Encontro “Dia Municipal para a Igualdade” 30 outubro em Reguengos de Monsaraz
Outubro 25, 2023 às 4:19 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentárioEtiquetas: Direitos da Criança, Dulce Rocha, Encontro, Equidade, Igualdade de Género, Instituto de Apoio à Criança, Proteção de crianças e jovens, Reguengos de Monsaraz
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Sucesso educativo dos alunos europeus permanece associado ao contexto socioeconómico
Setembro 15, 2023 às 6:00 am | Publicado em Relatório | Deixe um comentárioEtiquetas: Abandono escolar precoce, Alunos, Comissão Europeia, Desempenho Escolar, Diferença de Género, Educação, Equidade, Escolaridade, Estatuto socioeconómico, Políticas Educativas, Relatório, União Europeia
Texto da Escola Virtual
Nenhum sistema educativo é capaz de dissociar o desempenho escolar dos alunos do seu estatuto socioeconómico, constata a Comissão Europeia. Aos 15 anos, os jovens europeus mais carenciados têm uma probabilidade seis vezes maior de insucesso, por comparação aos colegas privilegiados.
O abandono escolar precoce é um dos sinais de falta de equidade nos sistemas educativos da União Europeia (UE), apesar de continuar a descer. Em 2021, a média europeia situava-se nos 9,7%, o que, segundo os autores do estudo, coloca os países no bom caminho para atingirem os 9% até 2030. A Comissão Europeia destaca ainda que os alunos cujos pais têm um baixo nível de escolaridade e que têm nove vezes mais probabilidade de estar fora da escola. Por comparação aos jovens cujos pais têm níveis mais elevados de instrução.
De acordo com a Comissão Europeia (CE), são já vários os estudos nacionais que mostram uma correlação positiva entre o conhecimento sobre a disciplina, por parte dos professores, e as notas obtidas pelos alunos. Todavia, em vários países é iminente o uso de uma força de trabalho não qualificada. Os autores do último relatório “Education and Training Monitor 2022” (traduzido por Monitor da Educação e da Formação), defendem, no entanto, que os países devem recentrar as suas ações no combate ao abandono precoce “dos jovens desfavorecidos e mais difíceis de alcançar”.
Origem migrante
O aumento de alunos estrangeiros, que requerem atenção especial para se integrarem, contam-se entre os múltiplos fatores que, de acordo com vários estudos nacionais, explicam o abandono escolar em Malta. A taxa de abandono permanece acima da média da UE (10,7%, face a 9,7% em 2021). Mas teve uma das maiores descidas entre os países-membros: caiu 10,7 pontos percentuais desde 2010. A elevada percentagem de alunos de 15 anos com fraco aproveitamento, baixos níveis de bem-estar e o bullying são outras das causas.
Apesar de em Itália estar a cair, a taxa de abandono escolar precoce permanece uma das mais altas da UE. Sobretudo na região sul e entre a população migrante. Em 2021, 12,7% dos jovens entre os 18 e os 24 anos não estudavam, abaixo dos 13,1% que no ano anterior e seguindo a tendência de descida da última década. A resposta do Governo italiano tem sido o reforço do sistema de orientação vocacional na transição do 3.º ciclo para o ensino secundário.
Cerca de 15,3% dos jovens romenos, entre os 18 e os 24 anos, não tinham em 2021 o ensino secundário completo e estavam fora da educação e formação. A percentagem era igual à registada em 2019 e muito acima da média da UE. O abandono escolar precoce é “particularmente elevado entre os alunos Roma”. Apenas 22% dos jovens nesta faixa etária completaram o ensino secundário, contra 83,3% entre a população total. As disparidades regionais são substanciais: abandonam a escola antes do tempo 4,5% dos alunos que vivem em meios urbanos e 23,2% dos meios rurais.
Diferenças de género
O género é um fator determinante sobre quem completa e abandona os estudos. No Chipre, o abandono precoce de educação e formação está a subir desde 2015. Entre os jovens nascidos no estrangeiro a taxa é de 27,9% (21,5%, na UE), entre os nativos é de 3,9% (8,5% na UE), dados de 2021. O país tem uma das maiores taxas de pedido de asilo por habitante da UE. Entre os requerentes, a proporção de jovens dos 18 aos 34 anos é elevada, 62%, em 2018. Dois terços dos alunos que abandonam a escola são rapazes.
Na Estónia, os rapazes deixam de estudar, de forma precoce, duas vezes mais do que as raparigas. O baixo desempenho, no final do 3.º ciclo, é muito maior entre os rapazes. Os percursos educativos também diferem. Os rapazes escolhem com mais frequência o ensino profissional, enquanto as raparigas continuam no ensino secundário geral. Por essa razão, suplantam os rapazes entre os diplomados do ensino superior. A diferença entre géneros é das mais altas da UE (21,2%, face 11,1% da média da UE, em 2021).
Escolaridade dos pais
Em França, os resultados escolares dos alunos dependem em grande medida da situação socioeconómica dos pais. Muito mais do que em qualquer outro sistema educativo europeu, de acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). O contexto social e económico da família condiciona o acesso à educação e cuidados na primeira infância antes dos 3 anos. Também prediz o desempenho, na medida em que explica 17,5% da variação nas pontuações de leitura entre alunos favorecidos e desfavorecidos.
Há duas décadas que, na Alemanha, o contexto familiar e a origem migrante, impactam não só as notas, como a escolhas do percurso escolar dos alunos. Em 2022, uma análise nacional identificava três fatores de risco socioeconómico para o sucesso escolar: pais pouco qualificados, desemprego e pobreza familiar. Entre as crianças sem histórico migratório, 16% são afetadas por pelo menos um fator de risco e 1% pelos três. Entre as de origem migrante, as percentagens sobem para 48% e 8%, respetivamente. Em 2020, mais de 40% das crianças menores de 6 anos eram migrantes.
Diferenciação de percursos
O encaminhamento precoce para diferentes vias de ensino, a escolha da escola, a repetição de ano e o acesso limitado a professores experientes têm um efeito negativo sobre a equidade educativa na Bélgica. A diferenciação de percursos inicia-se aos 12 anos nas escolas germanófonas e flamengas. Cerca de 23% dos alunos repetem pelo menos 1 ano no ensino básico ou secundário na comunidade flamenga, 43% na comunidade francesa. O desempenho escolar e o contexto socioeconómico determinam a escolha da escola no 3.º ciclo e secundário.
A localização da escola é um dos fatores que influencia fortemente os resultados dos alunos, na República Checa. A elevada eletividade do sistema educativo faz com que os alunos desfavorecidos e com baixo desempenho se concentram em certas escolas. Os alunos privilegiados superam os colegas desfavorecidos em 148 pontos no PISA, o equivalente a cerca de 3 anos de escolaridade (130 pontos é a média da UE). O encaminhamento precoce de 10 a 25% dos alunos – normalmente de nível socioeconómico mais elevado – para escolas secundárias com vários anos de escolaridade (do 7.º ao 12.º ano) contribui para o agravar das diferenças entre escolas.
Na Suécia, os estudos mais recentes sugerem que a escolha da escola leva a uma segregação crescente dos alunos com base no país de nascimento e no nível de educação dos pais. Os alunos mais privilegiados (também entre os alunos de origem migrante) estão a ser matriculados com mais frequência nas escolas independentes. Um inquérito, de 2021, realizado a 690 diretores de escolas de 3.º ciclo confirmou a crescente segregação das escolas. Em 2022, a Inspeção Escolar Sueca, descobriu, na maioria das escolas independentes critérios de candidatura adicionais não declarados.
Na Polónia, uma elevada percentagem de alunos com deficiência continua em contextos educativos segregados, apesar de a legislação consagrar a escola inclusiva. Entre 2010 e 2018, aumentou o número de alunos com necessidades educacionais especiais (NEE) nas escolas regulares, mas o nível de segregação e as disparidades no desempenho educativo permanecem elevados. Cerca de 46% dos alunos com NEE no ensino primário frequentavam o ensino regular, 19% estavam em classes inclusivas e 33% em escolas primárias especiais.
Cuidados de infância
As desigualdades não surgem, nem se esgotam na adolescência. Os cuidados de infância e a educação pré-escolar são, no entanto, “um dos principais fatores que contribuem para a equidade se abrangerem as crianças provenientes de meios socioeconómicos desfavorecidos”, lê-se no relatório da rede Eurydice.
Na Áustria, a frequência de creches abaixo e acima dos 3 anos de idade é inferior à média europeia. E piora entre as crianças mais desfavorecidas ou de origem migrante. Proporcionar a estas crianças a aprendizagem da língua alemã, o mais cedo possível, é crucial, diz a CE. E também beneficiaria 16% das crianças cujo alemão é a sua primeira língua. A participação na educação e cuidados na primeira infância, sobretudo entre as crianças desfavorecidas com menos de 4 anos, é baixa na Grécia.
Disparidades regionais
Em Portugal, os dados disponíveis indicam que os alunos de contextos socioeconómicos desfavorecidos, que recebem Ação Social Escolar, têm mais dificuldades que os seus pares. No entanto, a CE, diz que as desigualdades educativas são menos acentuadas do que nos restantes países da UE. Mas as disparidades regionais e os elevados níveis de reprovação, são desafios. “Portugal tem um quadro abrangente de educação inclusiva, mas a inclusão continua orientada principalmente para os alunos com necessidades educativas especiais”, lê-se no relatório.
O sistema educativo da Lituânia é marcado por uma divisão regional. A participação nos cuidados para a infância tende a ser menor nas áreas rurais, e os resultados dos alunos são marcados por um fosso urbano-rural significativo. A taxa de abandono escolar precoce é quase quatro vezes superior nas zonas rurais (8,2%, em 2021) do que nas zonas urbanas (2,2%). Também a taxa de conclusão do ensino superior para pessoas com idades compreendidas entre os 25 e os 34 anos é muito inferior: 43,6%, nas zonas rurais face a 70,6%, nas zonas urbanas, de acordo com dados de 2021.
Fracas competências básicas
No PISA de 2018, mais de 50% dos jovens desfavorecidos, da Eslováquia, mostraram não ter competências básicas (51,9%), face a 1% dos mais favorecidos. A percentagem de alunos do 3.º ciclo e ensino secundário com baixos níveis de competências básicas está significativamente acima da média da UE (31% vs. 22,5% em leitura, 29% vs. 22,3% em ciências e 25% vs. 22,9% em matemática). Além disso, os alunos com fraco desempenho e desfavorecidos estão, muitas vezes, concentrados nas mesmas escolas.
Na Finlândia, a falta de equidade vê-se na descida do número de alunos que concluem o ensino secundário no tempo esperado. No ano letivo 2019/2020, 6,8% dos alunos dos cursos profissionais descontinuaram os estudos e não os retomaram. Essa proporção era de 3,6% para os alunos do ensino secundário geral. 21% dos estudantes não concluem o ensino secundário geral nos 3 anos e meio previstos. E, após 4,5 anos, 11% ainda não concluiu. Espera-se que o aumento da escolaridade obrigatória de 16 para 18 anos, em 2021, tenha um impacto positivo neste aspeto.
Falta de professores qualificados
A crescente escassez de professores qualificados no pré-escolar, ensino básico e secundário, pode prejudicar a qualidade da educação na Dinamarca. Até 2030 são precisos 13.100 professores. A CE sublinha que os resultados escolares “são altamente dependentes da disponibilidade de uma força de trabalho docente bem treinada e motivada”. No entanto, 16% do pessoal docente no 1.º, 2.º e 3.º ciclos carece de formação de professor e o mesmo acontece a 33% dos educadores em funções.
Também a Hungria está a braços com a escassez de professores sobretudo às disciplinas de Matemática, Ciências, Línguas Estrangeiras, mas também para lecionar no ensino profissional e em escolas localizadas em territórios desfavorecidos. Em 2020, 46% dos professores tinham 50 anos ou mais. A escassez de auxiliares aumenta a carga dos professores que precisam de lidar com alunos com necessidades educativas especiais, problemas psicológicos ou socioeconómicos. Em média, há 1 assistente operacional para 17 professores, enquanto a média da OCDE é de 1 para 12.
ANDREIA LOBO
É jornalista especializada em educação desde 2007, e nos últimos anos tem colaborado na produção de conteúdos do EDULOG, o think tank para a educação da Fundação Belmiro de Azevedo. Integrou projetos de investigação e divulgação científica nas áreas da educação para os media e da aprendizagem da leitura e da escrita. Antes, trabalhou em meios de comunicação social como o jornal A Página da Educação e o portal EDUCARE.PT.
Ligação à natureza torna as crianças mais felizes – estudo
Março 5, 2020 às 12:00 pm | Publicado em Estudos sobre a Criança | Deixe um comentárioEtiquetas: Altruísmo, Artigo, César Octavio Tapia-Fonllem, Comportamentos sustentáveis, Crianças, Desenvolvimento Sustentável, Equidade, Estudo, Felicidade, Frontiers in Psychology, Laura Berrera-Hernández, México, Mirsha Alicia Sotelo-Castillo, Natureza
Notícia da LUSA de 26 de fevereiro de 2020.
A ligação à natureza torna as crianças mais felizes e com comportamentos mais sustentáveis e ecológicos, indica um estudo hoje divulgado na revista “Fronteiras em Psicologia”.
O estudo, liderado por Laura Berrera-Hernández, do Instituto Tecnológico de Sonora, México, mostrou pela primeira vez que a ligação com a natureza deixa as crianças mais felizes, pela tendência para comportamentos virados para a ecologia.
Com as alterações climáticas a levarem a um aumento da temperatura média, destruição de habitats e extinção de espécies, investigadores estão a trabalhar na promoção de comportamentos sustentáveis e no desenvolvimento de cuidados ambientais nas crianças, os futuros “guardiões” do planeta.
Os investigadores dizem que o afastamento da natureza, chamado de “transtorno de défice de natureza”, pode contribuir para a destruição do planeta, já que é improvável que a falta de ligação com o mundo natural resulte no desejo de proteger esse mundo.
Berrera-Hernández explica que a ligação com a natureza não é apenas apreciar a beleza mas é também entender a inter-relação entre o ser humano e a natureza.
O estudo juntou 296 crianças entre os nove e os 12 anos, de uma cidade do noroeste do México. Todas as crianças se definiram em relação à ligação com a natureza e a comportamentos sustentáveis, e responderam a um questionário.
Os investigadores descobriram que, nas crianças, sentir-se ligado à natureza tinha associações positivas com práticas sustentáveis, e também levou as crianças a falar de níveis mais altos de felicidade.
Investigações anteriores com adultos também sugeriram uma relação entre a ligação com a natureza e o desenvolvimento de comportamentos pró-ambientais e a felicidade derivada desses comportamentos.
Apesar das limitações do estudo, que apenas testou crianças da mesma cidade, os resultados dão informações sobre o poder da psicologia positiva de sustentabilidade em crianças.
FP // ZO
Lusa/fim
O artigo citado na notícia é o seguinte:
Connectedness to Nature: Its Impact on Sustainable Behaviors and Happiness in Children
28% dos alunos frequentaram escolas públicas que usaram notas como critério de admissão
Maio 30, 2019 às 8:00 pm | Publicado em Relatório | Deixe um comentárioEtiquetas: Acesso à Educação, Alunos, Educação, Equidade, Escola, Escola pública, Estatística, Matrículas, OCDE, OECD, PISA 2015, Portugal, Relatório
Notícia do Público de 15 de maio de 2019.
O número de alunos em escolas privadas onde os directores admitem usar este critério dispara para 82%. Relatório da OCDE com dados do PISA 2015 é lançado nesta quarta-feira.
Os directores de escolas onde estavam inscritos 31% dos alunos portugueses em 2015 dizem que a performance académica dos estudantes é sempre tida em conta no momento da admissão dos alunos. A proporção é muito maior nos estabelecimentos de ensino privados (82%), mas os públicos também o fazem (28%). Os números são do relatório Balancing School Choice and Equity, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), produzido com base nos dados do PISA (Programme for International Student Assessment).
A questão foi assim colocada aos directores de 246 estabelecimentos de ensino (222 públicos e 24 privados) incluídos na amostra portuguesa do PISA 2015: “Com que frequência considera os seguintes factores no momento da admissão de alunos na sua escola?” Além do historial da performance académica, a OCDE aceitava outras hipóteses de resposta, como a recomendação vinda de outras escolas, a área de residência do estudante, a preferência dada a novos alunos que já têm outros familiares ali inscritos, por exemplo. Os directores podiam responder “nunca”, “às vezes”, ou “sempre”.
Não é só em Portugal que esta situação acontece. Em 2015, os países e economias da OCDE que participaram no PISA “tinham uma média de 40% dos estudantes inscritos em escolas em que os directores reportavam que o historial de performance académica (incluindo testes de admissão) era sempre tido em conta”, aponta a organização. Honk Kong (94%), Japão (93%), Tailândia (90%) e Hungria (89%) são os casos mais flagrantes.
O relatório da OCDE também avalia a evolução desta tendência recorrendo às edições do PISA de 2000 e 2009. Portugal é um dos 15 países onde a proporção de estudantes em “escolas selectivas aumentou significativamente” neste período.
“É um critério melhor do que a morada”
O presidente do Conselho de Escolas e director da Escola Secundária Eça de Queirós, José Eduardo Lemos, lembra que no período a que o documento se refere os critérios eram mais flexíveis. “Nessa altura era possível [considerar o desempenho escolar dos estudantes] no ensino secundário, uma vez que se permitia que a escola definisse os critérios. Além dos alunos com necessidades educativas especiais, todos os outros parâmetros podiam ser estabelecidos pela escola. As regras não eram tão rígidas como agora”, detalha ao PÚBLICO.
O professor defende que o desempenho escolar “é um critério melhor do que o da morada”, e admite que na sua escola, à entrada para o 10.º ano, este factor “valia mais” do que a área de residência.
Na verdade, a única coisa que mudou foi a posição em que o critério de desempate em que as notas podem ser consideradas surge. Actualmente, há uma série de outros critérios (nove) que têm de ser tidos em conta antes de quaisquer outros no momento de admitir os alunos na escola pública. A lista actualizada foi publicada em 2018. Há referências às necessidades educativas especiais das crianças, ao número de irmãos na escola, à área de residência e até ao facto de ser beneficiário de Acção Social Escolar. O desempenho escolar não aparece descrito no despacho, mas sabemos agora que é incluído nos regulamentos internos e que os directores de várias escolas admitiram que as notas foram factor de desempate.
Contactado pelo PÚBLICO durante o período de embargo do relatório e, por isso, antes de ter acesso ao documento, o presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas, Filinto Lima, sublinha que “todas as escolas são obrigadas a cumprir os critérios da lei”. Admite, porém, que “para eventuais vagas que possam sobejar após a aplicação de todos os critérios ou até como critério de desempate, [o recurso à performance académica] é possível”. Com uma condição: “Tem de ser aprovado em conselho geral. O director pode propor esse critério, mas só pode ser usado depois de todos os critérios legais serem esgotados.”
Mais estudantes fora da área de residência
Da análise dos resultados do PISA, a OCDE também conclui que, em 2015, os alunos eram “menos frequentemente alocados às escolas de acordo com regras baseadas na área de residência do que 15 anos antes”. E equaciona a hipótese de isso “intensificar a competição entre as escolas”, podendo resultar “numa maior triagem por capacidade [académica]”.
Em Portugal também terá sido esse o caso. Para o período em análise, o relatório mostra que cerca de 60% dos alunos estavam, em 2015, em escolas que usavam sempre o critério de residência. Em 2000, eram 75%.
Eduardo Lemos contextualiza a mudança: “No anterior Governo, a morada deixou de ser um factor decisivo.”
No documento, a OCDE diz-se preocupada com os efeitos da liberdade de escolha da escola. Algo que, por si só, “não garante nem prejudica a qualidade da educação”, mas que “pode levar a uma maior segregação por estatuto socioeconómico”.
Então como é que os estabelecimentos de ensino podem combinar a flexibilidade com a promoção de equidade no meio escolar, incentivando as escolas a “puxar” por todos os alunos? A OCDE deixa várias recomendações, como os “incentivos às escolas com alunos desfavorecidos, por exemplo, ponderando os fundos recebidos em relação ao perfil socioeconómico da população estudantil” e o “apoio direccionado às famílias desfavorecidas, não apenas oferecendo assistência financeira mas também promovendo a mobilidade através de transporte público adequado”.
O relatório citado na notícia é o seguinte:
Balancing School Choice and Equity : An International Perspective Based on Pisa
Chumbar um aluno custa 6000 euros, ensiná-lo a estudar só 87
Dezembro 1, 2018 às 1:00 pm | Publicado em Estudos sobre a Criança, Relatório | Deixe um comentárioEtiquetas: Abandono Escolar, Conselho Nacional de Educação (CNE), Educação, Ensino, Equidade, Estatística, Relatório, Retenção Escolar
Notícia do Público de 21 de novembro de 2018.
A cada ano, o chumbo de um aluno custa, em Portugal, cerca de 6000 euros. Esta é, entre as medidas que são usadas para combater o insucesso dos estudantes, a mais cara. É também pouco eficaz e, ao nível das aprendizagens, até faz o aluno regredir. Menos custoso, será ensinar os alunos a estudar, incentivar as tutorias entre as crianças e promover a aprendizagem por objectivos. O impacto dos diferentes tipos de abordagem no combate ao insucesso escolar foi adaptado para Portugal pelos investigadores do Aqeduto — um projecto de investigação para avaliação da qualidade e equidade em educação —, com base em estimativas feitas pela Education Endowment Foundation, uma organização independente inglesa criada em 2011 com o objectivo de promover as aprendizagens dos alunos mais carenciados.
Ensinar a estudar, dando feedback aos alunos sobre o seu desempenho em relação aos objectivos de aprendizagem estabelecidos, é a medida que tem um efeito mais positivo. Também está entre as mais baratas (87 euros). Aplicando-se estas práticas, os alunos ganham oito meses de progressos nas aprendizagens. É o que permite concluir a meta-análise de vários estudos internacionais (também feito pela Education Endowment Foundation e adaptado pelo Aqeduto) sobre os meses de aprendizagem que se ganham ou perdem com cada uma destas medidas em relação ao ano anterior à sua aplicação.
Entre as medidas que mais encargos representam surgem também as intervenções no pré-escolar, ou seja, promover aprendizagens estruturadas antes da entrada na escolaridade obrigatória. Custa cerca de 4389 euros. Promover o envolvimento e apoio dos pais também não é barato: cerca de 2633 euros. Já garantir o acompanhamento social e emocional das crianças representa um custo de 1755 euros por aluno a cada ano. Mas, apesar do custo, o impacto que estas medidas têm no sucesso escolar é positivo.
A retenção é a única, entre o conjunto de medidas estudadas, que tem um impacto negativo. Há um retrocesso estimado de quatro meses nas aprendizagens dos estudantes.
Há menos retenções
Em Portugal, “estamos a melhorar muito [os números da retenção]”, nota Maria Emília Brederode, presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE). No relatório que se intitula Estado da Educação 2017, que o CNE vai apresentar esta quarta-feira, em Lisboa, os números revelam que a taxa de retenção é a mais baixa da década em todos os ciclos de ensino.
Mesmo assim, é um processo que “está a demorar”. Para a presidente do CNE, que considera a retenção uma medida “cara e inútil”, há um “facilitismo” associado ao acto de chumbar. De facto, “dá mais trabalho se formos ver onde estão as dificuldades, que outras maneiras existem de organizar as escolas e a aprendizagem”, comenta. “Reduzir as retenções obriga-nos a repensar a maneira de intervir.”
Quanto à distribuição geográfica deste indicador, não há uniformidade ao longo do território. O Alto Tâmega e o Baixo Alentejo estão entre os lugares cimeiros em quase todos os anos de escolaridade. Regiões como o Alto Minho ou a Região de Leiria apresentam algumas das taxas de retenção mais baixas.
O 2.º ano apresenta números de retenção particularmente elevados. Em 2016/2017, 7,4% das crianças neste ano de escolaridade chumbaram. O mesmo aconteceu para os anos de transição de ciclo, como o 7.º (11,4%) e o 9.º (7%). Quando se analisa as idades dos alunos e se avalia a sua adequação com o ciclo de estudos que frequentam “subsiste um desfasamento que vai tomando maiores proporções à medida que se avança na idade e escolaridade”, lê-se no estudo do CNE. “Logo a partir do 1.º ciclo uma significativa percentagem de alunos apresenta um desfasamento etário de dois ou mais anos, que se vai acumulando ao longo dos três ciclos do ensino básico.”
Os números, diz a presidente do CNE, “chamam a atenção por mostrarem que é o próprio sistema de ensino que está desadequado”. Nesse sentido, sugere que seria benéfico repensar a organização dos ciclos de ensino. “Não temos uma proposta concreta, mas já houve várias”, nota. “A principal, e que é mais comum, é juntar estes dois anos [5.º e 6.º] ao primeiro ciclo.”
Avaliar a equidade
Uma novidade neste relatório é o capítulo exclusivamente dedicado à equidade na educação. Porquê focar neste tema? “É uma das dimensões essenciais de avaliação de um sistema educativo” e foi a forma encontrada de dar “importância àquilo que é feito”. Nesse sentido, o CNE fez um balanço dos programas que existem para fomentar a igualdade.
Um dos exemplos é o “Apoio mais — retenção zero”. Diz o CNE que, em 2016/2017, foram abrangidos os alunos do 8.º ano da Escola Básica Integrada de Ponta Garça, em São Miguel, e os do 6.º da Escola Básica e Secundária da Graciosa, ambas nos Açores. Durante este período foram aplicadas estratégias pedagógicas “inovadoras” (que o relatório não enumera) no âmbito das práticas, gestão de percursos escolares e apoio aos alunos. Resultado: todos os estudantes do 8.º passaram para o 9.º na escola de São Miguel. E 93% daqueles que estavam no 6.º na Graciosa transitaram para o ano seguinte.
Outro dado positivo que o relatório apresenta: nas 663 unidades orgânicas que integram o Programa Nacional de Promoção do Sucesso Escolar (PNPSE) registou-se uma descida da taxa de retenção e desistência do ensino básico entre 2015/2016 e 2016/2017, especialmente no 9.º ano (menos 2,4 pontos percentuais). O efeito deste programa também foi particularmente positivo no 2.º e 7.º ano, em que se registou um decréscimo de 1,8 e 1,7 pontos percentuais na taxa de retenção. A redução menos significativa aconteceu no 3.º e no 4.º ano.
A rede PNPSE cobre 82% do território nacional. Este programa foi lançado pela actual tutela e começou a ser aplicado em 2017. No âmbito deste plano as escolas elaboraram estratégias com vista à melhoria das aprendizagens principalmente nos anos iniciais de ciclo, que foram depois aprovados pelo ministério com vista ao reforço de meios para aplicar estas medidas. Foram abrangidos mais de 300 mil alunos dos vários ciclos.
O relatório citado na notícia é o seguinte:
Conferência “Promover a Equidade e a Inclusão na Escola de Hoje”
Maio 31, 2015 às 5:47 pm | Publicado em Divulgação | Deixe um comentárioEtiquetas: Centro de Formação Martins Sarmento, Conferência, Equidade, Escola Secundária Martins Sarmento, Inclusão Escolar
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