Vantagens de viver em cidades para o crescimento de crianças diminuíram no século XXI

Abril 19, 2023 às 6:00 am | Publicado em Estudos sobre a Criança | Deixe um comentário
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Notícia do Observador de 3 de abril de 2023.

Lusa

Um estudo, com participação portuguesa, analisou a altura e massa corporal de 71 milhões de crianças. No século XXI, o desenvolvimento saudável desta faixa etária diminuiu nas cidades.

As vantagens de viver em cidades para o crescimento e desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes diminuíram no século XXI, concluiu um estudo internacional divulgado esta segunda-feira.

“No século XX, em quase todos os países desenvolvidos, as crianças e adolescentes que viviam em meios urbanos eram mais altos comparativamente aos que viviam em áreas rurais. Este novo estudo determinou que, no século XXI, esta vantagem diminuiu na maior parte dos países como resultado das melhorias aceleradas na altura de crianças e adolescentes em áreas rurais”, revelou a coautora do estudo Cristina Padez.

A investigação, que foi realizada por um consórcio liderado pelo Imperial College London e envolveu mais de 1.500 investigadores e médicos, analisou dados de altura e Índice de Massa Corporal (IMC) de 71 milhões de crianças e adolescentes, dos 5 aos 19 anos, em áreas urbanas e rurais de duas centenas de países, entre 1990 e 2020.

O estudo contou com a participação de Cristina Padez, que é docente no Departamento de Ciências da Vida (DCV) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) e coordenadora do Centro de Investigação em Antropologia e Saúde (CIAS).

Segundo a investigadora da FCTUC, este estudo mostrou que, em média, as crianças que vivem nas cidades tinham um peso ligeiramente mais elevado comparativamente às das áreas rurais em 1990.

“Em 2020, as médias de IMC aumentaram na maioria dos países, embora mais rapidamente para as crianças urbanas, exceto na África subsaariana e no sul da Ásia, onde este indicador aumentou mais rapidamente em áreas rurais”, revelou.

No entanto, segundo a coordenadora do CIAS, “ao longo de 30 anos, a diferença entre o IMC urbano e rural permaneceu pequena”, sendo “menos de dois quilos de peso para uma criança com 130 centímetros de altura ou menos de três quilos de peso para um adolescente com 160 centímetros”.

O consórcio concluiu que, apesar de a altura e o IMC terem aumentado em todo o mundo desde 1990, “o grau de mudança entre as áreas urbanas e rurais variou muito entre os diferentes países de nível económico médio e baixo, enquanto pequenas diferenças urbano-rurais permaneceram estáveis nos países de economias mais desenvolvidas”.

De acordo com os cientistas, “ao contrário da suposição generalizada de que a urbanização é o principal impulsionador da obesidade, este estudo indica que muitos países ocidentais mais desenvolvidos a nível económico tiveram pouca diferença em altura e IMC ao longo do tempo”, sendo que “o IMC urbano e rural diferia em menos de uma unidade em 2020 (perto de 1,5 quilos de peso para uma criança de 130 centímetros).

No entender do autor sénior do estudo Majid Ezzati, “a questão não é tanto se as crianças vivem em cidades ou áreas urbanas, mas onde vivem os pobres e se os governos estão a enfrentar as crescentes desigualdades com o desenvolvimento de iniciativas como complemento monetário adicional e programas de alimentação escolar gratuita”.

Os investigadores consideraram preocupante a tendência na África subsaariana: “Os meninos que vivem em áreas rurais estabilizaram ou até ficaram mais baixos ao longo das três décadas, em parte devido às crises nutricionais e de saúde que se seguiram à política de ajuste estrutural na década de 1980”.

Para Majid Ezzati, “este é um problema sério a todos os níveis, do individual ao regional”, estando o crescimento oscilante em crianças e adolescentes em idade escolar “fortemente ligado a problemas de saúde ao longo da vida, ao menor sucesso escolar e ao imenso custo do potencial humano não realizado”.

“As nossas descobertas devem motivar políticas que combatam a pobreza e tornem acessíveis alimentos nutritivos para, desta forma, garantir que crianças e adolescentes cresçam e se tornem adultos com vidas saudáveis e produtivas”, defendeu.

Os investigadores do CIAS Aristides Machado-Rodrigues, Daniela Rodrigues e Helena Nogueira também colaboraram neste estudo, que foi publicado na Nature, através da partilha de dados.

 

Dispositivos eletrónicos no quarto prejudicam sono e saúde das crianças

Junho 16, 2021 às 6:00 am | Publicado em Estudos sobre a Criança | Deixe um comentário
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Notícia do Diário de Notícias de 08 de junho de 2021.

Embora a televisão, o computador e outros dispositivos “sejam mais prevalentes nas casas de famílias portuguesas com maior estatuto socioeconómico, é mais comum em famílias mais desfavorecidas, com impactos negativos no sono”, alertam investigadores. 

A presença de dispositivos eletrónicos no quarto das crianças predomina nas famílias desfavorecidas e prejudica o sono e a saúde dos utilizadores, segundo um estudo divulgado esta terça-feira pela Universidade de Coimbra (UC). 

Embora a televisão, o computador, o ‘tablet’ e outros dispositivos “sejam mais prevalentes nas casas de famílias portuguesas com maior estatuto socioeconómico, a disponibilidade desses equipamentos no quarto da criança é mais comum em famílias mais desfavorecidas, com impactos negativos no sono”, alertam investigadores da UC. 

“Este paradoxo pode refletir fatores sociais e ambientais, ao invés de financeiros”, refere a instituição, em comunicado enviado à agência Lusa. 

O estudo foi realizado por uma equipa do Centro de Investigação em Antropologia e Saúde (CIAS) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), e as suas conclusões publicadas na revista científica europeia “Sleep Medicine”. 

“Uma explicação avançada no artigo científico é a possibilidade de as famílias de baixo estatuto socioeconómico terem menos conhecimento sobre os problemas de saúde associados ao uso excessivo de dispositivos com ecrã, menos tempo para supervisionar seus filhos ou menos oportunidades de envolvê-los em atividades extracurriculares”, segundo a nota. 

O trabalho teve por objetivo “identificar a disponibilidade de diferentes dispositivos eletrónicos (…) em casa e no quarto das crianças portuguesas de acordo com a condição socioeconómica, de modo a analisar as associações entre essa disponibilidade e o tempo de ecrã e o sono das crianças” ao longo da semana e no fim de semana. 

A investigação, na qual foram analisados dados de 8.430 crianças, com idades dos três aos 10 anos, de escolas públicas e privadas das cidades do Porto, Coimbra e Lisboa, permitiu concluir que “os dispositivos eletrónicos disponíveis em casa, especialmente no quarto, diminuíram significativamente o tempo de sono das crianças”. 

“Independentemente da idade, do sexo ou do tipo de equipamento, o tempo despendido em frente ao ecrã é sempre mais elevado em crianças de famílias de menor posição socioeconómica”, afirma Daniela Rodrigues, primeira autora do artigo científico, citada na nota. 

Entre crianças dos três aos cinco anos, “ter uma televisão e um ‘tablet’ no quarto foi associado a maior tempo de ecrã”, enquanto entre crianças dos seis aos 10 anos ter dispositivos no quarto (…) foi associado a maior tempo de ecrã e a menos horas de sono principalmente nos dias de aula”. 

Para Daniela Rodrigues, o estudo mostra que “ter um equipamento no quarto da criança não está relacionado com uma maior disponibilidade do equipamento em casa, nem com maior disponibilidade financeira”, sendo necessário “desenvolver estratégias eficazes para minimizar o acesso ao dispositivo na hora de dormir”. 

“O tempo excessivo em frente ao ecrã e a menor duração do sono têm importantes implicações na saúde das crianças”, sublinha. 

Além disso, de acordo com a investigadora do CIAS, “o uso generalizado de dispositivos móveis e a popularização de dispositivos eletrónicos no quarto são provavelmente responsáveis pelo aumento substancial do tempo de ecrã” na infância. 

“Com a pandemia da covid-19, as crianças foram obrigadas a passar mais tempo em casa e ficaram mais dependentes de equipamentos eletrónicos (…), pelo que é urgente aplicar estratégias de gestão do uso destes equipamentos na hora de deitar. Especial atenção deve ser dada a crianças socioeconomicamente mais desfavorecidas por estarem em maior risco”, defende. 

O estudo evidencia também que, “apesar de a televisão ainda exercer efeitos consideráveis sobre o tempo de sono das crianças, os dispositivos móveis podem começar a ter um impacto maior no sono do que os dispositivos tradicionais”. 

A investigação foi financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e teve igualmente apoio de fundos europeus, através do programa Compete e do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER). 

O estudo mencionado na notícia é o seguinte:

Home vs. bedroom media devices: socioeconomic disparities and association with childhood screen- and sleep-time 

 

 

Obesidade infantil diminuiu, mas continua a afetar mais as meninas

Dezembro 10, 2020 às 12:00 pm | Publicado em Estudos sobre a Criança | Deixe um comentário
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Notícia do Sapo24 de 9 de dezembro de 2020.

Um estudo sobre a obesidade infantil sugere que “há uma diminuição geral” na sua prevalência entre 2002 e 2016, e as meninas “apresentam sempre valores superiores aos meninos”, anunciou hoje a Universidade de Coimbra (UC).

O projeto “Desigualdades na Obesidade Infantil: O Impacto da Crise Socioeconómica em Portugal de 2009 a 2015” foi desenvolvido pelo Centro de Investigação em Antropologia e Saúde da Universidade de Coimbra, que avaliaram entre outros parâmetros, o comportamento das famílias em termos de alterações do padrão alimentar, atividade física e outros hábitos.

“Apesar da diminuição da prevalência de obesidade, a crise económica de 2009-2015 levou a um aumento das desigualdades sociais associadas com a obesidade infantil e nas famílias de maiores rendimentos há uma diminuição maior do que nas de menores rendimentos”, refere nas considerações finais, a investigadora do Centro de Investigação em Antropologia e Saúde (CIAS) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC, Cristina Padez.

Este é o terceiro projeto de obesidade infantil realizado em Portugal que decorreu no ano letivo de 2016/2017 e contou com a participação de 3.830 crianças com idades entre os 7 e os 10 anos, de várias escolas e jardins-de-infância do Porto, Coimbra e Lisboa.

O primeiro estudo foi realizado em 2002 e envolveu 3.277 crianças e o segundo realizou-se em 2009, com 3.447 crianças de escolas de Lisboa, Porto e Coimbra.

“Verificámos que comparativamente com 2002, há uma diminuição geral do excesso de peso, mas essa diminuição é maior nas meninas (-16,2%)”, explica a investigadora da UC.

No estudo de 2016/2017, verificou-se um excesso de peso e mais obesidade nas meninas de 28,7%, sendo que os meninos registaram 25,1%.

Em 2002, as meninas situaram-se nos 34,9% e os meninos nos 29,9%.

Cristina Padez explicou que nos países considerados mais desenvolvidos ou modernos, em média, se verifica que as crianças oriundas de estratos sociais mais desfavorecidos ou pobres apresentam valores de obesidade superiores às crianças de famílias com maiores rendimentos.

“No mundo, 10 % das crianças pobres têm o dobro da obesidade das crianças mais favorecidas. Em Portugal, verifica-se a mesma tendência. Os valores da obesidade são superiores nas classes sociais mais baixas”, sustentou.

Outro dado que o projeto constata é o aumento das desigualdades sociais entre os anos de 2002 e de 2016.

“Em 2002, a diferença de obesidade entre crianças pobres e ricas situava-se nos 6,2% e em 2016, essa diferença é de 12,8%. Também se verificam diferenças entre Lisboa, Porto e Coimbra. Nestes três distritos, entre 2002 e 2016, a desigualdade social foi diferente. Aumentou muito mais em Lisboa, aumentou em Coimbra e, no Porto, a desigualdade social diminuiu”, frisou.

A investigadora sublinha que existem variáveis mediadoras que estão entre a obesidade e o nível socioeconómico e que tem a ver com a alimentação, o sedentarismo, a obesidade parental ou o tabagismo materno na gravidez, entre outros.

mais informações no link:

https://noticias.uc.pt/universo-uc/sessao-virtual-de-apresentacao-de-resultados-do-projeto-desigualdades-na-obesidade-infantil-o-impacto-da-crise-socioeconomica-em-portugal-de-2009-a-2015/

Crianças do pré-escolar passam mais de hora e meia por dia em frente a ecrãs

Julho 2, 2020 às 6:00 am | Publicado em Estudos sobre a Criança | Deixe um comentário
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Notícia do Expresso de 19 de junho de 2020.

Foram avaliados os hábitos de 8.430 crianças, com idades compreendidas entre os três e os 10 anos, a residir nas cidades de Coimbra, de Lisboa e do Porto

Um estudo concluiu que as crianças do ensino pré-escolar (até aos cinco anos) passam, em média, mais de uma hora e meia (154 minutos) por dia em frente à televisão e outros dispositivos, anunciou esta sexta-feira a Universidade de Coimbra (UC).

Publicado na revista científica BMC Public Health, o estudo, intitulado “Social inequalities in traditional and emerging screen devices among Portuguese children: a cross-sectional study”, foi realizado por uma equipa de investigadores do Centro de Investigação em Antropologia e Saúde (CIAS), da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC (FCTUC).

O estudo, refere a UC, teve como objetivo avaliar o tempo de ecrã das crianças portuguesas em diferentes equipamentos eletrónicos — os tradicionais (como a televisão, o computador e as consolas de jogos) e os modernos, incluindo os ‘tablets’ e os ‘smartphones’ –, bem como “determinar as diferenças no uso de acordo com o sexo e a idade das crianças e a posição socioeconómica das famílias”.

Foram avaliados os hábitos de 8.430 crianças, com idades compreendidas entre os três e os 10 anos, a residir nas cidades de Coimbra, de Lisboa e do Porto.

Os dados foram recolhidos em 118 escolas públicas e privadas, e as taxas de participação foram de 58% em Coimbra, 67% em Lisboa e 60% no Porto.

De acordo com os resultados do estudo, nas crianças mais velhas o tempo em frente ao ecrã é maior, sobretudo devido ao maior tempo gasto em dispositivos eletrónicos, como computadores, videojogos e ‘tablets’: aproximadamente 201 minutos por dia.

“Concluímos que a maior parte das crianças, principalmente entre os meninos, excede as recomendações de tempo de ecrã indicadas pela Organização Mundial da Saúde e pela Associação Americana de Pediatria, em que o tempo de ecrã deve ser limitado a uma hora (em crianças até aos cinco anos) ou a duas horas por dia (em crianças acima dos seis anos)”, afirma, citada pela UC, Daniela Rodrigues, primeira autora do artigo agora publicado.

Embora a televisão continue a ser o equipamento mais utilizado, “o uso de ‘tablets’ está generalizado e o tempo gasto neste equipamento é elevado, incluindo em crianças com três anos de idade”, nota a investigadora.

O tempo de ecrã “é sempre mais elevado em crianças de famílias de menor posição socioeconómica, independentemente da idade, sexo, ou do tipo de equipamento”, sublinha ainda Daniela Rodrigues.

De acordo com a investigadora, tendo em conta que o tempo de ecrã está associado a um impacto negativo na saúde das crianças, por exemplo, menor tempo e qualidade do sono, maior atraso no desenvolvimento cognitivo e da linguagem, excesso de peso, etc., estes resultados “indicam que é necessário um maior controlo por parte dos pais no acesso que as crianças têm aos equipamentos eletrónicos”.

Este panorama é “ainda mais preocupante numa altura em que, devido à pandemia de covid-19, as crianças estão obrigadas a passar mais tempo em casa, e precisam de recorrer a alguns destes equipamentos para aceder à telescola”, adverte.

“É fundamental identificar os subgrupos de risco e identificar como cada dispositivo é usado de acordo com a idade, para permitir futuras intervenções apropriadas”, sustenta a investigadora da FCTUC.

Os pais, conclui Daniela Rodrigues, “devem ter em mente que as crianças passam a maior parte do tempo a ver televisão, mas os dispositivos móveis estão a tornar-se extremamente populares a partir de tenra idade”.

O estudo citado na notícia é o seguinte:

Social inequalities in traditional and emerging screen devices among Portuguese children: a cross-sectional study

Um terço dos pais interpreta mal o peso dos filhos

Fevereiro 18, 2020 às 12:00 pm | Publicado em Estudos sobre a Criança | Deixe um comentário
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Notícia da TSF de 17 de fevereiro de 2020.

Estudo da Universidade de Coimbra avalia se a perceção que os pais têm sobre o peso dos filhos é influenciada por características socioeconómicas.

Cerca de um terço dos pais interpretam mal o peso dos seus filhos, de acordo com um estudo desenvolvido na Universidade de Coimbra (UC) e já publicado no American Journal of Human Biology.

De acordo com a investigação, conduzida por Daniela Rodrigues, Aristides Machado-Rodrigues e Cristina Padez, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), “32,9% dos pais interpretam mal o peso dos seus filhos (30,6% subestimam e 2,3% sobrestimam)”, afirma a UC, numa nota enviada hoje à agência Lusa.

O estudo visou essencialmente “analisar a concordância entre o estatuto nutricional das crianças e a perceção que os pais têm do peso delas”, e “observar se a subestimação do peso estava de algum modo associada ao risco da criança ter excesso de peso/obesidade”.

Envolvendo 793 pais e respetivos filhos (com idades compreendidas entre seis e os dez anos), a pesquisa pretendeu ainda “avaliar se a perceção que os pais têm sobre o peso dos seus filhos era influenciada por características das crianças e socioeconómicas”, refere a UC.

“Verificámos que mais de 30% dos pais não identificou corretamente o estatuto nutricional dos filhos, sendo que a maior parte subestimou”, sublinha, citada pela UC, Daniela Rodrigues, primeira autora do artigo científico e investigadora do Centro de Investigação em Antropologia e Saúde da FCTUC.

“A subestimação foi substancialmente maior consoante o peso dos filhos, ou seja, vários pais com filhos com excesso de peso classificaram o peso dos filhos como normal e, principalmente, pais com crianças obesas reportaram que as crianças tinham apenas um pouco de peso acima do recomendado”, explicita Daniela Rodrigues.

É nas classes sociais mais baixas que os pais mais subestimam o peso das suas crianças, especialmente das meninas: “Ter pais com menor estatuto socioeconómico e mães com excesso de peso aumenta a probabilidade de subestimar o peso dos filhos, principalmente entre as raparigas”, nota a investigadora.

Sobre a subestimação do peso, se esta estava, de algum modo, associada ao risco da criança ter excesso de peso/obesidade, os investigadores verificaram que “pais que subestimam o peso dos filhos têm 10 a 20 vezes mais probabilidade de terem filhos com excesso de peso ou obesidade, o que tem sido associado a um conjunto de problemas de saúde física e mental, não só na infância, mas que permanecem na idade adulta”.

Ponderando as conclusões do estudo, que foi financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, Daniela Rodrigues defende que “é urgente ajudar os pais a identificar corretamente o excesso de peso e a obesidade” dos filhos para que possam “recorrer à ajuda dos profissionais de saúde” para melhorarem a qualidade de vida da criança.

“O primeiro passo para alterar comportamentos de risco associados à obesidade (dietas ricas em gorduras saturadas e açucares, inatividade física, comportamentos sedentários, etc.) é perceber a necessidade de alterar esses mesmos comportamentos, identificando corretamente o estatuto nutricional da criança”, acrescenta.

No artigo, os investigadores apresentam ainda algumas explicações para os resultados do estudo. “Os pais podem não saber identificar o que é excesso de peso ou obesidade, principalmente porque os media tendem a apresentar a obesidade no seu extremo”.

Por outro lado, “numa altura em que a prevalência de excesso de peso e obesidade afeta cerca de um terço das crianças, os pais podem ‘normalizar’ o excesso de peso, porque é o formato que mais encontram nas crianças que os rodeiam”, afirma ainda Daniela Rodrigues.

“Acreditamos ainda que a maior parte dos pais prefere não identificar a criança como tendo peso acima do recomendado por uma questão de enviesamento social, evitando os estereótipos associados ao excesso de peso e obesidade”, conclui.

Mais informações na notícia da Universidade de Coimbra:

Estudo conclui que um em cada três pais interpreta mal o peso dos seus filhos

Crianças praticam menos desporto por falta de tempo e dinheiro

Agosto 20, 2019 às 6:00 am | Publicado em Estudos sobre a Criança | Deixe um comentário
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Notícia do Público de 17 de julho de 2019.

Investigação avança que as raparigas são as mais privadas da actividade desportiva por entraves associados à segurança.

Lusa

A falta de tempo e de dinheiro são dois dos principais obstáculos à prática desportiva pelas crianças, revela um estudo do Centro de Investigação em Antropologia e Saúde (CIAS), Faculdade de Ciências e Tecnologia, da Universidade de Coimbra (FCTUC).

A investigação avança que “a falta de tempo e de dinheiro são duas grandes barreiras para a prática de desporto em crianças com idades entre os 6e os 10 anos”.

Mas a segurança também é um dos entraves à pratica desportiva por parte das crianças, “especialmente das raparigas”, segundo a mesma investigação, intitulada “Parental perception of barriers to children’s participation in sports: biological, social, and geographic correlates of Portuguese children”, destaca um comunicado da FCTUC.

Publicado no Journal of Physical Activity and Health, o estudo pretende identificar “as barreiras percebidas pelos pais que podem contribuir para estratégias de promoção da actividade física em crianças, e perceber até que ponto o estatuto socioeconómico, o local de residência e o sexo, a idade e a participação desportiva das crianças afectam essas barreiras percebidas”, explicita a instituição.

Dos 834 pais inquiridos, residentes nos concelhos vizinhos de Coimbra e da Lousã, “quase metade referiu a falta de tempo e a falta de dinheiro como as principais barreiras para a prática desportiva das crianças”.

Saúde, transporte, segurança, instalações, clima, cansaço e falta de interesse das crianças foram outras barreiras apontadas pelos pais.

“Como esperado, de modo geral, os pais com menor poder socioeconómico indicaram mais barreiras, principalmente a nível do custo e do transporte para a prática dessas actividades”, refere Daniela Rodrigues, primeira autora do artigo. “Curioso foi que os pais de raparigas reportaram mais barreiras relacionadas com o custo e a segurança do que os pais de rapazes”, salienta, citada pela FCTUC.

Ainda de acordo com a investigadora do CIAS, o facto de os pais das raparigas indicarem o custo e a segurança como barreiras pode, “até certo ponto e aliado a outros factores já conhecidos, ajudar a explicar porque é que os rapazes praticam mais desporto do que as raparigas”.

Em relação ao local de residência – locais com maior ou menor nível de urbanização –, a diferença mais significativa que os investigadores encontraram está na falta de tempo: “Os pais dos meios mais urbanizados referem significativamente mais vezes a falta de tempo como barreira do que os pais de meios menos urbanizados”, afirma Daniela Rodrigues.

“Comummente, a maioria das famílias, particularmente das comunidades urbanas, tem pai e mãe em empregos de tempo integral, o que pode contribuir para a falta de tempo dos pais nesses ambientes”, admite.

Os resultados deste estudo “devem ser considerados no planeamento e nas intervenções futuras para promover efectivamente a actividade física em crianças”, recomendam os seus autores. “As barreiras mencionadas pelos pais podem ser superadas em alguns casos com o envolvimento de governos locais, decisores políticos e escolas, disponibilizando sessões de desporto locais para crianças imediatamente após a escola ou durante o dia escolar”, sugerem.

O artigo citado na notícia é o seguinte:

Parental Perception of Barriers to Children’s Participation in Sports: Biological, Social, and Geographic Correlates of Portuguese Children

O bairro onde vivemos influencia o peso dos filhos

Junho 29, 2019 às 1:00 pm | Publicado em Estudos sobre a Criança | Deixe um comentário
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Notícia da TSF de 12 de junho de 2019.

Por  Nuno Guedes

A investigação descreve uma organização urbana que parece proteger as crianças da obesidade.

O bairro onde vivemos influencia a obesidade dos filhos? A pergunta, que pode à primeira vista parecer estranha, deu origem a um estudo que avaliou o peso das crianças em vários bairros de Lisboa.

A investigação, coordenada pelo Centro de Investigação em Antropologia e Saúde da Universidade de Coimbra e financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), conclui que há uma organização urbana que parece “proteger” as crianças do excesso de peso: bairros mais recentes, com espaços verdes e menos carros nas ruas.

Ou seja, diz Margarida Pereira, uma da autoras, à TSF, “ambientes mais pensados para as pessoas e menos para os carros”.

Pelo contrário, nos bairros de Lisboa de construção mais antiga, com edifícios que incluem comércio, serviços e habitação, a proporção de crianças com obesidade ou excesso de peso tende a ser bem mais elevada.

Os efeitos anteriores foram visíveis mesmo quando os investigadores tiveram em conta na análise e nas contas o peso dos pais e o respetivo estatuto socioeconómico da família, fatores que se sabe que também afetam o excesso de peso infantil.

Porquê?

O estudo publicado na revista científica American Journal of Human Biology admite que as razões para esta influência do bairro onde se vive sobre a obesidade podem ser várias, nomeadamente a menor poluição dos bairros com menos carros, num ambiente “mais agradável, menos stressante e menos perigoso”.

Margarida Pereira acrescenta, contudo, que um dos fatores mais importantes talvez seja a possibilidade que estes bairros dão às crianças de brincarem ao ar livre, aumentando os níveis de atividade física.

Nas conclusões os investigadores pedem aos políticos que tenham em conta estes resultados pensando mais num “planeamento urbano saudável” que possa “propiciar estilos de vida mais saudáveis com impacto bastante positivo na saúde pública”.

O estudo citado na notícia é o seguinte:

The role of urban design in childhood obesity: A case study in Lisbon, Portugal

Obesidade abdominal nas crianças deve ser medida nas consultas de rotina

Junho 27, 2018 às 12:00 pm | Publicado em Estudos sobre a Criança | Deixe um comentário
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Notícia e imagem do site Dnoticias de 9 de junho de 2018.

A medição da obesidade abdominal nas crianças devia ser incluída nas consultas médicas de rotina, recomenda um estudo publicado na Acta Médica Portuguesa.

“A prevalência da obesidade, incluindo abdominal, é elevada nas crianças portuguesas”, refere o estudo, embora reconheça que parece ter havido uma estabilização nos últimos anos.

O estudo, que avaliou 793 crianças dos 6 aos 10 anos da zona centro de Portugal, verificou que 8,2% das que tinham peso normal registavam obesidade abdominal. Entre as crianças com excesso de peso, quase 60% apresentava obesidade abdominal.

Dado que várias crianças não obesas apresentam valores elevados de obesidade abdominal, os autores do estudo indicam que a medição da relação cintura/altura deve ser incluída em consultas médicas de rotina, “de modo a permitir uma melhor avaliação do estado da saúde da criança”.

Isto porque a obesidade abdominal surge associada a fatores de risco de doenças cardiovasculares e metabólicas e apenas pode ser detetada caso se faça a medição do perímetro abdominal, que não é comum nem rotina nas consultas com crianças.

O artigo da Acta Médica, revista científica da Ordem dos Médicos, aponta para uma prevalência de excesso de peso, incluindo obesidade, de 21,9% das crianças avaliadas.

“A obesidade abdominal em crianças tem aumentado a ritmo alarmante, mas esse indicador não é avaliado em consultas médicas de rotina”, indica o estudo, publicado na Acta Médica de março.

Dados do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) indicam que a prevalência de excesso de peso e de obesidade infantil diminuíram entre 2008 e 2016. Ainda assim, os dados nacionais apontam para cerca de 30% de crianças com peso a mais.

O estudo citado na notícia é o seguinte:

Prevalência de Obesidade Abdominal e Excesso Ponderal em Crianças Portuguesas e a Importância de Incluir a Obesidade Abdominal nas Consultas Médicas

 

 

Maus hábitos de sono aumentam risco de obesidade nos rapazes

Maio 2, 2018 às 6:00 am | Publicado em Estudos sobre a Criança | Deixe um comentário
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Notícia e fotografia do https://ionline.sapo.pt/ de 16 de abril de 2018.

Estudo da Universidade de Coimbra conclui que crianças do sexo masculino com hábitos de sono irregulares têm 128% mais probabilidade de obesidade.

Investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Coimbra chegaram à conclusão que os maus hábitos de sono representam “risco muito elevado de obesidade” nas crianças de sexo masculino.

O estudo contou com a participação de 8.273 crianças entre os seis e os nove anos (sendo 4.183 de sexo feminino) e, baseando-se nas recomendações da Academia Americana de Pediatria (2016) que estabelece que a duração indicada de sono para as crianças deve ser entre nove e 12 horas, teve como objetivo analisar “a relação entre os hábitos de sono irregulares” – quer por escassez ou excesso – e “o risco de excesso de peso e obesidade na população pediátrica”.

Na investigação foi também tido em conta a “atividade física e os comportamentos sedentários (por exemplo, o tempo passado a ver televisão ou a jogar no computador) através de questionários preenchidos pelos pais”, explica uma nota enviada pela Universidade de Coimbra à Lusa. O estudo foi publicado no American Journal of Humam Biology.

As conclusões ditam que “os rapazes que apresentavam hábitos de sono irregulares para a sua idade, isto é, quer abaixo das nove horas por noite, quer acima das 12 horas por noite, durante a semana têm 128% probabilidade de serem classificados como crianças com excesso de peso comparativamente com aqueles que dormiam as horas recomendadas”, explica o investigador Aristides Machado-Rodrigues.

Para as raparigas, cujos resultados foram analisados à parte, “não houve associações significativas entre a duração do sono e o risco de obesidade, nem nos dias da semana nem durante o fim de semana”, refere ainda o investigador que destaca “o cumprimento dos hábitos de sono recomendados na infância” como “um aspeto crucial da saúde cognitiva e do desenvolvimento harmonioso das crianças”.

“Os pais devem reforçar as regras familiares da ‘hora de deitar’ das crianças para que estas possam ter o tempo de sono diário recomendado para a saúde”, alerta Aristides Machado-Rodrigues e lembra que “a literatura sustenta, de forma inequívoca, que a privação do sono, especialmente em idades pediátricas, está associada a problemas de saúde aumentados, não só de índole cognitivo, mas especialmente relacionados com a diminuição da tolerância à glicose, o qual é um fator de risco para a obesidade”.

“Na atualidade, e de forma muito pragmática, não podemos deixar de manifestar a nossa preocupação para os comportamentos sedentários de ecrã, vulgo tablets, telemóveis e computadores, que as crianças e jovens perpetuam pela noite dentro, comprometendo as horas de sono recomendadas, muitas vezes fechados no quarto e sem conhecimento dos pais”, acrescenta.

Apesar das várias medidas que têm sido adotadas para o combate à obesidade, “os hábitos de sono são os que têm merecido menor atenção comparativamente a outros comportamentos do quotidiano, como a atividade física, os hábitos nutricionais ou ainda o sedentarismo”, pode ainda ler-se na nota enviada pela Universidade de Coimbra.

Este estudo está incluído numa investigação mais ampla sobre a Prevalência da obesidade na infância em Portugal, sob a coordenação de Cristina Padez e com financiamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia.

O estudo citado na notícia é o seguinte:

The association of irregular sleep habits with the risk of being overweight/obese in a sample of Portuguese children aged 6–9 years

 

 

 

Crianças que vêem muita televisão têm maior risco de obesidade

Julho 10, 2013 às 1:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social, Estudos sobre a Criança | Deixe um comentário
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Notícia do Público de 8 de Julho de 2013.

Lusa

Estudo da Universidade de Coimbra envolveu 17.424 mil crianças de jardins-de-infância e escolas de várias regiões do país.

As crianças que passam mais tempo a ver televisão apresentam um maior risco de obesidade e tensão arterial alta, revela um estudo coordenado por Cristina Padez, da Universidade de Coimbra.

O estudo, divulgado esta segunda-feira e financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, envolveu 17.424 mil crianças de jardins-de-infância e escolas de várias regiões do país, com idades entre os três e os 11 anos. Já resultou em seis artigos científicos publicados em revistas internacionais.

A investigação pretendia avaliar a alteração dos valores de obesidade infantil da população portuguesa, de 2002 a 2009, e conhecer a associação entre a obesidade infantil e os comportamentos familiares, hábitos sedentários e o ambiente onde vivem.

Cristina Padez, citada num comunicado da Universidade de Coimbra, explica que a televisão tem o maior impacto no excesso de peso e no aumento da tensão arterial, “pelo facto de as crianças estarem mais expostas a publicidade de produtos alimentares, induzindo-as à ingestão de comida normalmente pouco saudáveis”.

“Por outro lado, a televisão é mais passiva. O computador e os jogos electrónicos exigem mais concentração e interacção”, sublinha a investigadora.

O estudo determinou a percentagem de crianças que passam mais de duas horas diárias em frente ao televisor, ultrapassando os limites considerados de referência (da Academia Americana de Pediatria): 28% de meninos e 26% de meninas vêem mais de duas horas de televisão por dia durante a semana. Mas, ao fim de semana, a percentagem dispara: 75% nos meninos e 74% nas meninas.

“É urgente corrigir este e outros hábitos errados para que não se perpetuem e tenham implicações sérias na idade adulta. Os hábitos criados na infância tendem a prolongar-se para a vida adulta. Nos adultos encontramos uma forte associação entre o tempo que eles vêem televisão e valores de obesidade, hipertensão arterial, diabetes tipo II, entre outros problemas”, refere a investigadora.

“O simples facto de uma criança ser obesa apresenta três problemas: em 60% dos casos as crianças obesas apresentam já pelo menos um factor de risco que normalmente apenas se associam aos adultos, como hipertensão, colesterol elevado, triglicéridos; cerca de 40% permanece obesa na vida adulta e, mesmo as crianças que normalizam o seu peso com o crescimento, o simples facto de terem sido obesas é um risco para o aparecimento de algumas doenças principalmente cardiovasculares na vida adulta”, alerta ainda Cristina Padez. “Por isso, os pais devem limitar o tempo de televisão e estimular as brincadeiras activas.”

Segurança perto de casa e da escola

A equipa centrou-se igualmente na relação entre o ambiente onde as crianças vivem e o excesso de peso. O tipo de lojas, supermercados ou centros comerciais da zona de residência foi analisado, bem como a existência, ou não, de locais para a prática de actividades ao ar livre.

Foi também tida em conta a segurança junto à habitação: “A segurança das zonas frequentadas pelas crianças junto à habitação e à escola pode ter influência no peso. Nas sociedades urbanas, por questões de segurança, as crianças têm poucas actividades ao ar livre. Ficam em casa, vêem mais televisão e maior é o risco de serem obesas”, realça Cristina Padez.

Este estudo sócio-demográfico da obesidade infantil confirmou ainda a associação entre o grau de instrução dos pais e o peso das crianças: “Quanto menor é o grau de ensino, maior é o valor de obesidade.”

 

 

 


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