Investigação revela que dois terços dos adolescentes já foram vítimas de agressão na escola

Outubro 18, 2023 às 12:00 pm | Publicado em Estudos sobre a Criança | Deixe um comentário
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Notícia do Diário de Notícias de 5 de outubro de 2023.

Os resultados de uma investigação da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) falam por si e fazem soar campainhas: 68% dos adolescentes portugueses já foram vítimas de comportamentos agressivos em contexto escolar. Os dados apontam para uma prevalência da violência interpessoal em escolas do ensino básico e secundário de Portugal Continental e dos Açores. Dos 7139 jovens que participaram na investigação, de ambos os sexos e com idades entre os 12 e os 18 anos, 68% (4837) revelam ter sido vítima de algum comportamento de agressão. Por outro lado, um número não muito diferente (64%, correspondente a 4634 jovens) assume já ter praticado algum ato violento para com um colega.

Os dados em causa foram recolhidos entre 2018 e 2022, no âmbito do PREVINT, um programa de prevenção da violência interpessoal implementado em mais de uma centena de escolas, abrangendo cerca de 20 000 estudantes. A amostra é das maiores em estudos similares, o que deixa adivinhar o real cenário nas escolas.

“Os atos de agressão, quer sejam perpetrados ou recebidos, acontecem de uma forma transversal em todos os anos de escolaridade e em ambos os sexos. Estes dados foram recolhidos em 61 estabelecimentos do 2.º e 3.º ciclo do ensino básico e secundário”, afirma ao DN o investigador da UTAD, Ricardo Barroso, que coordena este trabalho. De acordo com o relatório final, os comportamentos de vitimação mais reportados são, em 92% dos casos, de natureza psicológica (como piadas agressivas, ignorar, culpar, mentir ou enganar), seguindo-se os de natureza física (pontapés, beliscar ou arranhar, ferir a brincar) com 82%. E há ainda outro dado preocupante: 62% já foi vítima de algum tipo de controlo. Além disso, também se verificam comportamentos associados ao cyberbullying e de partilha de imagens íntimas sem consentimento (sexting) com uma prevalência de 58%. E embora com menor frequência, a verdade é que, nesta investigação, não deixam de ser relatados os comportamentos tendencialmente mais graves: ameaçar com objetos ou armas, causar uma lesão corporal grave, o que já aconteceu com 38% dos jovens inquiridos.

A banalização da violência psicológica

Quando os jovens protagonizam comportamentos de agressão, estes são essencialmente de teor psicológico. Ignorar, fazer piadas agressivas, ridicularizar/humilhar em público, mentir ou provocar ciúmes, foi relatado por 88% dos casos. Neste início de ano letivo, Joana (chamemos-lhe assim), 16 anos, aluna com necessidades educativas especiais, foi o alvo dos colegas na turma numa escola secundária de Leiria. Procedia-se à eleição do delegado de turma quando, na contagem dos votos, o nome dela apareceu subitamente como o mais votado. Os colegas riam, numa atitude provocatória. A professora, e diretora de turma, cancelou o ato (repetindo-o na semana seguinte) e ficou sem saber o que fazer. “Por um lado não queria expor a Joana, por outro não podia deixar impune uma situação destas”, conta ao DN a mãe da jovem. A família, imigrante do Brasil, está em Portugal há dois anos. Ao longo dos últimos anos letivos já foram várias as situações reportadas aos pais desta adolescente, por colegas ou por professores. “Ela não tem nenhuma deficiência visível, tem apenas o que na gíria se considera um atraso de compreensão, fruto de algumas dificuldades cognitivas”, acrescenta a mãe, que prefere o anonimato. Mas casos como o de Joana são relatados amiúde, e encaixam no protótipo de violência psicológica focado nesta investigação da UTAD. Há ainda os ataques de natureza física (pontapés, beliscar ou arranhar, ferir a brincar) e os de controlo (controlar ou proibir, stalking [perseguir]), com 84% e 55%, respetivamente. Há também registo de comportamentos associados ao cyberbullying e ao sexting (58%) e os comportamentos tendencialmente mais graves (ameaçar com objetos ou com armas, causar uma lesão corporal grave), com 33%, e de natureza sexual, com 3%, apesar de ocorrem com menor frequência, não deixaram de ser reportados pelos adolescentes.

A psicóloga Rute Agulhas não desvaloriza a importância de sensibilizar e consciencializar não só os jovens, como os adultos à volta, mas sublinha que “esse é apenas um primeiro nível, que muitas vezes é insuficiente para que se operacionalizem mudanças ao nível dos comportamentos”. Defende por isso “um trabalho mais aprofundado com estes jovens, mais numa perspetiva de treinar com eles competências, da tolerância à frustração, controlo das emoções, gerir a impulsividade e gerir conflitos de forma assertiva; trabalhar esta perspetiva dos direitos e do outro. E isto implica um trabalho de capacitação que está no nível seguinte”. Esta especialista fala na importância de “um trabalho mais dirigido em termos de intervenção, e que à partida gera maior probabilidade de haver mudança de comportamento”, mas enfatiza sobretudo a necessidade de “um trabalho sistémico, programas de prevenção e intervenção que envolvam todos os intervenientes”. Quer com isto dizer que “não podemos só pensar nos jovens e nas escolas. Temos de pensar também nas famílias, numa perspetiva comunitária. E isso é algo que precisa de ser melhorado”, conclui.

Dados mantêm-se ao longo de anos

“Verificámos que são dados que se mantêm constantes ao longo dos anos e embora em termos sociais se valorize mais o facto de existir violência física, uma prevalência tão elevada de violência psicológica é algo que nos preocupa, uma vez que esta tende a estar na base do sofrimento psicológico elevado dos adolescentes. A existência de trabalhos de prevenção e de intervenção junto dos adolescentes é tão crucial como junto dos pais/tutores e dos profissionais que trabalham em contexto escolar”, afirma Ricardo Barroso. O investigador trabalha há vários anos no PREVINT — Programa de Prevenção da Violência Interpessoal, vocacionado para a população juvenil (entre os 12 e os 18 anos). Trata-se de um programa de intervenção concebido na UTAD, e que pretende sensibilizar os adolescentes para a dinâmica do funcionamento da violência nas relações interpessoais. “Compreendendo como funcionam os processos de agressão (inicialmente de âmbito psicológico e podendo, ao longo do tempo, evoluir para a violência física), é possível capacitar os jovens para antecipar e/ou acabar com esses comportamentos de forma mais rápida e eficaz, evitando assim o seu aumento”, considera aquele responsável. Concebido pelo Aggression Lab da UTAD, o PREVINT tem sido implementado, desde 2016, em mais de uma centena de escolas do País, envolvendo cerca de 20 000 estudantes. Este ano já estão inscritas 32 escolas, do continente e ilhas. O mecanismo é simples. “A escola inscreve-se na formação, a seguir estudamos uma amostra naquela escola, fazemos um relatório e avaliamos a necessidade de intervenção”, explica Ricardo Barroso. A equipa integra seis elementos, quase todos bolseiros de investigação. Na UTAD, este programa ficou conhecido como “violentómetro”, “porque numa das sessões utilizamos uma régua que tem uma escala da progressiva gravidade dos comportamentos”, explica o investigador.

Há um padrão de violência na intimidade”

Ricardo Barroso, professor da UTAD, alerta para naturalização da violência e pede estabilidade nos programas de intervenção.

Depois deste estudo, qual foi o resultado que mais o surpreendeu?
Talvez haja aqui duas coisas que mais me tenham surpreendido. A primeira é a naturalização de muitos comportamentos. Há muitos que estão enraizados no nosso quotidiano, que são claramente de agressão e violência psicológica, mas não são entendidos como violência. Depois há outro: eu não tenho ideia nenhuma de estarmos a lidar com uma adolescência dramática e adolescentes problemáticos, antes pelo contrário. Parece-me mesmo que esses jovens estão cada vez melhores, mais informados, uma geração muitíssimo mais esclarecida do que as anteriores. Porém, há aqui um padrão de manutenção de violência nas relações de intimidade. Ou seja, há um conjunto de ideias de controlo que prevalece — o proibir, o stalking, o controlar o telemóvel, o que outro veste, a utilização dos ciúmes como manipulação emocional, etc.

E isso são comportamentos que se mantêm “estáveis” há muito tempo?
Há demasiado. Apesar de todas as campanhas e programas de intervenção.

Isso quer dizer que as campanhas não estão a resultar?
A mim parece-me que o que se está a fazer resulta para determinado tipo de comportamentos, mas não para outros. E é importante perceber que há aqui um aspeto bidirecional — não são só os rapazes que se mostram mais violentos com as raparigas, mas também o contrário, ou melhor, a violência é transversal às questões de género.

E como é que se consegue alterar isso?
Há aqui necessidade de duas coisas: primeiro de programas que sejam testados e considerados eficazes; um segundo ponto parece-me que tem de ser uma estabilidade e continuidade das intervenções. Porque o que temos atualmente são intervenções esporádicas, que tendem a ser muito focalizadas – como assinalar os dias contra a violência ,– mas depois há um conjunto de variáveis que contam. Depende muito, por exemplo, se a equipa de psicologia continua no ano seguinte, da continuidade do projeto do conselho diretivo… Imagine que vamos intervir nos miúdos do 7.º ano, que têm 13 anos em média. Achar que com isso eu faço uma mudança comportamental é muito ingénuo. O que preciso, na verdade, é de ter um plano de reforço. Muitas vezes no âmbito do nosso programa usamos a metáfora da vacinação, isto para dizer que têm de haver doses de reforço destes programas ao longo dos anos, devidamente adaptados à idade e ao período de desenvolvimento que eles vão atravessando. Para mim, esse é o problema: alguma desorganização na continuidade do processo de intervenção.

Ou seja, uma intervenção sistemática e não esporádica?
Há um aspeto crucial que é ir avaliando os resultados, ajustando à realidade. Não é por eu ter um programa muito bom em Viana do Castelo que depois o adapto a Faro. Não pode ser um trabalho isolado (tem que envolver a escola e a família), mas também não pode ser a pulverização de intervenções que muitas vezes acontece. E não é por haver essa pulverização que está a haver eficácia na resolução do problema.

E como é que se consegue travar, a montante, essa escalada de violência psicológica?
Julgo que é exatamente pela organização. Não é uma questão de mudar a agulha, mas antes a forma como está a ser utilizada. Não é por haver a pulverização de intervenções que está a acontecer que será mais rápido. Por vezes há essa ideia de “quanto mais melhor”. A mim parece-me que o problema reside numa desorganização e falta de continuidade de intervenções. Porque pessoas capacitadas para o fazer, nós temos. Depois, não se pode pensar que é suficiente criar ações isoladas nos dias disto e daquilo. É uma pequena gota de água na resolução dos problema.

paula.sofia.luz@ext.dn.pt

https://www.prevint.pt/sobre

Ricardo Barroso: “A violência psicológica está completamente enraizada no quotidiano dos adolescentes”

Dezembro 10, 2019 às 8:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia do Expresso de 20 de setembro de 2019.

Helena Bento

A par de uma intervenção psicológica nas escolas e da distribuição de uma ferramenta que ajuda os adolescentes a identificar comportamentos violentos e a entender como estes “progressivamente vão escalando”, uma equipa de docentes da UTAD recolheu dados de milhares de alunos que, quando devidamente analisados, serão determinantes para entender a violência entre os jovens. Mas já há conclusões e não são animadoras.

A palavra-chave é antecipar. Antecipar “comportamentos violentos e agressivos nas múltiplas relações” de modo a conseguir evitar que aconteçam. Mas para isso é preciso saber identificá-los e saber como se sucedem uns aos outros, continuamente, e precisamente com esse objetivo foi criado o Violentómetro, um projeto da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

Ao Expresso, Ricardo Barroso, psicólogo e docente na UTAD, e um dos responsáveis pelo projeto, explica que a ferramenta, uma espécie de régua, permite identificar 30 comportamentos violentos numa ordem crescente de gravidade — começa nas “piadas agressivas”, passa por “controlar e proibir” e termina em “matar”. Os vários comportamentos dividem-se em três grupos, consoante a sua gravidade: os primeiros exigem “cuidado”, os segundos que se reaja e os terceiros que se “peça ajuda a um profissional”.

Depois de ter sido implementado em mais de 100 escolas e apresentando a quase 14 mil estudantes do continente e Açores, até julho de 2019, no contexto de um programa de intervenção da responsabilidade do Departamento de Educação e Psicologia da UTAD, designado Prevint, esta ferramenta está agora disponível online, num site criado para esse efeito.

Especialista em violência sexual juvenil, tema sobre o qual tem escrito na comunicação social, Ricardo Barroso conta que começaram a chegar-lhe, e à sua equipa, pedidos de esclarecimento relativamente à melhor forma de intervir nos casos de violência em contexto escolar. “Eu sabia que as intervenções que iam sendo feitas nas escolas não tinham muita eficácia. Há uma necessidade concreta, chama-se a atenção para um determinado problema, mas depois o assunto é esquecido. Não há uma continuidade.”

Percebeu, depois, que se conseguisse explicar “como é que o comportamento agressivo funciona, à partida seria possível antecipar esse tipo de comportamentos”, e mais ou menos por essa altura conheceu um projeto, de uma universidade do México, que ia precisamente ao encontro daquilo que pretendia. “O violentómetro que essa universidade tinha criado, já em 2014, encaixava muito bem no programa de intervenção que já tínhamos delineado.” E encaixava porque mostrava que “a violência nas relações, todas as relações, tem sempre uma história, um percurso”.

“Os comportamentos violentos, seja em contexto escolar ou no local de trabalho, seja nas relações de intimidade ou entre familiares, tendem a ter a mesma dinâmica em termos de funcionamento. No início são simples, sub-reptícios, e progressivamente vão escalando, sendo necessário travá-los ou aprender a travá-los o quanto antes”.

Aprender a identificar comportamentos violentos e formas de reagir — a intervenção nas escolas

A intervenção nas escolas foi feita em quatro sessões em que participaram psicólogos e professores, com o compromisso de dar formação aos alunos. Havia duas missões: por um lado, ajudar a identificar comportamentos agressivos e, por outro, capacitar para uma reação a esses mesmos comportamentos. “Nós entendemos isto como uma espécie de vacina comportamental”, compara Ricardo Barroso. “Do mesmo modo que as vacinas protegem as pessoas de um vírus, também o objetivo desta intervenção é esse — protegê-las do perigo, ensinando-as a antecipá-lo e, quando está já instalado, a reagir”, explica.

O professor e psicólogo nota que não só os adolescentes como muitas outras pessoas “não entendem os comportamentos agressivos e violentos como tal”, considerando-os, pelo contrário, “como parte da sua rotina”. “Isto é um problema. Somos alvo de violência, seja de que natureza for, e achamos que é uma pieguice falar sobre isso.” Um exemplo: o controlo, as “carícias agressivas” e as “bofetadas” (assim aparecidos descritos no Violentómetro), “são entendidos muitas vezes como manifestações de amor”, diz Ricardo Barroso, reforçando a importância de haver uma “sequência” que mostre que, de facto, e “salvo algumas excepções”, “o comportamento violento tende sempre a progredir e a tornar-se cada vez mais violento”.

Questionado sobre quais os comportamentos agressivos mais difíceis de identificar por parte dos adolescentes, Ricardo Barroso conta que, a par da intervenção nas escolas, foram recolhidos dados de cerca de 7.000 estudantes que, quando analisados e tratados devidamente, irão revelar muito sobre a violência nas escolas e a prevalência de cada um destes comportamentos.

Mas foram já retiradas várias conclusões. Esta é uma delas e é particularmente importante: “percebemos que os comportamentos que fazem parte do primeiro grupo, e que têm que ver com violência psicológica, estão extremamente enraizados nos rapazes e nas raparigas”. Surgem, continua o investigador, “como banais, fazem parte do quotidiano e do comportamento dos jovens, e a sua existência é tão comum que chega a impressionar-nos”.

“Frequentes são também as agressões físicas entre colegas, mas também nas relações de intimidade e, embora menos, mas também frequentes, as relações sexuais forçadas e a violação, do lado sobretudo das raparigas”, numa percentagem “bastante elevada”. É aguardar a divulgação.

Quem sente atracção por crianças vai ter ajuda para evitar cometer crimes

Junho 27, 2019 às 6:00 am | Publicado em Estudos sobre a Criança | Deixe um comentário
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Notícia do Público de 11 de junho de 2019.

Programa criado pelo Instituto de Sexologia da Charité – Universidade de Medicina de Berlim será replicado em Portugal no próximo ano.

Ana Cristina Pereira

A informação é avançada por Ricardo Barroso, professor auxiliar da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e membro do Laboratório de Investigação em Sexualidade Humana da Universidade do Porto. No próximo ano, vai avançar em Portugal um programa destinado a ajudar pedófilos a controlar os seus ímpetos.

O programa foi criado pela equipa de Klaus M. Beier, director do Instituto de Sexologia da Charité – Universidade de Medicina de Berlim. Existe em mais de uma dezena de cidades da Alemanha. Não se destina a condenados por crimes sexuais. Destina-se a pessoas que sofrem de pedofilia (atracção por crianças pré-púberes) ou hebefilia (atracção por púberes ou recém-púberes) e que desejam ajuda para controlar impulsos, para nunca passarem à prática.

Ricardo Barroso estuda jovens agressores sexuais, comportamentos de agressão e delinquência juvenil. Parece-lhe que o combate a este tipo de crimes não se pode ficar pela condenação de quem os pratica, exige prevenção.

“O manual de intervenção técnica já foi traduzido para português”, declara Ricardo Barroso. “Todo o processo de intervenção está a ser planeado.” Segundo afirma, a equipa alemã tem acompanhado e até comparticipado esse processo. “Vai haver uma candidatura conjunta a fundos comunitários”, sublinha ainda. Haverá uma linha telefónica e uma pequena equipa, com um psiquiatra e um psicólogo no Porto e um psiquiatra e dois psicólogos em Lisboa

A equipa de Klaus M. Beier criou uma ferramenta de auto-ajuda para quem sente atracção por menores de idade e não tem acesso a terapia presencial. Essa ferramenta é acessível pela Internet. Está em alemão e em inglês e, por isso, está a chegar a pessoas que se encontram em diversas partes do mundo.

Klaus M. Beier já tinha dito que haveria de existir noutras línguas, incluindo português. Ricardo Barroso diz que a tradução já está feita e que em breve, ainda este ano, possivelmente antes do Verão, ficará disponível para pessoas de Portugal, do Brasil, dos países africanos de língua portuguesa e de outros falantes de português. Funcionará com uma equipa sediada em Portugal. As pessoas podem manter o anonimato ao contactar o projecto e manifestar interesse

 

Violentómetro: Travar a violência no namoro antes que esta atinja níveis elevados de agressão

Janeiro 7, 2018 às 1:00 pm | Publicado em Estudos sobre a Criança | Deixe um comentário
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Texto do site http://www.90segundosdeciencia.pt/ de 28 de dezembro de 2017.

O violentómetro é uma tabela que define os diferentes tipos de violência no namoro e nas relações, com o objetivo de alertar os jovens para sinais de uma possível escalada de agressão nos seus parceiros, de forma a prevenir futuros comportamentos de violência.​

Ricardo Barroso, coordenador do Laboratório de Agressão Interpessoal, e professor auxiliar do Departamento de Educação e Psicologia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), desenvolveu este sistema de referência que é hoje usado em ações de formação para jovens nas escolas portuguesas.

O violentómetro trabalha com crianças e jovens entre os doze e os dezoito anos de idade. Segundo o investigador, os dados obtidos até ao momento referem que existe de facto violência nas relações de namoro.

“Temos encontrado na ordem dos 20% das amostras que recolhemos entre os jovens, sinais de violência no namoro. É óbvio que para lá destes 20% há um conjunto de comportamentos que são entendidos como não sendo problemáticos pelos jovens, como por exemplo, o controlo do telemóvel, das redes sociais, e do que a vítima poderá ou não vestir que, mas que nós procuramos consciencializar como possíveis primeiros sinais de uma escalada de agressão mais grave que poderá decorrer ao longo do tempo”, explica.

Ricardo Barroso reforça que os comportamentos agressivos não começam como atos muito graves logo à primeira vez. Estes normalmente começam com coisas muito simples que acabam por escalar para algo mais sério e violento. Quanto mais cedo esse percurso de escalada for cortado, maiores são as hipóteses da vítima não chegar a sofrer qualquer ato de violência por parte do seu parceiro ou parceira.

Quanto mais cedo a vítima cortar com os comportamentos de abuso do agressor, mais cedo terminará o processo de agressão. “Com uma outra vantagem, é que quanto mais cedo for terminado, maior a probabilidade do agressor não continuar. Quanto mais cedo terminarmos esta escalada, melhor”, alerta.

Saiba mais sobre o investigador em: Linkedin | DeGóis

 

Em 2013 foram condenados 35 menores por crimes sexuais

Fevereiro 3, 2015 às 12:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia do Público de 1 de fevereiro de 2015.

Daniel Rocha

Ana Cristina Pereira

Investigador diz que 10% dos condenados por abusos sexuais de menores e 12% dos condenados por violações em 2013 tinham mais de 12 e menos de 18 anos.

Apesar de minoritária, é expressiva a percentagem de menores de 18 anos no universo das pessoas que respondem por crimes de natureza sexual. Múltiplos estudos feitos em diversos países apontam para 20% de menores entre protagonistas de agressões sexuais e Portugal não é excepção. Ricardo Barroso, professor auxiliar da Universidade de Trás-os-Montes, que fez doutoramento sobre as características e as especificidades dos jovens agressores sexuais, tem as contas feitas: 10% dos condenados por abusos sexuais de menores e 12% dos condenados por violações em 2013 tinham mais de 12 e menos de 18 anos.

O especialista em psicologia, debruçou-se sobre as estatísticas da Direcção Geral de Políticas de Justiça (DGPJ). Pegou nos condenados pelos tribunais judiciais de 1.ª instância com idades compreendidas 16 e 17 anos e juntou-lhes os maiores de 12 internados em centros educativos pelos crimes de violação e abuso sexual de menores.

A DGPJ indica 15 condenados de 16 e 17 anos em 2011, 19 em 2012, nove em 2013, sendo que os dados para este último ano são parciais. Quanto a internados em centros educativos, menciona 23 em 2011 e 18 em 2012. Ricardo Barroso tem notícia de mais rapazes internados: 28 em 2011, 35 em 2012 e 11 em 2013, “o ano com menor número de casos nos últimos 6 anos”.

Há uma explicação para aquela diferença: a estatística oficial é feita com base no crime principal, basta que os menores tenham tido comportamentos de maior gravidade para deixarem de contar como agressores sexuais. Ora, o investigador recorreu a fontes alternativas.

Somando todos os condenados por crimes sexuais com mais de 12 e menos de 18 anos, Ricardo Barroso contou 31 em 2009, 30 em 2010, 43 em 2011, 54 em 2012, 35 em 2013. E, para lá da prevalência, inquieta-se com os seus efeitos na vida das vítimas e dos agressores.

Haverá uma tendência para desvalorizar o abuso entre pares, para os encarar como brincadeiras. “Tenho conhecido casais que são amigos, frequentam as casas uns dos outros, têm miúdos que brincam juntos e um dia encontram-nos na casa de banho. É um embaraço enorme fazer queixa”, diz.

A fronteira nem sempre será fácil de traçar numa idade de tantas mudanças. Importa, porém, distinguir o experimentalismo, a brincadeira, da agressão, do abuso, salienta o investigador. Os actos sexuais abusivos são os praticados sem consentimento do outro, contra a sua vontade, de uma forma agressiva, manipuladora ou ameaçadora.

Divide os jovens agressores sexuais em dois tipos: violadores e abusadores de crianças. No estudo que fez, cerca de 60% das violações cometidas tinham sido cometidas em grupo. “É raro isso acontecer entre adultos”, comenta. “É a pressão do grupo de pares em contexto de comportamentos exploratórios.”

As primeiras experiências sexuais podem criar padrões de interesse que se podem vir a revelar sistemáticos. Não é uma inevitabilidade, como se vê pela baixa taxa de reincidência. “Quando se fala de adolescentes, fala-se de padrões sexuais não definitivos, em desenvolvimento”, explica.

O país não tem um programa específico para jovens agressores sexuais, lamenta. Os tribunais, por vezes, optam por ordenar tratamento, mas os técnicos que acompanham as medidas afligem-se para encontrar resposta. A Universidade do Porto recebe alguns, a Universidade do Minho outros, exemplifica.

 

 

 

 

Vida familiar fragilizada gera casos de menores violadores

Setembro 11, 2013 às 6:00 am | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia do Diário de Notícias de 1 de setembro de 2013.

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dn11

 

Menores chegam a representar um quarto dos violadores condenados

Abril 29, 2013 às 8:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social, Estudos sobre a Criança | Deixe um comentário
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Notícia do Público de 21 de Abril de 2013.

Menores chegam a representar um quarto dos violadores condenados

 

 

 


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