Ainda faz sentido lermos contos de fadas às crianças?
Janeiro 3, 2017 às 8:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentárioEtiquetas: Contos de Fadas, Contos infantis
texto do http://observador.pt/ de 24 de dezembro de 2016.
Passaram de geração em geração e de boca em boca mas nem sempre tiveram finais felizes ou um destinatário infantil. Ainda faz sentido contar as mesmas histórias? Os especialistas respondem.
Era uma vez uma menina de três anos que, todas as noites, pedia à mãe que lhe lesse uma história ao deitar. O ritual era sempre o mesmo: Francisca escolhia um dos contos preferidos, daqueles que já tinha ouvido um milhão de vezes, vestia o pijama e metia-se na cama, debaixo dos lençóis, à espera de ouvir falar de universos fantásticos, onde animais se juntam em pilha para trincar a lua ou lobos maus tentam devorar meninas de capuz vermelho e porquinhos que não são muito dados à construção civil. Era uma vez e continua a sê-lo, todas as noites. O momento entre mãe e filha não tira feriado ou folgas. De tantas vezes que a leitura se repete, quando a mãe falha algum pormenor da história, cabe a Francisca completá-la — a narrativa está para a ponta da sua língua como o fantástico está para a sua imaginação.
Francisca ainda não tem muito interesse por princesas que precisam de ser beijadas para voltar à vida, continua a preferir o lobo mau de dentes afiados e de estômago apertado de tanta fome. Durante as sessões de leitura não mostra qualquer receio da figura peluda. Mas volta e meia, quando a lua rouba lugar ao sol, a menina retrai-se um pouco e pergunta se o lobo está a caminho. “É uma associação que ela faz, mas já há histórias em que o lobo é amigo e brincalhão. Ela já sabe que nem sempre o lobo é o mau da fita”, diz Susana Represas, a mãe.
E não viveram felizes para sempre
Há muito que os contos de fadas fazem parte do imaginário infantil — seja na forma de bruxas más e sereias que querem aprender a andar ou gatas-borralheiras que querem fugir ao inferno da vida fraternal (e não só). São histórias que povoam a literatura e que passam de geração em geração, por norma coladas a valores morais e/ou éticos. Apesar de comummente associadas às crianças, os contos de fadas (ou contos maravilhosos, a designação mais ampla) nem sempre tiveram destinatários infantis ou finais felizes.
Que o diga a psicóloga clínica Vera Lisa Barroso, que ainda hoje se recorda de quando em pequena leu a história original de “A Pequena Sereia”, escrita pelo dinamarquês Hans Christian Andersen (1805-1875), cujos contos foram reeditados este ano pela Alêtheia. À data, o que mais impacto lhe causou foi a descrição da transformação da sereia em mulher, as dores lancinantes de uma cauda transformada em duas pernas — e para que conste, no conto original, a sereia já humana não fica com o príncipe.
Em criança isso fez-lhe confusão, em adulta já nem tanto. A psicóloga é das que defende que os finais nem sempre têm de ser felizes: “[Os finais infelizes] são mais proveitosos para as crianças, porque aí elas conseguem identificar-se com a realidade. Não é à toa que os miúdos ficam altamente frustrados quando perdem um jogo, não estão preparados para aceitar uma derrota. É importante não dar esta falsa ideia de que o mundo é completamente cor de rosa.” Porque as princesas nem sempre são bonitas e as bruxas nem sempre são más.
Quando situações menos boas acontecem na vida real, tanto crianças como adultos ficam atrapalhados, garante a também membro da equipa infanto-juvenil da Oficina de Psicologia, que fala na tendência recorrente de os pais protegerem os filhos. “É importante que, em doses pequenas, as crianças vão tendo contacto com estes conteúdos para irem ensaiando emoções”, continua.
A ideia não é completamente inovadora e é defendida no livro Pais à Maneira Dinamarquesa, escrito pela cronista norte-americana Jessica Joelle Alexander e pela psicoterapeuta e terapeuta familiar dinamarquesa Iben Dissing Sandahl. O livro pretende desvendar o porquê de os dinamarqueses serem sucessivamente considerados o povo mais feliz do mundo e, segundo as autoras, o mistério está na forma como estes homens e mulheres são criados, o que passa também por filmes com finais sombrios e tristes. Baseando-se num estudo da Universidade de Ohio, as autoras escrevem que “ao contrário da crença popular, ver filmes trágicos ou tristes torna, na verdade, as pessoas mais felizes, chamando a sua atenção para alguns aspetos mais positivos das suas próprias vidas”.
Os finais felizes dos contos de fadas (ou maravilhosos) são sintoma de uma evolução feita ao ritmo das características da nossa sociedade, daí que o lobo seja cada vez mais amigo dos porquinhos que um dia quis engolir de uma só vez. Para aí chegar, importa explicar — com a ajuda de Ana Margarida Ramos, doutorada em Literatura e docente na Universidade de Aveiro — que os contos de fadas pertencem à literatura oral, não têm dono e estão em constante evolução. Com o tempo passaram a ser escritos, pelo que existem várias versões de uma mesma história. Seja disso exemplo a do Capuchinho Vermelho que, nas palavras do escritor Charles Perrault (1628-1703), acaba bem mal: tanto a avó como a menina são comidas pelo lobo, sendo que a moral é sobre sexo. “É uma chamada de atenção às mulheres para não caírem nas falinhas mansas de lobos bem falantes, isto em contexto de corte”, diz a académica.
Maria Teresa Cortez, também ela da Universidade de Aveiro, refere uma segunda perspetiva que contraria a ideia de que os contos passaram da via oral para a escrita. Dizem os estudiosos da literatura, assegura a docente, que os tais contos maravilhosos começaram por ser contos de autor que, com o tempo, ganharam tanta popularidade que singraram na tradição oral. “Os românticos do século XIX pensavam que estes eram contos do povo, os quais foram naturalmente alterados pela via oral.” É tal e qual como se costuma dizer: quem conta um conto, acrescenta um ponto.
De que são feitos os contos de fadas?
“Os contos de fadas não dizem às crianças que os dragões existem. As crianças já sabem que os dragões existem. Os contos de fadas dizem às crianças que os dragões podem ser mortos.” G. K. Chesterton
Por mais estranho que possa parecer, os contos de fadas — que contêm elementos da ordem do inexplicável — nem sempre tiveram um destinatário infantil explícito, sendo que muitos deles partiram de histórias violentas que, com o tempo, foram sendo adaptadas para chegar aos olhos, mãos e imaginário dos mais pequenos.
A primeira edição de Os Contos da Infância e do Lar de Jacob e Wilhelm Grimm (1812-1815), por exemplo, consistiu na recolha académica de contos que corriam na tradição oral, tal como explica Maria Teresa Cortez, com uma tese de doutoramento onde explora a receção dos contos dos irmãos Grimm em Portugal. “Quando fizeram a recolha dos contos, fizeram-no no quadro do Romantismo e o objetivo inicial era fixá-los por escrito. Os Grimm não eram escritores, tinham formação em Direito. Já numa segunda edição, no prefácio está a mensagem de que o livro pode ser lido com proveito pelas crianças.”
Ao longo da vida dos irmãos saíram sete edições do livro, sendo que em cada uma delas foram acrescentados contos e trabalhados textos, sempre considerando os leitores mais novos. A última edição da obra dos Grimm contou com 200 contos e 10 lendas religiosas para crianças. Entre as histórias mais populares estão a do Capuchinho Vermelho, a da Branca de Neve e a da Rapunzel.
“Para mim, os contos de fadas são narrativas passadas num lugar e tempo indefinidos, mas que de alguma forma remetem para uma época medieval ou mais rural, em que basicamente é tudo possível”, diz o escritor David Machado, que em 2005 ganhou o Prémio Branquinho da Fonseca — da Fundação Calouste Gulbenkian/Semanário Expresso — com o livro A Noite dos Animais Inventados. Machado tem ainda outros títulos dedicados aos leitores de palmo e meio: Os Quatro Comandantes da Cama Voadora, Um Homem Verde Num Buraco Muito Fundo e O Tubarão na Banheira, a título de exemplo.
David Machado não é indiferente a este segmento da literatura e, na condição de pai e de autor de livros para crianças, diz que os mais novos sentem-se atraídos pelo universo da fantasia. “Costumamos dizer que eles são mais inocentes, mas eles é que têm uma capacidade para absorver esse mundo que nós, adultos, não temos. Não acho que isso seja um defeito que precise de ser corrigido. Em adultos perdemos isso: ficamos mais conscientes e cínicos em relação ao mundo.”
Histórias simples de contar e com uma estrutura bastante definida. Os contos de fadas são assim, diz Machado. Em tempos, essa foi precisamente uma das críticas apontadas aos contos: estávamos na década de 1970 quando, em França, surgiu um debate sobre a utilidade da leitura destas histórias aos mais novos. “Alguns críticos acusaram os contos de serem estereotipados e de representarem uma sociedade patriarcal”, explica a professora académica Ana Margarida Ramos. Eis, então, que surge Bruno Bettelheim, autor do livro Psicanálise dos Contos de Fadas, que veio defender os contos ao argumentar que estes ajudavam as crianças a lidar com problemas existenciais na infância.
“Ele argumenta que as narrativas estereotipadas ajudam as crianças a organizar o pensamento”, continua a docente, afirmando que nos contos existe sempre uma noção de esperança e um herói frágil que vai trilhar um percurso de afirmação, tal como aconteceu com Portugal no último campeonato europeu de futebol — há algum tempo que não somos o patinho feio da competição, mas desta vez fomos uma espécie de Cinderela que soube rematar à baliza a tempo e com jeito. “O percurso de superação está diretamente relacionado com o sentido de esperança que os mais frágeis vão superar. As crianças identificam-se com esse percurso: não se chega ao final de qualquer maneira, mesmo quando há magia à mistura. Há etapas e provas no caminho, e heróis que se mantém fiéis aos seus valores e que resistem à tentação.” Heróis como Éder.
Contos para que vos quero?
As mais-valias associadas aos contos não se ficam apenas pelos valores que transmitem ou pela ética impressa nas suas palavras. Mas sem dúvida que não existe um conto sem que não haja uma moral ou uma lição embebida na narrativa: o Capuchinho Vermelho deveria ter dado ouvidos à mãe e, assim, nunca falaria com estranhos, e os três porquinhos deviam ter unido esforços para que o diafragma do lobo mau não arruinasse as suas construções.
As personagens e a forma como estas interagem entre si são alguns dos elementos que compõem a riqueza destas histórias e, muito embora haja mais a retirar do que a moral em si, importa recordar que as crianças são autênticas esponjas. “Há até a questão da imitação: tenho vários miúdos que acompanho no consultório que, quando sai um filme novo da Disney, ficam inspirados e imitam ou brincam desta ou daquela personagem”, diz a psicóloga Vera Lisa Barroso.
Moralidade à parte, há toda uma riqueza associada a estes contos, até porque ajudam as crianças a criar um reportório de personagens e de símbolos que são fundamentais para a presente cultura. “Uma criança que não conhecer este universo não vai ser capaz de reconhecer na nossa sociedade uma série de referências e de ilusões. É quase impossível falar-se do lobo sem trazer à memória a imagem do lobo mau”, aufere Ana Margarida Ramos. A docente dá ainda um exemplo de fácil compreensão: só é possível perceber os filmes do ogre Shrek se conhecermos o universo dos contos maravilhosos.
Aliás, vale a pena acrescentar que parodiar o mundo dos contos de fadas — como acontece na narrativa do anti-herói ogre verde — é uma marca do pós-modernismo, é o questionar e o pôr em causa aquilo que já existe. A isso acrescenta-se o facto de os contos permitirem que os mais novos construam mais facilmente um esquema narrativo. Mas independentemente da qualidade dos livros e das histórias, o que parece importar mesmo são os momentos de leitura criados entre pais e filhos, entre a pequena Francisca e a mãe Susana, para voltar ao exemplo do início. Estes são vistos como momentos de afeto e de atenção, que podem ser cruciais na formação de leitores.
Façamos a pergunta para dar a resposta: ainda faz sentido ler contos de fadas às crianças? Sim, não só porque os mais novos estão cada vez mais virados para as tecnologias e as palavras escritas potenciam a criatividade, mas também porque proporcionam momentos de leitura em família e ajudam a valorizar o livro em si. Isto para além de os contos atravessarem gerações e apresentarem um enorme reportório simbólico. E sim, também pelo esquema narrativo e pelo impacto ao nível do estímulo da linguagem. Com ou sem finais felizes. Com cauda ou com pernas.
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“Jovens com comportamentos violentos deviam ser confrontados com as consequências”
Janeiro 3, 2017 às 3:00 pm | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentárioEtiquetas: Abuso Sexual de Crianças, Catarina Ribeiro, Crimes Sexuais, Juiz, Magistrados, Perícias psicológicas, Problemas Psicológicos, Psicologia Forense, Violência entre jovens, Violência Juvenil
Entrevista de Catarina Ribeiro ao http://www.dn.pt/ no dia 30 de janeiro de 2017.
Silvia Freches
Abuso sexual de crianças, comportamentos violentos de jovens. Estas são algumas das áreas de estudo da psicóloga forense Catarina Ribeiro, que alerta para a falta de investimento na saúde mental de crianças que enfrentam situações de elevado risco.
A investigadora fala ao DN da importância das perícias psicológicas em processos judiciais e defende a necessidade de haver maior aproximação entre a magistratura e as ciências do comportamento, apesar de reconhecer que nos últimos anos têm existido sinais positivos.
O que significa psicologia forense?
É uma área científica e aplicada da psicologia ao contexto judicial. Trata-se, na prática, da aplicação das teorias psicológicas, das metodologias e conhecimentos no sentido de auxiliar a tomada de uma decisão mais esclarecida. Um psicólogo forense pode ter lugar em diferentes áreas de investigação e intervenção, nomeadamente na assessoria aos tribunais, na realização de perícias forenses, na recolha de testemunhos em casos de maior complexidade, na mediação familiar em casos de elevado litígio, na intervenção em meio prisional, no acompanhamento psicológico de vítimas e ofensores, no apoio à execução de medidas decretadas judicialmente.
Ainda existe um fosso entre a perceção dos magistrados e a análise feita pelas ciências do comportamento?
A partir da minha experiência enquanto psicóloga a trabalhar diretamente com a justiça, e enquanto investigadora, entendo que apesar de ainda haver muitas “aproximações” por fazer, a magistratura está cada vez mais recetiva ao contributo das ciências do comportamento. Esta dinâmica de aproximação é importante mas, naturalmente, terá de ser consolidada.
Essa dinâmica de aproximação falha sobretudo em que tipo de crimes? Nos casos de abuso sexual de crianças?
Provavelmente não haverá um “fosso” especificamente nos processos de abuso sexual de crianças, mas nestes casos os principais pontos de desencontro entre as duas áreas poderão ter que ver com crenças desajustadas relativamente a determinados elementos centrais, por exemplo, as ideias preconcebidas sobre o comportamento das vítimas e dos agressores, sobre o que será, aos olhos da justiça, um testemunho considerado credível sem por vezes atender às especificidades psicológicas destas crianças.
Qual o peso das perícias psicológicas numa decisão de um caso? Por norma são levadas em conta pelos juízes?
Seria uma boa questão para um magistrado [risos]… Os estudos indicam que as perícias psicológicas parecem ser consideradas importantes na condução de processos de natureza penal e cível, talvez daí o crescente número de pedidos. No que diz respeito ao peso na decisão, os dados da investigação em psicologia parecem indicar alguma heterogeneidade nesta valorização, dependendo das especificidades do processo, da qualidade das perícias e também da capacidade de interpretação de quem lê.
Como é que os juízes lidam com os crimes de abuso sexual de crianças?
No geral, os casos que envolvem crianças tendem a ser experienciados como mais exigentes do ponto de vista pessoal e profissional. Porque as crianças são conceptualizadas como seres frágeis, porque na maioria dos casos o abuso acontece na família, porque são processos em que a recolha da prova é extremamente difícil, porque o abuso sexual parece ser considerado como uma das formas mais graves de abuso, e também porque na perspetiva dos magistrados as expectativas e a pressão social/mediática relativamente às suas decisões são muito elevadas. Neste sentido a responsabilidade sentida por estes profissionais é muito elevada.
Em determinados tipos de crime os relatórios psicológicos periciais/forenses são meio de prova relevante?
Teoricamente sim, uma vez que na grande maioria das situações não existem outros meios de prova além do testemunho das vítimas e dos agressores. Desta forma, o contributo dos psicólogos forenses também pode ser relevante na avaliação das competências psicológicas envolvidas, na capacidade de testemunhar e, por outro lado, na valorização do eventual impacto psicológico do evento.
Como olha para as agressões entre adolescentes filmadas e colocadas nas redes sociais, como aconteceu em Almada? [A agressão aconteceu em novembro, mas as imagens dos quatro adolescentes a agredir outro foram conhecidas no início do mês.]
Sem falar do caso em concreto, reportando-nos à generalidade, as situações de violência entre jovens são consideradas comportamentos desviantes. A psicologia, e outras ciências, têm vindo a propor teorias para explicar, sem desculpabilizar, o comportamento violento juvenil, mas é importante também esclarecer que a ciência psicológica não pode ter a pretensão de dar uma explicação para todos os comportamentos do ser humano. Quando tentamos perceber a violência entre jovens teremos de analisar vários fatores, entre eles a história de vida, uma vez que em grande número os jovens que apresentam comportamentos desviantes tiveram uma trajetória sociofamiliar de risco.
Esta análise da história de vida não é uma tentativa de encontrar razões que desculpabilizem estes jovens?
Não, é antes uma forma de enquadrar o comportamento e sugerir a melhor forma de intervenção. Outro aspeto importante é o despiste da psicopatologia que permite identificar os casos em que o comportamento violento emerge como um sintoma de um problema psicológico mais profundo.
Segundo dados da Comissão de Acompanhamento e Fiscalização dos Centros Educativos cerca de 90% dos jovens que estão a cumprir medidas tutelares educativas têm problemas psicológicos. Como interpreta esta realidade?
São dados preocupantes e não é uma realidade apenas portuguesa. Iniciámos na Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa um projeto, financiado pela Comissão Europeia e que envolve Itália, Bélgica, Alemanha, Finlândia e Espanha, cujo objetivo principal é desenvolver boas práticas no acolhimento residencial de jovens que cometeram crimes e que apresentam indicadores significativos de alterações psicológicas. Da reunião dos dados dos diferentes países percebemos que esta é uma realidade transversal. Mas quando estamos a falar destes jovens que já estão a cumprir uma medida judicial, privados de liberdade, estamos a reportar-nos a um número, em Portugal, de cerca de 180 e não ao universo dos jovens que têm comportamentos desviantes/delinquentes.
O comportamento violento é justificável pelas perturbações psicológicas?
Na esmagadora maioria dos casos não. Ou seja, na sua maioria, mesmo os jovens que revelam perturbações psicológicas e que manifestam comportamentos violentos, têm consciência de que essa conduta é errada, desadequada socialmente e deverão ser confrontados com as consequências dos seus comportamentos. Esta confrontação não é meramente punitiva mas educativa, podendo passar, por exemplo, por estratégias restaurativas e reparadoras para as vítimas, por estratégias que promovam o autocontrolo, a ressonância afetiva, a empatia.
O que deve ser feito nas escolas para um despiste de crianças com tendência para a violência?
O trabalho essencial de prevenção e despiste começa com a educação que é sobretudo uma tarefa dos pais ou dos encarregados de educação. A escola tem um papel importante mas não consegue combater este problema de forma isolada. É importante fomentar nas crianças a noção de limite. A sensibilização precoce, desde o jardim-de-infância, para uma atitude não violenta, bem como o elevado envolvimento dos professores e dos restantes elementos da comunidade escolar na prevenção, a discussão destes temas com os alunos, são medidas importantes. Tal como é essencial a presença de um número de psicólogos adequado nas escolas e que estas tenham um projeto pedagógico claro.
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REFERÊNCIAS – Manual para o combate contra o discurso de ódio online através da Educação para os Direitos Humanos
Janeiro 3, 2017 às 12:00 pm | Publicado em Recursos educativos | Deixe um comentárioEtiquetas: Conselho da Europa, Discurso de Ódio Online, Educação para os Direitos Humanos, Fundação Calouste Gulbenkian, Manual, Movimento Contra o Discurso de Ódio, Recursos Educativos Digitais
descarregar o manual nos links:
http://www.odionao.com.pt/media/5369/ReferenciasPT2016_BOOK.pdf
https://juventude.gov.pt/Eventos/Cidadania/Documents/ReferenciasPT2016_BOOK.pdf
Este manual foi pensado para apoiar o Movimento Contra o Discurso de ódio, a Campanha da Juventude do Conselho da Europa Contra o Discurso de Ódio online, e será útil para educadores e educadoras que trabalham com esta problemática, dentro ou fora do sistema de educação formal. O manual está pensado para ser usado com jovens entre os 13 e os 18 anos; no entanto, as atividades podem ser adaptadas para outras idades e outros perfis de aprendentes.
O manual Referências foi publicado pela primeira vez, em inglês, no início de 2014 e já foi traduzido para mais de 10 línguas. Nesta edição revista, o manual foi atualizado de forma a incluir informação mais recente sobre a Campanha de Juventude do Movimento Contra o Discurso de Ódio, bem como sobre o Guia dos Direitos Humanos para O s Utilizadores da internet do Conselho da Europa. Desta atualização também resultou a inclusão de três novas atividades educativas nesta edição.
A necessidade de iniciativas educativas sobre o ciberódio pode, parcialmente, ser identificada no aumento do número de abusos que se encontram na internet, muitos dos quais são feitos numa linguagem extrema e racista podendo ameaçar os valores fundamentais de uma sociedade democrática. No entanto, o ciberódio não é apenas um problema relacionado com o racismo e com a discriminação; é também um problema relacionado com a forma como as pessoas utilizam a internet. Esta questão torna-o um fenómeno novo, ainda não completamente reconhecido e compreendido. A ‘novidade’ do discurso de ódio implica que este é um problema com o qual o mundo não sabe ainda bem como lidar.
Muitas das tentativas de combate ao ciberódio que existem tendem a focar-se em mecanismos de controlo: apagar o ódio quando surge. A abordagem nestas páginas vê o discurso de ódio como um sintoma de um problema mais profundo. As atividades foram desenvolvidas para trabalhar as causas subjacentes do discurso de ódio, bem como para aprender a lidar com esse discurso, quando surge.
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Hundreds of Calais child refugees have UK asylum claims rejected
Janeiro 3, 2017 às 10:00 am | Publicado em A criança na comunicação social | Deixe um comentárioEtiquetas: Asilo, Calais, Crianças Não Acompanhadas, Crianças Refugiadas, França, Reino Unido
Notícia do https://www.theguardian.com/ de 16 de dezembro de 2016.
Home Office criticised over failure to give written reasons for decision as children are advised to lodge applications in France.
Hundreds of child asylum seekers in France who had been expecting to come to the UK have been told that the Home Office has rejected their claims. The children and teenagers dispersed from Calais in October have been advised to lodge their applications in France instead.
The Home Office confirmed that the transfer of children previously in the Calais camp and now in French reception centres had ended, and said those it had decided could not come to the UK had been given advice about how to claim asylum in France. A spokeswoman said more unaccompanied children were undergoing initial screening in Italy and Greece and may also be brought to the UK.
According to the Home Office, 750 children have been brought to the UK, but there were 1,900 registered after the Calais refugee camp was demolished.
One 15-year-old Eritrean boy, Taher, said all 14 boys in his centre run by the Taizé community, a monastic order, were devastated by the news. “I have been on hunger strike since Sunday, drinking only water and coffee to protest about the unfairness of the Home Office keeping us waiting for so long. We haven’t been able to go to school or anything while we have been waiting. And now we have heard this very bad news,” he said.
Taher said many of the boys were planning to run away rather than claim asylum in France, where they were distrustful of the authorities after witnessing police violence against inhabitants of the Calais camp.
“Some will try to get to the UK on a lorry from Belgium. I think I will go back to Calais and try to get to England that way,” he said.
Toufique Hossain, the director of public law at the UK-based Duncan Lewis solicitors, who is representing a large number of asylum seeker children dispersed across France, said he and his team had received reports on Friday from more than 12 children they are representing, all of whom are at different centres.
“From the reports we have received it seems as if this is an organised operation between the Home Office and the French authorities. The children have been told verbally that their asylum claims have not succeeded, but they have not been given any reasons why in writing. This is absolutely shocking.”
Hossain added: “The children are very upset but we are telling them not to run away.”
Although the Home Office recently issued guidance saying it would prioritise under-15s from Sudan and Syria, he said he assumed that officials would then consider the cases of the other children dispersed around France.
“These children are very vulnerable. They have just been told verbally that they can’t come to England without an appropriate adult present to help them deal with this news. We are now looking to see what we can do legally to challenge the fact that the Home Office have failed to provide us with written reasons why they have rejected the children’s asylum claims.”
Rebecca Carr, Taher’s legal representative, said he was a highly intelligent boy who had been offered a scholarship at a school in the UK if he was able to get there. She added that he had worked hard to learn English and said the fear now was that many of the children would run away after receiving the news.
“I’ve been waiting and hoping for more than three months that I will be able to come to England,” said Taher. “I was in Calais for two months and have been in this centre for more than one month. There are 14 of us here who have received this bad news. The British government and the Home Office have been playing games with us. It has always been my dream to come to the UK because I love hearing British accents.
“Whenever I hear a British accent I feel happy so I think if I can come to the UK and hear British accents all the time I will be happy for the rest of my life. If I can come to the UK I want to study to be a doctor so I can help people. And I love Manchester City and One Direction and can see them if I reach the UK.”
A busload of child asylum seekers were brought from France to the UK last Friday, but it is thought that was the last of the Calais transfers.
Charities have expressed concern about the children left behind and warned that more unofficial camps will spring up.
Children with close family members in the UK may be eligible to come under rules known as the Dublin regulation. Under an amendment to the Immigration Act proposed by the Labour peer Alf Dubs, some vulnerable children without family members in the UK are also eligible to come to the UK.
A Home Office spokeswoman said: “We have been working with the French authorities to bring children eligible to come here and more than 750 children have arrived so far. We are working closely with the French authorities to ensure the remaining children in their care are provided with information on how to claim asylum in France.
“The current phase of transfers is being concluded. This is a planned process, done in conjunction with the French authorities. We have interviewed all the children who were transferred from the camp to the children centres in France. Those transferred to the UK include all Dublin cases where the family relationship has been verified.”
She continued: “Between the start of the year and 10 October, over 140 unaccompanied asylum seeking children were accepted for transfer from Europe to the UK under the Dublin regulation. In addition, the UK has taken over 750 unaccompanied children from France following the closure of the Calais camp – under both Dublin and Dubs.
“The Dubs process has not ended. More eligible children will be transferred from across Europe, in line with the terms of the Immigration Act, in the coming months. This could include children from France, Greece and Italy.
“We are working closely with partners across Europe – including the Greek and Italian authorities, the UNHCR and NGOs – to further enable this process and have seconded an expert to Greece, where hundreds of unaccompanied children have undergone initial screening. We also have a longstanding secondee in Italy to support efforts to transfer children to the UK.”
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Internet: dependência dos jovens portugueses ainda é inferior à média europeia
Janeiro 3, 2017 às 6:00 am | Publicado em Estudos sobre a Criança | Deixe um comentárioEtiquetas: Crianças, Dependência, Estudo, Health Behaviour in School-aged Children, Internet, Jogos Eletrónicos, Jovens, Net Children Go Mobile, Portugal, Uso da Internet
Notícia do https://www.publico.pt/ de 27 de dezembro de 2016.

Crianças e jovens portugueses já passam um tempo considerável a utilizar o computador Enric Vives-Rubio
Estudos mostram que jovens portugueses já passam demasiado tempo na Internet, mas com valores em linha ou até inferiores aos registados nos restantes países europeus.
As crianças e jovens portugueses já passam um tempo considerável, tanto durante a semana como ao fim-de-semana, a utilizar o computador – seja para conversar, navegar na Internet, enviar emails ou mesmo para estudar. Os sinais de dependência das novas tecnologias já são alguns, mas mesmo assim os valores encontrados em Portugal ainda estão quase sempre abaixo da média europeia.
No estudo europeu Net Children Go Mobile, realizado 2014, foram identificados alguns casos extremos: 6% dos jovens admitiram que tinham ficado sem comer ou sem dormir por causa da Internet. No entanto, tirando estes casos limite, os adolescentes portugueses mostraram “resultados em sintonia com a média europeia” ou até mais baixos nos vários indicadores referentes ao uso excessivo: por exemplo, em média 42% dos jovens europeus admitiram passar frequentemente ou algumas vezes menos tempo com a família, com os amigos e deixar tarefas escolares de lado por causa da Internet e dos jogos. Em Portugal, o valor ficou nos 31%.
Também o estudo mundial Health Behaviour in School-Aged Children, do mesmo ano, avaliou a dependência da Internet, numa escala que varia entre 9 e 45 pontos, correspondendo o valor mais alto a uma elevada dependência. Os autores do trabalho chegaram a uma média de 18 pontos para a realidade portuguesa – um valor inferior ao da realidade europeia.
http://netchildrengomobile.eu/
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