Hospitais sem tratamento de topo para pneumonia em crianças
Maio 3, 2013 às 8:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentárioEtiquetas: Entidade Reguladora da Saúde (ERS), Estudo, Pediatria, Pneumonia Infantil, Tratamento
Notícia do Expresso de 23 de Abril de 2013.
Vera Lúcia Arreigoso
A Entidade Reguladora da Saúde avaliou parâmetros de excelência clínica em 120 unidades e nenhuma teve nota máxima no tratamento pediátrico de pneumonias.
Em Portugal as crianças com pneumonia não têm tratamento de excelência? A avaliar pelo estudo hoje publicado pela Entidade Reguladora da Saúde (ERS), a resposta é não. Os peritos analisaram parâmetros de excelência clínica em 120 unidades públicas, privadas e do setor social e nenhuma preencheu os requisitos necessários para conseguir o nível máximo de qualidade nesta área de cuidados.
Ao Expresso, o presidente do Colégio de Pneumologia da Ordem dos Médicos, Henrique Queiroga, confessou-se surpreendido. “Não conheço o estudo, mas não dá muito para acreditar que nenhum hospital português consiga ter nota máxima no tratamento de pneumonias em crianças. Pode ser explicado apenas pelo tipo de critérios utilizados”. A saber: a colheita de sangue para hemocultura antes do início da antibioterapia para doentes com pneumonia, antibioterapia iniciada nas primeiras seis horas após a chegada em doentes com pneumonia e a seleção inicial de antibióticos para doentes imunocompetentes com pneumonia adquirida na comunidade.
A ERS garante que o estudo (SINAS) “afere do cumprimento institucional de guidelines e boas práticas, cientifica e consensualmente validadas, através do cálculo de indicadores de avaliação selecionados no âmbito de procedimentos e patologias específicos”. Acrescentando ainda que, foi tida também “em conta a apreciação levada a cabo por um conjunto de peritos nacionais independentes e especialistas na matéria, bem como pelas respetivas sociedades científicas”.
Pela leitura do documento, verifica-se também que nas áreas do enfarte agudo do miocárdio (cardiologia) e da cirurgia de revascularização arterial (cirurgia vascular) só um hospital, público, mereceu o lugar no topo do ranking da excelência clínica – Santa Marta, integrado no Centro Hospitalar de Lisboa Central. No caso do tratamento do enfarte, o resultado é um progresso, já que no relatório do ano passado não houve nenhum classificado com a nota máxima.
O caso repete-se ao nível do tratamento do acidente vascular cerebral (AVC, área de neurologia). Em 2012 nenhum hospital ficou no topo do ranking em AVC e este ano quatro unidades mereceram a excelência total: os centros hospitalares Entre Douro e Vouga e de Vila Nova de Gaia – Espinho e os hospitais de São João e Pedro Hispano, ambos no Porto.
Catorze áreas avaliadas
O estudo centra-se ainda na excelência clínica noutras áreas. Os peritos avaliaram os episódios com alta hospitalar, entre 1 de julho de 2011 e 30 de junho de 2012, no contexto de cirurgia de ambulatório, ginecologia (histerectomias), obstetrícia (partos e cuidados pré-natais), ortopedia (artroplastias totais da anca e do joelho e tratamento cirúrgico da fratura proximal do fémur) e pediatria (pneumonia e cuidados neonatais). E também, pela primeira vez, os cuidados prestados (de 1 de janeiro a 30 de junho de 2012) no âmbito da cirurgia geral (cirurgias do cólon), cirurgia cardíaca (cirurgias de revascularização do miocárdio, valvulares e cirurgias cardíacas não coronária) e unidades de cuidados intensivos.
No global, dos 120 hospitais sujeitos à avaliação da excelência clínica nas áreas do estudo, 102 tiveram nota positiva. De fora, ficaram 12 unidades que não obtiveram a ‘estrela’ e seis que declinaram a avaliação. No entanto, a ERS salienta que as 12 unidades sem classificação não reprovaram no teste. Ou seja, “não obtiveram a estrela relativa ao primeiro nível de avaliação da excelência clínica por não ter sido possível aferir do cumprimento de todos os requisitos de qualidade exigidos pela ERS, na medida em que se encontram ainda em fase de organização/ submissão dos dados ou porque os dados submetidos foram insuficientes para a realização da inferência estatística”, lê-se no documento.
No segundo nível de avaliação, mais detalhado e que permite atribuir a classificação máxima do ranking, ficaram 85 das 102 unidades com nota positiva.
Entre as unidades privadas, conseguiram colocar-se no topo do ranking os hospitais da Arrábida (histerectomias); da Luz, em Lisboa (histerectomias, artroplastias total da anca e do joelho), de Aveiro (artroplastias), do Algarve (artroplastias) e da Boavista (artroplastias). No setor social, destacaram-se de igual forma os hospitais de Riba de Ave (histerectomias), da Misericórdia de Vila Verde (artroplastias), da Prelada (artroplastias) e de Montemor (artroplastias).
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Estudo diagnostica 336 crianças e jovens com autismo na região
Maio 3, 2013 às 12:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social, Estudos sobre a Criança | Deixe um comentárioEtiquetas: Adolescentes, Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo de Setúbal (APPDA), Autismo, Crianças, Estatística, Estudo, Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE), Jovens, Setúbal
Notícia do Sem Mais Jornal de 20 de Abril de 2013.
estudo diagnostica 336 crianças e jovens com autismo na região
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Império das calculadoras nas aulas tem os dias contados
Maio 3, 2013 às 6:00 am | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentárioEtiquetas: 1º Ciclo, 2º Ciclo, Calculadora, Ensino da Matemática, Matemática, Memorização, Tabuada
Notícia do Público de 23 de Abril de 2013.
Clara Viana
Novo programa de Matemática para o ensino básico valoriza a memorização como facilitadora de “tarefas mais complexas”.
Com o novo programa de Matemática para o ensino básico, que entrou nesta terça-feira em discussão pública, o império das máquinas calculadoras nas salas de aulas fica com os dias contados.
Filipe Oliveira, professor da Universidade Nova de Lisboa e um dos autores do novo programa e das metas curriculares de Matemática, admitiu hoje, numa conferência de imprensa destinada a apresentar o novo documento, que a utilização de calculadoras no 1.º e 2.º ciclo para resolver operações simples tem tido efeitos “muito nefastos”, já que o aluno “recorre a uma espécie de caixa mágica onde lhe aparecem os resultados sem que chegue a compreender” a operação realizada.
O ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, que sempre foi um crítico do uso da calculadora nos primeiros anos de escolaridade, considerou hoje que o programa ainda em vigor, aprovado em 2007, “continua a promover o uso da calculadora”, embora não seja tão benévolo como era o anterior, que está na sua base.
“Deve haver alguns limites”, defendeu Crato. “Isso não quer dizer que as calculadoras não devem usadas, mas com bom senso”, esclareceu Filipe Oliveira, frisando que “os professores, melhor que ninguém, saberão quando o uso é nefasto ou vantajoso”.
Um dos princípios que subjaz ao novo programa, que estará em consulta pública até ao dia 23 de Maio, é o da importância da memorização que, “nas últimas décadas, foi descuidada”, frisou outro dos autores do novo programa, Carlos Grosso, que é professor do ensino básio e secundário. As metas curriculares para esta disciplina, homologadas no ano passado e que definem o que um aluno deve saber nas diferentes etapas do seu percurso escolar, já o estabelecem ao definir, por exemplo, que um dos objectivos de aprendizagem no 2.º ano é o “saber de memória as tabuadas do 2, do 3, do 4, do 5, do 6 e do 10”. No 3.º ano é a vez das tabuadas do 7, 8 e 9.
Saber a tabuada de cor
A memorização das tabuadas de multiplicação também se encontra prevista, para estes mesmos anos, no programa ainda em vigor, mas a sua concretização não parece satisfazer os autores do documento que o irá substituir. “A memorização não é antagónica da compreensão, antes pelo contrário”, defendeu Carlos Grosso, indicando que um dos objectivos gerais do novo programa é precisamente relacionar aquele procedimento “com o aumento da disponibilidade de recursos cognitivos”.
Por exemplo, a possibilidade de compreender e resolver bem um problema matemático é muito maior quando um aluno sabe a tabuada de cor. Como a nossa “memória de trabalho tem capacidade limitada, a memorização de factos e a automatização de procedimentos permite a compreensão e concentração em tarefas mais complexas”, frisou Isabel Festas, professora da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra e uma das coordenadoras da equipa das metas, acrescentando que “hoje em dia não basta fazer bem, é preciso fazê-lo rapidamente”.
Outra das mudanças previstas é a da inversão da tendência para a “excessiva contextualização” dos problemas. “É preciso partir do concreto, mas com a preocupação de alcançar o conhecimento abstracto das relações matemáticas. Não podemos estar sempre a desenvolver problemas demasiado contextualizados [envoltos numa história ou na descrição de situações do quotidiano], até porque as crianças acabam por se aborrecer com enunciados muito palavrosos”, defendeu Carlos Grosso.
António Bívar, professor na Universidade Lusíada e outro dos autores do novo programa, insistiu, pelo seu lado, que os conteúdos elencados neste já estavam estabelecidos nas metas curriculares e que por isso são conhecidos dos professores desde há quase um ano. “Não há novidades”, garantiu.
Evitar “problemas falsos”
Quando o Ministério da Educação e Ciência anunciou, na semana passada, que o programa em vigor estava revogado, a presidente da Associação de Professores de Matemática (APM), Lurdes Figueiral, acusou Crato de estar a fazer “retroceder 40 anos o ensino em geral e, em particular, o da Matemática”. Segundo um dos autores do programa de 2007, João da Ponte, o MEC está a recuperar “uma matemática muito abstracta e muito formalizada que não serve a escola e os alunos de hoje”.
Hoje, Nuno Crato desvalorizou estas críticas, frisando que o novo programa visa, pelo contrário, “modernizar o currículo”, tornando-o “mais exigente, mais claro e mais adaptado às necessidades dos dias de hoje”. O ministro acrescentou que o novo programa dá “uma grande liberdade metodológica aos professores sendo ao mesmo tempo muito claro nos seus objectivos, que é o contrário do que acontecia”. Crato justificou a sua adopção com o facto de, após este primeiro ano de aplicação ainda não obrigatória das metas curriculares, “subsistirem algumas dúvidas e incongruências pontuais” entre o que se encontra recomendado nestas e o que está recomendado no programa de 2007.
A adopção do novo programa permite “desviar de problemas falsos como as alegadas incompatibilidades entre as metas e o programa de 2007. Assim, esta questão deixa de criar problemas”, acrescentou António Bívar.
A APM anunciou em Março que iria interpor uma providência cautelar para travar a aplicação das metas curriculares da disciplina que, no próximo ano lectivo, serão obrigatórias para os alunos do 1.º, 3.º, 5.º e 7.º anos, alegando que estas contrariam o programa que está em vigor nas escolas. No fim-de-semana, já depois do anúncio de que este seria revogado, indicou que está ponderar apresentar uma providência cautelar com vista a impedir que tal aconteça.
O MEC conta ter a versão final do novo programa, incluindo eventuais alterações na sequência da consulta pública, concluída a 11 de Junho, para que entre em vigor já no próximo ano lectivo.
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