respondem a todos os fatores a considerar. “Não acredito muito em fórmulas porque cada criança, cada família é única e pelo contexto conseguimos identificar o que pode ser mais ajustado. Uma criança de sete ou oito anos pode receber, por exemplo, um ou dois euros por semana. Um jovem de 14 anos certamente receberá mais, mas claro que depende se irá gerir também esse dinheiro para lanches na escola ou se será apenas para si e para lazer. O que pode fazer é pedir à criança ou jovem uma sugestão, até porque falam com outro colegas e depois pode negociar e ajustar”, sugere Bárbara Barroso.

Por outras palavras, a mesma posição é defendida pela psicóloga Cátia Lopo: “A semanada ou mesada deverá ter por princípio a cobertura de todas as despesas da criança ou adolescente no seu dia a dia, o que naturalmente vai variar em todas as famílias. Assim falamos de um valor que permita, se for caso disso, cobrir transportes, alimentação, despesas específicas da criança ou adolescente – este deve ser o primeiro cálculo a fazer. Posteriormente, consoante aquilo que os pais considerem adequado, deve ser adicionado um valor extra que permita atividades lúdicas ou gastos excecionais, como lanchar com os amigos ou fazer algumas compras. Aqui, o valor além das despesas da criança deverá crescer à medida que a criança cresce, uma vez que as crianças mais novas, regra geral, terão menos despesas fora daquilo que estava planeado.”

Que cuidados ter

A psicóloga Sara Almeida considera fundamental que se prepare a criança para a responsabilidade de passar a gerir o seu próprio dinheiro e aconselha uma conversa entre pais e filhos em que seja “explicada a importância do dinheiro e a liberdade que permita a cada um de nós”. “Deve ser indicado à criança exatamente quais são as despesas que aquele valor deve cobrir – que agora passam a ser responsabilidade da criança,. Isto deve ser feito sempre numa perspetiva de confiança, ‘a mãe e o pai confiam em ti, por isso passarás a ser responsável por comprares o almoço e o bilhete de autocarro’”, exemplifica a psicóloga.

Bárbara Barroso alerta os pais para que se certifiquem que as crianças não usam o dinheiro para algo ilícito ou desadequado para idade e que, tirando isso, se “deixe a criança gerir livremente o seu dinheiro, assuma as consequências suas escolhas e, se houver algum erro ou arrependimento de algum gasto, que ela ou ele sejam livres de aprender com esse erro”.

E se o dinheiro não chegar?

Entre os erros apontados por Bárbara Barroso está gastar tudo antes de o período negociado em família terminar. Se o dinheiro atribuído não chegar ao fim do mês ou da semana, não se deve dar mais dinheiro à criança. “Dizer-lhe que terá de esperar pelo próximo mês (ou semana, caso seja semanada) para voltar a receber e que da próxima talvez tenha de rever a gestão. Mas sempre com postura pedagógica e não crítica”, defende.

Uma posição que é corroborada pelas psicólogas Cátia Lopo e Sara Almeida. As especialistas sublinham a importância dessa conversa com a criança ou adolescente em que se avaliem os gastos efetuados e as despesas previstas para que se perceba qual foi o motivo de o dinheiro não ter sido suficiente para a semana ou para o mês. “Consoante as circunstâncias, pode ou não haver a atribuição de um valor extra”, considera Cátia Lopo.

Aproveitar para poupar… e não só

A mesada ou semanada pode também ser uma oportunidade para incutir o hábito de poupança nos filhos. Isso mesmo defendem as três especialistas. “Se a criança aprender a poupar – mesmo que uma pequena parte – da sua semanada ou da sua mesada para posteriormente adquirir alguma coisa com um valor importante para si estamos a ensiná-la a pensar a longo prazo e fazer uma gestão mais eficiente do seu dinheiro”, explica Sara Almeida.

A especialista em finanças pessoais avança mesmo com a criação do hábito de investir e aponta uma fórmula simples que se pode ensinar à criança: “ensinar a dividir o seu dinheiro em três partes: uma para gastar, outra para poupar e outra para investir”. “A parte para gastar é a que vai gastar agora, a poupar é que guarda para algum objetivo de curto ou médio prazo e a terceira parte de investir é que vai para algo de mais longo prazo”, explica.

Bárbara Barroso lembra ainda que é importante fomentar a solidariedade e fomentar o conceito de doar. “É importante que as crianças compreendam a importância de partilha com o outro, com quem tem menos, incutindo um espírito solidário e de boa vivência em comunidade”, conclui.

 

Unicef diz ao Conselho de Segurança que mundo falhou em proteger crianças em conflito

Julho 30, 2022 às 4:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia da ONU News de 19 de julho de 2022

Diretora executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância participou de sessão ao lado da representante especial do chefe da ONU para Crianças e Conflitos Armados, Virginia Gamba.

O Conselho de Segurança da ONU voltou a analisar o tema crianças e conflitos armados, com foco na proteção de menores refugiados, deslocados internos e apátridas. Foram examinados ainda casos de sequestro de crianças e seus impactos, reintegração de menores e a construção da paz.

A representante especial do secretário-geral para Crianças e Conflitos Armados, Virginia Gamba, discursou na reunião ao lado da chefe do Unicef, Catherine Russell, que disse aos membros do órgão que o “mundo falhou na proteção das crianças em conflito”.

Aumento da violência contra crianças

O encontro foi presidido pelo embaixador Fernando Simas Magalhães, vice-ministro das Relações Exteriores do Brasil.

A chefe do Unicef lembrou que os números do relatório apontam apenas os casos verificados pelas Nações Unidas e que a quantidade de menores vítimas de conflitos pode ser muito maior.

Segundo os dados apresentados pela representante especial do secretário-geral para Crianças e Conflitos Armados, apenas em 2021, cerca de 8 mil crianças foram mortas ou mutiladas.

As Nações Unidas confirmaram quase 24 mil atos violentos contra menores ocorridos em 2021, o equivalente a uma média de 65 violações todos os dias.

Mali e Iêmen

Em análise aos dados divulgados na última semana, Virginia Gamba destacou progressos positivos e as recomendações do relatório para reverter a situação.

De acordo com ela, existem 17 planos de ação conjunta em implementação que contam com as partes em conflito, incluindo três que foram assinados em 2021, dois no Mali e um no Iêmen.

Ela adicionou que seu escritório e equipes de proteção infantil também estão se envolvendo com sucesso para adotar planos de ação em situações como Iraque e Síria.

Segundo a representante, ao todo, 40 novos compromissos e medidas foram implementados pelas partes em conflito somente no ano passado.

Recomendações

Para evitar um agravamento na situação já delicada, Gamba apresentou as recomendações do secretário-geral da ONU para o assunto. Ela destacou que, em primeiro lugar, é vital que as operações das Nações Unidas no terreno sejam adequadamente designadas por um mandato, dotadas de pessoal e financiadas para continuar a prestar os serviços necessários.

De acordo com a publicação, os espaços humanitários devem sempre ser protegidos e as partes em conflito devem permitir o acesso humanitário seguro, oportuno e desimpedido a todas as crianças.

O apoio financeiro sustentável e a assistência técnica para programas de reintegração oportunos, que levem em conta a questão do gênero, idade e deficiência, centrados no sobrevivente e inclusivos para crianças, são parte das sugestões apresentadas.

Além disso, o relatório prevê a promoção das melhores práticas e desenvolvimento das ferramentas essenciais para evoluir consistentemente o trabalho.

“O mundo falhou com as crianças”

A diretora executiva do Unicef, Catherine Russell, afirmou que o relatório pinta um quadro sombrio, mas que também tem o objetivo que apontar o caminho a seguir.

Ela chamou os Estados-membros para ação, afirmando que eles possuem o poder de fazer mais para proteger as crianças.

Em seu apelo, ela afirma que os países devem não só insistir no cumprimento do Direito Internacional Humanitário, mas também emitir ordens militares com políticas de tolerância zero em violações graves contra crianças.

Reintegração após pertencer a grupos armados

Russell ainda pediu que os países se comprometam com o endosso e implementação da declaração para proteger escolas e na reintegração de crianças que foram recrutadas por grupos armados.

Por fim, ela pediu apoio aos esforços da ONU para implementar a agenda de crianças e conflitos armados no terreno, tanto por meio da alocação de recursos quanto por meio de seu compromisso de trabalhar em conjunto pela agenda.

A chefe do Unicef terminou seu discurso afirmando que as crianças têm direito a proteção e que garantir a segurança dos menores é uma “obrigação sagrada” e parte do nosso dever humano de proteger as próximas gerações.

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Guia crescer com direitos : ações pedagógicas na escola

Julho 29, 2022 às 6:42 pm | Publicado em Divulgação, Livros | Deixe um comentário
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Este guia pretende dar a conhecer o trabalho desenvolvido pelo Projecto Rua, ao nível da prevenção do insucesso, abandono e violência em contexto escolar, através da dinamização de sessões de sensibilização sobre Direitos e Deveres da Criança, realizadas nas Escolas. À venda através do link

 V Colóquio Mais Família Mais Educação, 22 outubro na Fundação de Serralves no Porto

Julho 29, 2022 às 12:00 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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Já nos segue no Instagram?

Julho 29, 2022 às 6:00 am | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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Flexibilização da Educação Sexual em Contexto Escolar, formação a distância – 17 setembro a 15 de outubro

Julho 28, 2022 às 8:00 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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Pobreza Infantil

Julho 28, 2022 às 11:50 am | Publicado em O IAC na comunicação social, Publicações IAC- Marketing | Deixe um comentário
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Artigo de opinião publicado no Diário de Aveiro de 27 de julho de 2022.

InfoCRIANÇA n.º 94 Pobreza Infantil

Vai viajar com crianças? Estas seis regras são essenciais para evitar o “já chegámos?”

Julho 28, 2022 às 11:30 am | Publicado em O IAC na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia da CNN de 23 de julho de 2022

Sofia Marvão

Com a chegada do período de férias, vêm também as viagens em família e as longas deslocações. A psicóloga Melanie Tavares explica à CNN Portugal como manter as crianças entretidas para que o percurso não se torne numa experiência incómoda para todos.

“Já chegámos?”, “Falta muito?”, “Já chegámos?”. As perguntas, feitas pelas crianças, costumam surgir durante as viagens e muitas vezes começam desde o primeiro minuto e só terminam com a chegada ao destino. No carro ou até no avião, as horas passam e os mais novos parecem cada vez mais irrequietos. Puxam os cabelos dos irmãos, gritam, pedem para parar, e a os desafios não param de surgir. A psicóloga clínica e coordenadora do Institudo de Apoio à Criança, Melanie Tavares, indica algumas práticas a ter em conta para dar resposta ao frenesi dos mais novos.

Respeitar as rotinas

Melanie Tavares começa por explicar que as técnicas vão depender da idade das crianças. Se estas forem muito pequenas, as suas rotinas devem ser respeitadas de modo a que não sintam uma diferença tão significativa. Por exemplo, no caso de um bebé que tenha facilidade em adormecer no carro, aproveitar a hora da sesta pode ajudar a que a viagem seja menos cansativa. O ideal é que a viagem, por norma, seja programada para ocorrer de noite.

As refeições também devem ser feitas nas horas habituais, mas sem o veículo estar em andamento. “Tranquilamente, para não destabilizar a criança”, esclarece. “Se quebrarmos muito as rotinas quando são pequenos já não se trata da viagem em si, trata-se de eles acabarem por ficar mais impacientes, com tendência a birras”.

Recorrer a distrações

Quando as crianças são mais crescidas o truque é sempre o mesmo: atividades. “Tudo o que possa transformar a viagem num momento lúdico que envolva a família”, sugere. Os jogos de palavras, de cores e até mesmo jogos próprios para viagens – bem como a dica que segue em baixo – ajudam a minimizar a noção de tempo. Também os livros para colorir e as “bolachinhas” são imprescindíveis.

Fazer pausas

Sabe-se que hoje em dia, nas estações de serviço, já começam a surgir parques infantis. “Não é à toa”, diz a psicóloga. É aconselhável que os mais novos possam ir fazendo algumas pausas para correr, brincar, gastar energias e, até, que lhes sejam abertas algumas exceções como por exemplo comer um gelado, “mesmo se os pais forem um bocadinho mais restritos na questão dos doces”. O objetivo é tornar a viagem num momento agradável, e para isso é fundamental que estas medidas sejam respeitadas.

Dizer sempre a verdade

Acima de tudo, Melanie Tavares alerta para a importância de preparar as crianças para a viagem e para o tempo que esta irá durar. “Nada de enganar, nós não podemos nunca dizer que é já ali, quando não é”, explica. Isso pode criar inseguranças e gerar a sensação muito comum nos mais pequenos de que “nunca mais é”. No futuro nunca irão perceber ou acreditar que de facto é pouco tempo.

Em suma, a resposta ideal à incessante questão “já chegámos?”, é na verdade “lamento, mais vai levar muito tempo”, mas sempre com a perspetiva de que haverá pausas pelo caminho. “Tu vais gostar do sítio para onde vamos, vais poder ir à praia, vais poder ir à piscina, vais estar com os avós”, o que quer que a criança tenha de positivo nessa viagem.

Evitar os castigos

Castigar é aceitável? “É péssimo”, vinca a psicóloga. “Não são todas as pessoas que gostam de fazer viagens, porque são maçadoras”. Melanie Tavares explica ainda que as crianças têm menos tolerância à frustração e o tempo delas não é o tempo dos adultos. Enquanto os últimos conseguem gerir a cabeça para quatro horas de viagem, para uma criança quatro horas não têm um fim à vista. “Em quatro horas fazem muita coisa dos dias delas”, diz. “Recorrer a castigos não faz sentido, mas sim recorrer a inputs positivos”.

Mais liberdade

A partir dos cinco anos, quando estão mais crescidas, as crianças já não requerem tantos cuidados e é possível usufruir de algum desafogo em termos de passeios e planeamento. Uma vez que as férias servem precisamente para relaxar e ter alguma soltura durante uns dias, Melanie Tavares defende que se dê um pouco mais de liberdade aos mais novos ao contrário do que acontece ao longo do ano. “Sem tanta regra, mas obviamente com os devidos cuidados em termos de segurança”, esclarece. Por outro lado, e mais uma vez, depende da criança. “Normalmente aos quatro anos já nem dormem a sesta nas escolas, mas há outros que ainda dormem”, diz.

E os pais? “Se os pais cumprirem com estas técnicas já vão estar a trabalhar na sua própria resiliência”, explica. Ainda assim, nunca podem esquecer que por vezes é um desafio, e por isso devem questionar-se: “Estou ou não preparado para isso?”.

Cerca de 80 mil crianças deverão ter creche gratuita em setembro

Julho 28, 2022 às 6:00 am | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia do Sapo24 de 21 de julho de 2022.

Cerca de 80 mil crianças deverão frequentar gratuitamente a creche a partir de setembro, avançou à Lusa o presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), que disse estar confortável com o acordo alcançado com o Governo.

No debate sobre o estado da Nação, que decorreu na quarta-feira, o primeiro-ministro António Costa anunciou ter concluído um acordo entre o executivo e o setor social para assegurar a gratuitidade das creches para crianças nascidas a partir do dia 01 de setembro de 2021 e que frequentem pela primeira vez a partir de setembro de 2022.

O acordo foi feito com a União das Misericórdias Portuguesas (UMP) e a Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) para dar cumprimento a uma das principais medidas do Orçamento: A gratuitidade das creches para as crianças do 1.º ano já em setembro.

Contactado pela agência Lusa, o presidente da CNIS não revelou quais foram os valores acordados com o Governo e quais os montantes das comparticipações que serão pagas, mas adiantou que a partir do dia 01 de setembro o Estado paga o mesmo valor por todas as crianças que frequentem uma creche do setor social pela primeira vez, de forma a garantir assim a gratuitidade para a família.

Nas contas do padre Lino Maia, no próximo ano letivo haverá cerca de 80 mil crianças a frequentar a creche gratuitamente já que estima que existam atualmente cerca de 50 mil crianças a frequentar gratuitamente a creche por os pais estarem nos 1.º e 2.º escalões de rendimento, às quais admite que se somarão mais cerca de 30 mil na sequência do acordo com o governo.

Segundo o presidente da CNIS, o valor pago pelo Estado inclui alimentação e higiene, por exemplo, enquanto os pais mantêm a responsabilidade de pagar por atividades extracurriculares ou os necessários seguros.

O acordo estabelecido entre o setor social e o Governo é para um período de funcionamento de onze horas diárias, estando previsto um pagamento adicional nos casos dos estabelecimentos que funcionem durante períodos mais alargados.

Lino Maia explicou que a partir do próximo mês de setembro irão coexistir três modelos de pagamento em relação às creches, uma vez que entra em vigor a gratuitidade para as crianças nascidas a partir do dia 01 de setembro de 2021, mantém-se a gratuitidade para as crianças das famílias dos 1.º e 2.º escalões de rendimentos, além das restantes cujo valor de mensalidade é definido consoante o rendimento dos pais, até ao valor máximo definido por cada instituição.

Lino Maia disse ainda que a confederação que lidera está confortável com o acordo feito com o Governo, apesar de admitir que era objetivo ter conseguido um valor mais elevado.

 

 

O apoio da família faz a diferença entre os poucos ciganos que chegam ao secundário

Julho 27, 2022 às 8:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social, Estudos sobre a Criança | Deixe um comentário
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Notícia do Expresso de 20 de julho de 2022.

Alguns pais ajudam nos trabalhos de casa, pagam a explicadores ou levam os filhos para centros de estudo para que possam melhorar o desempenho escolar

Os “muito poucos” alunos ciganos que chegam ao ensino secundário são sobretudo rapazes, têm algumas fragilidades socioeconómicas, a maioria teve pelo menos uma retenção escolar, mas conseguiram ir mais longe nos estudos graças ao apoio da família.

Uma equipa de investigadoras do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa quis compreender as trajetórias escolares dos estudantes ciganos no ensino secundário, compreender as suas aspirações e perceber se queriam concorrer ao ensino superior ou terminar o 12.º ano e procurar uma oportunidade de trabalho.

O estudo começou em 2021 e hoje tem lugar o evento de encerramento do EduCig – Desempenhos escolares entre os ciganos: investigação-ação e projeto de co-design, mas em declarações à agência Lusa a coordenadora do projeto falou da dificuldade em encontrar alunos ciganos a estudar no ensino secundário, apontando que o trabalho de pesquisa foi mais demorado por causa da efetiva subrepresentatividade destes jovens.

De acordo com Maria Manuela Mendes, até ao terceiro ciclo “ainda há uma representatividade interessante” de alunos ciganos, “ainda que não muito elevada”, mas no terceiro ciclo (9.ºano) começam a ser menos e no secundário “são muito poucos”, não chegando aos 3%, segundo dados da Direção-geral de Estatísticas da Educação e Ciência.

“É um valor bastante baixo mesmo em comparação com outros países europeus e levou-nos a implementar este estudo”, explicou a investigadora, segundo a qual o trabalho incluiu entrevistas a jovens que residiam nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto.

Foram entrevistados 20 rapazes e 11 raparigas, “jovens marcados por alguma fragilidade socioeconómica”, com pais com baixos níveis de escolaridade – “as mães tinham o 1.º ciclo e os pais o 3.º ciclo” – ainda que alguns tivessem um curso superior, e que em algum momento da vida receberam prestações sociais.

“São jovens que demonstram alguma continuidade no seu percurso escolar e algum sucesso, mas mesmo assim tiveram em algum momento uma retenção escolar sobretudo nas transições de ciclo e muitas vezes estas retenções têm a ver com falta de assiduidade”, adiantou.

Maria Manuela Mendes adiantou que entre os 31 jovens entrevistados, 21 estavam a estudar em áreas profissionais, sobretudo relacionados com a informática, cultura e artes ou restauração e hotelaria, estando os restantes em percursos regulares, nas áreas das línguas e das humanidades.

“Relativamente ao percurso destes jovens, é muito importante e isso sobressai, é o apoio das famílias, que é decisivo, sobretudo a família nuclear, mas às vezes também a família mais alargada, mas estes jovens apoiam-se muito, ao nível de apoio emocional, e também em termos incentivo escolar, no pai e na mãe”, ressalvou.

De acordo com a investigadora, “os pais são modelos de referência para estes jovens”, com casos em que os pais transferem para os filhos e filhas as expectativas em relação aos percursos educativos que tinham idealizado para si e que não conseguiram concretizar.

Manuela Mendes exemplificou com casos de alguns pais que ajudam nos trabalhos de casa, pagam a explicadores ou levam os filhos para centros de estudo para que possam melhorar o desempenho escolar.

“Alguns mudaram mesmo de área de residência para poderem providenciar aos filhos um outro ambiente, contexto habitacional mais propicio à prossecução de estudos”, revelou, apontando que isso se revelou benéfico para prolongar ou melhorar o percurso escolar dos filhos.

Admitiu, por outro lado, que as raparigas vivem situações mais desafiantes no que diz respeito à relação entre a família e a escola e que, se por um lado, “há famílias que apoiam incondicionalmente as filhas nestes trajetos, [há] outras que não apoiam assim tanto”, tendo conhecido casos de “grande resiliência” e determinação nestas jovens.

A investigadora explicou que o projeto tem também uma outra dimensão, que passa pela definição de um programa de formação para alunos com mais de 18 anos e até aos 25 anos, que abandonaram a escola e que confere escolaridade ao nível do 12.ºano para permitir que possam depois optar pelo ensino universitário ou ir para o mercado de trabalho.

O desenho dessa formação, aberta a todos os alunos e não só ciganos, está feito e em setembro avança a implementação, numa primeira fase apenas na Escola de Segunda Oportunidade de Matosinhos e depois alargado a todo o país.

A formação terá formadores ciganos e áreas como a mediação, interculturalidade, empreendedorismo, comércio, artes e cultura, entre outras, e terá o apoio do Instituto do Emprego e Formação Profissional.

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