SNS tem dificuldade em prevenir casos de risco na infância

Janeiro 5, 2024 às 8:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
Etiquetas: , ,

Notícia do Jornal de Notícias de 3 de janeiro de 2024.

Como podem os pais prevenir assédio e abuso sexual de crianças online?

Janeiro 5, 2024 às 12:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
Etiquetas: , ,

Artigo de opinião publicado no Público de 3 de janeiro de 2024.

Ana Cristina Pereira

Como podem os pais prevenir assédio e abuso sexual de crianças online?
“O que os pais podem e devem fazer é acompanhar desde cedo os filhos na utilização que estes fazem das tecnologias”, começa por dizer especialista.

A pergunta pode atravessar o pensamento de muitas pessoas com responsabilidades parentais: não sendo possível impedir o acesso à Internet, como prevenir o assédio e o abuso sexual de crianças online?

Cristiane Miranda tem reflectido muito sobre essa questão. É co-fundadora do projecto “Agarrados à Net — Como Gerir o Tempo Online dos Teus Filhos”, desenvolveu os programas “217 Challenge — Sete Passos para a Parentalidade Digital Positiva” e “Que Tipo de Pais Digitais Somos”, em suma, dá formação a mães e pais.

A primeira regra parece simples, mas nem sempre ocorre: “O que os pais podem e devem fazer é acompanhar desde cedo os filhos na utilização que estes fazem das tecnologias. Hoje, crianças de dois ou três anos mexem no telemóvel. Nestas idades mais tenras, só devem usar com supervisão. É estar ao lado dos filhos, ensiná-los a utilizar, ajudá-los a perceber o que estão a ver e a vivenciar.”

Aquela especialista também recomenda que se introduza de imediato alguma aplicação de controlo parental. “Muitas vezes, os pais só se preocupam com isso quando dão o primeiro telemóvel à criança, o que costuma acontecer por volta dos dez, 11 anos. Mais vale tarde do que nunca, mas deve ser feita desde sempre.”

Explica Cristiane Miranda que o recurso a controlos parentais evita que crianças “tenham acesso acidental a conteúdos impróprios”. Têm é um prazo de validade. “Pelos dez, 11 anos, os miúdos já sabem dar a volta.” Algo persiste se “houver acompanhamento desde sempre, se os pais forem conversando com os filhos, fazendo com que percebam que não agem por serem espiões, é por serem mentores digitais”.

Pode ser da idade, da adolescência, mas convém prestar atenção quando os filhos “começam a demonstrar maior volatilidade emocional, uma atitude mais defensiva, a estar muito reservados com as suas actividades online”. “Qualquer mudança de comportamento sem motivo aparente é para os pais ficarem alerta e tentarem perceber o que se passa.”

Também podem ensinar os filhos a ter um pensamento crítico, um comportamento preventivo. E isso passa por explicar-lhes a diferença entre segredo e surpresa, dizer-lhes que devem desconfiar de quem pede para falar em privado, de quem pergunta se está mais alguém em casa, de quem faz muitos elogios e dá muitas prendas sem motivo aparente, de quem pede fotos, de quem oferece formas fáceis de ganhar dinheiro, como ser modelo, representar. E mais ainda de quem manda material sexual.

“Qualquer coisa destas deve levar os miúdos a falarem com alguém da sua confiança”, frisa. “Não se deve falar nisto com as crianças no sentido de lhes atribuir a responsabilidade de dizer que não, de denunciar, mas no sentido de dizer: estou aqui para te ajudar; essas coisas não se guardam, podem trazer problemas maiores.”

Cristiane Miranda sublinha a importância de “os filhos saberem que têm nos pais um porto seguro, não alguém que lhes vai ralhar ou bater”. E terem noção de que a pessoa que agride pode ser desconhecida ou conhecida — um familiar, um amigo da família, um professor, um treinador. “Quando estamos a falar de abusos presenciais, a maior parte é de pessoas próximas; quando falamos de abusos online, a maior parte é de pessoas fora da família.”

A associação Quebrar o Silêncio acaba de lançar um manual para profissionais que trabalham com crianças, intitulado Princípios Básicos para a Prevenção da Violência Sexual contra Crianças: Conhecer, Identificar e Agir. “O objectivo é terem presente um conjunto de princípios básicos, perceberem como os abusadores chegam às crianças, que obstáculos elas enfrentam para contar o que lhes aconteceu. E terem ferramentas para agir”, esclarece Ângelo Fernandes, presidente daquela associação. “Muitas pessoas nem sabem que o abuso sexual é um crime público e que têm o dever de o denunciar.”

A Polícia Judiciária colaborou na elaboração do guia. Os ministérios da Educação e da Saúde comprometeram-se a divulgá-lo nas escolas e nos centros de saúde e nos serviços hospitalares, respectivamente. E a Comissão Nacional de Protecção das Crianças e Jovens em Risco, nas comissões locais.

“Muitos professores e professoras acham que devem falar com a psicóloga, a CPCJ [Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Protecção das Crianças e Jovens], a família, onde muitas vezes está o abusador”, nota. “Às vezes, acham que precisam de mais provas. Não cabe a quem trabalha com crianças investigar crimes, cabe fazer a denúncia e deixar a Polícia Judiciária fazer a investigação.”

Fundamental, salienta ainda, é “não responsabilizar as crianças”. “Não se deve nunca, mas nunca, responsabilizar a criança. Não cabe à criança identificar o agressor, gritar, espernear, dizer que não. Responsabilizar a criança só aumenta o sentimento de culpa, o impacto traumático.”

Unicef enfatiza 13 emergências que precisam de mais atenção e apoio em 2024

Janeiro 5, 2024 às 6:00 am | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
Etiquetas: , , , ,

Notícia da ONU News de 2 de janeiro de 2024.

Agência que apoia crianças destaca que mais recursos são necessários em crises; conflitos crescentes, desastres, insegurança alimentar e surtos de doenças se combinaram para criar necessidades humanitárias sem precedentes em 2024. 

Do Haiti, ao Estado da Palestina e ao Sudão, violações graves, violência e serviços essenciais arrasados estão deixando milhões de crianças em risco. Enquanto isso, choques climáticos, insegurança alimentar e surtos de doenças deixaram famílias do Afeganistão à República Democrática do Congo e em Mianmar em dificuldades.

O Fundo da ONU para a Infância, Unicef, afirma que tem a capacidade de levar ajuda às crianças em risco e necessitada. 

A ação no terreno, seja por meio de suprimentos de emergência, espaços seguros ou apoio psicossocial, apoia famílias mais necessitadas, mas a situação de fundos é sombria. Confira as crises que precisam de mais financiamento para o ano novo: 

Afeganistão

O Afeganistão tem uma das crises humanitárias mais graves do mundo. Após décadas de conflito, os afegãos foram isolados da comunidade global, deixados para lidar com o colapso econômico, desastres climáticos e violações dos direitos humanos. A natureza prolongada e complexa das crises no Afeganistão destaca o quão crítico é abordar necessidades humanitárias agudas enquanto se investe simultaneamente em serviços básicos.

O Unicef e parceiros dizem atuar para prevenir o colapso do sistema de saúde no Afeganistão. Isso inclui pagamento de salários e fornecimento de suprimentos essenciais a milhares de profissionais de saúde e tratamento de crianças em risco de desnutrição. 

Além disso, o programa de água, saneamento e higiene está enfrentando grandes desafios com soluções pequenas, mas sustentáveis. Bombas de água movidas a energia solar tornaram a água limpa acessível a comunidades inteiras e mantêm a gestão da água de forma segura em suas mãos.

Burkina Faso

Mais de 3 milhões de crianças em Burquina Fasso necessitam de assistência humanitária com os conflitos em curso e um enorme deslocamento interno. O país africano está localizado na região do Sahel, que está imersa em uma crise humanitária impulsionada pela disseminação da violência armada, pressões demográficas, mudanças climáticas e crises de saúde e nutrição. 

O Unicef continua a atender às necessidades das crianças burquinenses, incluindo o tratamento de menores com desnutrição grave, fornecendo materiais educacionais, como kits escolares individuais, e informações sobre onde relatar exploração e abuso com segurança.

Camarões

Camarões enfrenta conflitos armados, violência intercomunitária, influxo de refugiados de países vizinhos, surtos de doenças, incluindo cólera e sarampo, e inundações sazonais. A crise é agravada pela desnutrição, aumento dos preços dos alimentos básicos e pelo fato de mais de um terço da população viver abaixo da linha da pobreza.

O Unicef apoia a triagem de crianças menores de cinco anos para desnutrição por meio de uma rede de agentes de saúde comunitários para garantir a detecção precoce e o tratamento. A agência também está trabalhando com parceiros para fornecer acesso à educação para crianças fora da escola.

República Centro-Africana

A República Centro-Africana é considerado um dos lugares mais difíceis do mundo para crianças. A violência generalizada e o deslocamento deixam cerca de 2,8 milhões de pessoas necessitando de assistência humanitária. A crise foi agravada pelo conflito crescente no Sudão e pelo fluxo de requerentes de asilo e retornados do vizinho Chade.

O Unicef busca melhorar o acesso à qualidade da educação para crianças em áreas afetadas pela crise, como fornecer espaços de aprendizagem temporários, kits escolares e materiais de educação de emergência, além de treinamento para professores e apoio psicossocial. 

Os lugares aos quais as crianças normalmente recorrem para proteção e apoio estão sendo atacados por grupos armados. Centenas de escolas não estão operacionais por conta da insegurança, deixando as crianças ainda mais vulneráveis à exploração e à violência. 

Chade

Deslocamentos causados por conflitos, crise de nutrição, desastres naturais resultantes das mudanças climáticas, epidemias, pobreza e transição política já haviam deixado famílias no Chade em dificuldades. Um influxo de refugiados do Sudão vizinho criou uma situação ainda mais volátil, já que os recursos já limitados estão se tornando cada vez mais escassos.

O Unicef anunciou que continua levando ajuda de prevenção e tratamento de desnutrição, campanhas de imunização, apoio psicossocial por meio de espaços amigáveis para crianças e grupos de conversa comunitária. A agência também ajuda famílias vulneráveis a obter acesso a água potável segura, por exemplo, por meio da construção de poços com energia solar e resistentes ao clima.

República Democrática do Congo

Violência intensificada, deslocamentos em massa e a proximidade de grupos armados às comunidades estão levando a um aumento alarmante nos casos de morte, mutilação e sequestro de crianças na República Democrática do Congo. Quase 5 milhões de pessoas precisam de assistência, já que conflitos armados e confrontos intercomunitários geram necessidades humanitárias sem precedentes.

As crises também têm um impacto significativo na educação e no bem-estar geral infantil. O fechamento de muitas escolas no leste do país, por exemplo, expõe as crianças a riscos de proteção, como recrutamento por grupos armados e casamento precoce.

O Unicef fornece serviços de saúde mental e apoio psicossocial e ajuda milhares de sobreviventes de violência de gênero. Além disso, apoia o acesso das crianças à educação formal e não formal, fornece kits de aprendizagem individual e mantem campanhas de vacinação para garantir a cobertura de imunização das crianças.

Etiópia

Conflitos, severa seca, enchentes, violência intercomunitária e surtos de doenças, deixaram mais de 30 milhões de pessoas na Etiópia, sendo mais da metade delas crianças, necessitando de assistência humanitária.

O Unicef fornece apoio para tratamento de menores com desnutrição aguda grave e outros serviços de saúde essenciais, ajuda mães com crianças pequenas com mensagens-chave de nutrição por meio de trabalhadores comunitários de alcance e fornece espaços seguros para crianças deslocadas, para que possam brincar e ser protegidas de danos. 

Haiti

Instabilidade política, agitação civil, crescente violência armada, pobreza extrema e desastres naturais é uma combinação letal de ameaças que continua a prejudicar a sobrevivência, a segurança e o bem-estar infantil no Haiti. Crianças são feridas ou mortas no fogo cruzado dos confrontos, algumas até a caminho da escola. Outras são recrutadas à força ou se juntam a grupos armados por pura desesperação. Comunidades estão sendo aterrorizadas. 

O acesso a água potável segura é limitado, assim como os alimentos e serviços básicos de educação e saúde. O ressurgimento do cólera e da desnutrição está levando crianças e suas famílias ao ponto de ruptura.

Apesar do ambiente extremamente inseguro e volátil, o Unicef trabalha para intensificar os esforços de proteção de crianças e famílias. A atuação inclui apoio a serviços de nutrição e saúde, resposta ao surto de cólera, promoção de ambientes seguros de aprendizagem, fornecimento de apoio psicossocial e assistência na recuperação e preparação para desastres.

Mianmar

O conflito generalizado continua a ter impacto nas crianças e suas famílias em Mianmar. Violações graves dos direitos infantis, principalmente devido ao uso de armamentos pesados, ataques aéreos e com explosivos, continuam sendo relatados.

 Atos contra escolas e hospitais continuaram colocando crianças e mulheres estão em maior risco de violência, exploração e abuso. Milhões de jovens foram privados do direito à educação pela falta de segurança.

O Unicef fornece serviços de proteção infantil e apoiam o acesso contínuo de crianças afetadas por crises a ambientes de aprendizagem seguros, incluindo as afetadas pelo Ciclone Mocha, um dos mais fortes já registrados em Mianmar, em maio de 2023.

Somália

Seca seguida por enchentes induzidas pelo El Niño, deslocamento, conflitos em curso e altos preços de alimentos deixam milhões de crianças na Somália precisando de assistência urgente.

Unicef e parceiros apoiam milhares de crianças com serviços de tratamento que salvam vidas para desnutrição grave e fornecem a pessoas deslocadas internamente e comunidades vulneráveis serviços de água e saneamento.

Sudão do Sul

Sudão do Sul, o país mais jovem do mundo, enfrentou múltiplos desafios desde sua criação em 2011, incluindo conflitos, inundações, surtos de doenças e insegurança alimentar. 

A situação grave das famílias do país foi agravada pela crise no Sudão vizinho, que provocou um influxo de refugiados e retornados na fronteira entre os países. Milhões de crianças estão fora da escola no Sudão do Sul, colocando em risco seu futuro e o futuro do país.

O Unicef apoia diversos serviços de saúde, incluindo a vacinação de crianças menores de seis anos com vacinas contra o sarampo. Também está fortalecendo o acesso à educação de qualidade para crianças, treinando professores, construindo e reabilitando salas de aula, fornecendo materiais de ensino e aprendizagem e organizando campanhas de volta às aulas.

Estado da Palestina

Mesmo antes da escalada da violência em outubro de 2023, crianças no Estado da Palestina cresceram sob a sombra de violência e pobreza. Mas a violência na Faixa de Gaza no final de 2023 teve um impacto catastrófico sobre crianças e famílias, com crianças morrendo em uma taxa alarmante de pessoas deslocadas. Famílias foram deixadas com acesso inadequado a água, comida, combustível e remédios. Seus lares foram destruídos; suas famílias desfeitas.

Com os ferimentos por conflitos, a precária situação da água, superlotação e o risco de surtos de doenças, as áreas prioritárias são água, saneamento, saúde e serviços de proteção infantil. O Unicef também fornece tratamento nutricional e atividades recreativas e educacionais para crianças afetadas por conflitos.

Sudão

Um surto de conflitos no Sudão em 2023 criou uma das maiores crises de deslocamento infantil do mundo. Mais de 3 milhões de crianças foram forçadas a fugir da violência generalizada em busca de segurança, comida, abrigo e cuidados de saúde.

Mesmo antes do conflito, as necessidades humanitárias em todo o Sudão atingiram níveis recordes. Mas à medida que os confrontos continuaram em 2023, a situação já considerada terrível atingiu níveis catastróficos. O acesso a comida, água potável, eletricidade e telecomunicações é instável e inacessível.

Apesar de desafios significativos, o Unicef e parceiros alcançaram milhões de crianças e famílias com cuidados de saúde e nutrição salvadores de vida, água potável segura e apoio psicossocial, aprendizagem e proteção, incluindo o estabelecimento de centenas


Entries e comentários feeds.