Extrema-direita brasileira pressiona criança de dez anos, violada pelo tio, a não abortar
Agosto 17, 2020 às 7:00 pm | Publicado em Vídeos | Deixe um comentárioEtiquetas: Aborto, Brasil, Direito à Privacidade, Direito à Saúde, Vídeos, Violação de Crianças
Notícia do Público de 17 de agosto de 2020.
Após recusa de um hospital, apesar de terem autorização da justiça, avó e criança tiveram de voar para outro estado para fazer interrupção da gravidez da menina de dez anos. Foram recebidas por manifestação ultraconservadora contra o aborto.
A militante de extrema-direita Sara Winter brasileira divulgou o nome de uma menina de dez anos que engravidou depois de ter sido violada pelo tio, e a morada do hospital onde a criança, natural do município de Vitória, no estado brasileiro de Espírito Santo, irá interromper a gravidez. O caso está a ser investigado pela procuradoria brasileira.
De acordo com a imprensa brasileira, a menina de dez anos, que vive com a avó numa localidade a cerca de 200 km de Vitória, foi violada durante quatro anos pelo tio. O caso tornou-se público no início deste mês, depois de a criança dar entrada num hospital local, e lhe ter sido descoberta a gravidez. O tio, de 33 anos, está indiciado pelos crimes de ameaça e violação, mas está em fuga desde que o caso se tornou público.
Depois de um juiz da Vara da Infância e da Juventude de São Mateus ter dado autorização para a realização do aborto, a criança deu entrada no Hospital Universitário Cassiano António Moraes, em Vitória, para iniciar a interrupção da gravidez. No entanto, o hospital recusou dar seguimento ao processo, alegando que “a idade gestacional não está amparada na legislação vigente”.
A lei brasileira permite a realização do aborto até às 22 semanas de gestação ou até o feto pesar 500 gramas. Nos casos em que a gravidez resulte de violação ou em situações de risco para a mãe ou malformação do feto, a lei também permite a interrupção da gravidez. O juiz invocou estes dois pressupostos para permitir o aborto, invocando o “sofrimento” profundo da menina.
Além disso, quando deu entrada pela primeira vez no hospital, a criança estava na 21.ª semana de gravidez. Entretanto, diz a Folha de São Paulo, desenvolveu diabetes gestacional e corre perigo de vida, um risco que se pode agravar caso a gravidez continue, tendo em conta a possibilidade de a criança desenvolver pressão arterial elevada e fissuras no útero.
Depois de o hospital em Vitória ter recusado realizar o aborto, a avó e a criança tiveram de se deslocar para o estado do Recife, onde a criança está agora internada a dar seguimento à interrupção da gravidez.
De acordo com a lei brasileira, o caso deveria decorrer sob sigilo, para protecção da privacidade da criança. No entanto, Sara Fernanda Giromini, também conhecida como Sara Winter, militante de extrema-direita e apoiante de Jair Bolsonaro, divulgou o nome e a morada do hospital onde a criança está internada, e publicou um vídeo com o médico responsável pelo aborto, apelidando-o de “aborteiro”.
Depois da divulgação destas informações nas redes sociais, cerca de 20 ultraconservadores antiaborto reuniram-se junto ao hospital no Recife, tentando invadir as instalações, e chamaram “assassinos” aos funcionários do hospital. A Polícia Militar teve de intervir para conter os manifestantes, enquanto um grupo de mulheres fez uma contramanifestação em apoio à criança.
Sara Winter, que integrou o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, da ministra da Damares Alves, foi detida em Junho deste ano pela participação em actos antidemocráticos que pediam o encerramento do Supremo Tribunal Federal e do Congresso. Foi entretanto libertada, com pulseira electrónica. Tem sido um dos rostos da militância de extrema-direita no Brasil.
A procuradoria da Infância e da Juventude de São Mateus, segundo o G1, está a investigar se grupos de extrema-direita foram a casa da avó da criança tentar pressioná-la para que ela não autorizasse o aborto. As autoridades estão também a investigar como é que Sara Winter teve acesso aquela informação.
“Incitar as pessoas a irem até o local é incitar violência contra a criança e contra os profissionais de saúde que irão atendê-la. Ela [Sara Winter] precisaria ser investigada por meio de inquérito policial e pela promotoria da infância e da juventude”, afirmou ao portal UOL Ariel de Castro, advogado especialista em direitos da infância e juventude.
Nas redes sociais, sucedem-se as denúncias contra Sara Winter. “Lugar de quem expõe menor de idade a repetidas situações de violência é na Delegacia da Criança e Adolescente, não divagando na Internet”, escreveu Manuela D’Ávila, do Partido Comunista do Brasil, ex-candidata à vice-presidência.
15 poemas famosos que as crianças vão adorar escutar
Abril 17, 2020 às 6:00 am | Publicado em Livros, Vídeos | Deixe um comentárioEtiquetas: Brasil, Crianças, Literatura Infantil, Poesia, Vídeos
Texto do site Cultura Genial
Carolina Marcello
Mestre em Estudos Literários, Culturais e Interartes
A poesia tem o poder de nos emocionar, de nos transportar para outros mundos e de nos educar acerca da complexidade humana.
Por todos esses motivos, e muitos mais, o contato das crianças com a poesia pode ser mágico e potenciar um amor pela leitura que durará a vida toda.
Está procurando poemas curtos para ler com as crianças e inspirar os pequenos leitores? Confira as composições que selecionamos, e comentamos, para você.
1 Ou isto ou aquilo, de Cecília Meireles
Ou se tem chuva e não se tem sol
ou se tem sol e não se tem chuva!Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo em dois lugares!Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo …
e vivo escolhendo o dia inteiro!Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.Cecília Meireles (1901 – 1964) foi um notória escritora, artista e educadora brasileira. Considerada uma das maiores poetas nacionais, a autora também se destacou no campo da literatura infantojuvenil.
Alguns dos seus poemas dedicados ao público infantil se tornaram verdadeiros clássicos e continuam sendo muito populares entre leitores de todas as idades.
O poema em análise, publicado na obra homônima Ou Isto ou Aquilo (1964) é, talvez, o mais famoso. A composição contém um ensinamento fundamental acerca do modo como a vida funciona: temos, constantemente, que fazer escolhas.
Isso implica, no entanto, que não podemos ter tudo ao mesmo tempo. Quando optamos por uma coisa, estamos abrindo mão de outra. A poeta consegue traduzir esse eterno sentimento de incompletude através de exemplos simples, com elementos do cotidiano.
2 Pessoas são Diferentes, de Ruth Rocha
São duas crianças lindas
Mas são muito diferentes!
Uma é toda desdentada,
A outra é cheia de dentes…Uma anda descabelada,
A outra é cheia de pentes!Uma delas usa óculos,
E a outra só usa lentes.Uma gosta de gelados,
A outra gosta de quentes.Uma tem cabelos longos,
A outra corta eles rentes.Não queira que sejam iguais,
Aliás, nem mesmo tentes!
São duas crianças lindas,
Mas são muito diferentes!Ruth Rocha (1931) é uma das maiores escritoras de livros infantis do panorama nacional. Sua composição mais popular é, sem dúvida, O Direito das Crianças, onde a autora enumera as condições para uma infância saudável e feliz.
Neste artigo, contudo, escolhemos analisar o poema Pessoas são Diferentes, pela sua forte mensagem social. Aqui, a autora ensina o leitor a compreender e a aceitar a diferença.
No poema, há a comparação de duas crianças e a conclusão de que contrastam tanto na sua imagem, como nos seus gostos. O sujeito poético deixa evidente que uma não é superior à outra: não existe um jeito certo de ser.
Num mundo que ainda é regido por padrões limitados de beleza e comportamento, Ruth Rocha lembra as crianças (e os adultos) que o ser humano é múltiplo e que todas as pessoas merecem o mesmo respeito.
3 O Pato, de Vinícius de Moraes
Lá vem o pato
Pata aqui, pata acolá
Lá vem o pato
Para ver o que é que há.
O pato pateta
Pintou o caneco
Surrou a galinha
Bateu no marreco
Pulou do poleiro
No pé do cavalo
Levou um coice
Criou um galo
Comeu um pedaço
De jenipapo
Ficou engasgado
Com dor no papo
Caiu no poço
Quebrou a tigela
Tantas fez o moço
Que foi pra panela.Amado pelos adultos, Vinicius de Moraes (1913 — 1980) também foi um poeta e músico muito popular entre as crianças. O Pato faz parte das composições infantis do “poetinha” que foram publicadas na obra A Arca de Noé (1970).
Os poemas, focados sobretudo em animais, foram escritos para os filhos do artista, Suzana e Pedro. Anos mais tarde, em parceria com Toquinho, Vinicius lançou adaptações musicais desses versos.
O Pato é um poema divertido de ler com as crianças, por causa do seu ritmo e das suas aliterações (repetições de consoantes). Os versos contam a história de um pato que estava fazendo um monte de travessuras.
Vamos assistindo, gradualmente, às consequências do seu mau comportamento. Por conta de suas más ações, o pobre pato morre e acaba na panela.
4 O Cuco, de Marina Colasanti
Mais esperto que maluco
este é o retrato do cuco.
Taí um que não se mata
pra fazer um pé-de-meia
e nem pensa em bater asa
pra construir a casa.
Para ele o bom negócio
é morar em casa alheia,
e do abuso nem se toca.
Os seus ovos, rapidinho,
põe no ninho do vizinho
depois vai curtir um ócio
enquanto a vizinha chocaMarina Colasanti (1937) é uma escritora e jornalista ítalo-brasileira, autora de várias obras populares de literatura infantil e infanto-juvenil.
O Cuco faz parte da obra Cada bicho seu capricho (1992), na qual Colasanti mistura o amor pela poesia com o amor pelos animais. Assim, os seus versos observam e descrevem as singularidades de cada bicho, educando o leitor mirim.
O poema em análise se foca no comportamento do cuco, bem diferente da conduta das outras aves. Em vez de construir o próprio ninho, o cuco é famoso por deixar os seus ovos em ninhos alheios.
Assim, os ovos dos cucos acabam sendo chocados por pássaros de outras espécies. Esse fato faz com o animal seja encarado, na nossa cultura, como sinônimo de esperteza e independência.
5 Mãe, de Sérgio Capparelli
De patins, de bicicleta
de carro, moto, avião
nas asas da borboleta
e nos olhos do gavião
de barco, de velocípedes
a cavalo num trovão
nas cores do arco-íris
no rugido de um leão
na graça de um golfinho
e no germinar do grão
teu nome eu trago, mãe,
na palma da minha mão.Sérgio Capparelli (1947) é um jornalista, professor e escritor brasileiro de literatura infantojuvenil que venceu o Prêmio Jabuti nos anos de 1982 e 1983.
O poeta escreveu várias composições sobre a figura materna e sua ligação intemporal com os filhos. Em Mãe, temos uma declaração de amor do sujeito à progenitora.
Enumerando todas as coisas que vê, ilustra que as memórias e os ensinamentos da mãe estão presentes em cada elemento da realidade, cada gesto do cotidiano.
Deste modo, as palavras doces de Capparelli traduzem um sentimento maior que a própria vida e um laço inquebrável entre mães e filhos.
6 Pontinho de vista, de Pedro Bandeira
Eu sou pequeno, me dizem,
e eu fico muito zangado.
Tenho de olhar todo mundo
com o queixo levantado.Mas, se formiga falasse
e me visse lá do chão,
ia dizer, com certeza:
– Minha nossa, que grandão!Pedro Bandeira (1942) é um escritor brasileiro de obras infantojuvenis que venceu o Prêmio Jabuti em 1986. Este é um dos poemas do livro Por enquanto eu sou pequeno, lançado em 2002. O sujeito parece ser uma criança que está transmitindo o seu “pontinho de vista” sobre a vida.
Ele afirma que é visto como pequeno pelos demais e precisa erguer a cabeça para falar com os outros. No entanto, ele sabe sabe que os conceitos não são absolutos e dependem da forma como encaramos as coisas.
Por exemplo, na perspectiva de uma formiga, o eu-lírico é enorme, um verdadeiro gigante. Deste modo, e através de um exemplo acessível para as crianças, Pedro Bandeira dá uma importante lição de subjetividade.
7 Porquinho-da-Índia, de Manuel Bandeira
Quando eu tinha seis anos
Ganhei um porquinho-da-índia.
Que dor de coração me dava
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
Levava ele pra sala
Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos
Ele não gostava:
Queria era estar debaixo do fogão.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas…— O meu porquinho-da-índia foi a minha primeira namorada.
Manuel Bandeira (1886 — 1968) foi uma das mais importantes vozes do modernismo brasileiro. Sua poesia de linguagem simples e direta cativou, e continua cativando, leitores de várias gerações.
Porquinho-da-Índia é uma das suas composições adequadas para o público infantil. Lembrando os tempos da infância, o sujeito poético reflete sobre o seu antigo porquinho-da-índia e a relação difícil que mantinha com o animal.
Apesar de oferecer todo o carinho e conforto ao bichinho, ele “só queria estar debaixo do fogão”. Nos versos, o eu-lírico fala sobre a primeira vez que sentiu a rejeição, memória que guardou para o resto da vida.
Por vezes o nosso amor não é correspondido com a mesma intensidade. Mesmo num tom melancólico, o sujeito encara o fato com leveza e sabe que ele faz parte da vida.
8 Menina passarinho, de Ferreira Gullar
Menina passarinho,
que tão de mansinho
me pousas na mão
Donde é que vens?
De alguma floresta?
De alguma canção?Ah, tu és a festa
de que precisava
este coração!Sei que já me deixas
e é quase certo
que não voltas, não.Mas fica a alegria
de que houve um dia
em que um passarinho
me pousou na mão.Ferreira Gullar (1930 – 2016) foi um poeta, escritor, crítico e ensaísta brasileiro, sendo também um dos fundadores do neoconcretismo.
Em Menina Passarinho, o sujeito se dirige a alguém cujos gestos são leves e delicados. Assim, ele compara a garota a um passarinho, que passa voando e pousa na sua mão.
Esse breve encontro é capaz de alegrar o sujeito, provocando uma festa no seu coração. Mesmo ciente de que esse momento é efêmero, e que provavelmente não voltará a ver a Menina Passarinho, consegue apreciar a sua recordação.
A composição vem lembrar os leitores que as coisas não precisam durar eternamente para serem especiais. Por vezes, os momentos fugazes podem ser os mais belos e também os mais poéticos.
Confira uma adaptação musical na voz de Cátia de França:
9 A Girafa Vidente, de Leo Cunha
Com
aquele
pescoço
comprido
espicha
espicha
espicha
a bicha
até parecia
que via
o dia de amanhãLeonardo Antunes Cunha (1966), mais conhecido como Leo Cunha, é um jornalista e escritor brasileiro que tem se dedicado principalmente a criar obras para o público infantil.
Em A Girafa Vidente, o poeta se foca numa particularidade bem notória do animal: a sua altura. Como se assumisse o ponto de vista de uma criança, observa o longo pescoço da girafa, que parece quase não ter fim.
Por ser tão alta, o sujeito poético sugere que ela conseguiria ver além, podendo até prever o futuro. Também é engraçado reparar que a própria estrutura da composição (uma torre estreita e vertical) parece replicar o formato do animal.
10 Espantalho, de Almir Correia
Homem de palha
coração de capim
vai embora
aos pouquinhos
no bico dos passarinhos
e fim.Almir Correia é um autor brasileiro de literatura infantojuvenil que também trabalha com animação. Talvez por isso, o poema Espantalho seja uma composição muito assente em aspectos visuais. Formado por apenas seis versos, o poema pinta uma imagem bastante nítida de um espantalho se desintegrando com o tempo.
Nada disso é descrito de forma triste ou trágica, pois tudo faz parte da vida. O espantalho, cujo propósito é assustar os pássaros, acaba sendo devorado pelos seus bicos.
11 A porta, de Vinicius de Moraes
Eu sou feita de madeira
Madeira, matéria morta
Mas não há coisa no mundo
Mais viva do que uma porta.Eu abro devagarinho
Pra passar o menininho
Eu abro bem com cuidado
Pra passar o namorado
Eu abro bem prazenteira
Pra passar a cozinheira
Eu abro de supetão
Pra passar o capitãoConhecido como “poetinha”, Vinicius tinha o dom de conferir uma certa magia a acontecimentos e objetos aparentemente banais. Neste poema, o sujeito poético mostra toda a história que pode estar contida em uma simples porta.
Deste modo, fica claro que cada elemento do cotidiano faz parte da nossa vida e, se falasse, teria muito para contar sobre nós e aqueles que nos rodeiam. Aqui, existe uma personificação da porta, que escolhe se abrir de formas diferentes para cada personagem que aparece.
Escute, abaixo, a versão musicada, na voz de Fábio Jr.:
12 Amarelinha, de Maria da Graça Rios
Maré mar
é maré
mare linha
sete casas a pincel.
Pulo paro
e lá vou
num pulinho
segurar mais um ponto
no céu.Maria da Graça Rios é uma escritora e acadêmica brasileira, autora de várias obras infantis como Chuva choveu e Abel e a fera. Em Amarelinha, o sujeito poético cria vários jogos de palavras a partir do nome da brincadeira famosa.
Na composição, o eu-lírico parece ser uma criança que está brincando de amarelinha e vai descrevendo os seus movimentos, até o final do jogo.
13 A Boneca, de Olavo Bilac
Deixando a bola e a peteca,
Com que inda há pouco brincavam,
Por causa de uma boneca,
Duas meninas brigavam.Dizia a primeira: “É minha!”
— “É minha!” a outra gritava;
E nenhuma se continha,
Nem a boneca largava.Quem mais sofria (coitada!)
Era a boneca. Já tinha
Toda a roupa estraçalhada,
E amarrotada a carinha.Tanto puxaram por ela,
Que a pobre rasgou-se ao meio,
Perdendo a estopa amarela
Que lhe formava o recheio.E, ao fim de tanta fadiga,
Voltando à bola e à peteca,
Ambas, por causa da briga,
Ficaram sem a boneca…Olavo Bilac (1865 – 1918) foi um célebre poeta do parnasianismo brasileiro que também escreveu composições destinadas às crianças. Em A Boneca, o sujeito conta a história de duas garotas que começaram a brigar porque queriam brincar com a mesma boneca.
Em vez de partilharem e continuarem a brincadeira, cada uma queria a boneca para si. De tanto puxarem, acabaram destruindo a pobre boneca e, no final, ninguém brincou com ela. O poema vem lembrar as crianças que é fundamental aprendermos a partilhar e que a ganância apenas conduz a resultados ruins.
Conheça uma leitura e animação criada a partir do poema:
14 O Pinguim, de Vinicius de Moraes
Bom dia, Pinguim
Onde vai assim
Com ar apressado?
Eu não sou malvado
Não fique assustado
Com medo de mim.
Eu só gostaria
De dar um tapinha
No seu chapéu de jaca
Ou bem de levinho
Puxar o rabinho
Da sua casaca.Neste poema cheio de bom humor, Vinícius brinca com a aparência dos pinguins. Por serem pretos e brancos, parecem estar vestidos de um jeito formal, usando uma casaca.
Assim, o sujeito lírico parece ser um garoto que vê o bichinho ao longe e quer se aproximar dele e tocá-lo, tentando não o assustar.
Não perca a versão do poema musicada por Toquinho:
15 Receita de espantar a tristeza, de Roseana Murray
Faça uma careta
e mande a tristeza
pra longe pro outro lado
do mar ou da luavá para o meio da rua
e plante bananeira
faça alguma besteiradepois estique os braços
apanhe a primeira estrela
e procure o melhor amigo
para um longo e apertado abraço.Roseana Murray (1950) é uma escritora carioca, autora de obras de poesia e livros direcionados para o público infantil. A escritora publicou o seu primeiro livro, Fardo de Carinho, em 1980.
Em receita para espantar a tristeza, a poeta transmite uma mensagem muito especial de ânimo. Quando estamos tristes, o melhor que podemos fazer é interromper esse processo de sofrimento e procurar alguma coisa que nos faça rir (por exemplo, plantar bananeira).
Algo que também não pode faltar é a amizade: a simples presença de um amigo pode ser o suficiente para mandar a tristeza embora.
Unicef: 30% das meninas de famílias mais pobres nunca foram à escola
Janeiro 26, 2020 às 1:00 pm | Publicado em Relatório | Deixe um comentárioEtiquetas: Abandono Escolar, África, Brasil, Educação Pré-Escolar, Estatística, Exclusão Escolar, Leitura, Literacia leitura, Meninas, pobreza infantil, Políticas Educativas, Relatório
Notícia da ONU News de 20 de janeiro de 2020.
Agência da ONU listou investimentos com educação em 42 países; Brasil, única nação de língua portuguesa analisada, aparece no meio da relação; Unicef diz que falta de acesso à educação é falhar com as crianças e perpetuar a pobreza.
Um novo relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, revela que 30% das meninas adolescentes mais pobres do mundo, entre 10 e 19 anos, nunca frequentaram a escola.
Entre os meninos, nessa mesma condição, este índice é de 20%
Relatório
O relatório “Abordando a crise da aprendizagem: uma necessidade urgente de melhorar o financiamento da educação para as crianças mais pobres” destaca grandes disparidades na distribuição dos gastos públicos em educação. O financiamento limitado e distribuído, de forma desigual, resulta em turmas grandes, professores mal treinados, falta de material escolar e infraestrutura precária.
Segundo a agência da ONU, isso tem um impacto adverso na participação das crianças, índice de matrículas e aprendizado.
Obstáculos
O Unicef enfatiza que pobreza, discriminação por gênero, deficiência, etnia e língua de ensino são algumas das causas do problema. Além disso, distância e infraestrutura precária continuam a impedir que essas crianças tenham acesso à educação.
A agência diz que a exclusão em todas as etapas da educação perpetua a pobreza e é um fator-chave de uma crise global de aprendizado.
Falha
Para a diretora-executiva do Unicef, Henrietta Fore, “os países estão falhando com as crianças mais pobres do mundo e consigo próprios.” Ela disse que “enquanto os gastos com educação pública forem desproporcionalmente direcionados às crianças das famílias mais ricas, as mais pobres terão poucas esperanças de escapar da pobreza, e aprender o necessário para ter sucesso no mundo de hoje e contribuir para as economias de seus países”.
Ao analisar dados disponíveis de 42 países, o estudo conclui que em média, em nações de baixa renda, 46% dos recursos de educação pública foram para 10% dos estudantes com os mais altos níveis de educação. Já nos países de renda média baixa, este índice é de 26%.
Distribuição
Dez países africanos concentram as maiores disparidades nos gastos com educação, com quatro vezes mais recursos destinados às crianças mais ricas do que às mais pobres.
Na Guiné-Conacri e na República Centro-Africana, países com algumas das taxas mais altas de crianças fora da escola, alunos mais ricos se beneficiam de nove e seis vezes mais, respectivamente, da quantidade de fundos públicos que as crianças mais pobres.
Brasil
O Brasil, o único país de língua portuguesa no estudo aparece em 16 º posição em relação à percentagem de recursos públicos em educação destinados a crianças das famílias mais pobres, em comparação com investimentos em menores de famílias mais ricas.
Barbados, Dinamarca, Irlanda, Noruega e Suécia são os únicos países na análise que distribuem o financiamento da educação igualmente sem favorecer pobres ou ricos.
Leitura
O relatório observa que a falta de recursos disponíveis para as crianças mais pobres está agravando uma crise de aprendizado quando as escolas deixam de oferecer educação.
Segundo o Banco Mundial, cerca de 53% das crianças que vivem em países de baixa e média rendas não conseguem ler ou entender uma história simples até o final da escola primária.
Recomendações
Entre as recomendações do Unicef está a alocação de recursos domésticos, que devem ser distribuídos para que as crianças dos 20% das famílias mais pobres se beneficiem de pelo menos 20% do financiamento da educação.
Outra diretriz é a priorização do financiamento público para níveis mais baixos de educação, onde estão a maioria das famílias mais pobres.
O estudo cita ainda a importância de pelo menos um ano de educação pré-primária universal. Para o Unicef, a educação pré-primária é a base sobre a qual cada estágio da escolaridade se baseia.
A agência destaca que as crianças que concluem o pré-primário aprendem melhor, têm maior probabilidade de permanecer na escola e contribuem mais para as economias e sociedades de seus países quando atingem a idade adulta.
O relatório citado na notícia é o seguinte:
Addressing the learning crisis: An urgent need to better finance education for the poorest children
Mais de 30 crianças são assassinadas por dia no Brasil
Novembro 17, 2019 às 1:00 pm | Publicado em Relatório | Deixe um comentárioEtiquetas: Assassinato de crianças, Brasil, Maus Tratos e Negligência, Relatório, Unicef Brasil, Violência Contra Crianças
Notícia da TSF de 13 de novembro de 2019.
Um relatório da Unicef aponta que, em média, 32 crianças e adolescentes são mortos, todos os dias, no Brasil. As vítimas são, na sua maioria, rapazes negros e pobres, que vivem nas periferias das grandes cidades.
Na celebração do 30.º aniversário da Convenção sobre os Direitos da Criança (CDC), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) lançou um relatório com os principais avanços e desafios enfrentados por crianças e jovens brasileiros, frisando que, apesar do país sul-americano ter alcançado “conquistas importantes”, ainda enfrenta vários problemas.
“É na área de proteção à criança que o país enfrenta os seus maiores desafios. Em 30 anos, o Brasil viu crescer a violência armada em diversas cidades, e hoje está diante de um quadro alarmante de homicídios. A cada dia, 32 meninas e meninos de 10 a 19 anos são assassinados no país. Em 2017, foram 11,8 mil mortes”, apontou o Fundo das Nações Unidas.
As vítimas são, na sua maioria, do sexo masculino, negros, pobres, que vivem nas periferias e em áreas metropolitanas das grandes cidades, em bairros desprovidos de serviços básicos de saúde, assistência social, educação, cultura e lazer.
Segundo uma análise de dados feita pela Unicef em 10 capitais de estado, 2,6 milhões de crianças vivem em áreas diretamente afetadas pela violência com recurso a armas.
“Morar num território vulnerável faz com que crianças e adolescentes estejam mais expostos à violência armada”, destaca-se no relatório.
Nos últimos 10 anos, o número de homicídios entre adolescentes brancos tem diminuído, enquanto o assassínio de negros apresenta um crescimento.
Em 2017, 82,9% dos 11,8 mil casos de assassínio de crianças e adolescentes com idades entre os 10 e 19 anos no Brasil foram entre “não brancos”.
“Reverter esse quadro é urgente. É preciso investir nos territórios mais vulneráveis, com políticas públicas de qualidade, voltadas a cada criança e a cada adolescente, em especial os mais excluídos. Temos que lhes oferecer um ambiente seguro em que possam desenvolver plenamente o seu potencial”, declarou Florence Bauer, representante do Unicef no Brasil.
Além da violência, o Brasil enfrenta ainda outros desafios relacionados às desigualdades. Existem ainda cerca de dois milhões crianças fora da escola, sendo que a grande maioria vem de famílias com baixos rendimentos.
No ano passado, 3,5 milhões de estudantes de escolas estaduais e municipais foram reprovados ou abandonaram as instituições de ensino.
Em relação à saúde, apesar da redução histórica da mortalidade infantil, o Brasil registou em 2015, pela primeira vez em 20 anos, um aumento, o que causou algum alerta dentro do Fundo das Nações Unidas. A cobertura de vacinas também caiu no país, trazendo de volta doenças como o sarampo, que estava erradicado.
“Uma das histórias de sucesso mais impressionantes é a redução da mortalidade infantil (até 1 ano). Somente entre os anos 1996 e 2017, o país evitou a morte de 827 mil bebés. Não obstante, no mesmo período, aumentaram em grande escala a violência armada e os homicídios, que tiraram a vida de 191 mil meninas e meninos de 10 a 19 anos”, indicou a organização.
No que à saúde mental diz respeito, nos últimos 10 anos, o suicídio de crianças e adolescentes têm crescido no país sul-americano, passando dos 714 casos em 2007, para 1.047, em 2017.
“Problemas como ‘bullying’ e ‘cyberbullying’ precisam de ser olhados com atenção”, destaca-se no relatório da Unicef.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância refere que há “uma tendência de redução do orçamento voltado aos temas da infância e adolescência no Brasil que precisa ser revertida”.
“Investir nessas etapas da vida traz resultados para toda a sociedade. Cada dólar investido na primeira infância, por exemplo, traz um retorno de sete até 10 dólares”, salientou a Unicef.
Mais informações no comunicado de imprensa da UNICEF Brasil:
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