#MovimentoViverIntensamente quer devolver o recreio às crianças – Notícia com declarações de Melanie Tavares do IAC

Maio 28, 2020 às 3:30 pm | Publicado em O IAC na comunicação social, Site ou blogue recomendado | Deixe um comentário
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Notícia do Sapo Lifestyle de 27 de maio de 2020.

O #MovimentoViverIntensamente, que pretende devolver o recreio às crianças e levar a brincadeira para dentro de casa, é lançado na quinta-feira, com desafios semanais às famílias que terminam após o verão, quando as escolas reabrirem.

Apesar de inicialmente pensada para crianças com alguma patologia ou para filhos de quem está doente em casa, esta iniciativa, que tem entre os vários parceiros o Instituto de Apoio à Criança (IAC), abrange todas as crianças e famílias, que com o confinamento se viram obrigadas a deixar de brincar na rua com os amigos.

“O brincar é para toda a vida, não é só para crianças. Enquanto linguagem universal, permite que pessoas com línguas diferentes se entendam. Quando as crianças vão à praia, não falam a mesma língua dos estrangeiros que encontram, mas conseguem brincar juntas e fazerem-se entender”, disse à Lusa Melanie Tavares, do IAC.

“É um movimento pensado para crianças, mas com um apelo também a que se brinque enquanto adulto”, acrescentou a coordenadora do setor da atividade lúdica do IAC, explicando que o instituto foi desafiado para esta ideia pela empresa biofarmacêutica AstraZenca.

A responsável sublinha o trabalho que o IAC tem desenvolvido para sensibilizar a população para a importância do brincar, sobretudo a iniciativa que promove anualmente nos jardins do Palácio de Belém no Dia Internacional do Brincar, que se assinala na quinta-feira.

“No ano passado juntámos quase 5.000 crianças e famílias. Este ano não vamos poder fazer, pois é um ano diferente, mas também por isso queremos levar a brincadeira para dentro de casa. Brincar é uma coisa séria, promove o desenvolvimento integral da criança, estimula a saúde física e mental e pode ser usado como estratégia de aprendizagem”, afirmou a responsável.

Melanie Tavares explica que as famílias podem inscrever-se no #MovimentoViverIntensamente através do ‘site’ (https://viverintensamente.com/) e serão depois desafiadas com diversas propostas todas as semanas. As primeiras 1.000 famílias inscritas receberão sementes para semear em casa.

“A ideia é falar com as autarquias para que sejam elas a ajudar a encontrar espaços para que as sementes que as famílias semearem em casa, em vasos, possam ser depois transplantadas para um espaço público”, explicou.

As atividades serão para as crianças fazerem até ao dia em que voltem à escola: “Acreditamos que possa ser em setembro”, disse a responsável do IAC.

Até lá, as crianças recebem um passaporte e cada atividade vai dar-lhes uma espécie de selo que atesta a participação para que, no final, mostrem o passaporte completo aos amigos quando a escola regressar.

Jovens de zonas problemáticas de Lisboa “satisfeitos com a sua forma de ser”

Fevereiro 8, 2015 às 7:13 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia do Público de 29 de janeiro de 2015.

Público

ROMANA BORJA-SANTOS

Resultados do estudo sobre participantes no programa de intervenção Young Health Programme (YHP) – Like ME surpreende investigadores. Jovens mostram bons comportamentos em matéria de saúde e uma percepção positiva da sua auto-estima, assim como poucos episódios de violência.

Numa sala de actividades todos são convidados a escrever o seu maior medo num balão. Depois, ao acaso, trocam-se os balões entre os jovens presentes e cada um tem de falar sobre a palavra que lhe calhou e propor formas de ultrapassar o problema. De aranhas, ao receio de perder a mãe, ou até pedofilia – são vários os medos no grupo. O exercício faz parte do Young Health Programme (YHP) – Like ME, um programa de intervenção junto de mais de 100 jovens de bairros problemáticos de Lisboa, com idades entre os nove e os 13 anos, e que se foca na saúde mental. Um estudo, conhecido nesta quarta-feira, procurou perceber os comportamentos e atitudes destes participantes e os resultados surpreenderam os investigadores: os casos de violência, agressão e problemas de auto-estima contrariam os “pré-conceitos” existentes.

“À partida havia um pré-conceito de que iriamos encontrar dados problemáticos do ponto de vista de comportamentos de saúde, de aspectos comportamentais e de atitudes que estes jovens poderiam ter e que de certa forma estão estereotipados. Este estudo veio rebater isso completamente e mostrar que há aqui um manancial de terreno que se pode aproveitar visto que eles dão importância a muitos aspectos”, sintetizou ao PÚBLICO o investigador Manuel Luís Capelas, um dos coordenadores do estudo do Centro de Investigação Interdisciplinar em Saúde do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa, feito em articulação com a organização não-governamental Médicos do Mundo. O trabalho envolveu 113 jovens.

Like ME, como lhe chamam, integrado no programa de responsabilidade social da farmacêutica AstraZeneca, foi lançado em Fevereiro de 2013, com o objectivo de trabalhar com os jovens problemas relacionados com a saúde mental. Todos eles eram já acompanhados, visto que estão também integrados no programa Escolhas – que está há mais de dez anos no terreno com o objectivo de promover a inclusão social de crianças e jovens provenientes de contextos socioeconómicos mais vulneráveis. As crianças vivem em bairros de Lisboa sinalizados.

Para Manuel Luís Capelas este acompanhamento prévio é fundamental para os resultados do estudo agora conhecido e cujos dados foram recolhidos antes de os jovens beneficiarem das actividades do Like ME. No final do programa, no segundo semestre deste ano, haverá uma continuação da investigação para analisar a evolução. “Estes jovens, que têm algumas dificuldades porque vêm de meios que não os ajudam a desenvolver as suas características e competências, com este tipo de apoios estão exactamente nas mesmas circunstâncias que os outros. De base atribuem a importância necessária aos diversos aspectos que merecem ser realçados”, acrescentou o investigador. Os dados apurados apontam para que “estes jovens estão satisfeitos com a sua forma de ser”, com mais de 45% dos jovens com um score máximo em termos de pontuação.

Esta é também a percepção de Rita Mendes, técnica da Médicos do Mundo a desenvolver o programa no terreno. “Os casos de conflito, de violência e de bullying entre estes jovens não têm a dimensão que se pensava. O conflito está ainda muito presente mas não se concretiza em actos mais graves, sendo o mais comum a observação de agressões do que a participação”, resume, reforçando que os actos são quase sempre entre colegas e não com professores.

A técnica acredita que os programas de que são alvo têm ajudado a mudar a realidade e dá exemplos de formas como ajudam os participantes a “colocarem-se na pele do outro”. Uma das actividades passa por estarem todos vendados e de mãos atadas, ao mesmo tempo que têm de tentar escrever um pedido de ajuda ou de fazer um laço. “A ideia é que percebam como é difícil pedir ajuda quando se é vítima ou como se sente uma vítima de bullying”, justificou.

As conclusões mostram que os jovens têm bons comportamentos em matéria de saúde, uma percepção positiva da sua auto-estima, imagem física, rendimento escolar ou actividade física, assim como dizem estar bem integrados na escola – uma perspectiva que foi corroborada pelos dinamizadores que também participaram no estudo. Aliás, uma das figuras que apontam em 20% como alguém a quem pedem ajuda é precisamente o professor. O primeiro lugar, com 54%, é ocupado pela mãe.

Em termos de armas de fogo ou armas brancas, a esmagadora maioria nunca teve nenhuma, nem nunca faltou à escola por motivos de insegurança. Da amostra de 113 jovens, 97 responderam a perguntas sobre actos de violência em que participaram no último ano. Um terço confirmou a existência destes momentos, quase sempre na escola, mas em nenhum caso resultaram lesões físicas a destacar.

Do lado negativo, mas tendo em atenção a idade, o trabalho salienta que mais de um terço dos jovens nunca tinha ouvido falar do VIH/sida. Porém, também só cinco já tinham começado a sua vida sexual e quatro não utilizaram preservativo da última vez que tiveram relações. Houve 5,4% de jovens que se magoaram propositadamente para lidar com alguma situação. O acesso da cuidados de saúde dentária é outro dos problemas identificados. Ainda no campo dos comportamentos, quase nenhum disse ter consumido alguma vez produtos como tabaco, álcool ou outras drogas. Em termos de segurança, mais de 73% nunca usaram capacete ao andar de bicicleta nos últimos 12 meses, mas ao andar de carro mais de 61% utilizaram cinto de segurança.

“Sinalizámos alguns aspectos que precisam de intervenção mas, no geral, a semente está lá, o terreno está lá, é só criar condições para que floresçam. É esta a grande conclusão que também nos surpreendeu a nós, pelo que o mais essencial é ajudar estes jovens a viverem nos meios mas tendo uma postura crítica. É um trabalho geracional para que quando cheguem aos 17 ou 18 anos não tenham o comportamento que os outros têm ou tiveram e que estereotipam o que se espera destes jovens”, resumiu Manuel Luís Capelas.

Quanto ao futuro, na segunda parte do estudo os investigadores esperam observar dados ainda mais positivos, já que o Like ME quer aumentar em 30% a auto-estima dos participantes e em 10% as suas capacidades na área da saúde mental. Por realizar estão ainda actividades como um campo de férias que terá lugar no Versão e durante o qual vão fazer uma produção de sete pequenos episódios para uma mini-série sobre os temas trabalhados nas oficinas temáticas.

 

mais informações:

http://www.medicosdomundo.pt/pt/agenda/detail/id/114

http://www.younghealthprogrammeyhp.com/country-programmes/Portugal

 

 


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