Dar a todas as crianças um grande professor, por favor

Janeiro 6, 2024 às 4:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Texto de Miguel Herdade publicado no site Comunidade, Cultura e Arte de 5 de março de 2023.

por Miguel Herdade

Três ensaios sobre desigualdade e educação. Parte I: “os professores”.

Nada, coisa nenhuma. Absolutamente nada. Nas escolas, não há nada mais importante para o futuro das nossas crianças do que o professor que elas encontram dentro da sala de aula.

A evidência científica de que dispomos é clara, e mostra-nos que a pessoa que temos diante de nós na sala de aula vai ter um impacto que marca toda a nossa vida, influenciando o que aprendemos, as escolhas que fazemos, e até os nossos salários na idade adulta. Dar a todas as crianças um grande professor pode ser uma das melhores ferramentas para potenciar as capacidades de cada uma delas mas, também, para diminuir as desigualdades, criar um país melhor, mais rico e mais justo. Não acredita? Então leia este artigo.

É pena que, em pleno século XXI, tão poucos pais, alunos, políticos e pessoas comuns — por vezes, até os próprios professores — tenham a noção do poder verdadeiramente transformador desta profissão. Vejamos.

A escola: será mérito, ou mera sorte?

A nossa vida é marcada por imensos factores que ninguém realmente escolhe. São, digamos assim, fruto do acaso: ninguém tem a possibilidade de escolher o país em que nasce ou a quantidade de dinheiro que os seus pais têm. Estes fatores aleatórios como a pobreza, a cor da nossa pele, ou a escolaridade dos nossos pais criam barreiras que nos põem em situação de desvantagem e têm um impacto enorme na nossa vida.

Esta desigualdade é evidente no nosso percurso escolar, alastrando-se para a universidade (para quem consegue lá chegar) e, depois, na vida adulta:

Se retratarmos Portugal como um grupo de 10 jovens, 5 deles andaram no ensino superior[1]. Contudo, se olharmos para 10 jovens nascidos em famílias pobres e com pais pouco qualificados, vemos que em média só 1 conseguiu lá chegar[2]. Por outro lado, se der um saltinho a uma faculdade de medicina, verá num mesmo universo de 10 alunos que 7 tinham pais licenciados. Se vier jantar comigo, descobre que todos os 10 membros do meu grupo de amigos tiveram a sorte de andar na universidade.

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