Parar de estudar matemática afeta o cérebro e o desenvolvimento cognitivo dos adolescentes
Junho 25, 2021 às 8:00 pm | Publicado em Estudos sobre a Criança | Deixe um comentárioEtiquetas: Adolescentes, Artigo, Desenvolvimento Cognitivo, Desenvolvimento do Cérebro, Estudo, Francesco Sella, Matemática, Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), Roi Cohen Kadosh
Notícia da Visão de 19 de junho de 2021.
Estudo sugere que abandonar essa disciplina após os 16 anos reduz uma substância química fundamental para a plasticidade cerebral
Abandonar a matemática após os 16 anos pode ser uma desvantagem em termos de desenvolvimento cerebral e cognitivo, conclui um estudo agora publicado na revista a Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). Os investigadores encontraram uma redução dos níveis de ácido gama-aminobutírico (GABA), que funciona como um neurotransmissor, numa região-chave do cérebro para as matemáticas, a memória, a aprendizagem, o raciocínio e a resolução de problemas.
Roi Cohen Kadosh, professor de Neurociência Cognitiva, e colegas do Departamento de Psicologia Experimental da Universidade de Oxford, no Reino Unido, avaliaram 133 estudantes, entre os 14 e os 18 anos. Baseando-se na quantidade dessa substância química, conseguiram distinguir os adolescentes que ainda estudavam ou não matemática.
“As habilidades matemáticas estão associadas a uma série de benefícios, como o emprego, o statu socioeconómico e a saúde mental e física”, lembra Cohen Kadosh. “A adolescência é um período importante da vida que está associado a importantes mudanças cerebrais e cognitivas. Infelizmente, a possibilidade de deixar de estudar matemática nessa idade parece causar um distanciamento entre os adolescentes que abandonam a educação matemática em relação aos que continuam.”
Este estudo proporciona um novo nível de compreensão biológica do impacto da educação no cérebro em desenvolvimento e do efeito mútuo entre biologia e educação. “Ainda não se sabe como a disparidade pode ser evitada, nem as suas implicações a longo prazo”, diz o mesmo investigador. “Como nem todos os adolescentes gostam de matemática, devemos pesquisar possíveis alternativas, como o treino em lógica e raciocínio, que envolvem a mesma área do cérebro que a matemática.”
Numa altura em que tantos alunos tiveram um acesso limitado à educação, por causa da pandemia, torna-se especialmente urgente compreender a importância do estudo da matemática para o desenvolvimento cerebral e cognitivo, nota Cohen Kadosh. “Embora tenhamos iniciado esta linha de pesquisa antes da Covid-19, também me pergunto como a redução do acesso à educação em geral, e à matemática em particular (ou a falta dela devido à pandemia), afeta o desenvolvimento do cérebro e as habilidades cognitivas das crianças e adolescentes.”
Os investigadores não encontraram nenhuma diferença na substância química antes de os adolescentes pararem de estudar matemática. Mas a sua quantidade previu com êxito o desempenho matemático cerca de 19 meses depois. A influência de longo prazo dessa interrupção ainda é desconhecida, mas o estudo “fornece uma visão importante sobre como a falta de um único componente na educação pode afetar o cérebro e o comportamento”, conclui Cohen Kadosh.
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