Viver num colégio interno: “Complicado, agora, é pensar em sair daqui”
Fevereiro 23, 2015 às 2:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentárioEtiquetas: Colégios Internos
Notícia do Diário de Notícias de 16 de fevereiro de 2015.
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Viver em internato? O i conta-lhe qual é o lado bom e o lado mau dos colégios internos
Dezembro 18, 2014 às 1:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentárioEtiquetas: Alunos, Colégios Internos, Crianças
reportagem do i de 15 de dezembro de 2014.
Por Marta Cerqueira
Viver num colégio potencia amizades mas limita comportamentos. Especialistas defendem que regras apertadas na infância moldam vida adulta
Com 12 anos, Laura lembra-se de não poder sequer ir à janela do colégio para onde foi viver. “Parecia mal uma menina estar à vista dos rapazes”, ouvia da boca das funcionárias do lar da Mocidade Portuguesa, as mesmas que criticavam as saias “demasiado curtas” e que a obrigavam a rezar antes e depois de todas as refeições. Oriunda de uma família declaradamente comunista, a ida para um colégio ligado ao regime aconteceu pela falta de alternativas que os pais tinham em dar uma educação de qualidade, mesmo que isso a obrigasse a ficar a mais de 400 quilómetros de casa.
“Era a contestatária, estava contra todas as regras e imposições feitas pelas educadoras”, conta. Isso valeu-lhe a certeza de não querer o mesmo tipo de educação para os filhos, mas também a garantia de castigos quase semanais. “Ficava encarregue de lavar a loiça, proibida de ir à feira ao domingo ou ameaçada de não poder ir a casa nas férias”, lembra, garantindo, no entanto, que nunca assistiu a casos de violência física.
A opção de regime interno como garantia de educação de qualidade, como no caso de Laura, caiu um pouco em desuso com a expansão da escola pública, diz o sociólogo João Sebastião. O especialista em violência escolar refere os casos de pais que enviam os filhos para colégios internos para serem disciplinados ou, no caso das classes mais altas, para adquirirem competências sociais mais alargadas, como as mais habituais. Comum às três realidades está o afastamento físico dos pais do quotidiano das crianças: “Na ausência de familiares, é a escola que acaba por fazer o papel de educador, mesmo fora do contexto escolar.” Se para a criança, a distância da família pode ter consequências mais emocionais, João Sebastião salienta que, para os pais, há o risco de perda de controlo sobre os filhos. “Há pais que imaginam um certo tipo de educação para os filhos, que acabam por adquirir todo um novo quadro de comportamento, criado por influência da escola e dos colegas com quem vivem”, acrescenta.
Regime militar Já Paulo Amaral só vê vantagens no regime de semi-internato internato. “Imagina o que é viver com amigos todos os dias quando se é criança ou adolescente? Não há alegria maior”. Ex-aluno do Colégio Militar, nem hesitou na hora de escolher o regime educacional dos filhos, que frequentaram a instituição durante dez anos.
Se em 1974, quando entrou, Paulo podia sair ao sábado à tarde e voltar ao domingo, os seus filhos, que deixaram o colégio há ano e meio, entravam na segunda de manhã, saíam quarta à tarde, entravam na quinta de manhã e saíam na sexta ao fim do dia. “Na prática, só não estão com os pais à terça-feira”, resume, lembrando “o descanso que é saber que os miúdos estão sempre seguros”. Quanto às regras, Paulo acredita que servem para criar jovens mais responsáveis. “Não existe Playstation nem Morangos com Açúcar, coisas que, a meu ver, só servem de distracção. No Colégio Militar, se te queres distrair, vais jogar à bola”, refere. Desavenças entre os alunos, Paulo garante que, além de serem pontuais, não são diferentes das que acontecem em outras escolas com “jovens de 13 anos com as hormonas ao máximo”. Mas Paulo acredita no poder das regras instituídas pelo regime militar: “Era o que mais faltava que os militares que tomam conta do país não soubessem tomar conta de miúdos”, conclui.
Jorge Humberto, psicólogo educacional, é também um simpatizante das regras apertadas do ensino militar. “As crianças precisam de regras para crescerem responsáveis”, defende, acrescentando, porém, que a falha nesse tipo de instituições está mais ligada à falta de vínculo emocional. “Uma criança que viva em regime de internato ou semi-internato lida diariamente com a ausência das figuras parentais, o que leva a um crescimento pouco harmonioso”.
A educação demasiado severa, a par da ausência familiar pode levar à transformação em adultos mais frios e com um carácter demasiado rigoroso. Além disso, para o psicólogo escolar, a diferenciação por género – comum aos colégios com regime de internato – não traz vantagens. “A troca de laços afectivos entre rapazes e raparigas é necessária para um crescimento saudável e vai influenciar a forma como homens e mulheres se relacionam enquanto adultos”, salienta.
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