Escolas públicas organizam visitas de estudo ao estrangeiro que deixam alunos carenciados de fora

Março 10, 2023 às 8:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia da Sábado de 4 de março de 2023.

Escolas públicas organizam visitas de estudo ao estrangeiro deixando para trás alunos sem capacidade para pagar as viagens, que podem ir de 500 a 800 euros, segundo relatos de pais e estudantes.

Várias escolas públicas organizam todos os anos visitas de estudo ao estrangeiro deixando para trás alunos sem capacidade para pagar as viagens, que podem ir de 500 a 800 euros, segundo relatos de pais e estudantes.

Há viagens para os alunos do secundário, mas também para os finalistas do 3.º ciclo. Uns vão para Paris, enquanto outros têm como destino Madrid ou Londres. Os preços rondam os 500 euros, mas podem chegar aos 800 euros, segundo histórias ocorridas em estabelecimentos de ensino de Coimbra, Lisboa, Azeitão ou Castanheira do Ribatejo.

Pais de diferentes pontos do país são unânimes nas criticas às escolas por deixarem de fora quem não tem dinheiro para pagar a viagem, como aconteceu com Teresa Costa (nome fictício).

Aluna de uma escola lisboeta frequentada maioritariamente por alunos de classe social elevada, Teresa era das poucas com Apoio Social Escolar (ASE) e nunca pensou que a difícil situação financeira dos pais a pudesse excluir de uma atividade escolar. “Quando a professora de Francês anunciou, na aula, a viagem a Paris deu a ideia de que iríamos todos. Fiquei super entusiasmada, mas depois percebi que não era assim”, recordou em declarações à Lusa a rapariga que então estava no 9.º ano.

A viagem custava cerca de 500 euros e, do lado da escola, “ninguém se mostrou preocupado” nem tentou perceber se Teresa “gostaria de ir e se seria possível arranjar uma forma de lhe pagar a viagem”. “Fiquei muito triste, até porque quando temos 14 anos não conseguimos perceber que 500 euros possa ser muito dinheiro”, recordou a jovem, que implorou à família que lhe pagasse a viagem.

Naquela semana de aulas, Teresa ia todos os dias para a secundária, enquanto os colegas visitavam museus e conheciam bairros parisienses.

Para o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), “ninguém pode ficar de fora” de uma viagem organizada pela escola, que é diferente das viagens de finalistas do 12.º ano. “Mesmo que pareçam passeios são aulas fora da escola e não é admissível que alunos fiquem em terra por incapacidade económica. Estas situações, que espero serem casos isolados, têm de ser corrigidas. A escola tem a obrigação de incluir e isto é excluir”, criticou Filinto Lima.

Foi desta mesma forma que pensou António Silva quando as professoras da Escola Secundária Infanta Dona Maria, onde estuda a filha, admitiram que não se iriam preocupar com quem não pudesse pagar a viagem.

Num documento escrito entregue às famílias declararam: “Relativamente à situação de alunos/famílias sem condições para custear a visita de estudo, não nos compete a nós, professoras organizadoras, resolvermos esta questão”. “Esta visita de estudo não é uma atividade obrigatória, pelo que só se devem inscrever os alunos interessados e/ou que podem participar na visita de estudo”, referia ainda a informação a que a Lusa teve acesso.

Na turma de 11.º ano da filha de António Silva havia um aluno que ia ficar de fora, mas um grupo de pais, entre os quais António, decidiu pagar-lhe a viagem. “Uma visita de estudo não tem caráter obrigatório, mas é recomendável e choca-me que a professora diga que só vai quem pode. Para mim, este não é o papel da escola, nem sequer devem estar a criar expectativas sem saber se as famílias podem ou não ir”, desabafou.

António Silva também condenou o método usado pela professora de Francês da escola de Coimbra que anunciou a viagem durante uma aula no 1.º período. “A professora falou com os alunos antes de falar com os pais sobre uma viagem de sete dias que rondaria os 600 euros, sendo que afinal poderá ultrapassar os 800 euros, porque tudo isto está dependente de quantos alunos irão”, contou.

Também Marta Clemente criticou a metodologia usada na escola das filhas, em Castanheira do Ribatejo, que foi semelhante à relatada por António Silva. Marta estava a trabalhar quando a filha de 13 anos lhe ligou “histérica com a possibilidade de ir passear com as amigas” a Paris numa viagem de cinco dias promovida pela escola, contou à Lusa.

O plano também foi anunciado durante as aulas e “supostamente, quantos mais alunos forem, menos se paga”, mas afinal vão “pagar o valor máximo”: São 595 euros por uma viagem de autocarro em que “ficam poucos dias em França” e é sempre a “correr de um lado para o outro e com poucas refeições incluídas”.

A mãe de Rita considera a viagem cara, mas admite que a choca mais haver colegas da filha “que não vão por questões financeiras”: “Não houve qualquer iniciativa para se angariar dinheiro para ajudar esses alunos, nem da parte da escola nem da associação de pais”, criticou. A visita incluiu uma subida à Torre Eiffel, um passeio pelo Louvre e pelo Palácio de Versailles, mas também andar de barco no Sena, conhecer bairros típicos como Montmartre e até passar um dia completo na Disneyland.

Em Azeitão a história repete-se, só muda o destino: Os alunos do 3.º ciclo já estão a ultimar a viagem de cinco dias a Madrid e Toledo, que custará 500 euros. “Das nove turmas do 9. ano vão pouco mais de 40 miúdos”, contou a mãe Vera Magarreiro, acrescentando que também ali “nunca houve nada especificamente para quem não pudesse pagar a viagem”.

Questionada pela Lusa, a presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap) defendeu que “sendo visitas de estudo deveriam ser criadas condições para que todos possam participar”, apelando a “todos façam chegar esses casos às associações de pais para que os alunos possam ser apoiados.”

Mariana Carvalho lamentou que, tal como noutras áreas, também na educação “os mais carenciados continuem a ser os mais prejudicados”. Filinto Lima acrescentou que além dos alunos com ASE, existem muitos outros para quem os preços destas viagens são impeditivos, cabendo às escolas a responsabilidade de garantir que “ninguém é deixado para trás”.

 

Recursos Educativos Digitais para o 1º Ciclo do Ensino Básico – Ilha Periscópio

Fevereiro 24, 2023 às 12:00 pm | Publicado em Recursos educativos, Site ou blogue recomendado | Deixe um comentário
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Com o objetivo de proporcionar mais e melhores aprendizagens, a Direção-Geral da Educação (DGE) disponibiliza, neste espaço, recursos educativos digitais, abertos e interativos, para as áreas curriculares de Ciências Experimentais, Matemática e Português do 1º ciclo do ensino básico.

https://redge.dge.mec.pt/ilha/periscopio/home

Conflitos, desastres e deslocamentos forçam 78 milhões de alunos a sair da escola

Fevereiro 24, 2023 às 6:00 am | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia da ONU News de 16 de fevereiro de 2023.

Alerta foi feito pelo secretário-geral da ONU na Conferência de Alto Nível para Financiamento da iniciativa “Education Cannot Wait” ou a Educação Não Pode Esperar; objetivo é conseguir US$ 1,5 bilhão para os próximos quatro anos.

Um número impressionante de 78 milhões de meninas e meninos em todo o mundo hoje “não vão à escola” por causa de conflitos, desastres climáticos e deslocamentos. Outras dezenas de milhões a mais não recebem aulas com regularidade.

Foi o que disse o secretário-geral da ONU, nesta quinta-feira, durante uma conferência de alto nível, para pedir mais financiamento para a iniciativa Education Cannot Wait ou a Educação Não Pode Esperar.

Educação, um direito fundamental

Em mensagem de vídeo, António Guterres disse que a educação não pode ser negada a ninguém. O evento, em Genebra, na Suíça, pede apoio para o ensino nas situações de emergência.

O chefe das Nações Unidas lembrou que, graças ao esforço da iniciativa, 7 milhões de crianças em situações de crise receberam “a educação que merecem”, desde que foi fundada em 2017. Mas, segundo ele, as necessidades continuam se multiplicando com um crescente número de emergências que forçam as crianças para fora da escola.

Para Guterres, “a educação é o melhor investimento que podemos fazer para um futuro mais pacífico e sustentável”.

Financiamento para os próximos quatro anos

Em todo o mundo, 222 milhões de crianças e adolescentes são afetados pelos horrores da guerra, desastres e deslocamentos.

O aumento de conflitos, as mudanças climáticas e as consequências da Covid-19 estão exercendo pressões incalculáveis sobre economias, sistemas educacionais e assistência internacional.

O objetivo do fundo global Education Cannot Wait é conseguir pelo menos US$ 1,5 bilhão para cumprir seu Plano Estratégico 2023-2026.

O evento é organizado com a colaboração dos governos da Colômbia, Alemanha, Níger, Noruega, Sudão do Sul e Suíça.

O caso do Afeganistão

A vice-secretária-geral da ONU Amina Mohammed, que visitou o Afeganistão há algumas semanas, também enviou um vídeo ao evento.

Ela lembrou que por mais de 500 dias, as autoridades do Talibã no Afeganistão vêm negando às meninas do ensino médio seus direitos básicos à educação.

Para Mohammed, isso deve acabar imediatamente. E por esta razão a comunidade internacional deve continuar unida em sua urgência de atender às necessidades educacionais e aos direitos das meninas afegãs.

Malala lembrou quando estava fora da escola

Em outra mensagem de vídeo, a ativista paquistanesa e vencedora do Prêmio Nobel da Paz, Malala Yousafzai, disse se lembrar da época em que não podia ir à escola por causa de uma proibição semelhante.

Ela contou que quanto mais tempo sem estudar, mais preocupada ficava porque sabia que seria esquecida, e disse que “é exatamente isso que está acontecendo no Afeganistão”.

Malala fez um apelo para que “não aceitem as desculpas ou justificativas dadas pelos talibãs”. E disse que “é hora dos líderes mundiais se unirem, para se tornarem uma só voz para as mulheres e meninas afegãs”.

No dia da abertura do evento, nesta quinta-feira, 18 países e parceiros privados prometeram US$ 826 milhões para o fundo global.

https://www.educationcannotwait.org/

 

Opas lança manual para promover saúde mental nas escolas primárias

Fevereiro 18, 2023 às 4:00 pm | Publicado em Recursos educativos | Deixe um comentário
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Notícia da ONU News de 10 de fevereiro de 2023.

Novo guia da Organização Pan-Americana da Saúde será usado para treinar educadores; braço da OMS nas Américas afirma que prevenção de distúrbios emocionais e comportamentais continua sendo uma prioridade fundamental da saúde pública global.

Quase metade dos problemas de saúde mental nas Américas começa durante a infância. Por isso, a Organização Pan-Americana da Saúde, Opas, lançou uma ferramenta inovadora para educadores de escolas primárias.

O manual “Promovendo o bem-estar e a saúde mental nas escolas”  é um guia de autoaprendizagem, baseado em evidências, que será usado para treinar professores na educação em saúde mental.

Prevenção e controle

Segundo o braço da OMS nas Américas, uma pesquisa comprova que o investimento em medidas preventivas e de controle ao longo da vida humana, reduz a carga econômica e de saúde dos transtornos mentais. Além de melhorar o acesso aos cuidados.

O estudo, recentemente concluído no Suriname e atualmente em andamento na Guiana, também destacou que é mais econômico priorizar o investimento em saúde mental, já que os benefícios contribuem para o aumento da produtividade e crescimento econômico.

Prioridade de saúde pública

O projeto colaborativo inclui especialistas do Escritório Sub-regional de Coordenação de Programas da OPAS/OMS para o Caribe, a Unidade de Saúde Mental e Uso de Substâncias e seu Centro Colaborador para Pesquisa e Treinamento em Saúde Mental da McGill University e o Douglas Mental Health University Institute.

O diretor de Programa Sub-regional da Opas no Caribe disse que a prevenção de distúrbios emocionais e comportamentais continua sendo uma prioridade da saúde pública global.

Dean Chambliss afirma que as abordagens psicológicas, comportamentais e sociais baseadas em evidências contribuem significativamente para a saúde mental positiva, reduzindo comportamentos de risco, transtornos mentais, automutilação e suicídio.

Diminuição do estigma

Já o chefe da Unidade de Saúde Mental e Uso de Substâncias da Opas, Dr. Renato Olivera e Souza, ressalta que a alfabetização em saúde mental diminui o estigma em torno dessa condição.

Além de aumentar a compreensão de professores e alunos sobre como otimizar e manter uma boa saúde mental, e apoiando aqueles que procuram ajuda.

De acordo com a Opas, há planos de traduzir a publicação para outros idiomas para incentivar o público leitor.

 

Recurso educativo – A Vida Social das Coisas : Da Resistência à Liberdade

Fevereiro 11, 2023 às 4:00 pm | Publicado em Recursos educativos | Deixe um comentário
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Visualizar o recurso educativo aqui

Plano Nacional de Cinema. 200 mil alunos já viram filmes em ‘streaming’

Fevereiro 3, 2023 às 12:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia do Notíciasaominuto de 5 de janeiro de 2023. 

Os números avançados por Elsa Mendes acompanham a evolução do PNC, que “cresceu de forma extraordinária nos últimos dois anos”, disse a responsável na sessão de apresentação do Plano Local de Cinema de Leiria, que decorreu no mimo – Museu da Imagem em Movimento.

“A missão principal do PNC é trazer os alunos ao cinema, às salas, aos festivais de cinema. A plataforma de ‘streaming’ é um complemento a isso e, desde que a inaugurámos para uso exclusivo das escolas, o sucesso tem sido extraordinário”, sublinhou.

Desde o final do ano letivo de 2021, a ferramenta levou, em contexto escolar, “cinema português e algum cinema internacional” a alunos dos 18 distritos de Portugal, das duas regiões autónomas, “e também das escolas portuguesas nos países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa”.

“Duzentos e cinquenta mil jovens espetadores são números interessantes em termos do cinema português. A média que um filme português faz [em sala] são 10 mil espetadores e já é um filme que faz muito. Alguém um dia destes vai ter de levar mais a sério e estudar o que se passa nas plataformas ‘streaming'”, defendeu a coordenadora do PNC. 

Em Leiria, Elsa Mendes classificou o PLC (Plano Local de Cinema) do concelho como “um projeto único” e “de louvar, para as áreas da cultura e da educação”.

“No ano passado o PLC estava a dar os primeiros passos. Vemos agora que há frutos que já se começam a colher”, disse, realçando a articulação e interesse do programa educativo hoje apresentado para Leiria, que contempla mais de 60 atividades envolvendo dez agrupamentos escolares e escolas não agrupadas e nove instituições e iniciativas de âmbito cultural, social, educativo e ambiental.

O PLC de Leiria revela-se “um importante contributo” para a missão do PNC, que pretende estender-se a todo o país: 

“Neste momento temos 550 escolas e os agrupamentos são 850. A toda a altura estão a entrar mais escolas para o projeto”.

“É muito importante termos pequenas equipas de professores que mostram sistematicamente, e não de forma avulsa, cinema aos alunos – e principalmente cinema português. É assim que estamos a criar público para o cinema e público cinéfilo. Estamos a formar o público de amanhã”, acrescentou a responsável do PNC.

https://pnc.gov.pt/

 

Intervenção em contexto de escola. Não é só porque sim, ou porque não

Janeiro 26, 2023 às 12:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Texto do Estrelas & Ouriços 

Opinião | Judite Ferreira, Técnica Superior de Educação Especial e Reabilitação

O que acontece quando uma criança precisa de suporte terapêutico? E se a intervenção fosse em contexto escolar? Entenda a importância do trabalho colaborativo entre pais, terapeutas e professores.

Todos os pais têm uma vida atribulada: as suas atividades profissionais, a gestão doméstica e familiar, a escola e as atividades extracurriculares das crianças, as atividades que os pais também têm direito a ter para si próprios, o tempo em casal… Tudo é importante, tudo é necessário, tudo é difícil. E nada é novidade.

Quando a estas situações acresce uma criança que por alguma razão necessita de suporte terapêutico, as dificuldades aumentam. Pelo tempo despendido ao levar e permanecer nas terapias (sim, porque os pais devem permanecer e participar nas terapias) e por toda a gestão que isso implica. Quem não passa pela situação poderá afirmar: é como uma outra atividade extra. Mas quem passa pela situação sabe que não o é. De todo. É gerir a vida familiar de forma a saber quem será a pessoa mais indicada para ir com a criança à terapia, é reunir informação para trocar com a terapeuta, é partilhar a informação entre os vários intervenientes, é tentar que a criança esteja bem para que a sessão seja produtiva, entre muitas e variadas outras razões.

É aí que muitas vezes se levanta a hipótese: e se a intervenção fosse em contexto de escola? Seria mais fácil para a família. Sim, seria. Mas seria mais produtiva? Depende das situações.

Uma intervenção em contexto não deverá ser a opção escolhida tendo como argumento único o facilitar as deslocações aos pais, se bem que, por vezes, também é necessário ter este ponto em atenção. Deve compreender-se que uma intervenção terapêutica não se restringe ao momento da terapia em si. Não é esse tempo que fará diferença na vida da criança, principalmente se ela tiver dificuldade em generalizar as aquisições para outros contextos. O importante é ela aplicar as aprendizagens nas variadas situações do seu dia a dia. Daí a importância do trabalho colaborativo entre todos e a participação ativa dos pais nas sessões. Este é o ponto principal para que os pais estejam presentes nas terapias.

Então, se a intervenção for em contexto escolar, ganha-se na articulação com os elementos da escola. Claro que sim. Importantíssimo. Principalmente quando compreendemos o número de horas que as crianças passam na escola. No entanto, não fará sentido uma intervenção terapêutica decorrer no contexto educativo se não houveram dificuldades/problemas neste mesmo contexto. O objetivo desta forma de intervenção é o desenvolvimento de um trabalho de colaboração/suporte entre terapeuta e professores/educadores/técnicos para que a criança tenha as mesmas oportunidades que os pares e explore todo o seu potencial.

E aqui chegamos a uma nova questão. Deverá a intervenção ocorrer de uma forma individualizada ou integrada na sala?

Mais uma vez não existe uma resposta única, devendo cada caso ser analisado de forma individual. Há crianças que necessitam de um trabalho individualizado para uma maior consistência das aprendizagens com o intuito de posteriormente proceder à transição para o contexto de grupo. Outras crianças necessitam que o suporte ocorra diretamente no momento de grupo, integradas com todos os colegas. O que nunca deverá acontecer é uma intervenção individualizada, sem trabalho de colaboração entre todos os elementos envolvidos. Todos devem estar conscientes dos objetivos a serem trabalhados e estratégias a implementar. Só desta forma o trabalho de equipa faz sentido e só assim se observam resultados: a evolução da criança.

A intervenção em contexto de escola não é “apenas” para facilitar a vida aos pais ou para “ter mais uma pessoa na escola”. É uma intervenção que deverá ser cuidadosamente analisada e implementada, devendo ter-se em atenção as seguintes premissas:

Terapeuta, elementos do contexto educativo e pais devem ter bem delineado entre todos, quais os objetivos para que a intervenção ocorra no contexto de escola. Os pais passam a não estar presentes fisicamente nas sessões, mas devem continuar a fazer parte das mesmas;

Deverá haver sempre uma continuidade dos objetivos delineados, tanto na escola como em todos os contextos de vida da criança;

Ter sempre em consideração que ao optar-se pela intervenção em contexto de escola não quer dizer que seja a forma mais adequada para todo o tempo de intervenção, ou seja, a intervenção em contexto poderá ocorrer apenas num momento ou em momentos específicos do desenvolvimento da criança.

Decisão com base na individualidade

A resposta em massa nunca foi nem nunca será uma resposta adequada. Não respeita a individualidade de cada um e como tal não proporciona as mesmas oportunidades a todos.

A decisão da intervenção em contexto, assim como os moldes em que deverá decorrer, segue os mesmos parâmetros. Muitas vezes não existe o certo e o errado. Existe o mais acertado.

Judite Ferreira, Técnica Superior de Educação Especial e Reabilitação

 

Não são só os jovens a dar pontapés na gramática. “Cada vez se escreve pior, porque as pessoas leem cada vez menos”

Janeiro 23, 2023 às 6:00 am | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia do MAGG de 18 de setembro de 2019. 

Lúcia Vaz Pedro é professora há mais de 25 anos e lançou um livro cheio de humor para ensinar os jovens a ler e a escrever em bom português.

Numa das centenas de aulas que Lúcia Vaz Pedro deu ao longo dos últimos 25 anos, enquanto professora de Língua Portuguesa, foi confrontada com uma resposta caricata de um aluno. À questão “qual a função do apóstrofo?”, um dos miúdos respondeu prontamente: “Os apóstrofos são os discípulos de Deus e andavam sempre com ele”.

Apesar de ser complicado conter os risos com esta resposta, a mesma é elucidativa do quão mal as crianças, jovens e até adultos escrevem, falam, e compreendem o português nos dias de hoje. E embora existam muitas distrações na sociedade atual, das redes sociais às apps e jogos, a professora de 51 anos encontra uma razão para tal infeliz fenómeno.

“Cada vez se escreve pior, porque as pessoas leem cada vez menos”, diz Lúcia Vaz Pedro à MAGG, numa conversa a propósito do lançamento de “Camões Conseguiu Escrever Muito para Quem Tinha Só um Olho…”, um novo livro pedagógico e prático, mas recheado de humor, que chega às livrarias esta quarta-feira, 18 de setembro.

Com mais de 30 livros publicados, entre romances, livros infantis e escolares, a professora de Língua Portuguesa, que leciona na Escola Inês de Castro, em Vila Nova de Gaia, utiliza o humor para chegar aos alunos.

E o humor está presente não só no tom descontraído deste livro, onde relata os pontapés na gramática e os erros dos mais novos, com a devida explicação, mas também dentro da sala de aula — até porque acredita que é possível rir enquanto se ensina a falar e a escrever em bom português.

“À semelhança de Gil Vicente, gosto muito da lógica de utilizar o cómico para ensinar os outros, a tal história do ‘a rir se criticam os costumes’. Acho que utilizando o humor é mais fácil conseguir atingir determinados objetivos pedagógicos”, salienta a professora, que também acredita que o humor pode ser uma ferramenta para recuperar nos jovens o gosto pela leitura e pela língua.

ara Lúcia Vaz Pedro, que leciona alunos do 7.º ao 12.º ano de escolaridade, “atualmente, é muito difícil ensinar e fazer com que os alunos aprendam. Eles não têm noção do que estão a responder porque nem leem a questão, fazem-no superficialmente e com dificuldades em aprofundar o sentido do texto e perceber aquilo que lhes é pedido. Respondem a primeira coisa de que se lembram”.

Assim, a professora acredita que têm de ser usadas “estratégias e metodologias diferentes” para chegar aos alunos. Lúcia Vaz Pedro assume que o facto de estes se rirem de si próprios, ao verem no livro muitas das respostas que já deram ou ao identificarem-se com as mesmas, pode fazer com que a informação correta, que está obviamente presente nas mesmas páginas, chegue “de uma forma lúdica, mais leve e solta”.

Os livros estão fora de moda?

Apesar de a oferta literária em Portugal ser vasta e de grande qualidade, os miúdos leem cada vez menos. Mas porquê? “Cada vez temos mais livros, com muita qualidade, muitos escritores, mas as crianças e os jovens têm outros veículos de informação e entretenimento mais apetecíveis”, salienta Lúcia Vaz Pedro.

Para a professora, os computadores, os telemóveis, os jogos de consola e tablets, entre outros, “são veículos de distração”, e longe de serem os melhores: “É que não estamos a falar de brincadeiras de rua ou de brincar às casinhas, que são atividades que os ajudam a socializar, a falar uns com os outros. Estas distrações atuais fazem com que os miúdos fiquem cada vez mais isolados no mundo deles, e nem sequer aprendam a comunicar”.

Mas as plataformas digitais e os ecrãs não são os únicos culpados para este distanciamento dos mais jovens com a leitura. “Os filhos imitam os pais. Quando eu era criança e adolescente, estava ansiosa por chegar a casa e ler, e muito porque esse hábito me foi incutido pelos meus pais. Ambos liam muito, e o meu pai chegava a dizer-me que livros eu devia ler primeiro, por grau de dificuldade, e fazia-me sempre perguntas detalhadas depois de eu terminar, para ter a certeza que eu tinha mesmo lido”, recorda a professora.

E os benefícios da leitura vão muito além do entretenimento. “São muitas as vantagens”, salienta a educadora. “Conseguimos ter mais reconhecimento do mundo, de outras culturas. É possível desenvolver a expressão oral, escrita, a compreensão, para além de enriquecermos o nosso vocabulário. Mesmo a nível profissional, os livros são uma forma de desenvolver conhecimentos em áreas especificas, desenvolver competências linguísticas.”

Lúcia Vaz Pedro acredita que o facto de os adultos também lerem cada vez menos faz com que, por consequência, as crianças também não o façam: “É verdade que os tempos são outros, que hoje em dia há muita corrida, que os pais não têm tempo e que chegam a casa sempre aflitos para dar banhos, fazer o jantar, etc.. Mas mesmo quando têm esse tempo, preferem outras coisas que não os livros e claro que os miúdos vão fazer o mesmo”.

Para além de tentarem incutir este hábito nos filhos, a professora também acha que os pais têm de ter mais tempo para as crianças. “As famílias têm de falar, conversar, fazer refeições sem uma televisão ou telemóveis. Perdeu-se o hábito de conversar”, lamenta.

“A Língua Portuguesa é transversal e a disciplina mais importante do currículo”

Para além de um bom português, falado e escrito, ser extremamente importante para a disciplina de Língua Portuguesa, as possíveis dificuldades das crianças e jovens com esta matéria pode afetar outras aulas. “A Língua Portuguesa é transversal e a disciplina mais importante do currículo, pois é através desta que se veicula toda a informação”, refere Lúcia Vaz Pedro.

Apesar de sempre dividirmos as pessoas como “as de letras e as de números”, ser mau nas aulas de Português pode levar exatamente ao mesmo resultado nas de Matemática, por exemplo.

A autora salienta que os alunos “não compreendem os sentidos das questões, não sabem o que é enumerar, por exemplo” e, muitas vezes, Lúcia Vaz Pedro acaba por se articular com a professora de Matemática para explicar aos alunos o sentido de determinadas coisas. “O mau português afeta muitas outras áreas.”

No livro que acaba de lançar, a professora de Língua Portuguesa refere muitos exemplos destas dificuldades. Num dos capítulos, Lúcia Vaz Pedro recorda a resposta de um aluno a uma questão matemática: colocada a pergunta “a altura de um jogador de basquetebol é de 180 centímetros. Qual é a sua altura em metros?”, o jovem respondeu “a minha é 1,72 metros”.

Dando outro exemplo ilustrativo das dificuldades dos alunos em compreender o que lhes é pedido, uma outra criança não percebeu uma questão geométrica. No enunciado, podia ver-se a representação das figuras geométricas de um triângulo, um quadrado e um retângulo. “Observe as figuras geométricas e dê-lhes nomes”, pedia o exercício. “Paulo, Pedro e Patrícia” foi a resposta do aluno.

Lúcia Vaz Pedro também recusa a ideia de que o Novo Acordo Ortográfico seja o culpado das dificuldades dos alunos, ou de um pobre português: “Isso não tem nada que ver, cada vez se escreve pior porque as pessoas não leem. E não são só as crianças, os adultos também escrevem mal. São as mensagens escritas sem cuidado, as redes sociais. Se fizermos uma breve pesquisa nestas redes, vemos coisas muito graves, que me deixam com os cabelos em pé. Não há o mínimo de preocupação em escrever bem, é assustador”.

Para a professora, o veredito é simples: “Entramos num restaurante e vemos um grupo de pessoas à mesa todas em silêncio, com o telemóvel nas mãos. As pessoas não sabem falar, não se sabem exprimir bem, sabe porquê? Porque não se conversa”.

(artigo publicado em 2019)

 

Principais consequências do peso das mochilas nas crianças

Janeiro 18, 2023 às 8:00 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentário
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Texto do SNS 24 de 27 de dezembro de 2022.

O peso das mochilas das crianças é um assunto importante para pais, educadores e profissionais de saúde. O transporte de mochilas com peso excessivo (superior a 10% do seu peso corporal) pode ter implicações negativas na saúde.

Existem estudos sobre esta matéria?
Diferentes estudos indicam que mais de metade das crianças em idade escolar transportam mochilas com peso excessivo.

Quais as recomendações para o peso das mochilas?
A Organização Mundial da Saúde recomenda que as crianças e jovens em idade escolar (6 aos 18 anos) carreguem mochilas apenas com menos de 10% do peso do seu corpo.

Ou seja, se uma criança pesar 30 quilos, a sua mochila não deve ultrapassar os 3 quilos.

Porque se transportam mochilas tão pesadas?
As mochilas são pesadas porque transportam livros, cadernos, material escolar, vestuário e calçado para educação física, entre outros.

O problema está só no peso das mochilas?
Não. Está também relacionado com:

  • o formato da mochila
  • não usar a mochila corretamente (usar a mochila apenas num ombro)

Quais são as consequências do peso das mochilas?
As crianças em idade escolar estão numa fase de crescimento e é nesta fase que a muitos dos problemas posturais aparecem. Usar, repetidamente, uma mochila demasiado pesada numa idade precoce pode contribuir para o aparecimento de dores, particularmente ao nível dos ombros, do pescoço e da região lombar.

As principais consequências são:

  • curto prazo: dores de costas e de pescoço
  • médio prazo: alteração da marcha e postura
  • longo prazo: lesões degenerativas da coluna que alteram o crescimento do corpo

Quais são as possíveis soluções?
Os pais e encarregados de educação desempenham um papel primordial na questão da redução do peso das mochilas. Sugere-se que orientem as crianças no sentido de escolher materiais mais leves, bem como supervisionar a preparação da mochila de acordo com o horário escolar.

Deve-se:

  • optar por mochilas de rodinhas
  • usar a mochila carregada à altura do dorso (parte média das costas)
  • usar a mochila nas costas o mínimo de tempo possível
  • distribuir adequadamente o material escolar dentro da mochila, colocando o conteúdo mais pesado junto às costas
  • colocar na mochila apenas o material necessário para o dia em causa
  • não levar para casa manuais que não são necessários, deixando-os, por exemplo, em cacifos nas escolas
  • usar dossiês em substituição de cadernos, para poder escrever em folhas que vão sendo arquivadas
  • usar as duas alças da mochila

É ainda aconselhado aos profissionais de saúde abordar a temática do excesso de peso das mochilas durante as consultas de vigilância de saúde.

Perante o problema, foram adotadas medidas pelo Governo?
Sim. No final de outubro de 2017, o Parlamento aprovou um projeto de resolução que inclui 11 medidas para diminuir o peso das mochilas escolares.

Entre as 11 medidas aprovadas estava:

  • a ponderação de um mecanismo de certificação das mochilas
  • ações formativas para esclarecer os alunos da forma mais adequada para organizar e transportar a mochila
  • a implementação de salas fixas para cada turma de modo a evitar que as crianças tenham de carregar as mochilas durante os intervalos letivos
  • a disponibilização de cacifos
  • a possibilidade de os livros serem produzidos com um papel com uma gramagem mais leve
  • a utilização gradual de recursos digitais

Também a Direção-Geral da Saúde identificou no Programa Nacional de Saúde Escolar de 2015 o peso excessivo das mochilas como um fator determinante para as doenças musculoesqueléticas, que representam uma elevada carga de doença nas crianças em idade escolar.

Fonte: Biblioteca de Literacia em Saúde

 

Quase um quarto dos alunos abandona cursos superiores profissionais

Janeiro 18, 2023 às 6:00 am | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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publico

 

Notícia do Público de 10 de janeiro de 2023. 

Falhas na orientação vocacional e atracção do mercado de trabalho ajudam a explicar fenómeno. “Via verde” para diplomados do ensino profissional continua com pouca procura.

Samuel Silva

Quase um quarto dos alunos inscritos em cursos técnicos superiores profissionais (Ctesp) abandonaram os estudos antes de concluírem estas formações, que duram dois anos e são oferecidas em exclusivo no sector politécnico. Os responsáveis das instituições e os estudantes concordam que há falhas na orientação vocacional e alguns alunos acabam em cursos de que não gostam. O mercado de trabalho é, para muitos, mais atraente do que a formação no curto prazo.

Os dados mais recentes dizem respeito ao ano lectivo 2020/21 e foram divulgados pela Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC) no mês passado. Em 2020/21, 24% dos estudantes inscritos pela primeira vez no primeiro ano dos Ctesp já não se encontrava no ensino superior no ano seguinte. Este é o indicador oficial mais fiável e que tem sido usado para medir o abandono escolar no ensino superior. No mesmo ano, a taxa de abandono nas licenciaturas fixou-se nos 11%.

Os números da DGEEC revelam que houve um aumento do abandono nos dois anos lectivos atingidos pela covid-19: a taxa foi de 19% em 2019/20, ao passo que, nos dois anos anteriores, ficou em 17%. “Não se pode deixar de considerar os efeitos da pandemia”, contextualiza o presidente da Federação Nacional de Associações de Estudantes do Ensino Superior Politécnico (FNAEESP), João Pedro Pereira, mas o abandono nos Ctesp já antes era elevado.

O dirigente aponta falhas na orientação vocacional nas escolas secundárias e profissionais, que fazem com que muitos dos seus colegas “acabem em cursos de que não gostam”. “Alguns são quase empurrados pelos seus professores para fazerem um Ctesp só porque isso lhes dá acesso a mais um estágio”, comenta ainda o presidente da FNAEESP. Os dados da DGEEC mostram que, além dos 24% de alunos que desistem de estudar, há mais 9% que optam por mudar de curso um ano após o início da formação.

A presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), Maria José Fernandes, concorda que existem problemas na orientação destes alunos. “Muitos deles não sabem ao certo o que pretendem fazer”, admite esta responsável, defendendo que as instituições de ensino superior devem trabalhar melhor no acompanhamento dos alunos.

O acesso aos Ctesp é feito por concursos locais. Ou seja, os alunos candidatam-se directamente junto do politécnico onde pretendem estudar, ao contrário do que acontece nas licenciaturas, às quais a maioria dos estudantes acede através do concurso nacional de acesso, que é centralizado.

As soluções para os problemas de orientação e abandono dos Ctesp devem, por isso, “ser tomadas localmente”, defende Maria José Fernandes. Por exemplo, o Instituto Politécnico do Cávado e do Ave, que dirige, colocou, na página de candidaturas aos cursos técnicos superiores do seu site, um questionário acerca dos interesses dos alunos, destinado a dar-lhes algum tipo de orientação nas escolhas.

Aos problemas com a orientação vocacional, junta-se a “concorrência” das empresas, sobretudo no caso dos alunos que chegam aos Ctesp com um diploma do ensino profissional nas mãos. “Da maneira que está o mercado de trabalho, é fácil arranjar um emprego e isso desvia estes estudantes”, considera a presidente do CCISP, uma posição secundada pelo líder da FNAEESP e também pelo presidente da Comissão Nacional de Acesso ao Ensino Superior (CNAES), Fontainhas Fernandes.

Competição interna

Os Ctesp, com a duração de dois anos, são uma oferta de ensino superior com uma componente prática, implicando sempre um período de trabalho em contexto de empresa. Foram introduzidos em 2014/15 e, desde então, não têm parado de crescer. No ano lectivo 2020/21, ao qual dizem respeito os dados divulgados pela DGEEC, havia 9394 estudantes inscritos nestas formações, mais 841 do que no ano anterior. No ano lectivo em curso, foram colocados 9840 alunos, segundo dados disponibilizados ao PÚBLICO pelo CCISP. Foram ocupadas 76,4% das vagas disponíveis num total de 507 cursos.

Ao contrário dos Ctesp, que têm tido procura crescente, o concurso especial de acesso para diplomados em vias profissionalizantes, introduzido em 2020 para facilitar ao acesso a uma licenciatura dos alunos do ensino profissional, continua a ter pouca procura.

Matricularam-se no ensino superior 874 estudantes por esta via, neste ano lectivo. Ou seja, foram ocupadas pouco mais de um terço (35,8%) das vagas existentes. Também este ano, houve cerca de 4500 diplomados do ensino profissional a entrar numa licenciatura através do concurso nacional de acesso, que os obriga a fazer exames nacionais sobre matérias que podem não ter estudado nos seus cursos.

A maioria dos alunos do Ctestp são provenientes do ensino profissional e muitos (cerca de 1600 no ano passado) acabam por prosseguir estudos para uma licenciatura, apesar de não terem sido originalmente criados com esse intuito. Por isso, o ingresso nos cursos técnicos superiores e o concurso especial para as vias profissionalizantes acabam por “concorrer entre si” pelos mesmos alunos, admite a presidente do CCISP, Maria José Fernandes.

A líder dos politécnicos entende, ainda assim, que as duas vias devem continuar a coexistir. Para isso, é necessário “melhorar a articulação do ensino secundário e profissional com o ensino superior” e fazer uma “maior divulgação” do concurso especial destinado aos diplomados dos cursos profissionais, entende.

Estas eram também as recomendações feitas ao Governo, no Verão, por um grupo de trabalho, nomeado ainda pelo anterior ministro, Manuel Heitor, sobre o acesso ao ensino superior, e que foi liderado pelo presidente da CNAES, Fontainhas Fernandes.

O ensino superior nacional “precisa de atrair mais alunos do ensino profissional”, até para compensar os efeitos da quebra demográfica no número de estudantes que fazem uma licenciatura, considera aquele responsável. O caminho deve “passar por uma especialização” das instituições de ensino superior, que tenha em conta as características das regiões onde se localizam.

 

 

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