Educação e deficiência: A inclusão das crianças refugiadas na Jordânia

Janeiro 9, 2019 às 6:00 am | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentário
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Notícia da Euronews de 20 de dezembro de 2018.

De  Monica Pinna 

Mais de 5 milhões e 600 mil pessoas fugiram da Síria desde 2011 à procura de segurança no Líbano, Turquia, Jordânia ou outros países. Metade são crianças

Quase 700 mil refugiados sírios vivem na Jordânia, o terceiro país anfitrião depois da Turquia e do Líbano.

Estima-se que mais de 700 mil crianças sírias refugiadas não vão à escola nos países vizinhos da Síria.

A maioria dos refugiados sírios vive em áreas urbanas e Mafraq é uma das três províncias jordanas com o maior número de sírios registados. As escolas locais tiveram de absorver o elevado número de crianças refugiadas que precisam de educação, incluindo as que têm deficiências.

Abd Al-Rahman tem 8 anos e uma paralisia cerebral que lhe afecta a capacidade de andar. No seu primeiro ano de escola diz que “o que gosto mais é de Ciências. É ótimo! Gosto de tudo o que está relacionado com isso.”

Na escola de Al Hamra, Abd Al-Rahman é tratado como outra criança qualquer, mas com necessidades diferentes. A escola faz parte de um programa de educação inclusiva implementado pela organização Mercy Corps e financiado pela União Europeia.

Durante dois anos, Abd Al-Rahman foi rejeitado por escolas que não estavam equipadas para o ajudar.

Maisa Asmar, da Mercy Corps, explica: “Trabalhamos com as escolas, fornecendo-lhes professores assistentes. Mas também lhes fornecemos mobiliário e tecnologia, de forma a melhorar a qualidade da educação que as crianças recebem, incluindo as crianças com deficiência. Atualmente, cerca de 300 crianças recebem sessões de reabilitação.”

Os números sobre os refugiados sírios com deficiência na Jordânia não são claros. Estima-se que haja cerca de 15 mil crianças deficientes, mas apenas 3% recebe Educação. Não tem a ver apenas com a capacidade de absorção do sistema de educação jordano, mas também com as condições socioeconómicas dos refugiados, incluindo altas taxas de pobreza.

A avó de Abd Al-Rahman lembra que “foi difícil levá-lo à escola porque não consegue andar e é muito complicado para nós levá-lo à escola e trazê-lo de volta. Mas ele tem que estudar!”

Regressamos a Amã para nos juntarmos ao Comissário Europeu para a Ajuda Humanitária, Christos Stylianides, na sua visita a outra escola financiada pela União Europeia. Desde o início da crise síria, Bruxelas já contribuiu com cerca de 11 mil milhões de euros. E, segundo o Comissário, o orçamento para a educação está a crescer:

“A educação em emergências é o campo mais subfinanciado na nossa ajuda humanitária e é por isso que já aumentei 10 vezes o orçamento para educação em emergências.

– Quais são os objetivos da União Europeia em termos de educação para crianças com deficiência?

– No próximo ano, todos os projetos humanitários têm de incluir especificidades sobre pessoas com deficiência.”

Viajamos novamente para norte, perto da Síria, para visitar outra escola inclusiva. Dareen faz parte de uma equipa de cerca de 160 professores assistentes para crianças com deficiências, treinados pela Mercy Corps em mais de 40 escolas do país.

Com a ajuda de um intérprete, ela está a aumentar a consciencialização sobre pessoas com deficiências, ensinando língua gestual aos alunos que não têm deficiências.

“A primeira vez que vim para uma escola, estava preocupada com a forma como iria comunicar com alunos e professores, mas desde o primeiro dia na sala de aula foi muito fácil. A minha linguagem corporal funcionou muito bem e os alunos adoraram!”

Dareen é um exemplo vivo de inclusão. Um caminho longo e não garantido para todos, seja jordano ou refugiado. Ela precisou de sete anos até encontrar um emprego.

A Jordânia adotou recentemente uma nova lei sobre os direitos das pessoas com deficiência e um plano estratégico a dez anos que vai reproduzir as melhores práticas em todo o país.

 

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