No “mar de prazer” dos ecrãs navega-se para esconder a ansiedade e a depressão
Janeiro 29, 2024 às 8:00 pm | Publicado em Estudos sobre a Criança | Deixe um comentárioEtiquetas: Adição, Adolescentes, Ansiedade, Crianças, Défice de Atenção, Dependência online, Depressão juvenil, Estudo, ICAD, Inês Casquilho-Martins, Isolamento social, Joaquim Fialho, Redes Sociais, Sono, Universidade Lusíada de Lisboa
Notícia da Rádio Renascença de 23 de janeiro de 2024.
Um estudo realizado por investigadores da Universidade Lusíada alerta para uma prevalência crescente de comportamentos aditivos na forma como usamos os telemóveis e computadores. A solução passa por sensibilizar, não por proibir a utilização.
As redes sociais têm mecanismos de viciação semelhantes ao álcool e a outras drogas psicoativas, diz um estudo realizado por uma equipa de investigadores da Universidade Lusíada, cujos resultados são conhecidos em detalhe esta terça-feira, numa sessão realizada no Instituto para os Comportamentos Aditivos e as Dependências (ICAD), em Lisboa.
Intitulado “Scroll, Logo Existo”, o projeto alerta para a semelhança entre os ecrãs de computador ou de telemóvel e outras substâncias aditivas. “A Internet, em particular as redes sociais, funcionam como um mecanismo de compensação que pode ser semelhante à automedicação, o álcool ou outras drogas psicoativas”, explica Joaquim Fialho, um dos responsáveis pela investigação, em entrevista à Renascença.
À medida que o mundo vai ficando cada vez mais digital, cresce também o número de pessoas expostas aos ecrãs um grande número de horas. “Há estudos que indicam que fazemos cerca de 4 km em média de scroll por dia“, acrescenta Joaquim Fialho.
Privação provoca níveis de irratibilidade elevados
No inquérito desenvolvido pela equipa da Lusíada, e em que participaram 1700 internautas, fez-se o diagnóstico da utilização dos ecrãs pela população portuguesa. Para a generalidade das pessoas, não há propriamente uma dependência dos ecrãs, mas uma “submissão generalizada” às tecnologias, caracterizada “pela perda de noção do tempo” quando se está a navegar e também por “níveis de irritabilidade elevados” sempre que existe privação.
Isto revela já problemas do âmbito psicológico e emocional, sobretudo entre os jovens até aos 24 anos, os estudantes, as pessoas de baixa escolaridade e a população inativa, cuja grande fatia são os reformados.
[É] um mecanismo de fuga, como uma alternativa compensatória para aliviar sentimentos de culpa, ansiedade e depressão
Nestes grupos mais susceptíveis, navegar na internet é como entrar “num mar de prazer” que funciona como “um mecanismo de fuga, como uma alternativa compensatória para aliviar sentimentos de culpa, ansiedade e depressão”. Serve, portanto, para esconder estados psicológicos mais profundos, como a “frustração, a impotência, a tristeza”. No entanto, as empresas que desenham as aplicações que temos instaladas nos nossos telemóveis e computadores também devem ser responsabilizadas, defende Joaquim Fialho.
“As próprias aplicações estão feitas através de mecanismos que geram uma necessidade de lá estar, ou seja, a simplicidade do manuseamento, a cor, a novidade que está sempre a acontecer, são três fatores que geram adição aos ecrãs”.
Neste contexto, são cada vez mais comuns as situações em que “se perde o controlo sobre a utilização” e se cai numa adição mais profunda e de maiores consequências. A equipa da Lusíada inquiriu indivíduos com maior propensão para a dependência e compilou alguns sinais de alerta aos quais se deve estar atento.
“Identificámos alguns elementos, como a nomofobia, que é a necessidade de estar ligado, a síndrome do toque fantasma, que é pensarmos que o smartphone está a vibrar quando na realidade não está, o transtorno de dependência de Internet, que é a necessidade de lá estar, mesmo sabendo que vou lá, não sei bem fazer o quê, mas tenho que lá estar, a hipocondria digital, quando a internet funciona como um médico, onde que uma simples dor se transforma numa multiplicidade de diagnósticos, a depressão das redes sociais, que é a alteração de comportamentos e até dos próprios sentimentos quando está e quando não está”.
Sensibilizar em vez de proibir
O problema tem que começar a ser levado a sério e gerar um debate público envolvendo toda a sociedade, aponta o especialista, pois as relações entre as pessoas estão-se a “transformar por completo”, começando a “ser mediadas sobretudo através de ecrãs, que são no fundo a nossa caixa negra”.
Assim, Joaquim Fialho considera que é preciso “ensinar novamente a interação social face a face, que é algo que estamos a perder” e acredita que as ações de sensibilização para a literacia digital são a resposta certa.
O problema é quando se perde o controlo sobre a utilização.
“Proibir não é, de facto, a melhor solução“, sustenta, até porque “o proibido é o mais apetecível”. No caso concreto dos jovens, Joaquim Fialho dá o exemplo do álcool: “Sabemos que é proibido para menores de 18 anos, mas não é por isso que eles deixam de consumir”.
O investimento na educação é fundamental, alerta: “Nós temos que preparar os educadores, e educadores aqui não são os professores, são pais, são os filhos, são os familiares, são os amigos… Temos que preparar a sociedade em geral para uma utilização saudável do smartphone“.
Sobretudo num país como Portugal, que com uma população de 10 milhões de habitantes tem mais de 15 milhões de números de telemóvel ativos. É um rácio “de smartphones superior a 150%”, lamenta.
Estudo aqui
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UNICEF: 70% das pessoas mortas em Gaza são mulheres e crianças
Janeiro 29, 2024 às 12:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentárioEtiquetas: Assassinato de crianças, Conflitos Armados, Crianças deslocadas, Crianças em perigo, Desnutrição, Faixa de Gaza, Morte Infantil, Subnutrição aguda grave, UNICEF
Notícia do Vaticano News de 22 de janeiro de 2024.
De acordo com o diretor do UNICEF em Gaza, Ted Chaiban, há um agravamento das condições de vida das crianças de Gaza agravadas por mortes causadas por doenças e fome.
Rosa Martins – Vatican News
O diretor geral adjunto do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e coordenador das organizações locais e internacionais a resposta de emergência, Ted Chaiban, ao finalizar sua missão na Faixa de Gaza, na última semana, revelou que 70% dos mortos na Faixa de Gaza até agora, são mulheres e crianças. “Desde minha última missão, a situação passou de catástrofe a quase um colapso. A Faixa de Gaza é o lugar mais perigoso do mundo para uma criança. A guerra é contra as crianças. Mas essas verdades não parecem estar se espalhando”, afirma.
Deslocamento forçado
Mais de 1,9 milhão de pessoas, ou seja, quase 85% da população de Gaza, estão agora deslocadas, incluindo muitas daquelas famílias que tiveram que se mudar por várias vezes. Mais de um milhão delas estão em Rafah, em abrigos e locais improvisados que tornaram a pequena cidade quase irreconhecível. Segundo o diretor geral adjunto do UNICEF, uma enorme massa de civis vive nas fronteiras e em condições desumanas. Cerca de 300 mil pessoas que vivem no norte de Gaza não têm acesso a água potável e mal têm comida suficiente.Escassez de alimentos e doenças
Os poucos alimentos disponíveis não atendem às necessidades nutricionais específicas das crianças. Como resultado, milhares de crianças estão desnutridas e doentes. Os casos de diarreia aumentaram em 40% em comparação com o período anterior à escalada das hostilidades. Em meados de dezembro, 71.000 casos de diarreia foram registrados entre crianças menores de cinco anos, um aumento de mais de 4.000% desde o início da guerra. “Há um agravamento das condições de vida das crianças de Gaza agravadas por mortes causadas por doenças e fome.Dificuldades para chegar ajuda humanitária
Diante da situação de guerra se faz necessário, segundo o diretor, a permissão para a entrada de mais caminhões e com processos de inspeção muito mais eficientes. “Antes do conflito, mais de 500 caminhões entravam na Faixa de Gaza todos os dias. Quando estive lá em novembro, cerca de 60 caminhões de ajuda chegavam por dia. Agora, são cerca de 130 caminhões por dia, além de uma média de 30 caminhões comerciais por dia. Isso ocorre com a abertura de uma segunda passagem, mas ela continua totalmente inadequada. Estamos tentando ‘por um cano’ dar assistência “a um oceano de necessidades”.Infâncias ceifadas
Para contextualizar e fazer compreender a dura realidade da guerra e suas consequências na vida real das pessoas, o diretor do UNICEF relatou alguns casos. “Mais importante ainda é que pude conhecer crianças e suas famílias que estão sofrendo algumas das condições mais horríveis que já vi”, conta.“Conheci uma menina de 11 anos chamada Sama no hospital Al-Nasser, em Khan Younis. Ela estava brincando com os amigos quando foram atingidos por estilhaços de um bombardeio. Os estilhaços atingiram seu abdômen obrigando-a a passar por uma cirurgia para remover o baço. Ela está se recuperando no hospital, isolada de tudo e de todos por se encontrar em uma zona de guerra repleta de doenças e infecções”.
“Dez minutos depois, conheci Ibrahim, de 13 anos. Ele estava em um abrigo com sua família, em uma área que lhes havia sido informado como segura, quando tudo desmoronou ao redor deles. A mão de Ibrahim foi muito danificada e rapidamente infeccionou. Sem medicação, a gangrena se agravou e ele acabou perdendo o braço em uma amputação sem anestesia. A mãe de Ibrahim, Amani, que o acompanhou até o sul da Faixa de Gaza para receber tratamento em Al-Nasser, pediu ajuda para localizar seus outros seis filhos e seu marido, que permaneceram no norte da Cidade de Gaza. Ela não tem notícias deles há dois meses. Poucas horas depois de nossa partida, muitas famílias fugiram do hospital de Al-Nasser quando os bombardeios se aproximaram da área”.
Chaiban faz um apelo para que sejam facilitados os acessos em vista de garantir comunicações terrestres confiáveis e facilitar a movimentação de suprimentos humanitários que garantam às pessoas que estão sem ajuda há dias recebam a assistência extremamente necessária. “Além disso, precisamos fazer com que o tráfego comercial flua para Gaza para que os mercados possam reabrir e as famílias possam depender menos da ajuda humanitária”, enfatiza.
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10ª Edição do Prémio de Jornalismo Os Direitos da Criança em Notícia
Janeiro 29, 2024 às 6:00 am | Publicado em Divulgação, Uncategorized | Deixe um comentárioEtiquetas: Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens, Fórum sobre os Direitos das Crianças e dos Jovens, Instituto de Apoio à Criança, Jornalismo, Prémio de Jornalismo Direitos da Criança em Notícia
Estão abertas as candidaturas para a 10ª Edição do Prémio de Jornalismo Os Direitos da Criança em Notícia, promovido pelo Fórum sobre os Direitos das Crianças e dos Jovens, do qual o Instituto de Apoio à Criança é membro desde a sua criação em 2011.
Estão abertas as candidaturas para a 10ª Edição do Prémio de Jornalismo Os Direitos da Criança em Notícia, promovido pelo Fórum sobre os Direitos das Crianças e dos Jovens, do qual a Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens é parceira.
Com o apoio da SPA – Sociedade Portuguesa de Autores, este prémio destina-se a distinguir trabalhos jornalísticos publicados em Portugal. Serão reconhecidas as produções divulgadas na Imprensa Nacional e Regional/Online, Rádio e Televisão, que tenham em conta a promoção e divulgação dos direitos da criança, numa perspetiva crítica, pluralista e inclusiva, à luz da Convenção sobre os Direitos da Criança.
As candidaturas decorrem até 29 de fevereiro de 2024. A entrega do prémio será em junho, salvo motivos imponderáveis.
Mais informações:
10ª Edição do Prémio de Jornalismo Os Direitos da Criança em Notícia
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