“As crianças que não sabiam ler nem escrever eram postas na chamada ‘fila dos burros'”

Setembro 3, 2019 às 8:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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© Sara Matos/Global Imagens

Entrevista de Raul da Silva Mendes ao Diário de Notícias de 13 de agosto de 2019.

Carlos Ferro

Deu aulas durante 52 anos, sempre no ensino básico. Ajudou agricultores e pescadores a aprender a ler e a escrever e desenvolveu um método com que conseguiu “ganhar” para a escola crianças com dificuldades de aprendizagem. Combateu, assim, a “fila dos burros”.

Raul da Silva Mendes tem uma vida dedicada ao ensino, com especial atenção às crianças com dificuldades de aprendizagem. Estudioso, desenvolveu um método para ensinar os miúdos mais “complicados” a ler e a escrever, aqueles que há muitos anos eram colocados na “fila dos burros” na escola primária. E ainda hoje anda com um bloco onde aponta as suas investigações que gostava de ver aplicadas principalmente no ensino dos imigrantes que chegam a Portugal.

Durante a conversa, que por vezes interrompia dizendo que se calhar estava a falar demasiado – “já se sabe, um velho tem muitas história” -, falou do seu método de ensino Do Número à Palavra (cada letra está associada a um número, A=1 etc., o que permite aos alunos associarem letras até formarem palavras), das dificuldades que enfrentou e dos projetos que abraçou.

E das aulas dadas aos pescadores do Montijo, em que um deles um dia lhe disse: “A minha filha faz lá em casa uns desenhos…” E quem era essa filha que desenhava essas coisas? A artista plástica Fernanda Fragateiro.

Raul Mendes nasceu em Évora a 24 de agosto de 1940, ali tirou o curso na Escola de Magistério Primário – “era a solução para quem não podia ir para as três universidades que havia, Lisboa, Porto e Coimbra” -, mas foi no Montijo que cumpriu praticamente toda a sua carreira. É nesta cidade do distrito de Setúbal que já reconheceu o mérito do seu trabalho que vive.

Sentado numa esplanada num dos jardins da cidade, Raul Mendes desfia memórias – das aulas de Marcelo Caetano na Faculdade de Direito, das exigências de Salazar – que vão sempre dar aos alunos que ajudou. “Tive dois alunos chineses que eram muito bons. Só fizeram até ao nono ano. Hoje são dois grandes amigos. Tiveram um restaurante onde deixei de ir almoçar porque não pagava.”

Com tantos anos de carreira, ainda hoje tem uma mágoa: o não ser aproveitado como devia ser o livro de Vergílio Ferreira Vagão J, que chegou a ser censurado em 1971 e no qual as diferenças entre estratos sociais é o tema central.

Se lhe pedir para se definir, o que diria?
Sou um antigo professor do ensino primário, que agora se chama básico, natural de Évora, ali estudei e frequentei a Escola de Magistério Primário, que designei como a universidade do povo. E universidade do povo porquê? Porque a classe pobre ou mesmo média não podiam ir para as três universidades: Lisboa, Porto, Coimbra.

Portanto, o objetivo foi sempre ser professor?
A estratégia era fazer um curso médio de professor. Antigamente para se ser professor do ensino básico bastava a quinta classe, o nono atual. Fiz logo a seguir o antigo sétimo ano, que agora é o 12.º, na alínea D, Direito, fui frequentar esse curso. Só que vi que o programa jurídico não tinha nada que ver com o programa pedagógico. Pus de lado o Direito, ainda frequentei um ano – como curiosidade, era professor de Introdução ao Estudo de Direito e Direito Administrativo o professor Marcelo Caetano-, a partir daí comecei a dedicar-me aos meus alunos e sobretudo a observar melhor o que era uma sala de aula e o que era o meio familiar e as influências que tinha na escola.

E onde começou a dar aulas?
Fui morar para Carcavelos, dei aulas em Manique do Estoril.

Falou-me num livro de Vergílio Ferreira…
Há um livro dele, Vagão J, que me serviu de guia. É pouco conhecido, foi editado em 1944 e focava precisamente a ação do professor na escola e na aldeia, a influência social e política do professor e na melhoria das condições sociais dessa população. Claro que entra em contradição com Carneiro Pacheco, o ministro da Educação Nacional [entre 1936 e 1940], porque ele entendia que as crianças aos 7 anos tinham um cérebro tão plasticável, que todas as ideias que lhes incutissem lá ficavam, sobretudo as de pátria, amor a Portugal, amor ao Estado, dentro da trilogia Deus, pátria, família.

O que Vergílio Ferreira contestou?
Nesse seu livro ele diz que as crianças têm um cérebro que faz lembrar a cera, simplesmente têm outros sulcos que lhes tinham sido transmitidos ao nascer. Essa contradição custou que esse livro que eu digo tão importante e tão pouco conhecido fosse censurado. Depois é reeditado pela Livraria Bertrand numa pequena abertura do Estado Novo, em 1971, já com Marcelo Caetano.

Como foi o seu início no ensino?
Comecei a trabalhar e fiquei alarmado com a quantidade de crianças que não conseguiam fazer a primeira classe – na altura, havia avaliações na primeira classe – porque não sabiam ler nem escrever. Esses eram sistematicamente postos numa fila a que os colegas chamavam a “fila dos burros”. Logo no primeiro ano em que comecei a ensinar crianças da primeira classe reparei que eles afinal na matemática, nas operações e no cálculo eram absolutamente normais e na disciplina de Educação Visual até tinham ideias interessantes.

O problema era o português…
E então surgiu a questão: porque é que eles ao entrarem no domínio da língua portuguesa, na iniciação da leitura, se desinteressavam, mas depois nos domínios da matemática eram paralelos aos outros. Pensei: será que uma criança com dificuldades na aprendizagem da leitura prefere o número? A matemática? Será que eles na sua vida prática, ao contarem as caricas, ao contarem as pedrinhas, adquirem essas noções? E gostam de ligar a vida, a brincadeira, ao estudo, à prática? E então pensei: se fizer a simbiose do número à palavra, será que vou interessá-los? E então, no ano de 1985-86, introduzi na minha classe, a par da turma “normal”, cinco alunos que já tinham vários anos de repetentes e eram totalmente analfabetos.

Como foi a integração?
O meu estudo baseou-se no selecionar as palavras da língua portuguesa que se escrevem apenas com uma letra e, para meu espanto, são apenas seis: u, o, ã, a, é, i. Essas foram as primeiras letras que começaram a conhecer. A diferença é que, enquanto nos anos anteriores lhes davam logo de início palavras e sílabas que não lhes faziam sentido, eu só com palavras com uma letra fazia textos. Consegui pô-los a dialogar: “É o i? É o. É o u?.” Este diálogo motivou-os, diziam “já sabemos ler”.Isso dava a noção de que a leitura estava muito ligada ao número. Era a chapa 1, depois passava para a chapa 2 – palavras com duas letras -, etc., quando se chega às palavras com três letras já se podia fazer inúmeras variantes. O aluno, antes de iniciar a fase da leitura, tem de dominar o alfabeto, então construí tabelas com o alfabeto e numeradas por baixo: A -1; B – 2; C – 3 e por aí.

É uma lógica diferente do que se ensina.
Esta lógica do número e do fonema possibilitava iniciar jogos com dinâmica. Por exemplo: onde vou buscar letras que possam formar a palavra pai? E eles iam ver os números a que correspondia a letra. Esta ligação do número ao fonema ia ao encontro do problema de que a criança parece gostar mais das coisas concretas, do número. Essa é a raiz do meu trabalho. Obtive resultados sobretudo na resposta das crianças, que depois diziam “eu já não sou maluco”, “eu já sei ler”.

O suborno em bifes e os desenhos da futura artista Fragateiro

Depois das crianças, os adultos…
Fiz um curso de especialização no ensino de adultos. Para ter a carta de condução era obrigatório ter a quarta classe. Ora, havia imensas pessoas com negócios que precisavam das carrinhas e então surgiram muitos alunos a frequentar os cursos de adultos.

E as dificuldades?
Também foi uma longa aprendizagem, porque eles, ao escreverem – sobretudo os agricultores -, tinham tanta força na mão que entre a caneta e o papel rasgavam o papel. Então a estratégica foi esta: se eu fosse cavar a sua terra, não conseguia fazer um sulco. Agora aqui [na aula] estava com força a mais.

Como o professor “dá a volta” à questão?
O professor foi sempre um ator que em todas as circunstâncias tem de se adaptar e saber motivar. Porque com um aluno desmotivado não há aprendizagem.

E como conseguiu ter sucesso?
Apresentava palavras com uma letra, com duas e dizia: cá está um texto. A novidade que introduzi é que produzia um texto com significado juntando os três vetores que considero fundamentais e que são universais: o movimento, a música e o drama. Todo o texto nestas idades [ensino básico] que não for possível ser dramatizado não é texto.

Hoje ainda é assim?
O problema da formação de professores é que se diluiu a especialização. O ensino, sobretudo da escrita e da língua, leva muito tempo, o professor tem de observar, pois a escola é um laboratório. Mas hoje eles estudam imensas disciplinas e ficam preparados de maneira igual. Não há especialização e perde-se o que é fundamental: o aluno sair do ensino primário a saber ler, escrever e contar e, sobretudo, saber descodificar mensagens. Hoje a vida é uma descodificação de mensagens. Um aluno que saia iletrado da escola terá sempre dificuldades enormes em sobreviver.

O que o seu método conseguia evitar…
Sempre tive um ensino muito dinâmico. Por exemplo, quando me chegaram à sala dois chineses, o problema foi que todos os alunos diziam “eles têm os olhos em bico” e eu tive um trabalho árduo para os integrar na sala de aula, dizendo que eram meninos com outras valências, outros costumes. Que até nos iam contar quando soubessem ler e escrever histórias do seu país, sobretudo dos jogos. Eles foram sempre excelentes no cálculo, na matemática. Eram ótimos alunos, todos os dias falava com eles, mesmo no ensino secundário, queria que continuassem a estudar, mas chegaram ao nono e pararam. Até aos pais disse que eles deviam ir para um curso de Gestão, ainda por cima dominando o chinês e o português. Mas não, estão por aí, tiveram um restaurante onde eu ia almoçar e deixei de lá ir porque nunca pagava nada. São dois grandes amigos que ficaram.

Regressando ao ensino de adultos. Foram momentos difíceis?
O Salazar exigiu que para se tirar a carta de condução era necessário ter a quarta classe. E então surgiram problemas curiosos. Como, por exemplo, o gerente de um balcão do Banque Franco-Portugaise, que tinha o curso de Economia tirado no estrangeiro e teve de ir tirar a quarta classe. Os frades capuchinhos tiveram de o fazer para poderem guiar os tratores e só falavam espanhol. Depois surgiram problemas dramáticos: na Base Aérea do Montijo, os soldados só podiam sair da base se fossem o braço-direito dos pais, por exemplo, na agricultura, quando fizessem a quarta classe. Agora veja o dilema do professor primário se reprovasse um aluno – ele não saía.

E exigentes…
Tinha de ser um diálogo muito estimulante, senão eles desistiam. Por exemplo, tive um pequeno grupo de pescadores do Montijo – seis – em que a sala de aulas era a sala da casa de um deles. Um era o pai da artista que fez as ondas do mar nos relvados, a Fernanda Fragateiro – e ele dizia: “A minha filha faz para lá uns desenhos.” Ia a casa deles, falava com eles sobre a pesca, as suas dificuldades. Acabei por me integrar no meio piscatório do Montijo. Era sempre muito difícil estimulá-los, queriam o fácil, o desistir. Um dia um talhante aqui do Montijo diz-me assim: “Eu pago-lhe [para o aprovar]. Quer que lhe pague em costeletas ou em bifes?.” E eu dizia-lhe “não, quero é que você vá à sala de aula. Ele desistiu, não sei como é que fez depois”.

O professor é um ator e um fingidor

Já disse várias vezes que o professor é um ator. Quer explicar melhor?
O ato de ensinar, a sala de aula, exige muito do professor. Ele não pode ir para casa pousar a caneta. Exige todo um planeamento para o dia seguinte. São cinco horas que passa como um ator. Tive um professor que antes de entrar na sala de aula chegava ao pé do cabide e, apesar de não usar chapéu, fazia o gesto de o tirar e colocar lá. Os miúdos diziam-lhe “porque está a tirar o chapéu, enganou-se, não tem chapéu” e ele respondia “estou a pôr aqui as preocupações”. Ou seja, a sala de aula tem de ser de uma concentração absoluta do professor para os alunos. E tem de preparar a lição porque tem de saber que tem de fazer este jogo, a seguir tem de preparar a aula, a seguir eles já estão muito cansados, têm de ir um bocadinho ao recreio se o tempo o permitir. Quando fui trabalhar, a empregada dizia: “Julgava que o senhor não estava lá [na sala de aula] porque estava habituada a ouvir os professores a gritar. Comigo não era assim, pois cada aluno sabia o que tinha de fazer.”

É por isso que um professor é um fingidor?
A sala de aula é um palco e um palco muito importante. Sabe, também dialoguei muito com os pais e isso foi uma inovação perigosa. Antes do 25 de Abril, reuniões só as autorizadas e essas eram poucas.

Conseguia ter uma boa relação com os alunos?
A ligação da vida à escola foi sempre a minha preocupação. Nos 3.º e 4.º anos destinava os primeiros dez minutos de aula para que eles me fizessem uma pergunta. Um dia fiquei de boca aberta quando um me perguntou “professor, o que é investigar? Estão sempre a falar na televisão em investigar”. Obrigou-me a fazer a ligação à vida.

E como foi a ligação dessa vez?
Eu era muito amigo de um agricultor e aproveitava as histórias dele para a escola. Um dia disse-me “ó professor, este ano foi um desastre para as ervilhas. Veja lá se consegue acompanhar a minha ideia: eu costumava guardar as sementes das ervilhas em frascos de vidro e este ano coloquei em caixas de plástico. Será que isso está ligado?” Peguei neste problema e investiguei. Tínhamos de arranjar uma amostra com frascos e caixas, registar tudo e depois ver na produção. Isto é que é investigar. Investigar não é responder sim ou não. Não podia responder ao senhor, pois não tinha investigado.

Nem sempre é assim que funciona a escola…
Eu ria-me com os inspetores que iam à minha sala de aulas e diziam: “Agora a escola ativa é que é o paradigma.” Continuavam como inspetores, mudava o governo, voltavam a aparecer e diziam “agora é a pedagogia por objetivos”. Eu perguntava-lhes: “Mas qual é a diferença?” Não sabiam. Depois iam dar uma aula e qual era a letra que escolhiam? O “i”, que é a mais fácil: um risco para cima, para o lado e uma pintinha. Ou o “o”. Simplesmente, dizia-lhes que tinham de ouvir primeiro os problemas do professor e então fazer ou tentar dar resposta a essa dúvida. Não era a escolha feita por eles, era a escolha dos professores. Agora, quando apresentamos um projeto, a pergunta, que não se ouve cá fora, é “de que partido é ele?”. Tem interesse se for do partido.

Que trabalho acha que deveria ser feito na educação?
Uma análise às escolas que fecham. Não há alunos, fecham-se as escolas e estas passam a ser o quê? Um café, um restaurante, quando defendo que deveriam ser um polo cultural, um local de encontro. É curioso que esse problema surgiu já no tempo do Salazar. O pai do Marcelo Caetano, que foi governador-geral de Moçambique e subsecretário de Estado da Educação, queria o aproveitamento das escolas como um polo cultural da aldeia. Por exemplo, levar lá um rancho folclórico. Mas o Salazar discordou – “isso era na Casa do Povo”, defendia. Pois na Casa do Povo fazia-se política.

Nessa vontade de estudar e aprender, o Raul Mendes tirou um doutoramento.
Foi o primeiro doutoramento em Ciências da Educação na Lusófona. Quando me aproximei do final da carreira e comecei a ter mais tempo livre, matriculei-me aos 54 anos na Escola Superior de Educação João de Deus, que para mim era o polo por excelência da formação de professores. Estive lá dois anos. O Dr. António rodeou-se de personalidades muito importantes no mundo pedagógico. O meu método era mais virado para a recuperação de crianças – não batia no método deles -, mas vi pela reação dele, quis ser o meu orientador da tese, para ficar com o domínio do trabalho. De qualquer modo, servi-me dessa escola para apresentar este método, lá está na biblioteca das teses o método Do Número à Palavra, simplesmente nunca teve, nem poderá ter, divulgação porque poderá colidir com o método João de Deus.

Não se ficou por aí…
Depois fiz o mestrado e o doutoramento sobre “A formação de professores em Portugal antes e depois do 25 de Abril – que mudanças”. Ouvi 34 professores que tinham exercido antes e outros depois dessa data.

E que diferenças encontrou?
Mais na idade do que na formação profissional. Os mais recentes aderiram melhor, no modo geral, ao 25 de Abril, enquanto os mais antigos estavam muito afetos à trilogia Deus, pátria, família. Mas sempre houve quem furasse o sistema. Eu não admitia que numa classe houvesse a fila dos burros e a dos outros. A única divisão que fazia era os que viam melhor ou pior, que ouviam melhor ou pior.

O orgulho nos netos

Como é a sua vida atual?
Tem sido ótimo acompanhar o estudo dos meus netos. Tenho dois – um está no 8.º ano e o outro entrou no Técnico, no 1.º ano de Engenharia Industrial. Fiquei muito contente quando há tempos fui ao quarto dele e tinha lá colado na secretária meia dúzia de pensamentos meus. Um deles era “na vida devemos ser honestos, trabalhadores”. Nos aniversários dei-lhes sempre uma prenda diferente, um poema, qualquer coisa que mostrasse o que era a vida. Ainda hoje mantenho a ligação ao estudo. Pensando sobretudo nos imigrantes que têm dificuldades na língua portuguesa e procuro conciliar o que é este método com pessoas com estrato social normal.

Já pensou em editar esse seu método de ensino?
Enviei a uma editora que passados 15 dias me respondeu que a parte editorial estava esgotada. Eles não explicam, mas no ensino há um milhão de alunos e com problemas são 10%, por isso não é rentável uma edição. Ainda por cima, o livro seria caro porque é todo baseado em gravuras.

O que lhe falta fazer ainda?
Falta fechar o ciclo, ou seja, ver esta obra continuada e aplicada pelo menos no sentido de experiência para ver se as crianças se desenvolvem e aprendem.

Sempre a pensar nas crianças…
Conto-lhe outra coisa curiosa: quando acabava a aula, dizia aos miúdos “hoje saímos mais ricos”. E alguém começava a mexer nos bolsos…


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